Alguém mais gostou de “Bling Ring”?
11/09/13 07:05Goste ou não de Sofia Coppola – eu gosto muito de “Encontros e Desencontros” e “Virgens Suicidas” e nada de “Maria Antonieta” – não dá para negar que ela é uma diretora talentosa e dona de um estilo próprio, um minimalismo chique.
Achei “Bling Ring”, mais recente filme de Coppola, um de seus melhores. Há muito tempo não via uma representação tão certeira e melancólica do mundo das celebridades.
Inspirado num artigo da revista “Vanity Fair”, “The Bling Ring” conta a história de um grupo de adolescentes – uns ricos, outros de classe média – que se reúnem para invadir e roubar casas de celebridades em Los Angeles.
A trupe entra nas mansões de Paris Hilton, Orlando Bloom e Lindsay Lohan, mas não leva quadros valiosos ou antiguidades, até porque essas celebridades não saberiam distinguir um Picasso de um Romero Britto. Eles levam só roupas, relógios Rolex, jóias e bolsas.
Os jovens não roubam para lucrar, mas para estar mais perto do lifestyle desses famosos. São ladrões amadores, que não se preocupam com câmeras de segurança, contam seus crimes para os colegas da escola e posam para fotos no Instagram vestindo as peças que roubaram, como se quisessem ser descobertos e virar, eles próprios, celebridades.
Uma história dessas só poderia acontecer em Los Angeles, onde a distância que separa mortais dos famosos é mínima. Todo mundo sabe onde os astros vivem, como são suas mansões, as boates que freqüentam e as lojas onde gastam suas fortunas. Discrição e privacidade são palavrões.
Sempre foi assim em Los Angeles e região. As mansões dos famosos sempre estiveram abertas. Nos anos 60, não foram poucas as vezes em que Frank Zappa acordou e encontrou fãs dormindo em seu sofá (ele só passou a trancar a casa depois que Charlie Manson e sua gangue mataram Sharon Tate).
Em “Bling Ring”, a recriação do interior da mansão de Paris Hilton é hilariante. Há fotos dela em todos os cantos da casa. Até o sofá é decorado com travesseiros ilustrados com seu rosto. O quarto de Lindsay Lohan tem um néon com seu nome. A atriz Megan Fox tem uma arma escondida embaixo da cama.
Ao mostrar esses detalhes sobre os cantos privados dos famosos, Sofia Coppola dá ao filme um tom voyeurístico e parece dizer que ninguém é imune à curiosidade sobre a vida dos outros.
Mas a diretora é esperta demais para fazer julgamentos morais. Não há lições ou redenções. Os jovens são mostrados como são – seres completamente vazios, apolíticos, desinteressantes, totalmente isolados do mundo real e quase sempre criados por pais ricos, ausentes e desinteressados.
Quando uma menina é presa e o policial lhe avisa que conversou com uma de suas vítimas, a atriz Lindsay Lohan, a primeira reação da menina é perguntar o que Lindsay disse sobre ela. É uma tentativa triste de “pertencer” ao mesmo mundo da celebridade, mesmo que por caminhos tortos. Sad but true.
Valeu André, tinha recebido criticas negativas do filme, mas como sou rato de cinema e respeito o trabalho desta menina fui assistir. Quando começaram as legendas finais percebi que estava incrédulo e chapado. A realidade nua e crua mostrada por ela revela a pobreza e o vazio existencial desta geração midiática. As casas das celebridades, apesar de ricas por serem caras, são de uma vulgaridade impressionante que paradoxalmente revelam uma pobreza assustadora. Os jovens embasbacados com celebridades, fama e holofotes, assim como seus pais ausentes e ignorantes me deixaram perplexo. Pra terminar: BABACAS DE MERDA!!! e uma puta diretora que filmou e revelou o seu tempo como poucos.
Achei interessante o modo como a narrativa do filme se dá. A sucessão frenética de cenas balada, sessões de foto para facebook, passeios de carro de luxo que ocupam boa parte do longa podem parecer monótonas. Se esperarmos por uma trama psicológica sobre as motivações dos jovens nada encontraremos.
Parece que o filme se dá com a velocidade e intensidade próprias a internet, ou ainda, ao modo pelo qual os personagens interagem neste espaço. O filme não poderia ser visto também como uma cineasta observando a dinâmica deste novo mundo (e as próprias dificuldades que o cinema tem em narrá-lo)?
Com certeza, Raphael, o estilo do filme mimetiza o da própria vida dos personagens, é muito interessante.
Se filha de peixe peixinha é, então todos devem assistir o ÓTIMO “Sem Controle” (Surveillance) lançado em DVD no Brasil. Dirigido por Jennifer Lynch, filha de David Lynch (Twin Peaks, A Estrada Perdida,etc) o filme é um thriller policial tenso, denso, neurótico e com grandes atuações de Bill Pulmann e de uma menina que arrasa. Não perca, “Sem Controle” !
Sou fã de Sofia, mas achei ok. Trabalho em um cinema na Av. Paulista, Bling Ring começou na sala menor e depois pulou para sala principal, jogou um blockbuster imitação de Harry Porter e um de ação de brucutu pra escanteio. Wooo Hoo!!!
Sério? Que ótima notícia.
Os filmes da Sofia me lembram demais os livros da Colette. Parece coisa de mulherzinha , detalhezinhos demais, sutilezas, fofocas, depois vc percebe que a artista é muito inteligente e a obra vale a pena. E a Sofia é gata demais.
Adorei o texto, adorei o filme, só queria comentar que a casa da Paris Hilton não foi recriada. Como a sua casa foi invadida umas 5 ou mais vezes, ela cedeu o espaço pra ser cenário do filme. As almofadinhas e todo o resto são reais hahaha 🙂
Opa, acabei de ver que já tinham comentado isso 🙂
eu li que a casa da Paris Hilton não é uma recriação, ela realmente emprestou a casa dela para as filmagens!
Acredito.
Ôxi, puxei o tórrentchi, e assisti ontem, realmente, bem legal. Adoro a câmera parada, e o sempre presente tédio existencial nos filmes dela. Todo os atores se encaixaram nos papéis, inclusive a mãe de Emma, aquela hippie velha de cérebro cozido pelo uso de drogas décadas atrás. E a loirinha, que filé, hein? O protagonista tricolor também está bem na fita.
Acho bacana esses diretores que imprimem um estilo pessoal ao filmes, coisa que está acabando nos EUA, tipo Tim Burton, Oliver Stone, Ang Lee etc. Isso dá um post, diretores com estilo pessoal marcante.
Falando em Oliver Stone, assisti W., sobre o Bush, e achei que foi a melhor atuação de Josh Brolin que já vi, se o Oscar fosse correto ele mereceria um. Richard Dreyfuss como Dick Cheney também está demais, recomendo. Você assistiu?
Vi o “W” sim, Baia, achei o Brolin sensacional (ele já estava demais em “Quando os Fracos Não Têm Vez”). Sobre “Bling Ring”, achei que a mãe da Emma daria um filem só dela. Que personagem insana.
Eu adorei! Sou fã da Sofia e acho que ela se recuperou com seu melhor filme desde Encontros e Desencontros.
Gostei. Parece um documentario sobre uma boa parte dos jovens. Nao ha’ um rumo a seguir e tudo e’ permetido.
apaixonado por emma watson. como fazer?
É demais a moça. Demais.
Pou… Veja a guria em As Vantagens de Ser Invisível… Caso séio
Mais um súdito de Ms Watson, aqui.
André, não vi o Bling Ring ainda, mas do Encontros e Desencontros e Um Lugar Qualquer gostei bastante, Maria Antonieta nem tanto, mas o Rio, lá no Leblon, Ipanema ou Barra da Tijuca, não é mais ou menos que nem Los Angeles, principalmente por causa dos astros assalariados globais????