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André Barcinski

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Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Quando a Fórmula 1 importava

Por Andre Barcinski
04/10/13 07:05

Não tenho nenhum interesse por carros. Zero. Acho que o mundo seria um lugar melhor se cada trinta automóveis fossem substituídos por um ônibus.

Também acho Ron Howard um dos piores diretores de cinema dos últimos 30 anos. Certamente o pior, na relação ruindade/prestígio.

Um filme sobre corridas de carro dirigido por Ron Howard, portanto, deveria ser o programa de índio do século.

Mas até que “Rush – No Limite da Emoção” surpreendeu. Continuo abominando qualquer coisa relativa a carros e a Ron Howard, mas me diverti com o filme.

 


 

Para quem não sabe, “Rush” conta a história da rivalidade entre o austríaco Niki Lauda e o inglês James Hunt. Em 1976, os dois protagonizaram um dos duelos mais acirrados da história da Fórmula 1, decidido na última prova, no Japão (na verdade, o duelo só foi tão acirrado porque Lauda havia sofrido um pavoroso acidente e ficara de fora por várias corridas).

Lauda era um “nerd” perfeccionista que não mexia um dedo sem analisar minuciosamente as conseqüências. Hunt era um beberrão mulherengo que agia por impulso. Se acreditarmos nos tablóides britânicos, Hunt dormiu com cinco mil mulheres e levou para a cama nada menos de 33 comissárias de bordo da British Airways nos dias antes da prova final de 1976. Era um rockstar das pistas.

Segundo especialistas em Fórmula 1, “Rush” tomou algumas liberdades poéticas: Lauda e Hunt não eram tão inimigos assim – chegaram a morar juntos uma época – e algumas sequências do filme foram “adaptadas” para realçar o drama e a rivalidade.

De qualquer forma, o filme fala de uma era em que a Fórmula 1 ainda trazia personagens interessantes. A exemplo do boxe, que sempre teve lutadores carismáticos, mas que nos últimos anos tem sofrido com a falta de ídolos, a Fórmula 1 parece passar por uma crise de personalidade.

Voltando ao filme: “Rush” é mais um exemplo do cinemão careta de Ron Howard: música agitada nas partes agitadas, música melosa nas –muitas – cenas melosas, roteiro feito para ser compreendido por crianças de cinco anos, diálogos obtusos que não deixam margem a interpretação (“James, você é um louco!”; “Niki, você é um chato!”). Quando um corredor aparece pensando no outro, Howard dá um close na cara do pensativo e superimpõe imagens do rival, exatamente como novelas de época da Globo.

Há uma cena que merecia ser estudada em escolas de cinema, para ensinar aos alunos os perigos da pieguice: a que mostra Lauda no hospital, se recuperando do acidente, com um tubo de meio metro enfiado na garganta para limpar os pulmões, enquanto chora vendo James Hunt ganhar uma corrida na TV. Sorvete na testa é pouco.

Mas nem Ron Howard consegue estragar personagens tão bons quanto Niki Lauda e James Hunt. Agora, imagine esse filme na mão de Michael Mann…

P.S.: Inspirados pelo texto de ontem sobre cardápios esdrúxulos, alguns leitores enviaram fotos e descrições de seus menus preferidos. Lucas Patury mandou fotos incríveis do cardápio de um famoso “Beach Resort” nordestino. Confira…

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Comentários

  1. Danilo comentou em 07/10/13 at 16:34

    Embora também não seja fã de carros, acho que a Fórmula 1 é um assunto bem cinematográfico, que combina com a tela grande do cinema. Mesmo assim é um tema muito pouco explorado por Hollywood.
    Mesmo com as limitações que o estilo de Ron Howard impõe, gostei muito do filme.
    Só fico imaginando o que um grande diretor faria com uma história como a de Ayrton Senna.

  2. Paulo Roberto da Rosa comentou em 07/10/13 at 10:53

    O que eu mais gostei no seu artigo foi você falar que não tem interesse nenhum por carros. Pelo jeito nós dois não compartilhamos daquela opinião de que “todo brasileiro adora carros”. Acho que o carro é apenas uma necessidade e não uma paixão como a maioria pensa. Descobri que não estou só!

    • Andre Barcinski comentou em 07/10/13 at 10:55

      Nunca consegui entender a lógica de um trambolho de duas toneladas transportando uma pessoa de 80 kg.

  3. Evandro comentou em 05/10/13 at 17:38

    O Fittipaldi falou sobre o filme no Otávio Mesquita
    http://claquete.band.uol.com.br/videos/14697646/otavio-mesquita-conversa-com-emerson-fittipaldi.html

  4. Eduardo Souza comentou em 05/10/13 at 16:15

    Um “esporte” totalmente sem graça, com resultados arranjados e pilotos vendidos e sem personalidade..desta cepa os brasileiros são os piores… Se não fosse a TV Globo pra manter na mente das pessoas a “importância” desse circo, há muito teria sido esquecido pelo povo brasileiro, pois não existe mais a menor graça nem um piloto que mereça respeito e atenção.

  5. João Gilberto Monteiro comentou em 05/10/13 at 11:16

    André, se for pro Michael Mann filmar alguma rivalidade da F1, que seja então Prost x Senna, Piquet x Mansell ou Gilles Villeneuve x Pironi, que foram mais intensas que a do Lauda x Hunt!!!!

  6. Anderson. comentou em 05/10/13 at 8:33

    [Fora do tópico]

    Barça, e esse comboio da censura privada?

    www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1352167-gil-e-caetano-se-juntam-a-roberto-carlos-contra-biografias-nao-autorizadas.shtml

    • Andre Barcinski comentou em 05/10/13 at 9:49

      Vou escrever sobre isso agora, acabei de ler.

  7. fabrizzio comentou em 05/10/13 at 7:05

    Só tem uma coisa me aborrece mais que F1: Fórmula Indy.

  8. Augustos dos Anjos II comentou em 05/10/13 at 1:57

    O coleguinha Fábio Seixas já tinha falado sobre essa ‘rivalidade’ entre Hunt e Lauda.
    Na verdade aquela decisão ‘acirrada’ só aconteceu exatamente porque os pontos de Hunt lhe caíram no colo porque Lauda não correu alguns Gps.
    Rivalidade mesmo só nos estilos de vida e pilotagem…

  9. marcelo b. comentou em 04/10/13 at 23:59

    vc no Garagem, junto c/ o Paulão, falaram de um jornalista que, qdo passava corrida na tv, chamava os amigos, e servia pros convidados a comida típicas do país que sediava a corrida no dia…quem era?!

  10. renata comentou em 04/10/13 at 23:39

    OI Barça.

    Eu amo F1, foi uma emoção ver esse filme no cinema. Não sou dessa época, mas é muito legal ver aquela F1 mais relaxada, tirando as pieguices, gostei bastante do filme tb. Pena que a F1 tá um marasmo, não consigo mais assistir nenhuma corrida.
    Sobre o Ron Howard, vc lembra de um filme dele chamado “O jornal”?. Desse eu gosto, o resto é muito esquemático mesmo.

  11. Willian Ifanger comentou em 04/10/13 at 20:24

    Eu sou fã de automobilismo, mas não senti a menor vontade de ver esse filme. Nenhum trailer me encorajava…sempre tinha esse clima de novelinha no ar. Larguei mão.

    Agora dois filmes que você indicou aqui que estavam passando nos canais HBO há algum tempo e que finalmente consegui assistir:

    “Projeto Nim”: que documentário sensacional. As consequências da criação do chimpanzé como ser humano são assustadoras.

    E “Projeto X”: um delírio de divertido. Pegaram o espírito daqueles filmes de adolescência dos anos 80 que qualquer cena de mini-saia deixava a galera maluca e potencializaram absurdamente. Poderia rolar uma festa dessas aqui no meu bairro….hehehe.

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