Um filmão sem medo de ser comercial (e a confissão de um biógrafo "milionário"...)
11/10/13 07:05O horário é ingrato, mas você sempre pode gravar: domingo, às 7 da manhã, o canal Maxprime exibe “City Hall” (1996), de Harold Becker.
É o tipo de filme adulto que Hollywood produzia aos montes até o meio dos anos 90: sem ambições de mudar o cinema ou ser exibido em cinematecas, mas um produto comercial de excelente qualidade.
“City Hall” é um drama político sobre corrupção e tráfico de influências. Al Pacino faz John Pappas, o carismático prefeito de Nova York. John Cusack faz seu assistente e cão de guarda, Kevin Calhoun.
Numa manhã chuvosa, um policial troca tiros com um bandido numa esquina do Brooklyn, e uma bala perdida mata um menino de seis anos.
O que parecia um acidente acaba por se revelar uma trama complexa, envolvendo um mafioso (Tony Franciosa), um respeitado juiz da Suprema Corte (Martin Landau), um influente político local com ligações mafiosas (Danny Aiello) e uma investigadora (Bridget Fonda).
Além desse elenco absurdo, a história tem um ritmo frenético e diálogos geniais.
O roteiro foi criado a oito mãos por um timaço: Paul Schrader, grande cineasta e roteirista de “Taxi Driver” e “Touro Indomável”; Nicholas Pileggi, que escreveu “Os Bons Companheiros” e “Cassino”; Bo Goldman, vencedor de dois Oscar e roteirista de “Um Estranho no Ninho” e “Shoot the Moon”, e Kenneth Lipper, ex-funcionário da prefeitura de Nova York que ficou famoso pelo best seller “Wall Street”, baseado no roteiro de Oliver Stone.
O diretor, Harold Becker, é daqueles nomes que nunca são mencionados em listas de melhores cineastas, mas que têm uma carreira sólida em Hollywood.
Lembro pelo menos quatro ótimos filmes do sujeito: “City Hall”, “The Onion Field” (1979), adaptado do romance de Joseph Wambaugh, um dos melhores livros policiais que já li; “The Boost” (1988), um drama pesadíssimo com James Woods e Sean Young, e “Sea of Love”, o policial “noir” com Pacino e a deusa Ellen Barkin.
Becker tem 85 anos e não filma desde 2001. A exemplo de Paul Schrader, Michael Mann, William Friedkin e outros artesãos do cinema comercial hollywoodiano, deve estar cansado de pedir dinheiro a produtores que cresceram vendo “Friends” e acham que o futuro do cinema é adaptar videogames em 3D.
P.S.: Sugiro ler o blog de Mário Magalhães no UOL (aqui), em que ele calcula a fortuna que ganhou por sua aclamada biografia de Marighella. Você está certo, Djavan, todo mundo quer explorar você e outros os pobres coitados da MPB…
Aquele tiroteio de Fogo Contra Fogo é a melhor cena de tiroteio do todo o cinema! Esse filme é demais!
Texto de Chico Buarque para o jornal O Globo, comentando a coluna do Mário Magalhães: http://oglobo.globo.com/cultura/penso-eu-10376274
Outro que não disse absolutamente NADA. Impressionante a capacidade desses compositores de fugir da questão.