Há 40 anos, Woody Allen acordou
16/10/13 07:05O Telecine Cult exibe hoje, às 22h, “O Dorminhoco” (1973), de Woody Allen.
É um dos melhores filmes da primeira fase da carreira do diretor, marcada por comédias escrachadas e com óbvia influência do humor “pastelão”. O trailer é demais:
Entre 1965 e 1975, Allen dirigiu ou escreveu oito filmes, incluindo “Um Assaltante Bem Trapalhão” (1969), “Bananas” (1971), “Tudo Que Você Queria Saber Sobre Sexo” (1972) e este “O Dorminhoco”.
Alguns dizem que Allen nunca fez filmes tão engraçados quanto nesta fase, quando idolatrava a comédia física de Buster Keaton e a verve ácida de W.C. Fields.
Outros preferem a leva de filmes que Allen fez entre 1977 (“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”) e 1986 (“Hannah e Suas Irmãs”), quando inventou sua comédia romântica sofisticada, verborrágica e nova-iorquina, gerando imitadores que vão de Seinfeld a Larry David.
Em “O Dorminhoco”, escrito em parceria com o carioca Marshall Brickmann, Allen faz Miles Monroe, um músico de jazz que é congelado e ressuscitado 200 anos depois (ele acha um Fusca numa caverna e, na primeira tentativa, o carro pega: “Duzentos anos! Eles realmente capricharam quando construíram essas coisas, não?”).
A história envolve um grupo de rebeldes que tenta desestabilizar o governo de um ditador. Miles acaba preso pelo governo, mas se fantasia de robô e consegue escapar junto com uma ricaça interpretada por Diane Keaton.
A trama é só uma desculpa para piadas inspiradas sobre tecnologia, cultura pop, correção política, sexo e até comida natural (Miles é dono de uma loja de artigos orgânicos).
Algumas frases se tornaram clássicas de Allen. Quando um cientista diz que, se Miles for capturado, terá o cérebro destruído, ele responde: “Meu cérebro? Não é possível, é meu segundo órgão favorito!”
Quando alguém mostra a Miles fotos de pessoas do passado para ele identificar, incluindo uma imagem de Norman Mailer, Miles responde: “Este era Norman Mailer, um grande escritor que doou seu ego para a Escola Médica de Harvard!”
P.S.: Estarei fora por boa parte do dia e impossibilitado de moderar os comentários até o início da noite. Peço desculpas se o seu comentário demorar a ser publicado.
Um cara que filma cria um personagem “perdedor” como Brodway Danny Rose e um “ganhador” como o de Crimes e Pecados é gênio. Fez pastelão/comédia sofisticada/drama/policial/noir/musical(!!) com todo tipo de temática, cinematografia e estrelas. Woody sempre faz aquilo que quer, é tão competente e persistente que irrita (talvez por isso a quantidade de notícias com fofocas sexuais em sua vida).
Amo de paixão, sigo desde os primeiros filmes. A mãe no céu em New York Tales é impagável, inesquecível, uma síntese de tudo. Mas li uma biografia não-autorizada dele que derrubou metade da minha idolatria. Ai, ai.