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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Uma banda amaldiçoada pelo próprio nome

Por Andre Barcinski
17/10/13 07:05

Seguindo a recomendação de alguns leitores, vi o documentário “A Band Called Death”, de Mark Christopher e Jeff Howlett, sobre a banda proto-punk Death.

Eu conhecia a história da banda e tinha gostado muito do único LP deles, gravado em 1975 mas lançado só em 2009 pela gravadora Drag City.

 


 

O Death é um caso clássico de banda à frente de seu tempo. Formada em 1973 em Detroit por três irmãos negros, David, Danis e Bobby Hackney, fazia um som de garagem muito rápido e pesado, influenciado por Stooges, MC5 e The Who.

O líder do grupo era David, um ótimo guitarrista e autor de letras esotéricas e sombrias. David convenceu os irmãos a batizar a banda de Death (“Morte”). O nome seria, apropriadamente, a sentença de morte da banda.

Todos os selos e produtores que ouviam os irmãos Hackney ficavam impressionados com as músicas e queriam trabalhar com eles, mas o nome era um empecilho. Segundo o filme, o todo-poderoso Clive Davis, dono do selo Arista, queria assinar o grupo, contanto que mudassem de nome. David mandou Clive pastar.

O Death gravou uma fita demo, mas nenhuma gravadora se interessou em lançar o disco. Desapontados, os irmãos prensaram 500 cópias do compacto da faixa “Politicians in My Eyes”. Anos depois, o disquinho virou um caríssimo item de colecionador, quando pesquisadores do punk, como Jello Biafra, do Dead Kennedys, começaram a caçar os compactos  em sebos.

No filme, alguns entrevistados – Henry Rollins, Questlove (The Roots) e Jello Biafra – falam da importância histórica do grupo.

Mas alguns depoimentos são, francamente, mentirosos. Questlove diz que o Death deveria ser considerado um pioneiro do punk porque surgiu “dois anos antes dos Ramones”, o que não é verdade.

Os irmãos Hackney já tocavam juntos em 1971, mas faziam funk e soul music, e não punk (Johnny e Joey Ramone também tiveram bandas pré-Ramones). Na verdade, Death e Ramones surgiram quase que simultaneamente, entre o fim de 1973 e o início de 1974. E muita gente já fazia som pesado nessa época.

A história do Death é muito triste. Não vou contar muito para não estragar a surpresa. Assista ao filme, que vale a pena.

Mas tenho uma recomendação: assista aos primeiros 70 minutos e depois desligue. O epílogo, que mostra a ressurreição da banda, é de uma pieguice sem tamanho, que por pouco não estraga o ótimo começo.

 


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Comentários

  1. Tiago comentou em 17/10/13 at 17:33

    O Barcinski, você não vai escrever nada sobre a tunê do Black Sabbath no Brasil?

    • Andre Barcinski comentou em 17/10/13 at 17:35

      Não vi os shows, Tiago, infelizmente.

  2. Guilherme Resstom comentou em 17/10/13 at 16:53

    Barça, são tantos os chamados “pais” do punk – precursores, o que seja – que acaba não havendo consenso. Quem você elencaria, Troggs, Pretty Things, Blue Cheer, Seeds, Chocolate Watchband? Outros? Abs.

    • Andre Barcinski comentou em 17/10/13 at 17:36

      Trashmen, Sonics, Monks…

      • Daniel Dias comentou em 17/10/13 at 23:49

        Uma banda peruana muito boa chamada Los Saicos também contribuiu para o nascimento do Punk! Eu gostaria de citar também The Fugs.

  3. Paulo comentou em 17/10/13 at 15:22

    Boa tarde André, bom o filme, mas gostaria de perguntar sobre o garagem, sou fã do programa de vc’s, é um estilo de programa bem humorado que faz muita falta e precisa acontecer sempre! Abraço!

  4. Leonardo comentou em 17/10/13 at 15:06

    Só no seu blog mesmo para encontrarmos algo sobre bandas desconhecidas e, ao mesmo tempo, importantes como o Death. Recentemente estava pesquisando sobre o Mummies, outra banda maravilhosamente tresloucada e igualmente desconhecida, não? Como conseguir algum registro em CD dessas bandas? Somente pelo torrent?

    • Marcelo Farias comentou em 17/10/13 at 17:20

      The Mummies você acha fácil na Amazon.

  5. Daniel comentou em 17/10/13 at 14:49

    Achei que o filme tinha ficado longo demais mas a verdade é que ele fica piegas mesmo na parte final. E o que faz o kid rock ali?

  6. Bruno comentou em 17/10/13 at 14:13

    Que coincidência: há coisa de uns quatro dias estava ouvindo o disco desses caras. Muito bons mesmo. Tem uma outra banda com história semelhante com o curioso nome de Black Merda. O som deles é um pouco mais puxado para o soul e o funk, mas os dois álbuns são igualmente bons. Até semana passada eu sempre confundia as duas…

    • Marcelo Farias comentou em 17/10/13 at 17:17

      O Black Merda é uma ótima banda, sem dúvida. Eles têm esse nome por causa da sonoridade da palavra merda em inglês, algo como “mârda”, uma corruptela da palavra “murder” em inglês. O nome “normal” seria, portanto, Black Murder.

    • F de I comentou em 17/10/13 at 17:33

      Black Merda.
      Dj Bobo

      Acho que daria “um caldo” para um post sobre bandas-ou-artistas-estrangeiros-que-têm-seus-nomes-com-palavras-comuns-à-língua-portuguesa-e-de-preferência-de-duplo-sentido-ou-irônico.

  7. Hugo Schayer Sabino comentou em 17/10/13 at 14:11

    Tivemos um outro Death depois, menos interessante e mais bem sucedido. Este era das hordas do death metal. Curioso como o tempo muda as coisas.

  8. Marcelo Farias comentou em 17/10/13 at 13:49

    Caraca, que paulada na moleira o som desses caras! Não acredito que eu, que adoro música e me considero conhecedor de rock’n’roll, vivi até hoje sem nunca ter ouvido nenhum som desses caras! Energia bruta, muito bem tocada e com uma ótima letra! Vou procurar já esse filme!

  9. Fabio Martins comentou em 17/10/13 at 12:46

    Boa!

  10. João Gilberto Monteiro comentou em 17/10/13 at 12:37

    André, acho que o pessoal tb ficou com medo do Death, nenhum comentário até agora?????
    Mas agora um OT do assunto do momento: seria esse o real motivo da existência do Procure Saber? http://br.noticias.yahoo.com/blogs/blog-ultrapop/procure-saber-saber-o-qu%C3%AA-135511320.html

    • Danilo comentou em 17/10/13 at 16:09

      Li o artigo e também acho que as “possibilidades do audiovisual”, a que Caetano se referiu, é que estão por trás do “Procure Saber”. Acredito que os interesses comerciais, para este grupo, são muito mais importantes do que a liberdade de expressão.

  11. Paulo comentou em 17/10/13 at 12:02

    Realmente muito bom. André por acaso você ouviu falar da Judee Sill, se conhece o que acha da historia dela?

  12. Rafael Abreu comentou em 17/10/13 at 11:44

    Valeu pela dica, Barcinski!

    Agora, veja o que fizeram com o perfil da Death na lastfm:

    http://www.lastfm.com.br/music/Death/…For+the+Whole+World+To+See

    Abraços!

  13. Black bosts comentou em 17/10/13 at 11:17

    A unica banda que eu conheço por esse nome é de death metal. Alias você bem que poderia escrever também sobre esse estilo, não entendo porque o preconceito.

  14. GUIJA comentou em 17/10/13 at 11:07

    E o Biafra também está em ótimo depoimento no “Desagradável”, recente doc sobre o GANGRENA GASOSA que segue bem os moldes tradicionais de doc de entrevista, mas é certamente uma história que deve ser contada.

  15. GUIJA comentou em 17/10/13 at 11:05

    Caraca, que coincidência! Assisti no último sábado à noite! Será que falei dele pra você e não me recordo? Conheci o disco há pouco mais de um ano e pirei demais. Daí soube na semana passada que existia o tal doc, por acaso.

    Entendo perfeitamente a ressalva com relação à segunda metade do filme, André, mas eu, particularmente, achei extremamente tocante a cena o pai, do lado da esposa, vendo o filho tocando as músicas do DEATH. Claro, é notória a exacerbação com a história do irmão falecido, mas não sei como é passar por isso e aparentemente ele era o cabeça da coisa toda mesmo.

    Só achei que o elenco de entrevistados é pequeno, acho que a produção não conseguiu aliar todos que deveriam. Faltou o pessoal do BAD BRAINS (alguém vestia a camisa deles no doc, não? Não me lembro direito.. era o Vernon Reid mesmo?) e não só o Vernon Reid, mas os outros músicos do LIVING COLOUR também, escolhas óbvias.

  16. Marcel Augusto Molinari comentou em 17/10/13 at 10:59

    Por falar em 3 irmãos, já ouviu falar de Radkey? São 3 irmãos (5,17 e 19 anos), que soltam o braço!!! Olha eles no Johns Holland!!!
    http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=svy-0phlnBk

  17. bullittkowalski comentou em 17/10/13 at 10:51

    Legal, não conhecia essa banda, já estou baixando via torrent.

    Falando em documentários, já assistiu sobre o John Lennon, que vai passar na Mostra de cinema de SP:

    http://youtu.be/XlpEfoHlF1E

    Falando da Mostra, já recomendo um que assisti: Outrage Beyond do Kitano:

    http://36.mostra.org/filme/374893/outrage-beyond

    • Danilo comentou em 17/10/13 at 16:14

      Esse documentário sobre o John Lennon é ótimo, recomendo a todos…. mas já passou na mostra há três anos atrás (eu sei porque assisti), já esteve em cartaz nos cinemas, passou na tv por assinatura e foi lançado em DVD.

  18. Roberto comentou em 17/10/13 at 10:24

    Ops, *em outros discos.

  19. Roberto comentou em 17/10/13 at 10:24

    Grande banda. Imagina o que eles teriam gravado sem outros discos? Ainda não vi o doc, mas vou providenciar. Ah, você assistiu Last Days Here, sobre o cara do Pentagram?

    • Andre Barcinski comentou em 17/10/13 at 15:15

      Não vi o filme, vale?

      • Roberto comentou em 18/10/13 at 10:26

        Vale demais. Se assemelha um pouco com a história do Anvil: o Pentagram era uma banda promissora, uma espécie de Black Sabbath com crueza punk. A banda atraiu a atenção do KISS e de produtores famosos, mas o comportamento errático de Bobby Liebling pôs tudo a perder. O filme acompanha a situação lastimável do cinquentão Liebling: viciado em crack e heroína, vivendo no porão da casa dos pais, completamente fudido e cheio de feridas no corpo. A aparência é a de um idoso esquelético de 80 anos. Os problemas de Liebling fazem os do Anvil parecerem coisa pouca: o cara vive à espera da morte e consegue sabotar toda oportunidade para ressuscitar o Pentagram. Não vou contar mais para não estragar, mas é um filme de cortar o coração, emocionante pra cacete.

      • az comentou em 18/10/13 at 10:27

        ontem encontrei o filme sobre o Pentagram, ao acaso. lembrei desse post e vim aqui pra deixar o link.

        http://www.youtube.com/watch?v=ETNNpq4qtJc&list=WLB94092FD6B52C6F2

        não é um doc sensacional. não vai fundo na história da banda, afinal a trajetória deles é super errática. mas é bacana ver como os envolvidos conseguiram dar um chute na bunda do lunático do Bobby Liebling e fazer com que ele voltasse a ativa. encontrei boas apresentações da banda, super recentes.

        • Andre Barcinski comentou em 18/10/13 at 16:57

          Boa!

  20. F de I comentou em 17/10/13 at 10:15

    Se esta banda chama(va) Death… imagino se o Roy Orbison tivesse sido uma banda… seria tipo o Genocide…

  21. Emerson Facão comentou em 17/10/13 at 10:04

    Olá Barca, tudo bem? caramba, que descoberta maravilhosa!!!Conheci tantas bandas desse período e não tive acesso a eles.cara, eu estou apaixonado por essa banda. Eu gostaria de saber se esse filme sobre eles está rolando aqui no Brasil? e mais uma vez queria agradecê-lo por apresentar essa preciosidade em seu blog. abs

  22. Marcel de Souza comentou em 17/10/13 at 9:49

    Pelo jeito o nome é amaldiçoado mesmo… A outra banda “Death” também teve tragédia, a morte do Chuck Schuldiner por cancer no cérebro quando a banda estava começando a decolar, apesar de fazer death metal.

  23. Luciano Fleury comentou em 17/10/13 at 9:46

    Bandas que polemizam pelo nome tendem a se dar bem em alguns casos, muito legal conhecer essa banda, valeu.

    Na década de 80 existiu o Death(Chuck Schuldiner) banda de Death Metal muito boa por sinal.

  24. wagner comentou em 17/10/13 at 9:45

    Cara, que som!!! inacreditável!

  25. Marcelo Almeida comentou em 17/10/13 at 9:39

    A primeira vez que ouvi falar do Death foi em 2010, na MTV, numa daquelas madrugadas de insônia. Bendito seja o sono mal dormido. Saí a caça do álbum e achei sensacional. Além das influências que você citou, os caras também me fazem lembrar (de leve) o Grand Funk (em momentos inspirados), só que com uma pegada bem mais crua.
    Quanto ao nome Death, bem, deve ser “amaldiçoado” mesmo, vide o caso daquela banda de metal homônima.

  26. Diego Correia comentou em 17/10/13 at 8:55

    Só por essa música já gostei do som dos caras. Pena que eles não cederam em relação ao nome. Poderiam ter feito sucesso e ter tido mais reconhecimento ao longo dos anos.

  27. Renato comentou em 17/10/13 at 8:53

    André, você conhece o som do Los Saicos? Esses sim verdadeiros precursores do punk. Só não podem ser considerados de fato os inventores porque, infelizmente,ninguém os ouviu fora da terra natal, o Peru, onde gozaram de um bom prestígio. E o disco é de 65, quer dizer, os Beatles mal tinham saído do iê-iê-iê e esses adolescentes retardados de Lima já estavam rasgando os vocais e fazendo barulho. Sensacional!

    • Andre Barcinski comentou em 17/10/13 at 15:16

      Conheço, os peruanos pré-punk? Outra história bem legal…

  28. Maurilio comentou em 17/10/13 at 8:50

    Não conheço,vou ouvir.Fugindo um pouco,você ouviu o novo do Elvis Costelo?_achei brilhante.O do McCartney também parece resgatar parte da velha magia.Gostei de ouvir e perceber o que remete a que.Dois caras que eu não ouço a muito tempo mostrando que são mestres do oficio.

  29. Pedro Reis Lima comentou em 17/10/13 at 8:30

    Bom dia, Barça.Irei procurar o documentário mas perigosamente piegas mesmo é o artigo do Chico Buarque no jornal “O Globo”. A resposta escrita e audiovisual do Paulo Cesar Araújo deixou o assunto do artigo do Chico em seu devido lugar. Quanta decepção em relação ao nosso caro tricolor. O horror ! O horror ! Sérgio Buarque de Holanda deve estar envergonhado com a mancada. Um grande abraço.

    • Andre Barcinski comentou em 17/10/13 at 15:16

      Vou escrever sobre isso amanhã.

  30. Willian comentou em 17/10/13 at 8:22

    Muito, mas muito bom mesmo!!!

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