Você compraria uma biografia de Chico Buarque escrita por Chico Buarque?
18/10/13 07:05Em artigo publicado quarta-feira no jornal “O Globo”, Chico Buarque fez uma acusação seríssima ao pesquisador Paulo César de Araújo: segundo Chico, Araújo teria mentido ao dizer que o havia entrevistado para a biografia de Roberto Carlos.
“[…] Me disseram que a biografia é a sincera homenagem de um fã. Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou.”
Araújo rapidamente esclareceu: ele havia, sim, entrevistado Chico, em março de 1992. E publicou as fotos para provar.
No dia seguinte, Chico pediu desculpas. Havia esquecido que concedera a entrevista.
Normal. Erros acontecem. Não é fácil lembrar um episódio ocorrido mais de 20 anos antes.
Mas Chico poderia ter evitado o mico se fizesse o que qualquer curso de jornalismo ensina: checar a fonte. Bastaria uma ligação para Araújo.
Por que Chico errou tão feio?
Talvez pelo menos motivo que levou Djavan a escrever, também em “O Globo”, outra afirmação no mínimo questionável: a de que editores e biógrafos “ganham fortunas”.
De onde Djavan tirou tal informação? Qual a fonte? Será que o compositor poderia dar ao menos UM exemplo de biógrafo brasileiro que ficou rico com seu trabalho?
Sugiro a Djavan ler dois textos: o relato de Mário Magalhães, autor de “Marighella”, sobre o prejuízo financeiro que teve com a extensa pesquisa para o livro, e o relatório “Retratos da Leitura no Brasil” do Instituto Pró-Livro, publicado em 2012. Este documento traz alguns dados que poderiam ter levado o compositor a pensar duas vezes antes de decretar a riqueza de biógrafos:
– Brasileiros lêem, em média, quatro livros por ano, mas terminam apenas 2,1 livros. Isso inclui livros escolares.
– 75% dos brasileiros nunca pisaram numa biblioteca.
– A Bíblia é o livro mais lido no Brasil, seguido por livros didáticos, romances, livros religiosos, contos e livros infantis. Não há sinal, na lista, de livros biográficos.
Talvez Chico e Djavan tenham errado porque não se deram ao trabalho de checar a informação que estavam divulgando.
É curioso que artistas que brigam pela censura prévia a biografias e pelo poder de decidir quem não escreverá sobre eles, pareçam tão pouco preocupados com a checagem de fatos.
Em seu livro de memórias, “Verdade Tropical”, Caetano Veloso elogia o filme “À Meia-Noite Levarei Tua Alma”, de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Caetano diz que o nome do cineasta foi tirado de José Mojica (1896-1974), um frade mexicano que fez fama nos anos 50 cantando canções sentimentais.
Errado: nosso José se chama José porque sua mãe, Carmen Mojica, era devota de São José.
Na mesma página, Caetano chama José Mojica Marins de “estreante independente”.
Errado de novo: “À Meia-Noite Levarei Tua Alma” foi o quarto longa-metragem de Mojica.
Não são erros graves, mas são erros, que poderiam ter sido evitados com um mínimo de rigor na apuração.
Não estou dizendo que jornalistas não erram. Erramos sim, e muito, especialmente nessa época de encolhimento de equipes nas redações. E nada pior para a credibilidade de um jornalista que divulgar uma notícia falsa ou errada. É um desserviço.
Mas a solução para diminuir os erros não é controlar a informação, como defendem Chico, Caetano, Djavan e os outros integrantes do grupo Procure Saber, mas democratizá-la. Ninguém tem o direito de controlar a História.
Nossas livrarias não oferecem biografias decentes de Pelé, Xuxa, Maluf, Raul Seixas ou Sílvio Santos. Não temos uma biografia sequer de Roberto Carlos, o maior popstar que o Brasil já teve (quer dizer, teríamos, se o próprio Roberto não a tivesse censurado). Deveríamos, sim, ter quinze, vinte, trinta biografias do Rei, todas disputando para ver qual é a melhor e mais completa.
Escrever a verdade dá trabalho. Demanda tempo e determinação. Por isso, biografados deveriam incentivar a busca pela verdade, facilitando e auxiliando o trabalho de pesquisadores, e não iniciar uma cruzada obscurantista para impedi-lo.
P.S.: estarei sem acesso à Internet até o fim da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Caso seu comentário demore a ser publicado, peço desculpas.
FINALMENTE, CHEGOU LIBERACE!
Sábado, às 22h, a HBO exibe “Behind the Candelabra”, de Steven Soderbergh, quase cinco meses após a estreia na TV norte-americana (depois as emissoras reclamam quando o público apela ao Cine Torrent…).
O filme conta os dez últimos anos da vida do pianista Liberace (1919-1987) e seu relacionamento com o assistente Scott Thorson. É imperdível.
Liberace foi um dos maiores popstars do mundo entre as décadas de 50 e 70, conhecido por seu estilo excêntrico e shows que eram celebrações do “kitsch”, com cenários imitando palácios e roupas extravagantes. Mesmo em Las Vegas, capital mundial da cafonice, ele se destacava como um pavão em meio a urubus.
Durante toda a vida, Liberace escondeu o fato de ser gay. Suas fãs não podiam saber. Ele chegou a processar jornais que insinuaram seu gosto por rapazes jovens e musculosos, apesar de viver cercado deles (fosse no Brasil, os artigos nem teriam sido publicados).
No filme, Michael Douglas interpreta Liberace. Foi uma escolha ousada e muito feliz. Periga ser o melhor papel da carreira de Douglas.
Matt Damon faz Scott Thorson e o sumido Rob Lowe interpreta um cirurgião plástico que transforma Liberace e Thorson em bonecos de cera. Damon e Lowe estão sensacionais.
Liberace foi uma figura fascinante, símbolo da opulência e exageros estéticos de Las Vegas, um Taj Mahal criado no deserto e meca do novo-riquismo norte-americano do pós-Segunda Guerra.
“Lee”, como era chamado, sonhava em ser pianista clássico, mas a Grande Depressão o forçou a aceitar empregos em boates, tocando música popular.
Nos anos 40, começou a criar seu estilo peculiar de apresentação, com roupas chamativas e interação com a plateia. “Não faço concertos, faço shows”, dizia. Ficou famoso na TV e criou espetáculos audiovisuais nababescos em hotéis de Las Vegas.
O filme de Soderbergh começa em 1977, quando Liberace já começa a entrar em declínio. O pianista é mostrado como um ególatra que descarta um amante assim que se interessa por outro.
Thorson conhece Liberace em um show e inicia um romance tumultuado com o músico, piorado depois que Thorson é convencido a fazer uma plástica e começa a tomar remédios tarja preta prescritos pelo cirurgião.
Um tema polêmico da carreira de Liberace e que o filme não explora é o de sua ligação com o satanismo. Liberace foi ligado à Igreja de Satã, liderada pelo ocultista Anton LaVey (1930-1997), mas morreu negando o fato. Aliás, a confraria de LaVey, que reuniu, além de Liberace, Sammy Davis Jr. e Jayne Mansfield, daria um filme sensacional.
P.S.: Estarei fora no início da semana que vem. O blog volta na quarta, 23. Até lá!
Toda a minha vida amei as canções de Cole Porter e Chico Buarque. Sobre o primeiro, coloquei de lado sua vida particular nefasta e impossivel de admirar, alem de triste. Agora, vem o Chico com esta trapaiada”. Já andava com um pé atrás por causa de Cuba. A que eu conheci não é a dele, mas como artista que é, dou um esconto. Sabe como é, a tal de ‘LISENÇA POÉTICA” e não me interessa mais que ele tenha Fidel como um ídolo. Resumindo : se Chico não esta com um principio de ALLzheimer, está com HALFzheimer e aí, como fá, eu fecho os olhos, escuto “Valsinha” e
deixo pra lá…..
Simples assim:
jornalistas e editoras querem faturar com as biografias;
biografados querem algum das editoras;
no Brasil se lê pouco e as biografias no mundo são um sucesso;
logo, Brasil é a bola da vez em leitura e em biografias.
O que acho? devem ser liberadas e os jornalistas e editoras deverão ser processados em caso de dano moral ou material.
Brasil é a “bola da vez” em leitura de biografias? Desculpe, Marcelo, mas isso é delírio.
Esse povo vai é tomar um capote no Supremo. O Joaquim Barbosa já praticamente adiantou o voto dele na ação direta de inconstitucionalidade do artigo 20 do Código Civil, dizendo que é contra a autorização para biografias. A Carmen Lúcia, que é relatora do processo, já defendia a liberdade de expressão na imprensa e até nas redes sociais desde a época em que era presidente do TSE. A Monica Bergamo sondou os demais ministros e publicou que a tendência é que votem pela liberdade de expressão. O Ministério Público Federal já deu parecer favorável no processo, pelo acolhimento da ação. O Ministro da Justiça e a ex-Ministra da Cultura, irmã do Chico Buarque, já disseram que a autorização é antidemocrática. Todo esse mimimi do Caetano, da ex-senhora dele e cia. é raiva e frustração porque sabem que dessa vez não farão com que os outros se curvem aos seus caprichos.
Tomara, Ana.
Primeiro: acho uma biografias uma perda de tempo gigantesca, só tem alguma validade de alguns artistas e quando eles são muito representativos e a biografia pode fornecer dados relevantes para entender ou lançar um nov olhar sobre suas obras.
O que você ganha sabendo da vida da XUXA, do JObs, do cara que fez o FACEBOOK…o que isso vai adiantar na sua vida? Talvez a do Machado de Assis se você faz literatura ou gosta muito tenha alguma função, agora não adianta saber em uma biografia que por exemplo Hitler tinha o pênis pequeno e por isso ele fez o Holocausto.Mas isso é uma opinião minha.
Fatos são outros: biografia só com aprovação do biografado, o direito a privacidade é constitucional e fim de papo, alías só estamos discutindo isso no Brasil pois aqui pra tudo precisa de lei, se fosse um país sério, não tinha todo este debate, bastava seguir a regra e a ela é bem claro…
Muita filosofia e pouca prática fazem de Caetanos e Marios Magalhães uns bobões.
ALiás é triste que artistas, que deveriam dominar retórica, lógica etc tenham tanto problema com direito.
Você pode não gostar da Xuxa, mas não dá pra negar que é uma das figuras mais importantes da cultura pop brasileira. Não reconhecer a importância dela é impossível.
A origem do problema é o mesmo que fundamenta 99% dos problemas desse país.
Tivéssemos uma Justiça eficiente, biografias julgadas como “ofensivas à honra” do biografado seriam punidas com indenizações pesadas e a retirada imediatada de circulação (sem aquela interminável e cansativa série de recursos jurídicos).
Como o cidadão não tem este respaldo no Brasil, apela para o jeitinho. No caso do “Procure Saber”, pela proibição na origem. É o correto? Claro que não, mas é compreensível o lado deles.
É um tema complexo demais para ser analisado com tanto maniqueísmo – “os ex-perseguidos pela ditadura que viraram censores” são malvados e os biógrafos são pobrezinhos. Sim, eu sei que a Paula Lavigne é um ser que atrai muita antipatia, mas abstraia.
Seria uma excelente oportunidade de discussão mais aprofundada do assunto, em vez da simples demonização da Máfia do Dendê.
As biografias nada mais são do que uma grande reportagem, concordam? Não conheço a lei a fundo, mas se for feita uma interpretação extensiva, não dá para dizer que isto inviabiliza a imprensa séria, já que qualquer menção a uma pessoa teria que ser por ela autorizada?
A Bíblia é o livro mais lido no Brasil? Explicasse o atraso do pais
.
André, me diz uma coisa.
Se eu fizesse um filme contando a vida desses caras ou seja, uma biografia visual, eles tbem lutariam ou poderiam de alguma forma impedir que o filme fosse exibido?
PS: E a entrevista da Paula Lavigne no saia justa…não vi ao vivo mas li trechos…meu Deus!! Tinha que ser mulher do gênio hein.
Entrevistei o Ricardo Alexandre na época do lançamento da biografia do Simonal (você leu, André?). Comentei que achei bacana que no coquetel de lançamento os dois filhos (Max de Castro e Simoninha) estavam autografando o livro junto com o autor, e perguntei como foi trabalhar com a família em uma história tão delicada quanto a do Simonal. Ricardo respondeu que eles não só não exigiram aprovação prévia de nada, como ainda abriram diversas portas e contatos de familiares para facilitar a apuração de todos os detalhes. Cada vez que lembro dessa história, meu respeito pelo Procure Saber cai mais um pouco.
Com o Mojica e Sepultura foi o mesmo, eles só leram os livros que fiz depois do texto pronto. E o Mojica, em especial, tinha todos os motivos do mundo pra ficar chateado, o livro traz muitas histórias tristes de alcoolismo, drogas, traições, problemas com mulheres, etc. Tem até o episódio em que o pai do Mojica assumiu a paternidade do neto pra livrar a cara do Mojica, que teve o moleque fora do casamento.
Eu sou apaixonado por biografias e autobiografias, tenho e li dezenas delas. Eu não compraria a autobiografia de Chico Buarque, por duas razões: por ser o Chico Buarque o objeto da obra, e por ter sido escrito por alguém que “morre de medo” de ser biografado. E ele é um bom escritor, veja bem.
Eric Clapton fez uma senhora autobiografia (Planeta do Brasil, 2007, 400p.), imagino que seja melhor do que as escritas por outros.
No fundo é mais uma questão de postura, de mentalidade, do que jurídica.
No meio disso tudo, não sei o que é mais constrangedor: o silêncio de Milton Nascimento (pelo menos, não li algo que ele tenha escrito a respeito), a tergiversação de Caetano, o mercenarismo de Paula Lavigne, as gafes de Chico ou as churumelas de Djavan.
Não esquecer que embora seja o livro mais lido, a bíblia nunca é lida em sua totalidade e sim em alguns versículos, principalmente aqueles determinados pelos pastores.
Meu instinto de Mãe Dinah “acha” que o problema todo não é apenas dinheiro, mesmo se um jornalista ganhasse uma fortuna com biografias, esse povo é rico, ganha dinheiro com shows, direitos de música…
Chico, Cae, Gil. Acredito grande parte é o medo de desmistificar a imagem de “heróis” que carregam por baterem de frente com a ditadura e o porquê de não servirem de inspiração para quase nenhum músico nas últimas décadas…
Respondendo a pergunta do título: depois desse papelão todo que Chicão fez, nem se o André Barcinski escrevesse uma biografia dele eu leria, e olha que se vc escrever a bula do Anitta eu leio…
Quando um jornalista faz uma pergunta dessas (“Não é natural que o público tenha curiosidade em saber sobre figuras que admira?”), fica tudo mais difícil. A “vida do artista” interessa pelo que pode elucidar na compreensão da sua arte. É esta a razão por que deveriam ser ser biografáveis – e não para atender uma curiosidade à revista de fofocas. Lamentável.
Também achei uma puta pisada na bola. Em vez de falar sobre arte e história o cara fala em curiosidades. Com esse nível de discussão ele deu razão ao Procure Saber.
Alguém versado em leis poderia me esclarecer uma coisa? Se eu escrevesse uma obra de ficção sobre um personagem chamado Coberto Ralos,contando uma história sobre um cara talentoso e sua luta até o topo num pais imaginário chamado Terra do Pau de Tinta .No livro constaria a tradicional advertência de que trata-se de obra de ficção e qualquer coincidência é apenas coincidência ,alguém poderia impedir a circulação ?
Desconfio que eles dariam um jeito.
“Coberto Ralos” é um baita nome pra um personagem.
Provavelmente sim,dariam um jeito.Mas teriam que tirar a mascara ,mostrar a sua verdadeira cara…
Sinceramente,a única decepção é com o Sr.Francisco Buarque de Holanda.Acho que o pai dele leu algumas biografias para compor sua obra.Aceito que ele tenha um perfil discreto e não goste de se ver retratado num livro,mas o cara tem inteligência suficiente para saber que o bônus implica algum ônus.Apesar dele,histórias vão rolar e esta sociedade com um bando de gente de caráter duvidoso pode vir a ser a cereja do bolo.É pena,ele passara para a história como alguém que dizia uma coisa e fazia outra,e que andava em péssima companhia.
Uma biografia que eu gostaria de ler é da Angela Ro Ro … essa tem história …
Não só tem como gosta de contar as histórias.
Angela Rô Rô entrevistada pelo “Seo”Mojica já!
Já foi, tem no Youtube.
Peguei um show dela uma vez, lá pelas tantas ela deu detalhe sobre quem estava comendo quem, inclusive uma cantora e uma apresentadora de tv e, dada a fama e fortuna de ambas, soltou o comentário matador: “Aquilo não é uma foda; é um traveller cheque!”. A casa veio abaixo.
Ela era linda… e ainda pegava a Zizi Possi,… imagine!?
Bom, essa briga entre jornalistas/escritores e eventuais biografados já deu né? Virou briga corporativa.
Um mimimi típico de revistas de adolescentes. Já deve ter virado pauta do “Tv Fama”.
Como disse o Zé Simão: “Estão confundindo biografias com revistas de fofocas.”
Parei.
Não deu não, Marco. Acho que vc não está percebendo – ou assume uma atitude blasé para dizer que não se importa – com a gravidade da coisa. O assunto é sério e afeta a vida de todo mundo. Seus filhos podem nunca ler uma biografia brasileira decente na vida.
Mais que isso, o cerceamento de uma biografia juridicamente seria levada a cabo para todos os lados, ou seja, não poderíamos ter, por exemplo, uma biografia de um Figueiredo, de um Costa e Silva ou de outros “do outro lado”. Tudo isso acarretaria outro problema que é “onde estudar sobre estes na história”? O buraco é muito, mas muito mais embaixo do que se imagina.
Acho que o TV Fama deveria se preocupar com a vergonhosa confusão que o seu apresentador se envolveu essa semana na Vila Madalena.
Pense nas limitações que podem ser impostas aos historiadores. Como alguém pode contar a história da música popular evitando a biografia de seus criadores…? Exemplo: como narrar a rivalidade entre Wilson Batista e Noel Rosa sem mencionar a música “Frankenstein da Vila” e a deformidade física de Noel…? E qual a necessidade de contar esse duelo? A excelência das canções e canções-respostas que ele produziu para o samba brasileiro.
Estes artistas que sao contra biografias ano sabem o que estao falando..pelas regars da Lei, eles falam por falar..os ultimos livros que li foram uma biografia de Clarice Lispector..amei fatos que sequer eu tinha ideia esclareceram muita coisa pra mim, e outra a do grande Adoniran Barbosa…que maravilha!!! amei..fora outras estangeiras como a de Nelson Mandela..se nao fossem estes biografos serios quanta coisa seria perdida!!acho que estes artistas que sao contra perderam o senso completamente..
A questão superlativa,é a existência ou não de troca-troca.
Não compraria biografia de ninguém da MPbosta. Nem autorizada, nem desautorizada. Tem coisa muito melhor por aí. Hitler, Churchill, Keith Richards, Ozzy (imperdível). As duas últimas apesar de autorizadas não escondem nada, escancaram tudo. E tem mais, o que há para saber destes merdas subalternos à Paula Lavigne?
E já leu o texto do Gil? Como sempre meio em cima do muro. Mas uma parte bem cretina que achei foi essa: “Ora, se preferirem dar ganho de causa à Adin dos editores, fortemente apoiada pelos meios de comunicação (TVs em especial), estarão contrariando os que, do outro lado, clamam pela garantia do seu direito à privacidade. Se a estes contemplarem com seu voto, estarão contrariando os primeiros, os grandes interessados em que vidas pessoais sejam livremente retratadas, transformadas em ativos comerciais de grande valor para a montagem do espetáculo midiático que está, hoje em dia, para muito além do interesse público na circulação da informação, o jornalismo. ”
http://oglobo.globo.com/cultura/o-direito-privacidade-como-elo-da-cidadania-10364895
O Jorge Mautner também se manifestou hoje e diz que acha essa discussão parece provinda de um mundo extraterrestre. Estou cada vez mais enojado com essa turminha da MPB.
http://oglobo.globo.com/cultura/a-liberdade-individual-10413383
Não li o artigo do Gil ainda, valeu pelo toque. E o Mautner disse que não cobrou direitos autorais pelo documentário “O Filho do Holocausto”, de que ele participa e que tem toda a trilha sonora com suas músicas. Claro que ele recebeu pelo filme.
Concordo contigo Diego, está cada vez mais decepcionante esse pessoal, não só da MPB, mas da “grande elite artistica” do Brasil. Digo isso pois outro dia vi um video de uma entrevista com o Wagner Moura, perguntaram sobre esse tema das biografias… A resposta foi muito parecida ao Dajvan e outros artistas, encima do muro total, uma hora fala que não pode haver censura, falta de liberdade de expressão, mas na seguencia fala que os alvos de biografia tem direito a escolher não liberar certo fatos da vida privada. E depois de atirar para os dois lados não conclui nada, não dá a solução… Lamentável.
Abraços.
O antigo compositor popular não consegue conciliar o sono. Levanta da cama de casal que ocupa sozinho e vai à sala. Se amaldiçoa, mas não resiste, já prepara o primeiro drinque do dia, um americano como é habitual. A água não é perrier, mas não importa. A bebida arde entre os dentes, as mil feridinhas nas gengivas. Senta em uma cadeira de balanço, um ranço rural, anacrônico naquele apartamento no Leblon.
“Era tão mais fácil….”
Ele próprio não sabe a que se refere. Talvez seja sobre o seu compor, tão profícuo e prazeroso nos anos setenta. Nos últimos anos, uma outra ainda se equipara às antigas, os arranjos são melhores, os estúdios, então nem se fala, mas a música não é mais a mesma. E o público também só quer as velhas. Em shows, as músicas novas são recebidas com respeito, reverência, aplauso, mas não entusiasmo como costumava ser. E ele sabe, se não desfilar aqueles sucessos do passado, canções que já eram velhas quando muitos dos músicos acompanhantes nasceram, a apresentação vira um fracasso.
Talvez fosse a política. Na época dos militares era bem claro, havia nós e eles. Eles eram de direita, feios, mal-humorados, torturadores e nós éramos jovens, belos, espertos e tínhamos toda a razão do mundo. Hoje, com velhos amigos no governo, fazendo merdas iguaizinhas àqueles que odiamos tanto, ficou mal mesmo pensar em política. Todos caíram em uma área cinza indefensável. Talvez estivesse falando da fama. Até poucos anos, ele e os outros compositores populares tinham a certeza da unanimidade. Qualquer opinião do seleto grupo era recebida pela mídia entre hosanas e aleluias. Vez ou outra aparecia um crítico, mas não importava, noventa por cento da imprensa os tinha como guardiões incontestes da intelectualidade brasileira, cujas opiniões eram a medida para tudo. Mas, desde a internet, esta ilusão se desfez. Lá o sujeito não tem vergonha, os chama de ultrapassados, velhos safados, bêbados, hipócritas e aí vai. Pior, tem aqueles que não xingam, mas rebatem suas opiniões com embasamento e clareza, expondo a falibilidade do antigo compositor popular. Claro que tem os fãs que ainda defendem cada bocejo do artista, mas aquela sensação de ser o porto seguro da inteligência se foi.
“Merda”. E acende um gitanes. O americano está pela metade. O antigo compositor popular ainda pensa.
Isso tudo porque deram relevância demais a gente que não merece como esses caras ai, vivem de grana pública e não querem que ninguém fale deles, sinceramente são muito hipócritas e vivem num mundinho cecado de bajulação da grobo.
Isso mesmo, têm muito mais valor do que merecem. Metem o pau na mídia e meios de comunicação, mas não recusam um convitinho do Faustão e da Regina Casé (urghhh)
Humm …. sé se fosse nas maquinas de livros que tem em algumas estações do metro “Pague quanto acha que vale!””
André, será que um dia veremos uma autobiografia desse povo do “Procure Saber” no nível da do Eric Clapton ou a do Keith Richards? Que não fizeram questão nenhuma de esconder os seus próprios erros.
Verdade, ou como a do Steve Jobs, que pediu pro autor Walter Isaacson dissecar todos os seus defeitos sem nem consulta-lo.
André,
Chico não errou apenas ao dizer que não havia dado a entrevista ao Araújo. Na nota em que se desculpa, continuou errando muito mais ao sustentar sua versão sobre a Última Hora.
Chico afirma que não falaria ao jornal em 1970, quando saiu a nota citada pelo Araújo, porque o diário seria ligado aos esquadrões da morte. (Uma bobagem, aliás!) E que só deu uma entrevista ao Mário Prata, em 1974, porque a Última Hora era então dirigida pelo Samuel Wainer.
As datas de Chico não batem. É justamente o contrário do que ele diz. Após o golpe militar de 1964, Wainer teve seus direitos políticos suspensos. Asilou-se na França, mas voltou ao Brasil em 1967 e reassumiu a direção da Última Hora. Vendeu o jornal em 1971 para o grupo de Ary de Carvalho.
Portanto, Samuel Wainer dirigia a UH EM 1970! Quando Chico deu a entrevista, em 1974, ao contrário do que ele alega, Wainer já havia saído de lá fazia muito tempo.
Obrigado pelo esclarecimento, Ana.
Manda essa informação lá pro Globo publicar e vermos o Chicão quebrar a cara mais uma vez!
A esse respeito, Chico já foi desmentido, mais uma vez.
http://www.cartacapital.com.br/cultura/pare-chico-apenas-pare-4963.html
Já já teremos tanta gente postando informações contrariando a versão dos autores que teremos uma biografia completa deles por aqui.
Não segurei a curiosidade e já conferi o filme. Achei a cena do flerte entre Scott e Liberace no camarim hilária. Michael Douglas está impressionante!
Tá sim. E o Rob Lowe?
Esse aí nem se fala! O jeito que ele banaliza a cirurgia plástica com aquela cara esticada não tem precedentes.E aquela “Dieta da Califórnia”?! E ele tomando uísque? Putz…
Não sei se foi de propósito, mas no mesmo post um texto sobre pessoas contra obras biográficas e um outro texto sobre um filme de caráter biográfico que está aí pra todo mundo assistir.
Aliás, o que essa gente do “Procure Saber” pensa sobre filmes com caráter biográfico? Ou a birra é apenas com as obras literárias?
Do Chico pelo Chico, nem rola. Mas do Morrissey pelo Morrissey não só compraria como já está no meu Kindle!
A questão fundamental, a meu ver, é $$$$.
Com certeza! essa turminha se corrói por dentro só de pensar que alguém vai fazer dinheiro em cima do nome deles sem que eles tenham um quinhão disso.
Olha sinceramente a postura ridícula desses “ídolos”, jogando no lixo os conceitos mais básicos de democracia e liberdade de expressão foi uma das coisas mais decepcionantes em termos de cultura que eu já vi nos últimos anos.
Sinceramente eles enlamearam o próprio nome.
Concordo, Isabela, os caras conseguiram manchar as reputações de uma forma impressionante.
E qual é o problema da questão ser dinheiro? Esse tipo de comentário pra mim comprova uma suspeita de que nessa questão está embutida uma falsa e antiga premissa que “é feio” artista ganhar dinheiro.