Ainda não viu "Gravidade"?
31/10/13 07:05Atenção: esse texto contém informações sobre a trama de “Gravidade”. Se você não viu o filme, sugiro que corra ao cinema e leia o texto depois.
Se nenhuma grande surpresa acontecer nos próximos dois meses, “Gravidade”, de Alfonso Cuaron, deve ganhar o Oscar de melhor filme.
E será merecido. É um dos filmes mais surpreendentes produzidos por um grande estúdio hollywoodiano nos últimos anos.
Numa época em que filmes passados no espaço são lotados de seres de outros planetas, de significados ocultos e civilizações perdidas, “Gravidade” surpreende pela simplicidade.
São dois personagens sozinhos no espaço (há mais dois, mas um deles pouco aparece e o outro é apenas a voz de Ed Harris).
O primeiro é Matt Kowalsky (George Clooney), veterano de missões espaciais, em sua última jornada. O segundo é Ryan Stone (Sandra Bullock), uma cientista em sua primeira missão.
Depois que uma nave russa causa uma tempestade de detritos, a nave norte-americana é atingida, e Matt e Ryan precisam voltar à Terra. Basicamente, o filme se resume a isso.
Por 90 minutos, os dois vão fazer de tudo para sobreviver. E os desafios são muitos: chuva de lixo espacial, falta de oxigênio, incêndios e até afogamento. Noventa minutos raramente passaram tão rápido num cinema.
Tudo em “Gravidade” é diferente do que nos habituamos a ver no cinemão americano. Não há grandes heróis ou salvamentos impossíveis. Matt e Ryan só querem sobreviver.
Não há sinal de romance entre os protagonistas, de beijos apaixonados nos créditos finais ou de música triunfal realçando a bravura dos dois.
Uma das sequências mais interessantes é justamente a que Cuaron adicionou ao filme com o aparente objetivo de ironizar os “thrillers” de ação hollywoodianos: quando o personagem de Clooney, depois de sumir no espaço, reaparece subitamente para salvar Bullock.
Era só uma miragem, um delírio de Bullock, mas pode muito bem ser uma banana de Cuaron para as convenções ridículas do cinema de ação. Ponto pra ele.
Visualmente, “Gravidade” é lindo. Os efeitos visuais e especiais trabalham para realçar o realismo do filme e torná-lo credível. As cenas em que os astronautas voam em torno da nave, tentando se agarrar a qualquer coisa para se salvar, são angustiantes demais.
E nem Sandra Bullock, queridinha da América e habituada a abacaxis, consegue estragar o filme. Me peguei imaginando o que poderia ter sido “Gravidade” com atrizes melhores, como Naomi Watts ou Tilda Swinton, mas Bullock não comprometeu o resultado.
No fim, Cuaron fez um filmaço sobre a solidão. E conseguiu embalá-lo em um formato acessível a todas as plateias. Quem quer só passar um sabadão no cinema comendo pipoca vai se divertir. E quem ainda acredita que o cinema ainda pode falar de grandes questões de forma inovadora e audaciosa, vai se surpreender.
Sobre o 3D, não posso opinar. Assisti em 2D e foi ótimo.
Gostei….mas parece o Clip do Oblivion do Mastodon…
Eu vi “Gravidade” em 3D e gostei bastante! Na minha opinião é o primeiro filme (pelo menos que vi) em que o 3D colabora para o teor “artístico” do filme. A cena da astronauta flutuando sem o traje espacial depois de quase morrer sufocada é belíssima.
Eu também sai de Avatar com uma dor de cabeça infernal e mais,me sentido meio fora de esquadro.Depois disso,comentei com um amigo oftalmologista que me explicou o seguinte: quem tem algum grau de hipermetropia( dificuldade da enxergar de perto) e/ou astigmatismo ( problema na curvatura do cristalino que e’ a lente di olho humano) geralmente detesta 3D porque fica com dor de cabeça.Eu fui e descobri que tinha ambos,mas em grau discreto. Conclusão : eu não aguento 3D,independente do tema do filme.
Gosto não se discute.
Filme legalzinho pacas, mas cheio de situações absurdas como os filmes do 007, que eu adoro! : )
Igualar a velocidade do astronauta com a estação espacial usando uma mochila de propulsão é meio exageredado, não?
É cinema, Roberto.
NÃO. Não suporto a cara da Sandra Bullock
Se não me engano você assistiu em um cinema na Av. Paulista onde trabalho quando te vi senti vontade de gritar:
– Barcinski!! Garagem o programa mais maldito da radio brasileira!!!!
Me segurei para não levar advertência.Kkkkkk
Foi sim, no Bristol.
Andre, não gosto de 3D, mas estava curioso pra assistir um filme em IMAX e escolhi Gravidade. Achei uma experiência fantástica. Recomendo.
Ah, outra coisa, não gostei do final, ao contrário do que você escreveu André, aquilo é pura xaropada de Hollywood, por causa disso que acredito que não mereça o Oscar de melhor filme.
OI André,
Gostei muito do filme também, assisti em 3D, (que aliás eu abomino, mas acabei indo ver e não me arrependi, porque o tempo todo parece que a gente está junto com a Sandra Bullock no espaço). porém discordo de você: não acho que seja filme pra ganhar Oscar de melhor filme não, sei que vários críticos estão falando isso, mas não considero “O” filme do ano, acredito que nos próximos meses vão surgir coisas bem melhores, se não, será um vitorioso tipo “Carruagens de fogo”. Vamos ver ano que vem o que acontece.
Uma coisa que não vendo muita gnt mas que martelou em minha cabeça é que quando sai do cinema achei que Gravidade era apenas uma história de sobrevivência, mas depois pensando especialmente no final do filme, pode ser uma reflexão entre Fé x Razão, Criacionismo x Evolução.
Por exemplo, durante o filme, quando a Sandra Bullock entra nas estações estrangeiras, vemos figuras religiosas, da Igreja Ordoxa e Budaísmo. Daí no final do filme, a Sandra Bullock vai pro lago/rio e tem contato com diversas formas mais “primitivas” de vida, até que segue em terra-firme, “evoluindo” seu passo até chegar a posição ereta, de ser humano. Posso estar viajando muito nisso, mas foi uma interpretação que me veio à cabeça.
Além disso, a reaparição do George Clooney é uma das coisas que vai nesta dicotomia: pq tanto pode se relacionar com o delírio da dra. Stone, pois está com falta de oxigênio no organismo ou então é parte do elemento “espírita”, complementando as figuras das outras religiões que aparecem antes.
Enfim, é uma piração minha…
Mas é uma piração válida e interessante.
Adorei também, fiz umas reflexões parecidas.
Parabéns Igor, bonita interpretação da última cena do filme. Assistindo ontem fiquei imaginando o que aquela sapinho estaria fazendo ali. Vc matou a charada.
O lance da posição ereta está certíssimo.
Como todos os grandes filmes, ele dá margem a várias leituras e interpretações. Infelizmente este tipo de filme é cada vez mais raro hoje em dia.
O filme é realmente muito bom, Barça. Tema adulto, efeitos especiais bem colocados. Coisa rara em Hollywood hoje em dia. Assisti em 3D e gostei de como o empregaram no filme, sem exageros e em compasso com a linguagem do longa. O 3D não é usado para mero enfeite, mas para fazer o espectador se inserir ainda mais na atmosfera de angústia que marca o filme. Isso sem falar nos planos sequencia longuissimos do Cuaron, algo dificil de se encontrar em época de edições a la videoclipe. Algo que já se notava nele desde o muito bom, na minha opinião, Filhos da Esperança. Abs.
Filmaço ! E obrigatório vê-lo no cinema. Realmente as imagens são demais ! A cena deles “desembolando” o paraquedas é muito tensa, a aurora boreal num cantinho da Terra é maravilhosa , os detalhes da rotina no espaço, tudo muito ,muito bom. Realmente um dos melhores filmes dos últimos tempos. Pena que aqui em BH só achei em 3D, que eu odeio, mas ,enfim, não comprometeu.
(Vi também “Capitão Philips” , bom filme mas não achei nada demais …apenas a atuação de tom hanks em estado de choque , realmente um MESTRE )
Este, prá mim, foi o melhor filme que vi na Mostra em muitos anos :
http://guia.folha.uol.com.br/cinema/2013/10/1357124-com-ingressos-concorridos-longa-grego-espelha-dureza-e-tensao.shtml
O negócio é que pode ser difícil achar um filme na versão 2D. Aquele do não sei o quê do Gatsby não passou em 2D em Fortaleza de jeito maneira.
SPOILER: “Era só uma miragem, um delírio de Bullock, mas pode muito bem ser uma banana de Cuaron para as convenções ridículas do cinema de ação.” Não tive essa impressão, já que o Clooney através da miragem ajuda a Sandra Bullock, dá lição de moral… Seria legal se ela tivesse uma miragem do Clooney salvando ela, mas que no final ela acordasse desesperada ainda no mesmo lugar! Aí sim seria bem sarcástico!
Mas a lição de moral é uma miragem, Guilherme, não acha?
Não achei que a lição de moral fosse uma miragem justamente porque a faz mudar de atitude.
Não achei que ela mudou de atitude. Acho que ela iria tentar de qualquer maneira. Mas é só minha impressão.
Feliz que você tenha gostado, Barça. Já li você dizendo que não curtia filmes com temática espacial, então pensei que você pudesse acabar passando batido.
Cuarón é provavelmente o melhor cineasta do “cinemão” americano atual.
Mais uma para o Engrish.com:
http://f5.folha.uol.com.br/estranho/2013/10/1363840-erro-de-grafia-faz-grande-rede-vender-camiseta-com-frase-obscena.shtml
Valeu pela dica. To curioso.Barça, já viu Good Vibrations, sobre o Terry Hooley e a cena punk de Belfast? Filme que mais me emocionou nos últimos tempos. Se não viu corre atrás que vale muito. Abs.
Já li sobre o filme, é do cara da loja de discos, né? Não consegui ver ainda, boa dica.
Esse! O cara é um Tony Wilson mais bêbado, impulsivo e porra louca. Figura.
Oi,
Gostei do aviso lá em cima. Muito bem !
Passo aqui depois.
Fui ver este filme no lançamento, em 3D. Os primeiros minutos são bons. A cena no espaço é bem legal, com a Terra ao fundo. Só.
O resto é lixo puro, pois não tem nada de realismo alí. Astronautas que “passeiam” pelo espaço – enquanto aquele combustível nas costas serve para estabilizar e só, desacoplamento de naves em minutos, checagem e acionamento do módulo no “uni duni te”, literalmente.
Ao final, fiquei com vontade de pedir o dinheiro de volta….
O Alfonso Cuarón faz filmes comerciais muito legais, gostei de Filhos da Esperança e por incrível que pareça de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, pois ele explora aspectos mais obscuros dos temas, seus filmes tem personalidade, mesmo diante de temas comerciais e muitas vezes banais, que não saio me sentindo mais estúpido do que entrei.
Olha, nao sou nada fa de filmes em 3D. No entanto, Gravidade eh um filme que soube utilizar muito bem esse recurso. Recomendo muito tentar vencer o preconceito e gastar um pouco mais para ver na versao 3D.
Ah, e pra quem achou meio esquisito aquele dialago em “chines” que ela tem com o Aningaaq, aqui vai a explicacao: http://blogs.indiewire.com/theplaylist/gravity-companion-short-film-aningnaaq-by-jonas-cuaron-will-be-released-as-a-dvd-extra-20131004
“Gravidade” sem dúvida merece, mas não sei se ganha o Oscar, não. “12 Years a Slave” vai chegar batendo forte.
Assistirei hoje em Imax 3D (o único 3D que vejo). Vejamos como será.
Concordo com o texto integralmente (Sandra Bullock é ruim demais). Mas acho que o filme se sobressai mais por demérito do “cinemão” do que pelo filme em si, que é muito bom, mas não é nenhuma obra-prima.
A propósito, vale muito a pena em 3D (pelo menos em Juiz de Fora, onde a meia custa dez reais e dá para ir a pé ao cinema).
Adorei o filme. Gostei quando vc diz que é um filme sobre a solidão. Acho que é um filme sobre a volta pra casa. Assim como Ulisses, Mágico de Oz, Rastros de Ódio, etc. E foi a primeira vez que vi esse tema ser mostrado assim.
O início é muito bom. Mas o desenrolar da história, a inverossimilhança do retorno da Bullock à Terra comprometem o todo. Aquela declaração do cameron – “o melhor filme já feito sobre o espaço” – parece mais preocupação com a popularização (e a venda) da tecnologia 3D do que um julgamento do filme em si. Apesar de apenas 1:30 hora de duração, me pareceu, na hora final, arrastado.
Só mais um detalhe: a música da cena final é digna do mais açucarado John Williams. Pena, pois a trilha no inicio é realmente muito boa.
Concordo com você .Melhor filme sobre o espaço? Cameron se “esqueceu” de 2001 e Solaris?
O pessoal aqui podia maneirar no spoiler…
André, sou que nem vc, não posso e não gosto de ver filme em 3D, vou esperar chegar em DVD para assisti-lo, mas sobre o Oscar, se ganhar, será somente prêmios técnicos, duvido que a Academia não vá preferir algum dramalhão politicamente correto e/ou baseado em história real para premiar como melhor filme.
Ué, assiste em 2D, tá passando em alguns cinemas. E o melhor: as sessões estão vazias, já que a maioria prefere ficar com dor de cabeça.
Não seja preconceituoso, primeiro assiste em 3d e vê se você fica com a mesma opinião.
Não tem nada de preconceito. Trata-se de conceito. Já vi muitos filmes em 3D, e foram experiências tenebrosas.
Eu vi em 3D (ruim… escuro…) em 4D (vira “comédia”, com a gente rindo a cada solavanco da cadeira) e em IMAX.
Na boa… VEJA (de novo) EM IMAX!!!!!! Confia no tio aqui!
Na verdade, depende muito do exibidor e, principalmente, da forma como foi feito o filme. Tem filmes em que o 3D é (mal) feito na pós-produção só para faturar um pouco mais, enquanto outros, como “Hugo Cabret” e “Avatar” que já são pensados e totalmente filmados em 3D. É preciso saber separar o joio do trigo. Não estou falando da qualidade dos filmes e sim do 3D. Tenho um amigo que foi assistir “O Motoqueiro Fantasma 2” em 3D e saiu do cinema com uma baita dor de cabeça.
Pois eu vi “Avatar” e fiquei com dor de cabeça por uma semana.
André, desculpa, mas sua dor de cabeça por Avatar não foi pelo 3D, e sim pela história, vai…
Acho que não. Também levei minha filha pra ver o filme do Palavra Cantada em 3D e achei que tinha levado uma marretada na testa. Nem ela aguentou aqueles óculos malditos.
Eu também, sempre prefiro em 2d uma vez que o 3d não costuma trazer nada para a narrativa, mas fui ver gravidade em 3d e o tridimensional traz uma experiência legal na idéia do filme e quem assiste (principalmente se for imax) tem a impressão que realmente esta em gravidade zero.
A única coisa que gostei de Avatar foi o 3D…. mas de repente algumas pessoas tem uma intolerância ao formato, vai saber…
Concordo que a parte visual do filme é espetacular e que o george Clooney tem uma grande atuação, mas discordo com relação ao restante. Pra mim é um filme muito arrastado, com forçação de barra na história de fundo da personagem da Sandra Bullock e aquele tom épico da escapada na praia pra mim representa o oposto do que você comentou no post, André. Mas é um bom filme, a cena de abertura com take longo é espetacular, Cuáron tem muitos méritos. Ainda assim, penso que “Os Suspeitos” seja uma produção melhor e mais completa
Não sei por que o pessoal cria esta cisma com a Sandra Bullock.
Recentemente ela amadureceu muito nos seus papeis e obviamente que faz umas escolhas bizarras para desestressar e ganhar uma grana.
Achei bacana a historia da dedicação dela durante as gravações do filme “Crash – No Limite”, e olha que sua participação lá não foi como protagonista.
Concordo Adriano, e sempre tive grande admiração pela Sandra Bullock – linda, carismática, palhaça, e dá a cara a tapa sempre pegando papeis bem díspares e até arriscados para a reputação – uma qualidade rara em artistas do naipe dela. Lembrando, embora isso não signifique muito, que ela já ganhou um Oscar de melhor atriz há poucos anos.
O filme é um primor mesmo, aflitivo, simples e ao mesmo tempo denso, e devia sim entrar na corrida ao Oscar. Gostei demais.
E Barcinski, off-topic: estive voando esses dias pela Azul e li sua coluna na revista da companhia falando da biografia do Stephen King! Fiquei toda feliz porque eu que havia lhe dado a dica aqui no blog 🙂 Mas vc ficou nos (ou me) devendo um post maiorzinho sobre ela aqui, será que sai?