Daft Punk, Moroder, e a canção pop do ano
01/11/13 07:05Quando você acha que a música pop não tem mais nada de novo a oferecer, vem o Daft Punk e faz algo novo e inesperado.
“Random Access Memories”, o último disco do duo francês – e apenas seu quarto lançamento em 20 anos – é um dos melhores discos de 2013. E a faixa “Giorgio by Moroder” é o destaque. Há muito tempo não se ouvia nada tão genial no mundo pop.
A canção é uma homenagem ao italiano Giorgio Moroder, um dos produtores e compositores mais importantes da música eletrônica dançante.
Mas a forma como o Daft Punk homenageia Moroder é inusitada: usando o som de uma entrevista com o artista, o duo fez uma espécie de colagem pop-jornalística, quase um minidocumentário musical que cita várias fases da carreira de Moroder e ilustra suas declarações com música.
Quando o italiano fala do início da carreira, tocando em discotecas na Alemanha, ouve-se, ao fundo, sons que remetem ao tipo de música ouvido em discotecas naquela época.
Moroder depois conta como teve a ideia de usar o sintetizador Moog em suas músicas. “Eu sabia que precisava de um click, então coloquei um click”. O “click” a que ele se refere é o som produzido por um metrônomo, usado para que músicos possam manter o ritmo.
Assim que Moroder termina a frase, o Daft Punk coloca, sob a voz do produtor, o som de um click. O efeito é minimalista e fantasmagórico. O silêncio súbito choca o ouvinte e o faz prestar ainda mais atenção às palavras de Moroder.
Mais que uma canção pop, “Giorgio by Moroder” é um experimento sônico corajoso. São nove minutos que desafiam as convenções da música pop comercial. A faixa é longa, cheia de mudanças de tempo e de harmonias, com toques de discoteca, ambient, synthpop old school e até jazz. Coisa de gênios.
A última frase de Moroder resume tudo:
“Uma vez que você liberte sua mente do conceito de harmonia e música ‘corretos’, você pode fazer o que quiser. Ninguém me disse o que fazer, e não havia concepções prévias sobre o que eu deveria fazer.”
discaço. ouvir em bons fones de ouvido ou num receiver legal só melhora a brincadeira.
Daft Punk é uma das poucas bandas da atualidade que consegue ser extremamente criativa sem tentar ser pseudocult, fazendo músicas sensacionais tanto promainstream quanto pro underground. Esse último disco é ótimo, pra mim é o melhor de 2013, um pouco a frente do recém-lançado “Reflektor” do Arcade Fire.
Aliás, Barça, o que você pensa a respeito do Arcade Fire?
“Barça, sem dúvida seu Blog, pra quem curte diversidade, é sensacional. Curto demais… Tenho os 3 discos Cult de Giorgio Moroder. Eu disse disco/vinil. Juntos, Kraftwerk -Yazoo – Bronskibeat – Donna Summer – Eurythimics… O Daft Punk, veio resgatar o que continua sendo imbatível em termos de música!!!”.
André, excelente review. Sem dúvida é o melhor disco do ano!
A única que não engoli foi aquela com a chamada para o teclado de “The Final Countdown” (Contact) – eu adorava a música quando criança, mas enjoei tanto que exclui de todos meus players e quase tenho um troço ao ouvi-la no álbum!
Houve uma época em que o Giorgio era “o cara” da música eletrônica. Eu tinha um vinil dele chamado e=mc2.
André, já tinha ouvido a música e achado incrível. Ao ouví-la sempre me soava familiar…fui pesquisar sobre Giorgio Morader e descobri a familiaridade…ele compôs a trilha do filme Expresso da meia noite (Midnight Express ) de 1978 e essa música do Daft Punk, na minha visão, consegue criar a mma atmosfera da música tema do filme. Bela homenagem. Realmente coisa de gênios….
(OFF-TOPIC) Você já viu esse documentário sobre essa repórter? impressionante!
http://fatosdesconhecidos.com.br/post/a-reporter-que-cometeu-suicidio-ao-vivo/679
Não conhecia o caso, que coisa impressionante…
Barça, não canso de agradecer todos os dias por ter conhecido seu blog. A cada dia enriquecendo meus conhecimentos culturais. A cada dia um escritor desconhecido se apresenta, um livro maravilhoso novo se revela, um filme que tinha passado batido no zapear incessante da tv a cabo, e, nesse caso, um significado a uma música belíssima que eu pulava quando esse “velho” ficava falando umas coisas que eu não queria prestar atenção…
Obrigado!
aliás, comprei o disco do Daft Punk no lançamento, e concordo que é o melhor do ano, e um dos melhores há tempos…
Legal, Cesar, fico feliz que vc goste. Sem confete, mas um blog só presta se tem quem o leia e aprecie.
Desculpe me intrometer, mas concordo com o Cesaroliv. Essa Confraria é duca!!! conheci muita coisa legal por aqui!!!
Valeu, Fabio!
E André, espero ansiosamente um post sobre uma obscura e ótima banda de hard rock irlandesa, o Thin Lizzy, por onde já passou o ÓTIMO guitarrista Gary Moore. A história do Lynott é sensacional. Dizem até que o pai do cara era um marinheiro brasileiro…daria um post legal hein! #ficaadica abraço!
Puts! como tem pé no saco de plantão, porra! como tem gente que não gosta de nada…
Achei o disco um pastiche de dance, r&b, etc. Tentaram, mas quem conhece um pouco de black music norte americana sabe que não deu certo. Nem com Niles Rodgers fluiu natural.
Ah, saquei. O Daft Punk não conhece black music.
aqui ele fala sobre o dia de gravação com o daft punk
http://www.youtube.com/watch?v=LFCsZvqWzuE
não sei se alguém já compartilhou isso aqui.
e o Django Django com a musica Hail Bop…. vide lá Barça…… os caras parecem uma mistura de The Korgis com Alan Parsons…
não gostei tanto do disco. as músicas são boas mas acrescentam pouco ao que já haviam gravado tantos anos atrás.
Por outro lado essa música é demais . Melhor do ano fácil…
Jonathan Wilson e Anna Calvi também tem disco novo…
Alguém mais lembrou daquele jogo do SNes “Outrun” ouvindo essa música ?
Viu isso…
http://vimeo.com/77975939
Lá vem outra indicação de mais um fabuloso albúm, o melhor de todos os tempos da ultima semana! E lá vou eu escutar de novo e perder tempo de novo e o ciclo recomeça. Eu me odeio por isso, mas minha curiosidade fala mais alto!
Agora quem ficou curioso fui eu. Se as dicas são todas tão ruins, por que vc continua seguindo?
Não posso afirmar que sua dica é ruim até escutar. No entanto, se levar em conta o retrospecto geral em que 98% dos álbuns indicados pelos críticos não me agradarem, o que acha que posso esperar de mais esse?
Então não perca seu tempo, ora. Se 98% das vezes vc se ferra, procure outras fontes de sugestões, não faz sentido?
Pirilampo, conta aí, quem são os 2% que passaram pelo seu implacável crivo?
Cara, você é muito chato, esta se achando. Fui fazer uma pesquisa uma pesquisa e apareceu uma coluna sua. Deixe de ser arrogante. Tadinho, imagino os amigos.
Houve pouquissimas vezes em que eu e a crítica concordamos. Neste blog nunca ocorreu (nada pessoal). Mas desde o inicio dos anos 80 até aqui esses 2% se convertem em varios discos, citarei alguns que foram aclamados pela crítica e com razão:
Beastie Boys – Licensed to Ill
Björk – Post
Nirvana – Nervermind
Depeche mode – Ultra
R.E.M – Murmur
Nwa – Nigaz4life
Um bom álbum é algo raro e por isso deve ser bem escutado e refletido! E eu continuo leitor desse blog porque gosto de estar bem informado e saber a opinião dos demais.
Random Access Memories. CD muito bom, violentamente enriquecido pela participação do mago Nile Rodgers. Recomendo fortemente.
E a bateria do Omar Hakim, destuindo tudo? Credo!Sonzeira!!
Tô vendo que esse negócios de genialidade é muito relativo.
Pô André, sem querer ser chato cara….mas esse post tá bem atrasado hein?
Legal sua descrição da música. Eu diria que é um rock progressivo disco.
Não. O ano está acabando, e até agora não ouvi música melhor. Não daria pra escrever isso quando o disco foi lançado, concorda?
Tá certo. É que eu já até enjoei do disco, fiquei ouvindo desde que saiu na net, aí tem um tempinho que não tô escutando ele mais.
Achei curioso este comentário. O ritmo das coisas de hoje parece não admitir o “ontem”, somente o “hoje” faz sentido, isto até uma hora atrás, rsrs
Este “discão” do Daft Punk vai se tornar um clássico.
André, e o Groove Armada, Cut Copy, Chromeo e Grimes? O que acha destes? A música eletrônica deu uma guinada interessante com estes artistas.
Muito legal mesmo. Não sou fã dos caras, mas deu vontade de comprar o CD.