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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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De Niro, Hoffman, Rodrigo Lombardi...

Por Andre Barcinski
08/01/13 07:05

Esse vídeo alegrou nosso Réveillon. Se você ainda não viu, vale a pena assistir.

Durante o especial de fim de ano de Roberto Carlos na TV Globo, o “Rei” canta a música “Esse Cara Sou Eu”, tema do par romântico da novela “Salve Jorge”, interpretados por Rodrigo Lombardi e Nanda Costa.

Preste atenção no canto direito inferior da tela, a 1:23: no meio da platéia, um homem (Lombardi?) aparece pingando algo no olho. Trinta segundos depois, um close no rosto do ator mostra uma “lágrima” escorrendo.


As redes sociais caíram matando: Lombardi teria supostamente usado colírio para dar uma forcinha no choro. Outros disseram que o autor da “pingada” não era o ator.

Sinceramente, não vejo nada de mal nisso. Na história das artes dramáticas, não foram poucos os atores e atrizes que usaram recursos extremos para chegar ao “âmago” de seus personagens.

Robert De Niro, por exemplo, engordou 20 quilos para interpretar a fase decadente do boxeador Jake La Motta em “Touro Indomável”.

Durante as filmagens de “Maratona da Morte”, onde interpretava um atleta que era torturado por um velho oficial nazista (vivido por Laurence Olivier), Dustin Hoffman costumava correr vários quilômetros antes de filmar cada cena, para “entrar no personagem”.

Em “Meu Pé Esquerdo”, Daniel Day-Lewis ficou tão obcecado pelo papel do escritor com paralisia cerebral, que continuava a atuar mesmo fora das câmeras. O ator exigiu que seus companheiros de elenco o alimentassem e quebrou duas costelas em uma cena onde caía no chão.

Comparada aos papéis de De Niro, Hoffman e Day-Lewis, a tarefa de Rodrigo Lombardi – chorar de emoção em um especial de Roberto Carlos, que faz o mesmo show há quase 40 anos – seria a mais dura. Força, Lombardi!

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Entrando bem em 2013

Por Andre Barcinski
07/01/13 07:05

Réveillon no litoral é sempre igual: cidades lotadas, falta d’água, filas no comércio, som alto e um clima de anarquia no ar.

Em 2012, o cenário piorou ainda mais, especialmente em cidades onde os prefeitos não conseguiram se reeleger, como em Paraty, onde moro.

 

 

 

 

 

 

 

 

O mandato dos prefeitos brasileiros em ano de eleição tem duas datas para terminar: se o prefeito vence a eleição, termina em 31 de dezembro. Se perde, o mandato acaba assim que termina a contagem dos votos.

Aqui em Paraty, a administração do prefeito Zezé Porto (PTB), que já era um caos, piorou ainda mais depois que o partido dele perdeu a eleição. E o clima de abandono da cidade aumentou: a coleta de lixo virou raridade, o mato tomou conta de ruas e os serviços públicos conseguiram ficar piores do que já eram.

A 300 metros da minha casa, um terreno baldio virou lixão, depois que os moradores, imbuídos de apurado senso de civismo e consciência ecológica, começaram a jogar sacos de lixo no local. Repetidas reclamações para a prefeitura não deram em nada. O lixão ainda está lá, servindo de bufê para ratos e urubus.

Para piorar, os serviços de telefonia fixa, telefonia móvel, Internet e luz, todos de responsabilidade de empresas privadas, também entraram em colapso nas festas de fim de ano (antes das chuvas do dia 3/1, só para deixar claro). Parece que Oi/Velox, Vivo, Claro e Ampla resolveram dar férias coletivas para todos seus funcionários no fim de 2012.

Foram tantos os apagões e cortes que resolvi listá-los:

24/12 – Telefone fixo (Oi) e Internet (Velox) mudos, só voltaram a funcionar dois dias depois.

26/12 – Luz acabou às 20h. O telefone de reclamações da Ampla não atende.

27/12 – Luz ficou em meia fase durante todo o dia. Mas o telefone de reclamações da Ampla continua não atendendo. Sem Internet, tentamos usar o 3G da Vivo, mas estava sem sinal.

28/12 – Internet da Oi/Velox, que em dias bons não chega a 500 Kbps, caiu às 11h e ficou fora do ar o dia todo.

28/12 – Bairros do Jabaquara e Portal sem água.

29/12 – Caminhão de lixo passa na rua depois de nove dias desaparecido. Claro TV sai do ar à noite por cerca de duas horas.

30/12 – Internet Oi/Velox não funciona. O 3G da Vivo está com a incrível velocidade de 78Kbps.

31/12 – Celular da Vivo sem serviço.

1/1 – Milagre: passamos o dia todo com luz e Internet! Obrigado a todos!

2/1 – Celular da Vivo fora do ar. Luz caiu às 19h e só voltou às 4 da manhã. Conseguimos ligar para a Ampla e ouvimos uma mensagem: “Aguarde que retornaremos de um número restrito”. Estamos esperando o retorno até agora.

3/1 – Celular da Vivo fora do ar. 3G da Vivo sem sinal.

4/1 – Luz caiu às 11 da manhã e voltou às 19h. Secretária eletrônica da Ampla diz, novamente, que vai retornar. Continuamos esperando.

5/1 e 6/1 – 3G da Vivo com a espantosa velocidade de 80Kbps.

Desejo a todos um ótimo 2013.

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Meus discos, filmes e livros do ano

Por Andre Barcinski
21/12/12 07:05

Aí vai minha lista de melhores discos, filmes e livros do ano. Confesso que está ficando cada vez mais difícil fazer essas listas. A cada ano, leio, ouço e assisto mais coisas velhas.

No fim das contas, não foi um ano tão ruim assim. Confira:

DISCOS

Swans – The Seer – Melhor disco do ano por uma milha. Só não consigo ouvir sem fone de ouvido porque tenho um filho pequeno, e ele nunca mais iria dormir. Compre a versão “deluxe” do CD, que vem com um DVD ao vivo de brinde.


Godspeed You! Black Emperor – Allelujah! Don’t Bend! Ascend! – Primeiro disco em dez anos, e cada vez melhor.  Drone, ambient, noise, tudo com um raro senso de drama.

Steve Moore – Light Echoes – Conheci Moore há um ano e venho comprando tudo que lançou. Este CD é uma espécie de tributo a artostas eletrônicos “old school” como Tangerine Dream. Parece trilha sonora de filmes do Cronenberg, e é intoxicante.

Menções honrosas: Lambchop (“Mister M”), Tame Impala (“Lonerism”), OM (“Advaitic songs”) e Bob Mould (“Silver Age”).

FILMES

Takashi Miike – 13 Assassinos – Ver essa beleza numa tela grande foi um dos destaques do meu ano cinéfilo.

William Friedkin – Killer Joe – Friedkin (“O Exorcista”, “Operação França”) volta à forma nesse policial escabroso. Destaque para – juro – Matthew McConaughey, na melhor cena envolvendo uma coxinha de galinha que já vi.

Jay Bulger – Beware of Mister Baker – Gosto de documentários com histórias surpreendentes. Este, sobre Ginger Baker, baterista do Cream, me mostrou que eu não sabia nada sobre o homem.

Menções honrosas: Leos Carax (“Holy Motors”), Paul Thomas Anderson (“O Mestre”), Abbas Kiarostami (“Um Alguém Apaixonado”)

LIVROS

Peter Doggett – The Man Who Sold the World – David Bowie in the 70s – Fiquei chapado com essa análise, música a música, da obra de Bowie nos anos 70. Dogget faz um trabalho primoroso de contextualização e análise, e chega à conclusão de que Bowie foi “o” músico da década. Não foi lançado no Brasil, mas agora que o livro de Doggett sobre o fim dos Beatles, “A Batalha pela Alma dos Beatles” saiu no Brasil, aumentam as esperanças…

Tom Rachman – Os Imperfeccionistas – Divertido demais esse livro sobre a redação de um jornal em inglês na Itália. Rachman costura os capítulos, cada um sobre um personagem, de forma engenhosa.

Erik Larson – No Jardim das Feras – História de William Dodd, embaixador americano em Berlim de 1933 a 37, durante a ascensão nazista. Parte livro de história, parte thriller de espionagem. Impossível parar de ler.

Na fila: Mario Magalhães (Marighella), Nick Tosches (Me and the Devil)

MELHOR COMPRA DO ANO

Sem dúvida, a caixa Steve Martin – The Television Stuff, com três DVDs do melhor de Martin na TV americana. O melhor presente que ganhei desde a caixa das temporadas completas do Monty Python. Alguém precisa lançar essa caixa do Martin com legendas em português.

O blog volta em 7 de janeiro. Boas festas a todos e até 2013!

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A história do grunge na TV

Por Andre Barcinski
20/12/12 07:05

Podem me xingar, mas vou recomendar mais um programa exibido em horário péssimo na TV: hoje, ao meio-dia, o Multishow Bis exibe o capítulo da série “Metal Evolution” sobre o grunge. Se conseguir, grave, que vale a pena.


“Metal Evolution” é uma série sobre a história do metal, dirigida e produzida por Sam Dunn, o mesmo dos ótimos documentários “Metal: a Headbanger’s Journey”, “Iron Maiden – Flight 666” e “Rush – Beyond the Lighted Stage”.

Até agora, foram produzidos 11 episódios de “Metal Evolution”. Já vi uns quatro no Multishow Bis, incluindo os capítulos sobre glam, thrash e sobre a Nova Onda do Metal Britânico dos anos 80, e achei todos muito bem feitos, com ótimas entrevistas e imagens de arquivo.

O episódio sobre o grunge não é diferente. Dunn vai a Seattle e conversa com figuras importantes do gênero, como Mark Arm (Mudhoney), Kim Thayil (Soundgarden), Buzz Osbourne e Dale Crover (Melvins), Kurt Danielsson (TAD), Kim Warnick (Fastbacks), além de jornalistas (Michael Azerrad), produtores (Jack Endino, Steve Albini) e com Jonathan Poneman, fundador da gravadora Sub Pop.

O resultado é um retrato fiel da história do gênero, nascido da fusão do heavy metal de Black Sabbath com o punk do Black Flag.

As entrevistas são ótimas. Steve Albini diz que o glam rock de Poison e Warrant, que influenciou a cena de metal da cidade, era “música para retardados”.  Buzz Osbourne diz que chove tanto em Seattle, e a cidade é tão úmida, que é como “viver dentro de um marisco”. Buzz também define o som do Melvins como “Captain Beefheart tocando metal”.

Já Mark Arm, quando perguntado sobre bandas como Creed e Nickelback, que teriam sido influenciadas pelo grunge, diz: “Se eles são grunge e eu sou considerado um dos responsáveis pelo grunge, só me resta o suicídio.”

Os depoimentos ajudam a explicar a conjunção de influências que resultou no grunge. Seattle era uma cidade isolada até o início dos anos 80, onde poucas bandas excursionavam, e que tinha um grande público de heavy metal.

Quando o Black Flag tocou na cidade em 1984, na turnê de “My War”, disco que tinha um ritmo lento e arrastado, bem diferente do hardcore acelerado da maioria dos grupos da época, foi u choque. “Aquela turnê do Black Flag deixou marcas muito profundas nas bandas locais”, conta o jornalista Michael Azerrad, autor de uma biografia do Nirvana, “Come As You Are”.

Vale a pena ver “Metal Evolution”. E bem que o Multishow Bis poderia programar uma maratona com os 11 episódios na sequência, não?

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John Hughes inventou a nossa adolescência

Por Andre Barcinski
19/12/12 09:34

O horário é ingrato, mas vale a pena ficar acordado ou gravar “Don’t You Forget About Me”, que a HBO passa na madrugada de quarta para quinta, às 3h10.

O filme é um documentário sobre John Hughes (1950-2009), o cineasta norte-americano que praticamente inventou a comédia adolescente dos anos 80.


Entre 1984 e 1986, Hughes dirigiu uma série de filmes marcantes: “Gatinhas e Gatões”, “Clube dos Cinco”, “Mulher Nota Mil” e “Curtindo a Vida Adoidado”, além de ter escrito “A Garota de Rosa Shocking”, dirigido por seu parceiro, Howard Deutch.

Hughes criou um estilo particular de filmar comédias adolescentes, com uso de metalinguagem (os personagens às vezes falavam diretamente para a câmera), ótimas trilhas sonoras, e uma atmosfera que misturava nostalgia e uma certa dose de picardia. Foi um estouro e lançou a carreira de inúmeros atores de sucesso, como Molly Ringwald, Macaulay Culkin, Demi Moore, Rob Lowe, Judd Nelson, Ally Sheedy e Matthew Broderick, entre outros.

No início dos anos 90, Hughes sumiu de Hollywood e voltou para os arredores de Chicago, onde havia crescido. Nunca mais dirigiu um filme.

Em 1994, depois da morte do amigo John Candy, com quem filmou o ótimo “Antes Só Do Que Mal Acompanhado”, Hughes tornou-se ainda mais recluso.

“Don’t You Forget About Me” usa como ponto de partida justamente o sumiço de John Hughes e mostra o esforço dos cineastas para encontrá-lo.  Assim como os filmes de Hughes, o documentário conta uma ótima história de forma simples.

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Conhece o Chacrinha, Regina Casé?

Por Andre Barcinski
18/12/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Você gosta de TV? E de um “quiz”? Quem não gosta, né?

Então, aqui vai uma pergunta para você: que apresentador de televisão disse ter sido responsável por levar a cultura popular para a TV brasileira?

a)   Chacrinha

b)   Sílvio Santos

c)   Flávio Cavalcanti

d)   Bolinha

e)   Barros de Alencar

f)    Raul Gil

g)   Carlos Imperial

h)   Gugu Liberato

i)     Carlos Aguiar

j)    Regina Casé

Se você escolheu a alternativa “J”, parabéns, acertou.

Foi Regina Casé que abriu as portas da TV para a classe popular. Ou melhor: foi Regina Casé que disse ter feito isso.

Não sei o que levou a apresentadora a afirmar tamanha barbaridade. Egotrip? Amnésia? Ignorância absoluta sobre a história da TV brasileira? Uma combinação das três?

Para ninguém achar que estou delirando, aqui vai um trecho da entrevista com a apresentadora publicada no jornal “O Globo”, por ocasião da nova temporada do programa “Esquenta”, apresentado por Casé:

“Se a cultura da periferia ressona em horário nobre, ela pode reivindicar a mais valia: — Não tenho falsa modéstia. A gente enfiou o pé na porta. Mas eu não fiz para ser boazinha.”

O trecho traz algumas informações questionáveis. Em primeiro lugar, o “Esquenta” é exibido aos domingos na hora do almoço, horário que está longe de qualificar como “nobre”.

Numa entrevista recente para o jornal “Meio e Mensagem”, Casé disse: “nas outras vezes em que desenvolvemos programas, a Globo falava ‘vê uma coisa que você quer fazer’. A gente fazia e eles encaixavam sexta de noite, sábado de madrugada, era uma coisa vaga.”

E “sábado de madrugada”? Também qualifica como “horário nobre”?

Quanto a “enfiar o pé na porta”, significando ser pioneira na divulgação da cultura popular na TV, basta lembrar que em 1957, quando Regina Casé tinha três anos de idade, Abelardo Barbosa estreava sua “Discoteca do Chacrinha”.

Claro que todo mundo é livre para dizer o que quiser. Mas, ao assumir uma posição de pioneira e ignorar a história, Regina Casé comete uma injustiça com personagens fundamentais da comunicação brasileira – alguns na ativa até hoje, como Silvio Santos, Raul Gil e Gugu – que trabalharam numa época em que as diferenças sociais eram mais pronunciadas que hoje, quando o país finalmente começa a ver uma queda nos níveis de desigualdade social.

Na mesma reportagem de “O Globo”, o antropólogo Hermano Vianna, parceiro de Regina Casé em diversos programas de TV, diz que “a cultura da periferia está com eles desde o piloto do ‘Programa Legal’, gravado em 1990.”

Detalhe: em 1990, Chacrinha estava morto fazia dois anos.

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Parabéns, Timão!

Por Andre Barcinski
16/12/12 11:37

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acordamos cedo para torcer pelo Timão. Eu não sou corintiano, mas minha mulher é corintiana, alguns de meus melhores amigos são corintianos, e a verdade é que o time vem merecendo essa conquista há algum tempo.

Mais precisamente desde 2007, quando começou a se estruturar depois do rebaixamento no Brasileiro.

Desde então, o Corinthians tem mostrado qualidades raras em clubes brasileiros: fora do campo, uma ótima administração. Dentro do campo, continuidade e tranquilidade.

O Timão começou a ganhar a Libertadores e o Mundial ainda em fevereiro de 2011, quando não mandou Tite embora depois de ser eliminado para o Tolima. Um gol de placa.

Tite inventou uma forma de o time jogar e se agarra nela, independentemente do adversário. Está certíssimo.

Domingo, o jogo teve a cara do Corinthians: pressionado no início, começou a dominar o jogo no segundo tempo, quando o time inglês cansou.

Pressenti que o Corinthians ganharia o jogo ainda no primeiro tempo, quando o Chelsea cansou de perder gols e Cássio pegou tudo. Estava na cara o desfecho: um golzinho de contra-ataque, defesa fechada, e resultado garantido.

Parabéns ao Corinthians e a meus amigos corintianos. Nos vemos na Libertadores.

P.S.: Segunda estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia e, por isso, alguns comentários podem demorar a ser publicados. 

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Comédia “stand up” é coisa séria

Por Andre Barcinski
14/12/12 07:05

Peço desculpas por voltar a um assunto abordado tão recentemente, mas é que estou obcecado com Steve Martin nos últimos dias (leia aqui meu texto sobre o lançamento da caixa de DVDs com o melhor de Martin na TV americana).


 

Acabei de ler a autobiografia de Martin, “Born Standing Up”. Saiu no Brasil pela editora Matrix, com o título de “Nascido para Matar… de Rir. É um livro curtinho (pouco mais de 200 páginas) e sensacional.

Na verdade, não é uma autobiografia completa, já que termina em 1981, ano em que Martin, no auge do sucesso como comediante de “stand up”, resolve abandonar os palcos e se dedicar ao cinema.

No livro, Martin conta a trajetória que o levou a ser o maior superstar do “stand up” mundial. Ele foi o primeiro comediante a ter fama de astro do rock, capaz de lotar ginásios e vender 30 mil ingressos para uma única apresentação.

Mas a época de fama e fortuna só aparece no fim do livro. O mais interessante é a descrição dos anos em que Martin penou para se estabelecer.

“Fiz ‘stand up’ por 18 anos”, escreve. “Os dez primeiros , passei aprendendo, os quatro seguintes aperfeiçoando meu número, e os quatro últimos, ficando rico.”

Filho de uma mãe amorosa e de um pai frio e ausente, Martin conseguiu um bico em 1955, aos dez anos de idade, vendendo programas na recém-inaugurada Disneylândia, na Califórnia. Sua carreira no teatro começou pouco depois, em um parque rival da Disney, chamado Knott’s Berry Farm.

De lá, chegou a São Francisco, no auge do movimento hippie, a tempo de mergulhar fundo nas drogas, que não curtiu.

Lendo o livro, a impressão é que Martin sempre foi um “outsider”. Assim que se sentia confortável em algum lugar ou estilo, tratava logo de bagunçar tudo.

Quando percebeu, no fim dos anos 60, que era moleza arrancar gargalhadas da platéia sacaneando políticos como Richard Nixon, abandonou a comédia política para tentar algo mais radical.

Seu desafio, mais que fazer rir, era subverter as fórmulas da comédia. Martin criou um estilo de “stand up” quase surrealista, que brincava com metalinguagem e onde enfrentava o público, não de uma forma agressiva, mas sem se dobrar às expectativas de sua audiência.

Para conseguir isso, Martin penou demais. Foram anos e anos de rejeição, desprezo e platéias pequenas.

Mas ele acabou triunfando, e sua “não-comédia”, como definiu o amigo Rick Moranis, virou o “stand up” de cabeça para baixo.

A explosão de Steve Martin aconteceu na época da criação do programa de TV “Saturday Night Live”, por volta de 1975/76, que revelou outros atores que também estavam tentando criar algo novo, como Bill Murray, Gilda Radner e Dan Aykroyd.

No livro, Martin conta casos engraçados envolvendo figuras como Elvis Presley, que o elogiou por seu “humor oblíquo”, Dalton Trumbo, roteirista de “Spartacus” e um dos artistas mais perseguidos pelo anticomunismo macartista, e até Linda Ronstadt, com quem Martin teve um romance.

Também deixa algumas frases antológicas: “Dizem que celebridades usam a fama quando precisam dela, e reclamam da fama e de paparazzi quando não precisam mais. E isso é absolutamente verdadeiro.”

Se você se interessa por comédia, recomendo demais o livro. Não só para conhecer os bastidores e história do “stand up”, mas também para confirmar como até um gênio do naipe de Steve Martin leva anos para polir e aperfeiçoar sua arte.

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Jararaca deita e rola

Por Andre Barcinski
13/12/12 07:05

“Mamãe, vem ver o que achei no jardim”, disse minha filha de quatro anos. Minha mulher foi conferir, e quase teve uma parada cardíaca: era uma jararaca. A cobra tinha cerca de um metro de comprimento e estava bem próxima à porta do quarto de nosso filho de oito meses de idade, que dormia no berço.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Chamamos a Defesa Civil, que capturou a cobra e soltou-a em uma área de vegetação nativa. Por sorte, a jararaca também estava dormindo.

O funcionário da Defesa Civil disse que está havendo uma verdadeira epidemia de cobras na região.

Ele contou o caso de uma moradora de uma área rural que esperava um ônibus embaixo de uma árvore, quando uma jararaca caiu em sua cabeça e mordeu a mulher no pescoço. A coitada não conseguiu chegar ao hospital a tempo e morreu.

Alguns dias depois, o rapaz que poda árvores aqui em casa subiu no muro para alcançar um galho, quando sentiu uma dor no pé: tinha sido picado por um filhote de jararaca.

No hospital, havia outra vítima de cobras, uma senhora que tinha pisado em duas e já estava com parte do corpo paralisado pelo veneno.

Preocupados, procuramos a Secretaria de Meio Ambiente local, mas a única sugestão foi podar as árvores de um imenso terreno ao lado de casa, cujos galhos passam por cima de nosso muro.

Visitamos lojas de produtos veterinários, pet shops e lojas de plantas, mas ninguém conseguia dar uma dica de como espantar as jararacas. As sugestões mais pareciam simpatia para espantar vampiro.

Um cara sugeriu encher a casa de alho: “Jararaca odeia alho, pode acreditar”. O problema é que ela não é a única. Eu mesmo prefiro ter uma casa cheia de cobras a morar num lugar fedendo a alho.

Outros sugeriram que colocássemos um ganso e uma galinha d’angola no quintal. Mas isso causaria outros problemas: para começar, ninguém mais conseguiria dormir em casa, com os dois gritando o dia todo. E a convivência dos penosos com nossos dois boxers não seria nada fácil.

Depois de procurar bastante, finalmente achamos um especialista em cobras, um senhor chamado Damião.

Damião é uma figura: imagine um sósia do Tim Maia usando um chapéu de vaqueiro tipo Almir Sater e com um cachimbo de Preto Velho na boca. Para melhorar, é criador de orquídeas e professor de caratê. Além de espantador de cobras, claro.

Damião prometeu afugentar as cobras usando um repelente feito com enxofre. Segundo ele, é tiro e queda: é só espalhar no jardim, que as peçonhentas somem por dois anos.  Semana que vem, Damião espalhará seu elixir miraculoso em nossa grama. Estamos na torcida.

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Deixa o Tarantino falar!

Por Andre Barcinski
12/12/12 07:05

Há uma semana, Quentin Tarantino deu uma entrevista no programa de rádio de Howard Stern.

Tarantino foi ao show divulgar seu novo filme, “Django Unchained”, mas falou sobre tudo: sua vida, família, amigos, Hollywood, fama, etc. E falou com sinceridade e clareza sobre assuntos espinhosos.


Sobre o pai, que abandonou a família quando Quentin era criança, disse que o despreza e que se recusou a falar com ele quando o pai tentou uma reconciliação. “O que eu iria dizer a ele? ‘Obrigado pelo esperma’?”

Tarantino contou uma história engraçadíssima sobre pai, que se juntou a Sal Pacino, pai de Al Pacino, e formou uma dupla de atores de filmes de quinta categoria: “Na caixa da fita eles escreveram ‘Tarantino e Pacino’”.

O diretor revelou quanto ganhou por “Bastardos Inglórios” (“Mais de 20 milhões de dólares”), criticou o ator Owen Wilson (“Não acho a menor graça nele”), disse que fumou haxixe com Brad Pitt (“Angelina não gostou nada”) e que ficou “extremamente puto” por ter não ter levado o Oscar de melhor roteiro por “Bastardos Inglórios”.

Também contou uma história sobre uma mulher que conheceu numa festa e que acabou revelando, na Internet, detalhes picantes sobre a noite: “Eu nem a achei tão atraente assim, deveria tê-la mandado embora”.  Depois, explicou porque não consumou uma noite de sexo com a comediante Kathy Griffin: “Achamos melhor ficar só nas preliminares”.

Numa nota mais triste, descreveu a morte acidental de Sally Menke, editora de todos os seus filmes, que morreu de insolação e desidratação num vale na Califórnia, em um dos dias mais quentes já registrados na Califórnia.

Howard Stern é um grande entrevistador. Consegue ser amigável sem puxar o saco ou aliviar a barra do entrevistado.

A entrevista de Tarantino é engraçada, informativa e emocionante. Se você entende inglês, sugiro ouvir na íntegra.

Agora, ouça essa entrevista e compare com essa notícia aqui, que diz que os atores Nanda Costa e Rodrigo Lombardi, da novela global “Salve Jorge”, estariam se estranhando nos bastidores porque Lombardi teria criticado o cabelo da atriz. E responda: se morasse no Brasil, quantos processos Tarantino acumularia por sua entrevista? Chuto uns seis, no mínimo.

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