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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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O último aplauso de Ted Boy Marino

Por Andre Barcinski
28/09/12 09:08

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca usei este blog para divulgar o programa que dirijo para o Canal Brasil, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, mas hoje vou abrir uma exceção.

Ontem à noite, soube da morte de Ted Boy Marino, 72, grande astro da TV e da luta livre no Brasil (leia matéria do UOL aqui).

E adivinhem quem é o entrevistado de Zé do Caixão no programa de HOJE? Isso mesmo: Ted Boy Marino. Uma coincidência que beira o inacreditável.

A entrevista foi gravada no início de 2012. Ted Boy estava fragilizado, mas topou dar a entrevista, que foi muito emocionante.

Ted falou sobre sua infância pobre (nasceu na Itália e se criou na Argentina), de seu gosto pelo esporte, da mudança para o Brasil e do sucesso na TV, quando passou a fazer parte do elenco de “Os Trapalhões”.

Em certo momento, emocionou-se ao lembrar como mal conseguia andar na rua, de tanto que era perseguido por fãs, especialmente crianças. “Mas hoje a juventude não sabe mais quem eu sou”, disse Ted.

Mojica, que conheceu muito bem Ted Boy em seus dias de glória, disse algo como: “Ted, o Brasil deve muito a você, você deu alegria a muita gente”, e foi aí que a entrevista quase acabou: Ted Boy não aguentou a emoção e chorou no ar.

Lembro que todo mundo que estava no estúdio ficou emocionado. Foi um momento muito tocante.

Ted Boy é mais um desses astros – e foi um ASTRO mesmo, desses de sair em capas de revistas, de ter fã na porta do hotel – que precisam ser mais lembrados.

No programa de Zé do Caixão, sempre tentamos resgatar essas figuras maravilhosas. Mojica já entrevistou Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Orlando Drummond (“Seu Peru”), Jorge Loredo (“Zé Bonitinho”), Ary Toledo, todos nomes fundamentais da cultura pop brasileira e que estão por aí, na ativa.

Sobre Ted Boy, não vou contar mais para não estragar a surpresa. Se puderem, assistam. O programa vai ao ar hoje, à meia-noite, no Canal Brasil.

P.S.: Já ia esquecendo: saio de férias a partir de amanhã. O blog volta à normalidade – ou anormalidade – em 15 de outubro. Até lá!

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México: o coração das trevas

Por Andre Barcinski
27/09/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vilas poeirentas onde inocentes são metralhados às dúzias; uma terra sem lei em que cabeças de inimigos são expostas em rodovias como um sinal de trânsito macabro; meninos de 12 anos esperando a vez de matar para o tráfico; noites de terror e sangue em Ciudad Juárez, a cidade mais violenta do mundo.

Este é o cenário de “Amexica”, livro do jornalista investigativo britânico Ed Vulliamy, que acabei de ler. Não é para estômagos fracos.

“Amexica” relata as investigações de Vulliamy sobre os cartéis de drogas mexicanos e as viagens do repórter pela fronteira do México e dos Estados Unidos, uma área de 3400 quilômetros de extensão, onde mais de 38 mil pessoas morreram entre 2007 e 2010.

Imagine um “thriller” de espionagem à Graham Greene, só que escrito por Quentin Tarantino. E pior: onde todas as histórias são reais.

O livro não saiu no Brasil. Se você lê inglês, compre; se não lê, ligue para as editoras e peça que lancem por aqui. É bom demais.

Vulliamy é uma espécie de “gonzo”, um Hunter S. Thompson sem a loucura, mas com a mesma habilidade de se misturar a ela.

Ele bate papo com traficantes, joga conversa fora com mercenários, encontra prostitutas, troca idéia com matadores de aluguel e entrevista políticos. No processo, tenta extrair algum sentido de um país – o México – que já não parece ter nenhum.

A “Guerra às Drogas”, essa catástrofe que os Estados Unidos vêm impingindo ao mundo há quase um século – e piorada pela visão canhestra de Nixon nos anos 70 – só vem causando barbáries, promovendo a corrupção e enriquecendo traficantes. Mas em nenhum lugar com tanta intensidade quanto no México.

Se você achava que as histórias de Pablo Escobar, Carlos Lehder e outros mitológicos traficantes colombianos eram pesadas, espere até ler sobre os mexicanos. A Colômbia parece a Disney.

Como reportagem, o livro de Vulliamy é irretocável. Já como análise das causas e conseqüências da “Guerra às Drogas”, não chega perto de “Cocaine – An Unauthorized Biography”, de Dominic Streatfeild, o melhor que já li sobre o assunto.

Espero que alguma editora lance “Amexica” por aqui. É jornalismo investigativo de primeira, sobre um tema fascinante.

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O Big Brother já começou em nossas escolas

Por Andre Barcinski
26/09/12 09:20

 

 

 

 

 

 

 

Li a matéria duas vezes para me certificar de que não estava delirando. Mas era verdade: o colégio Rio Branco, um dos mais tradicionais de São Paulo, decidiu instalar câmeras de segurança dentro das salas de aula. Repito: DENTRO da sala.

Me perdoem se outras escolas já fazem isso e eu não estou a par, mas é que, para mim, isso foi uma surpresa. Não consigo admitir a ideia de uma escola, qualquer que seja, vigiando seus alunos dessa forma.

Segundo a matéria da “Folha” (leia aqui), 107 alunos foram suspensos por protestar contra as medidas.

Se meus filhos estudassem no Rio Branco e estivessem entre os 107 suspensos, eu seria um pai muito orgulhoso. Eles têm todo o direito de protestar.

O mais chocante foi saber que todos os pais entrevistados na reportagem apoiaram a decisão da escola.

Acho que todo pai tem o dever de zelar pela segurança de seus filhos. Mas é assustador perceber que a vigilância ostensiva dentro da sala de aula é uma das maneiras encontradas para tal fim.

Aonde vamos parar, se nem na sala de aula, um espaço que deveria ser de discussão e aprendizado, as pessoas podem viver sem uma câmera vigiando seus passos?

Será que a mensagem que a escola e os pais querem passar é de que a única forma de controlar os filhos é vigiá-los 24 horas por dia?

Claro que sou a favor de segurança nas escolas. Vivemos num país violento, e a tragédia em Realengo foi uma prova terrível disso.

Mas a necessidade de garantir a segurança dos alunos e professores não pode passar por cima das liberdades individuais e do direito de não ser tratado, a priori, como um meliante.

Se um aluno passa a juventude inteira sendo vigiado dentro da sala de aula, como vai se comportar no dia em que estiver num ambiente sem câmeras?

Talvez a pergunta seja outra: será que ainda teremos ambientes sem câmeras? Ou nossas cidades vão virar um Big Brother da vida real?

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O deputado e o ursinho maconheiro

Por Andre Barcinski
25/09/12 15:20

 

 

 

 

 

 

 

Sorte do país que tem deputados como Protógenes Queiroz (PC do B-SP). É um conforto saber que podemos dormir em paz, na certeza de que ele nos protegerá de qualquer ameaça.

Vejam o caso da comédia “Ted”, por exemplo: essa grande ameaça à moral e aos bons costumes, que periga perverter toda a juventude brasileira e transformar nossos adolescentes em zumbis cocainônamos,  é o mais novo alvo do deputado.

Apesar de saber que o filme recebeu censura 16 anos, o nobre deputado levou o filho de 11 para assistir, e saiu cuspindo fogo: “Fiquei chocado e indignado com esse filme. Ele passa a mensagem de que quem consome drogas, não trabalha e não estuda é feliz”.

O deputado disse ainda que pedirá aos Ministérios da Justiça e da Cultura que suspendam a exibição do filme. “Esse filme não pode ser liberado para idade nenhuma. Não deve ser veiculado em cinemas.”

Protógenes exige censura a um bicho de pelúcia. Em 2012.

Essa desculpa de “mensagem” é hilariante. Quer dizer que, por mostrar um urso de pelúcia usando drogas, o filme defende os entorpecentes?

E quem disse que é contra a lei não estudar e não trabalhar? Queria eu ganhar na loteria para passar os dias flanando por aí…

Claro que a intenção do deputado é boa. Ele quer proteger nossos jovens de imagens chocantes, que possam levá-los ao mau caminho.

Ver um ursinho de pelúcia fumando maconha, por exemplo, é uma cena que periga ficar gravada para sempre na memória de qualquer adolescente.

Com certeza é muito mais chocante que ver viciados imundos e cobertos de farrapos, andando sem destino por baixo de viadutos infectos e consumindo crack, sem nenhum médico ou assistente social para ajudá-los. Isso já não choca mais ninguém.

Para encerrar, só queria tirar uma dúvida: não é a Polícia Federal, da qual Protógenes é delegado, uma das responsáveis por coibir o tráfico de drogas no país?

Em vez de gastar tempo – o dele e o nosso – pedindo a volta da censura no país, não seria melhor o deputado tratar de coisas mais importantes do que um ursinho maloqueiro?

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O crítico mais venenoso do cinema

Por Andre Barcinski
25/09/12 09:37

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rex Reed tem 73 anos e é crítico de cinema do jornal semanal “The New York Observer”.

Foi bem famoso nos anos 70 e 80. Em 1978, fez o papel de si mesmo em “Super-Homem”. Nos anos 80, apresentou um conhecido programa de críticas de filmes na TV americana.

Não concordo com quase nada que Reed escreve. Mas não perco um de seus textos, especialmente quando ele vocifera contra Christopher Nolan, Lars Von Trier, Charlie Kaufman, Spike Jonze ou Sofia Coppola.

Reed definiu Nolan assim:

“Nolan é um elegante picareta britânico, cujos filmes são um colossal desperdício de tempo, dinheiro e pontos de Q.I.”

Sobre “A Origem”, escreveu:

“Christopher Nolan não tem nenhum talento para detalhe, composição e movimento, mas, a julgar por seus intrincados filmes de joguinhos de adivinhação, como ‘Memento’, ‘Insônia’ e este ‘A Origem’, é, certamente, um grande trambiqueiro. Quem mais poderia enganar a Warner a dar 200 milhões de dólares para fazer o mais elaborado videogame hollywoodiano?”

Seu comentário sobre “Batman Begins” foi mais sintético: “Este filme é para idiotas.”

Adorei também – embora não concorde – com o eu Reed escreveu sobre “Synédoque, New York”, de Charlie Kaufman:

“É extremamente improvável que você aguente as duas horas desse lixo pretensioso – na verdade, os produtores idiotas que o bancaram lhe devem um prêmio caso você consiga.”

E Sofia Coppola?

“’Somewhere’, o mais recente tédio calcificado de Sofia Coppola, é menos pretensioso que ‘Maria Antonieta’, mas tão estupefaciente e anestesiante quanto ‘Encontros e Desencontros’”.

Sobre “Viagem a Darjeeling”, de Wes Anderson, um dos diretores jovens de que mais gosto, Reed escreveu:

“A técnica de direção de Anderson vem da mesma escola descerebrada dos roteiros de Charlie Kaufman e do cinema de Paul Thomas Anderson, Spike Jonze e David O. Russell: jogue ingredientes totalmente incoerentes no ar, chame todos seus amiguinhos de Hollywood para a festa, e deixe tudo cair desordenadamente por aí, sempre filmando tudo.”

Separei outros trechos memoráveis de críticas de Rex Reed:

“Melancolia”, de Lars Von Trier: “Qual o sentido? Só um diretor de um monte de lixo como ‘Dogma’, ‘Dançando no Escuro’ e ‘O Anticristo’ pode saber.”

“The Master”, novo filme de Paul Thomas Anderson (um dos meus diretores prediletos): “137 minutos dos pelos do nariz de Joaquin Phoenix não é minha idéia de diversão.”

“Reféns”, com Nicolas Cage: “Algo estranho está acontecendo com o rosto do Sr. Cage: sua pele está amarelada, suas bochechas, inchadas, e a cabeça parece grande demais para o resto do corpo.”

“Speed Racer”: “Eu consigo aturar quase tudo, mas traço um limite em duas horas e quinze minutos de vômito fúcsia.”

“Apocalypto”, de Mel Gibson: “Sangue escorre por todos os orifícios, no que parece ser um terrível desperdício de geléia de framboesa.”

Mas o meu favorito é o trecho em que escreve sobre o excelente – pelo menos na minha opinião – filme sul-coreano “Oldboy”:

“O que você pode esperar de uma nação obcecada por kimchi, uma mistura de alho cru e repolho, enterrada no chão até que apodreça, depois tirada da sepultura e servida em potes de cerâmica que são vendidos no aeroporto de Seul como suvenires?”

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Quando o elevador é inteligente demais

Por Andre Barcinski
24/09/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia desses, fui a um hospital visitar um amigo, que havia passado por uma cirurgia.

Era um desses hospitais que os publicitários chamam de “Top of Mind”, sempre lembrado como um dos melhores do país.

O prédio era moderno e imponente: hall de mármore, recepção digna de um hotel de luxo, funcionários gentis e bem treinados. Me identifiquei e fui pegar o elevador.

Foi aí que tudo começou.

O hospital havia inaugurado, poucos dias antes, seus novos elevadores “inteligentes”.

Descobri que o tal sistema não demanda inteligência somente do elevador. O usuário também precisa ser um verdadeiro Einstein para utilizá-lo. E é bom ser vidente também, já que não há placas informando os procedimentos.

Para começar, você tem de apertar o número do andar onde deseja ir.  Agora, responda com sinceridade: quantas vezes você entrou num elevador sem a menor idéia de onde vai?

Num elevador “burro”, é normal haver plaquinhas indicativas ou um ascensorista, a quem você pode perguntar onde fica o escritório de fulano. No “inteligente”, não há nada disso.

Para piorar, lembre que estamos num hospital, por onde circulam pessoas debilitadas e idosas. Imagine você chegar ao lugar, todo grogue de remédios, e ter de lembrar que a sala do Doutor Epaminondas fica no 17º andar, sala 1789. Impossível.

Aí, o elevador chega ao térreo e você entra. Uma vez dentro do cubículo, descobre que não há botões para os andares. Se você não digitou o andar de destino, precisa torcer para algum infeliz ir para o mesmo lugar, ou vai dar um passeio vertical sem conseguir parar no andar desejado.

O mais interessante: quando você está num andar esperado o elevador, não há nada indicando se o bólido está subindo ou descendo.

Em todo andar, acontecia a mesma coisa: alguém entrava no elevador e saía correndo quando descobria que estava indo na direção errada.

Nesse dia, o elevador do hospital me lembrou a famosa cena da cabine do navio em “Uma Noite na Ópera”, dos Irmãos Marx. Se não viu, assista.

Fiquei pensando nos benefícios do elevador “inteligente”: o hospital , de fato, acabou com todos os empregos dos ascensoristas e economizou uma grana. Mas transformou o saguão de entrada e todos os andares em verdadeiras comédias “pastelão” à Keystone Cops, com pessoas entrando e saindo às pressas e se esbarrando nas portas.

Será uma tática para tornar o ambiente hospitalar mais divertido? Só pode.

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Em DVD, a agonia e glória do Maluco Beleza

Por Andre Barcinski
21/09/12 07:05


Há seis meses, recomendei aqui no blog o documentário “Raul – O Início, o Fim e o Meio”, de Walter Carvalho, que acabava de estrear.

Se você não teve chance de assistir no cinema, agora não tem mais desculpa: o filme acaba de sair em DVD.

Tenho em mãos a “Edição de Colecionador”, uma caixa muito bonita, com quatro discos – um DVD com o filme, outro com extras, e dois CDs com 28 músicas da trilha sonora. Vale cada centavo.

Revi o filme em DVD e continuo gostando muito.

As cenas e imagens de arquivo são impressionantes e cobrem desde o nascimento até a morte de Raul.

É muito bonito ouvi-lo cantando, aos nove anos de idade, quando ainda sonhava em ser o Elvis Presley da Bahia.

As entrevistas são reveladoras: parentes falam da infância de Raul, amigos lembram sua obsessão pelo rock, companheiros da banda os Panteras lembram o início da carreira e parceiros como Claudio Roberto revelam detalhes do processo criativo do Maluco Beleza.

A entrevista de Paulo Coelho é um dos pontos altos, assim como os depoimentos de ex-mulheres e filhas.  Você termina o filme sabendo mais sobre o homem e o artista.

Continuo achando corajosa a decisão de Walter Carvalho de não fazer um filme “chapa branca”. Em nenhum momento Raul é tratado como vítima ou coitadinho. E a descrição de sua decadência física é tão realista quanto dolorosa. Esconder para quê?

Me emocionei particularmente com a sequência que mostra o último show de Raul no Rio, com Marcelo Nova. Foi no Canecão. Eu estava lá e fotografei a participação surpresa de Paulo Coelho, que não via Raul há mais de uma década e aceitou o convite de Marcelo para subir ao palco e cantar “Sociedade Alternativa”.

Nessa noite, fiz, para o “Jornal do Brasil”, essa foto que está abaixo. Ela circula há anos por aí, sem crédito, inclusive no livro de Fernando Morais sobre Paulo Coelho. Se não me engano, é a última foto dos dois juntos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Espero que muita gente assista ao filme e dê mais atenção à obra de Raul. Ele fez músicas geniais, assassinadas diariamente por incompetentes tocando em barzinhos e pela mitificação de sua figura, que só serve para diminuir sua importância artística.

Muito triste perceber que o gênio que cantou “Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar” fez justamente isso. E a morte pegou Raul sozinho, solitário e inchado pela bebida.

Até no fim, Raul foi um visionário.


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O "Notícias Populares" em ficção

Por Andre Barcinski
20/09/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Me diverti pacas lendo “As Melhores Histórias do Corrosivo Coletivo”, coletânea de pequenas crônicas compiladas do blog de mesmo nome.

Escritas por Bruno Machado, Crido Santos e Felipe Gonzales, são histórias do dia a dia, inspiradas, segundo dizem, pelo saudoso jornal “Notícias Populares”, onde tive a felicidade de trabalhar.

As crônicas giram em torno de sexo, crime, promiscuidade, cachaça e safadeza, ingredientes básicos do cardápio do “NP”.

São, a exemplo dos textos do jornal, curtas e direto ao ponto, sem gordura e sem frescura.

Em uma das crônicas, um casal sai no tapa em frente a um psicólogo; em outra, um “piloto” de Fórmula 1 sonha com a vitória num grande prêmio. Tem também a história do “Maníaco do Cais”, mas não vou contar para não estragar a surpresa.

Misturando a picardia suburbana de Nelson Rodrigues com a linguagem econômica dos tablóides de banca de jornal, o livrinho é diversão garantida.

E melhor: tem introdução – opa! – do mitológico Voltaire de Souza, famoso por suas crônicas no “NP” e no “Agora”.

Recomendo “As Melhores Histórias do Corrosivo Coletivo”. Dá para ler até de pé, no trem. Ou no xadrez.

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Obrigado, leitores ogros!

Por Andre Barcinski
19/09/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em janeiro do ano passado, fiz aqui no blog um texto com dicas de restaurantes de pratos fartos, que batizei de “ogros”.

A resposta dos leitores foi entusiasmada. Um monte de gente escreveu com sugestões de restaurantes que eu não conhecia. Uma turma de Curitiba se inspirou e fez até um guia ogro da capital paranaense.

A repercussão foi tanta que uma editora me procurou para transformar o post num livro, que sai essa semana: “Guia da Culinária Ogra – São Paulo: 195 Lugares para Comer até Cair” (122 págs., R$ 22).

O lançamento será quinta, dia 20, a partir de 19h, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509). Estão todos convidados, claro.

O livro é um guia pessoal de bons lugares para comer em São Paulo. Como digo no prefácio, não é um guia completo dos “mata fome” da cidade, até porque quem diz conhecer todos os botecos e PFs dessa megalópole só pode ser um mentiroso.

Também não quis fazer uma lista só de lugares desconhecidos. Sei que existe muita gente que ainda não conhece restaurantes clássicos de São Paulo, como o Sujinho ou a Castelões.

Para mim, o mais divertido ao fazer o guia foi conhecer lugares novos, por indicação de amigos ou de leitores aqui do blog. Calculo que pelo menos 30 restaurantes que estão no livro foram indicações.

A todos que ajudaram, muito obrigado. Espero que o guia seja útil para revelar lugares que vocês ainda não conhecem. Tem muito restaurante que vale a visita.

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O “Taxi Driver” está entre nós

Por Andre Barcinski
18/09/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se você gosta de cinema e está em São Paulo, já tem programa para a semana toda: o MIS começa hoje uma retrospectiva do diretor e roteirista Paul Schrader. E melhor: com a presença do próprio.

Às 21h, Schrader fará uma palestra sobre sua carreira, com participação do crítico de cinema da Folha, Inacio Araújo, e do cineasta Philippe Barcinski (antes que perguntem, meu primo). E na sexta, às 15h, dará uma Aula Magna. A programação completa está aqui.

Paul Schrader, 66, é um dos nomes mais importantes da grande geração de cineastas que surgiu nos Estados Unidos nos anos 70. Escreveu obras-primas como “Taxi Driver” (1976) e “Touro Indomável” (1980), de Martin Scorsese, e dirigiu filmaços como “Blue Collar” (1978), “Marca da Pantera” (1982) e “Mishima” (1985).

Fanático pela Nouvella Vague, por cinema japonês (especialmente Ozu) e pelo cineasta francês Robert Bresson, Schrader é famoso por seu conhecimento enciclopédico de cinema e pelo tom sombrio de seus filmes e roteiros.

Quem leu “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’n’Roll Salvou Hollywood, de Peter Biskind, não esquece a descrição aterrorizante da infância de Paul e do irmão, Leonard, criados numa família de fanáticos religiosos, onde o pai regularmente os chicoteava e onde tudo era proibido.

Paul viu seu primeiro filme aos 17 anos e descobriu no cinema uma válvula de escape para as frustrações de sua vida. Caiu nas drogas, morou dentro de um carro e ganhava a vida escrevendo críticas de filmes em jornais alternativos. Até que estourou com “Taxi Driver”.

A retrospectiva do MIS é uma boa chance de conhecer mais sobre a obra de Schrader, mesmo faltando filmes como “Mishima”, “Aflliction” e “Hardcore”. E a chance de vê-lo de perto, falando sobre seus filmes e roteiros, é imperdível.

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