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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Tony Scott não fez só "Top Gun"...

Por Andre Barcinski
21/08/12 07:05


 

Ainda chocado com o suicídio de Tony Scott.

Difícil entender por que um sujeito de sucesso, com uma família estável e filhos jovens, possa se jogar de uma ponte.  Há boatos de que Scott sofria de um câncer inoperável. De todas forma, a infelicidade é uma arma poderosa e inexplicável.

Veja aqui meu texto sobre Scott para a Folha.

Como cineasta, Tony Scott era um típico produto da era Reagan, quando filmes de ação começaram a se parecer com versões gigantes daqueles carrinhos de bate-bate de parques de diversões.

Embalado por orçamentos monstruosos – cortesia da dupla de produtores Don Simpson e Jerry Bruckheimer – Tony Scott transformou a década de 80 em seu autorama particular, criando filmes fetichistas/publicitários, em que homens violentos pareciam ter mais prazer em dirigir Ferraris e pilotar jatos do que em conquistar damas.

Quem já viu Tony Scott de perto – eu o entrevistei duas vezes – sabe que o sujeito encarnava exatamente o machão típico de seus filmes, com um charuto permanentemente enfiado no canto da boca e um boné esfarrapado que usava até em festas “black tie” com tapete vermelho.

Era fanático por velocidade. Amava pilotar carros e motocicletas e escalar montanhas.

Tony Scott ajudou a definir a estética do cinema dos anos 80, e seu estilo Jet ski-Jece Valadão influenciou também os videoclipes e o cinema publicitário da época.

Meus dois filmes preferidos de Scott foram seus maiores fracassos de bilheteria.

“Fome de Viver”, de 1983, era um filme de terror gótico, com David Bowie e Catherine Deneuve no papel de vampiros. Foi um sucesso “cult” gigante, inclusive no Brasil, onde lotou sessões de meia-noite e foi a coqueluche da turma dark que freqüentava casas como Crepúsculo de Cubatão, no Rio, e Napalm, em São Paulo.

Quem esquece a abertura, com “Bela Lugosi’s Dead”, do Bauhaus? Incontáveis quantas bandas surgiram depois de ver esse filme…

Já “True Romance” (me recuso a chamá-lo pelo péssimo título em português, “Amor à Queima-Roupa”), foi um “pulp” com roteiro de Tarantino, que foi quase estragado pela escolha de Christian Slater para o papel principal, mas acabou salvo por uma cena antológica entre Dennis Hopper e Christopher Walken, que deixo como homenagem a Tony Scott…


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Como o nome diz, “360” não sai do lugar

Por Andre Barcinski
20/08/12 07:05


 

“360”, o novo filme de Fernando Meirelles, é mais uma daquelas histórias com múltiplos personagens e tramas que se cruzam.

Filmes assim existem há décadas. O roteiro de “360”, do inglês Peter Morgan (“A Rainha”, “Frost/Nixon”), é inspirado por uma peça escrita em 1897 por Arthur Schnitzler e filmada em 1950 por Max Ophuls (“La Ronde”).

Robert Altman fez sua carreira com narrativas de múltiplos personagens, como “Nashville” e “Short Cuts”. Mais recentemente, o mexicano Alejandro Gonzáles Iñarritu fez três vezes o mesmo filme – “Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel” – usando a tal fórmula.

O problema de “360” é que, das diversas histórias do filme, poucas funcionam.

A trama começa em Viena, onde um executivo em viagem de negócios (Jude Law) se prepara para trair a mulher com uma prostitua eslovaca. Enquanto isso, em Londres, a esposa, interpretada por Rachel Weisz, o está traindo com um fotógrafo brasileiro (Juliano Cazarré), que por sua vez é abandonado pela namorada (Maria Flor), quer pega um avião e encontra um homem (Anthony Hopkins) obcecado em encontrar a filha desaparecida.

Outros personagens se misturam à trama: no aeroporto de Denver (EUA), fechado por uma nevasca, a personagem de Maria Flor flerta com um sujeito (Ben Foster), que acaba de sair da cadeira por agressão sexual. Há ainda um gângster russo, cuja esposa o quer largar pelo patrão, um islâmico em crise de consciência.

Em debate realizado pela Folha semana passada, o próprio Fernando Meirelles reconheceu que seu filme sofre de excesso de personagens: “Se pudesse, eu mataria uns dois personagens”, disse.

Eu iria além: eliminaria pelo menos metade.

Há personagens ali que não dizem a que vieram. O fotógrafo de Juliano Cazarré, por exemplo, aparece em duas cenas e sai da trama sem que o espectador saiba nada sobre ele.

As traições do casal Jude Law e Rachel Weisz também não são exploradas, assim como a angústia da esposa do gângster russo, personagem que surge do nada e some da mesma forma.

Os diálogos parecem tirados de mensagens de biscoitos da sorte chineses: “Só se vive uma vez”, “Voltamos ao ponto de partida”, etc.

A primeira frase do filme é uma pérola: “Um sábio disse certa vez: ‘Ao chegar a uma bifurcação na estrada, escolha um dos lados’.” Isso é dito com a reverência de um profundo tratado filosófico, o que só torna a coisa toda ainda mais pomposa e ridícula.

O curioso é que uma frase idêntica foi proferida por Yogi Berra, um jogador e dirigente de beisebol, espécie de Vicente Matheus dos Estados Unidos.

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Eles não são cachorros, não

Por Andre Barcinski
17/08/12 07:05


 

 

Assisti a “Vou Rifar Meu Coração”, filme de Ana Rieper sobre a música brega.

Não é exatamente um documentário, mas um filme sobre o imaginário do cancioneiro cafona.

A diretora mostra diversos casos reais de pessoas que vivem situações que remetem a algumas canções.

Há o homem casado com duas mulheres, o sujeito que foi abandonado pela esposa, a mulher que se conforma em ser amante de um homem casado, etc.

As histórias são intercaladas por depoimentos de alguns ícones da música romântica brasileira, como Odair José, Lindomar Castilho, Nelson Ned, Amado Batista, Agnaldo Timóteo e outros.

Gosto muito do tema e fui otimista ao cinema, mas confesso que me decepcionei.

Achei que faltou ir a fundo nas origens do gênero, contar a história dos artistas e tentar entender o sucesso da música cafona no Brasil.

Tudo bem, a intenção do filme pode não ter sido essa, mas é frustrante ver um artista como Nelson Ned, que tem uma história de vida incrível e raramente aparece na mídia, passar tão rapidamente pela tela.

Agnaldo Timóteo e Odair José dão declarações ótimas. Timóteo questiona: “Por que o Nelson Gonçalves cantando ‘Negue’ é brega, mas a Maria Bethania cantando ‘Negue’ é um luxo?”

Eu gostaria de ter visto mais declarações assim.

Outra coisa que incomoda no filme é um aparente desdém pela informação. Os entrevistados não são sequer identificados. Como se todos os espectadores fossem obrigados a conhecer os rostos de Rodrigo Mell ou Odair José.

Algumas entrevistas que poderiam ser reveladoras tornam-se inúteis, porque o filme não se esforça em explicar certas coisas. Por exemplo: um dos entrevistados é Lindomar Castilho, que fala sobre o poder do ciúme, que, segundo ele, faz alguns tomarem atitudes impensadas.

Ora, Lindomar foi preso justamente por matar a ex-esposa, a cantora Eliane de Grammont, e o fato nem é citado. Ou seja: quem não conhece a história de Lindomar Castilho – calculo que uns 98% do público de hoje – fica boiando.

Mesmo decepcionado com o filme, recomendo a todos assistirem. A música cafona brasileira é um fenômeno musical e sociológico dos mais importantes e que ainda não foi tratado com o respeito que merece.

Há o livro de Paulo Cesar de Araújo, “Eu Não Sou Cachorro, Não – Música Popular Cafona e Ditadura Militar”, que é muito bem pesquisado, mas tem um texto acadêmico e maçante. E não há muito mais por aí.

Dos artistas, continuo me impressionando com a audácia de Odair José, um compositor que atacou temas pouco comuns – homossexualidade, prostituição, a pílula – e com o histrionismo de Evaldo Braga, o Freddie Mercury do brega, outro astro musical que, a exemplo de Kurt Cobain, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin e Amy Winehouse, morreu aos 27 anos.

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Volta, Renato Mauricio Prado!

Por Andre Barcinski
16/08/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois de sua já célebre briga com Galvão Bueno durante a transmissão das Olimpíadas (veja aqui), o comentarista Renato Mauricio Prado não terá seu contrato renovado pelo Sportv.

Acho uma pena. Porque sempre gostei de ver Renato Mauricio Prado na TV.

E olha que eu teria todas as razões para não gostar, por causa do exagerado fervor rubro-negro do homem.

Mas sempre defendi que comentaristas não deveriam esconder seus times.  Não vejo problema nenhum nisso.

No episódio da briga com Galvão, achei que este teve razão ao reclamar. Porque não foi a primeira vez que Prado causou constrangimento a um companheiro ao cobrar dele, em público, explicações sobre uma frase dita em “off”, durante os comerciais.

Para quem não viu, Galvão se irritou depois de Prado dizer que ele, Galvão, havia afirmado, fora do ar, que a seleção brasileira de vôlei masculino só havia levado a medalha de prata nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, por causa do boicote dos países do bloco comunista.

Lembro claramente de um episódio no “Troca de Passes”, o programa do Sportv, em que Prado virou-se para o comentarista Andre Rizek e disse: “Ô Rizek, repete aí o que você disse no intervalo, que o Flamengo seria rebaixado.”

Achei isso deselegante e constrangedor. O que se diz fora do ar é para ficar fora do ar, não deve ser jogado na cara da pessoa para constrangê-la.

Mas sempre me diverti com as trocas de farpas entre Rizek e Prado, com o nervosismo deste quando o Flamengo perde, e com sua capacidade quase sobrenatural de incluir a palavra “Flamengo” em qualquer frase.

Também não dá para negar que Prado é dos poucos comentaristas que foge da irritante cordialidade e diplomacia que rolam nas mesas de futebol. Tem um humor ácido que, de vez em quando, aparece.

Se ele realmente sair do Sportv, será uma pena. Mesmo torcendo pelo Fluminense, vou sentir falta desse flamenguista.

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Brasil é ouro em intolerância

Por Andre Barcinski
15/08/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já virou hábito: toda vez que um time ou uma seleção do Brasil ganha um título, os atletas interrompem a comemoração para abrir um círculo e rezar. Sempre diante das câmeras, claro.

O mesmo aconteceu sábado passado, quando a seleção feminina de vôlei conquistou espetacularmente o bicampeonato olímpico em cima da seleção norte-americana, que era favorita.

O Brasil é oficialmente laico desde 1891 e a Constituição prevê a liberdade de religião.

Será mesmo?

O que aconteceria se alguma jogadora da seleção de vôlei fosse budista? Ou mórmon? Ou umbandista? Ou agnóstica? Ou islâmica?

Alguém perguntou a todas as atletas e aos membros da comissão técnica se gostariam de rezar o “Pai Nosso”?

Ou será que alguns se sentiram compelidos a participar para não destoar da festa?

Será que essas manifestações públicas e encenadas, em vez de propagar o caráter multirreligioso do país, não o estão atrapalhando?

Claro que ninguém questiona a boa intenção das atletas. Mas o gesto da reza coletiva está tão arraigado, que ninguém pensa em seu real simbolismo e significado.

A questão não é opção religiosa, mas a liberdade de escolha. Qualquer pessoa pode acreditar no que quiser, contanto que deixe a outra livre para fazer o mesmo. Sem constrangimentos. E não é o que está acontecendo.

Liberdade religiosa só existe quando não se mistura religião a nada. Nem à política, nem à educação, nem à ciência e nem ao esporte.

Em 2010, a Fifa acertou ao proibir manifestações religiosas na Copa da África do Sul. A decisão foi tomada depois de a seleção brasileira ter rezado fervorosamente em campo depois da vitória na Copa das Confederações, um ano antes, o que provocou protestos de países como a Dinamarca.

Em 2014 e 2016, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A CBF e o COL precisam tomar providências para que os eventos não se tornem festivais públicos de intolerância.

Atletas precisam entender que estão representando um país de religiosidade livre. Eles têm todo o direito de manifestar sua crença, mas não enquanto vestem uma camisa laica.

Claro que atitudes assim serão impopulares e gerarão protestos. Muita gente confunde a garantia da liberdade de opção religiosa com censura.

Quem disse que é fácil viver numa democracia?

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Hüsker Dü: 25 anos sem a banda que mudou o punk

Por Andre Barcinski
14/08/12 07:05


 

Bem antes do Nirvana, uma banda já tentava juntar à aspereza do punk uma sensibilidade pop: o Hüsker Dü.

Formado em Minnesota em 1979, era um trio composto por Bob Mould (guitarra e vocais), Grant Hart (bateria e vocais) e Greg Norton (baixo).

O Hüsker Dü começou fazendo hardcore, mas logo passou a incorporar influências mais melódicas em seu som. Em seis anos, lançou nove discos e fez a ponte entre o punk americano e o indie rock.

O meio dos anos 80 foi uma fase muito inspirada para o rock alternativo dos Estados Unidos. Antes de ser cooptada pelas grandes gravadoras com o estouro do Nirvana, a cena do país tinha bandas que faziam sua versão do punk, seja com influências de power pop e country (R.E.M., Replacements), de industrial (Big Black), do noise (Sonic Youth) ou do pós-punk (Mission of Burma).

O Hüsker Dü mostrou que era possível fazer música rápida e barulhenta sem apelar somente a trogloditas de moicano.

Em 1984, o grupo chocou a ortodoxia punk ao lançar um disco duplo e conceitual, “Zen Arcade”, sobre um menino que foge de casa. O LP foi inspirado pelas experiências de Bob Mould, que na época ainda não tivera a coragem de sair do armário.

O Hüsker Dü também foi uma das primeiras bandas alternativas a assinar com uma grande gravadora, a Warner Brothers. E fez isso sem sacrificar o radicalismo de seu estilo ou fazer concessões.

Mas a banda era pequena demais para dois egos gigantes como os de Mould e Hart, que brigaram em 1987 e acabaram com o Hüsker Dü.

Dos dois, Mould teve a carreira solo de mais visibilidade. Com o Sugar, outro power trio, obteve o sucesso comercial que o Hüsker Dü nunca experimentou.

O CD “Copper Blue”, de 1992, inspirado pelo Pixies, foi a culminação de anos aperfeiçoando sua explosiva mistura de punk e pop. Um disco perfeito – e que acaba de ser relançado, com faixas-bônus.

Faz 25 anos que o Hüsker Dü acabou. E pelo menos 15 que muita gente pede a Mould e Hart que esqueçam sua briga e ressuscitem a banda. Mas isso não parece que vai acontecer (veja o vídeo abaixo, em que Hart diz que a única reunião possível da banda será num tribunal.

Enquanto a reunião não acontece, só resta ouvir de novo os melhores discos do HD: “New Day Rising” (1985), “Flip Your Wig” (1985), “Candy Apple Grey” (1986) e “Zen Arcade” (1984).


 

P.S.: Hoje estarei com acesso limitado à Internet. Caso o seu comentário demore a ser publicado, peço um pouco de paciência. Obrigado.

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O Alborghetti dos gringos

Por Andre Barcinski
13/08/12 07:05


 

Foi o produtor musical Dudu Marote, meu amigo, que deu a dica: “Já viu ‘Cante Se Puder’?”.

Segui o conselho do Dudu e não me arrependi. O programa é daquelas bizarrices que honram a tradição do Sistema Bozo de Televisão.

Sempre gostei de programas “diferentes”. No fim dos anos 80, não perdia um “Camisa 9”, mesa-redonda apresentada por Luiz Orlando, um poeta parnasiano do futebol que fazia “merchan” das águas minerais Damil e bebedouros Everest e premiava os craques da rodada com uma lata de cinco quilos de impermeabilizante de paredes.

Gostava muito também do “Clube dos Esportistas”, com Silvio Luiz, e do programa de entrevistas “Celeste Maria Recebe” (aliás, fiquei feliz ao descobrir que Celeste continua firme e forte na TV, vejam aí).


 

A dica do Dudu me lembrou o programa de TV mais divertido que já vi, e que tive a satisfação de acompanhar ao vivo quando morei em Los Angeles: “Hot Seat”, apresentado por Wally George.

Wally era um desses Republicanos reacionários fanáticos. Usava uma peruca ridícula e ternos que haviam saído de moda nos anos 70. O cenário do programa tinha cartazes de John Wayne e mensagens patrióticas do Tio Sam.

Mas Wally era uma figura tão patética que sempre desconfiei que ele fosse, na verdade, um liberal de esquerda ironizando os Republicanos.

No programa, Wally recebia todo tipo de malucos para debates que sempre terminavam com o convidado expulso do sofá por um policial e a platéia gritando “USA! USA!”.

Eu tinha um amigo chamado Mike, que trabalhava na emissora e conseguia ingressos. Fui várias vezes com Mike assistir ao programa. O público era encorajado a levar cartazes de apoio a Wally e até a se fantasiar. Numa vez, fomos de máscara do Rambo; em outra, com cartolas do Tio Sam.

Além de apresentar o programa de TV mais absurdo do mundo, Wally George tinha outro motivo para ser admirado: era pai da gostosíssima atriz Rebecca De Mornay.

Fazia anos que não pensava em Wally George. Dei uma olhada na Internet e descobri que ele morreu em 2003. Em tributo a este grande homem da comunicação, separei dois vídeos sensacionais, em que ele recebe as bandas Offspring e Gwar. Aproveite…



 

 

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E o vento levou...

Por Andre Barcinski
10/08/12 07:05


 

A energia eólica é uma bênção, certo? Uma energia limpa e barata, que vai acabar com o aquecimento global e salvar o planeta.

Muita gente pensa assim. E eu também. Pelo menos até ver “Windfall”, um documentário lançado nos Estados Unidos. Agora tenho minhas dúvidas.

Dirigido por Laura Israel, o filme conta a história de Meredith, uma pequena comunidade rural do Estado de Nova York, que está prestes a assinar um contrato com uma grande empresa do setor eólico para a construção de dezenas de turbinas de vento.

A princípio, a maioria dos moradores é a favor. Parece a coisa certa a fazer.

O problema é que ninguém viu uma dessas turbinas de perto e não tem a menor idéia das conseqüências de morar próximo a uma delas.

Quando os moradores vêem as turbinas em ação, a coisa muda de figura.

Para começar, existe a questão do tamanho: as turbinas chegam a quase 120 metros de altura. As três hélices medem 40 metros cada e giram a uma velocidade de 240 km por hora, 24 horas por dia.

A rotação acelerada do monstrengo emite um barulho de baixa freqüência, sentido a quilômetros de distância. Moradores reclamam de insônia e distúrbios nervosos.

As turbinas são tão altas que, ao cair da tarde, projetam sombras imensas. E pior: devido à rotação das hélices, as casas dos moradores se transformam em verdadeiras discotecas de luzes estroboscópicas. Morar ali deve ser enlouquecedor.

O filme mostra que a colocação das turbinas destrói a qualidade de vida da comunidade e aniquila o mercado imobiliário da região.

Tudo em nome de uma suposta ajuda ao meio ambiente que, no fim das contas, mostra-se irreal: no filme, especialistas dão depoimentos sobre a ineficácia das turbinas, que não produzem energia suficiente para justificar o investimento.

Outro aspecto interessante do documentário é a briga das empresas energéticas, que disputam os polpudos incentivos fiscais do governo americano e entram em leilões para assinar contratos com pequenas comunidades, se aproveitando da falta de uma regulamentação para o setor.

As empresas oferecem dinheiro para os moradores – ironicamente, dinheiro que as empresas receberam do governo – pelo direito de colocar as turbinas em suas propriedades. E muitos moradores, especialmente em áreas mais afetadas pela crise econômica norte-americana, se vêem obrigados a aceitar.

“Windfall” não é contra a energia eólica ou a busca de soluções alternativas. Também não faz apologia de nenhuma outra fonte de energia. Mas levanta uma questão importante: nem tudo que parece “verde” é, necessariamente, bom.

 

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Quem não vai ao correio não sabe o que perde

Por Andre Barcinski
09/08/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nada mais século 20 que ir ao Correio, certo?

Na época da Internet, passar horas na fila do correio virou uma atividade quase obsoleta.

Mas as coisas mudaram para mim. Hoje, a rua onde moro não tem entrega de correspondência, o que me obriga a ir à agência buscar as cartas na caixa postal.

Só que algum gênio resolveu fazer uma caixa postal tão pequena que mal cabe uma encomenda. E a solução é encarar a fila para pegar os pacotes que chegam.

A agência da cidade onde moro atende a milhares de moradores de áreas rurais e litorâneas, que também não recebem cartas em casa. Todo dia, uma longa fila se forma na agência, com pessoas que viajam até 40 minutos para buscar uma conta, ou pior, passar um tempão na fila e descobrir que não receberam nenhuma carta.

Cartas, aliás, são uma raridade na agência, que hoje oferece cartões telefônicos, cargas de celulares e bilhetes de loteria.

Dia desses, havia uma senhora na fila. Tinha uns 70 anos e era A CARA do Woody Allen, com direito até aos óculos fundo de garrafa. A única diferença para o comediante é que ela tinha um cabelo comprido, preso com uma fita. Parecia uma mistura de Woody Allen com o tenista Bjorn Borg.

A coroa carregava uma pequena caixa de papelão, preenchida assim:

Destinatário: “Rita da Lazinha”.

Endereço: “Muro branco atrás da banca de jornal”.

Cidade: “Santa Catarina”.

Nos quadradinhos do CEP, a velhinha escreveu: “U-R-G-E-N-T-E”.

O atendente do correio explicou que, preenchida daquela maneira, a encomenda nunca chegaria.

“Ai, meu Deus, por favor, me ajuda, moço, preciso mandar essa encomenda pra minha sobrinha, ela está com diabetes e precisa de remédio.”

O atendente levou uns cinco minutos explicando para a senhora que não poderia enviar o pacote daquela maneira. O pessoal da fila já estava ficando irritado.

Depois de muita discussão, a velhinha lembrou que talvez o filho soubesse o endereço da tal Lazinha. Pegou o celular e ligou para ele. Só que o viva-voz estava ligado e a fila inteira ouviu a conversa dos dois.

“P… que pariu!”, gritou o infeliz. “Eu não disse pra levar a m… do endereço? Toda dia é a mesma m…! Você não aprende!”

“Não fala assim com sua mãe, Antônio Carlos! Me respeita!”

Seguiram-se alguns minutos de insultos, ameaças e acusações mútuas. A coroa ficou tão desnorteada que passou o celular para o atendente do correio: “Pelo amor de Deus, moço, fala aqui com meu filho e pega o endereço!”

O atendente descobriu o endereço. A casa da “Rita da Lazinha” não ficava em Santa Catarina, mas no Mato Grosso do Sul.

Resolvida a questão, ficou a pergunta: como a velhinha conseguiu viver 70 anos sem saber preencher um envelope?

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Coca-Cola pode até sair da Bolívia, mas a Bolívia não sai da Coca-Cola...

Por Andre Barcinski
08/08/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 21 de dezembro, o capitalismo será expulso da Bolívia.

Pelo menos é assim que o chanceler boliviano, David Choquehuanca, estava chamando a suposta retirada da filial da Coca-Cola no país, marcada para coincidir com o início de um novo ciclo no calendário maia.

“O 21 de dezembro é o fim do egoísmo, da divisão. Esse dia tem que ser o fim da Coca-Cola e o começo do mocochinche [suco de pêssego]. Os planetas se alinham depois de 26 mil anos. É o fim do capitalismo e o começo da vida comunitária”, disse Choquehuanca, em ato com o presidente Evo Morales.

Alguns dias depois, o governo desmentiu o chanceler e disse que ele foi “mal interpretado”.

O curioso é que esse mesmo “capitalismo” ajudou a sustentar a economia boliviana por muito tempo. A Coca-Cola sempre foi um dos grandes compradores de folha de coca das regiões andinas.

Vale um esclarecimento: “coca” e “cocaína” são duas coisas diferentes. A cocaína pode ser extraída da folha de coca, mas esta é, desde pelo menos 2500 A.C., parte fundamental da cultura andina, mascada pelos nativos e usada como fortificante e em rituais religiosos.

A Coca-Cola não existiria se não fosse a folha de coca. O nome do refrigerante junta dois ingredientes de sua fórmula: a “coca” e a “kola”, uma castanha que contém cafeína e é usada para dar sabor a refrigerantes.  O logotipo da Coca-Cola, vermelho e branco, é uma referência à bandeira do Peru.

Na verdade, a Coca-Cola nasceu como um remédio. Em 1881, um farmacêutico de Atlanta (EUA) chamado John Styth Pemberton lançou um vinho de folha de coca, o“French Wine Coca”.

Pemberton havia lutado na Guerra Civil americana e, a exemplo de muitos soldados, voltou para casa viciado em morfina. Na época, acreditava-se que a cocaína poderia curar o vício em morfina, o que causou uma avalanche de remédios e bebidas à base de cocaína.

Em 1885, a cidade de Atlanta proibiu a venda de bebidas alcoólicas. E o que fez Pemberton? Simples: substituiu o vinho por água gaseificada. Nascia a Coca-Cola.

Até 1903, a fórmula da Coca-Cola continha cocaína, mas em quantidades iguais ou menores do que a maioria dos remédios existentes.

Pemberton era um ótimo farmacêutico, mas não era nenhum gênio dos negócios. Em 1891, provavelmente numa trip braba de morfina, vendeu a Coca-Coca por 2300 dólares para Asa Griggs Candler. Em 2011, a empresa foi avaliada em 156 bilhões de dólares.

Hoje, a Coca-Coca importa legalmente cerca de 175 toneladas de folhas de coca por ano, a grande maioria do Peru. As folhas são mandadas para a empresa Stepan Chemicals, em New Jersey, onde, debaixo de um esquema de segurança fortíssimo, são usadas para fabricar o xarope – sem cocaína, claro – que é mandado para as mais de 200 filiais da Coca-Cola em todo o mundo.

Calcula-se que a venda de folhas de coca representa 14% do total dos negócios da agricultura boliviana, ou cerca de 270 milhões de dólares por ano. Não se sabe ao certo quanto a Coca-Cola representa desse montante.

O que é certo é que, se o país realmente expulsasse a Coca-Cola, os deuses incas teriam de rebolar para compensar as perdas.

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