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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Show de graça é uma caixinha de surpresas

Por Andre Barcinski
27/05/12 21:35

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Previsível a confusão para entrar no show gratuito do Franz Ferdinand realizado domingo no Parque da Independência, em São Paulo (leia a cobertura da Folha Online aqui).

Trabalhei por um bom tempo com produção de shows e aprendi uma coisa: nunca, em hipótese alguma, nem que a vaca tussa, faça um evento gratuito com lotação limitada.

Se o evento tiver uma atração muito desejada, como o Franz, aí é que a equação show gratuito + lotação limitada pode se transformar numa tragédia.

Não existe nada mais perigoso que multidão. E em show gratuito é impossível prever o tamanho da multidão.

Domingo, mais de 20 mil pessoas foram ao show do Franz. Às 17h50, a produção fechou os portões. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas ficaram de fora.

Pergunto: e se pintassem por lá 100 mil pessoas?

Por que não? Domingo de sol, uma banda conhecida tocando de graça num lugar bonito… O que impediria 100 mil pessoas de ter a mesma ideia?

Quem esquece o que rolou na Virada Cultural, quando algum gênio achou que seria uma ótima ideia vender a galinhada do Alex Atala, o chef mais famoso do Brasil, para apenas 500 pessoas? O resultado, todos vimos.

Repito: não existe nada mais perigoso que multidão. Um grito, uma briga, um corre-corre, e o deslocamento desordenado de muita gente ao mesmo tempo é receita para desastre.

Quem estava no show do Prodigy no Skol Beats – que não era gratuito, mas um show com ingressos caros – sabe o perrengue que foi. O deslocamento de muita gente para o mesmo lugar dentro do Anhembi superlotou a área do show. Felizmente, não rolou uma tragédia.

Há alguns anos, ajudei a organizar um evento beneficente para a prefeitura. Era uma festa de música eletrônica diurna na Casa das Caldeiras, em São Paulo. O ingresso era um quilo de alimento, que seria doado para instituições de caridade.

O público esperado era de 3 a 4 mil pessoas. Vieram mais de 10 mil.

Foi uma das piores tardes da minha vida. Por mais que a produção estivesse preparada, chega uma hora em que a multidão se torna incontrolável. Fechar as portas pode causar tumulto. Abri-las, também.

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Domingo rola um showzão, e não é do Franz...

Por Andre Barcinski
25/05/12 07:05


Um show imperdível vai rolar domingo, de graça, no Parque da Independência, em São Paulo. E não estou falando do Franz Ferdinand, mas da banda que vai abrir pros escoceses: The Horrors.

Confesso que não me empolguei muito quando o Horrors apareceu, lá por 2007. Achei uma xerox esperta de Cramps, Bad Seeds, Gun Club e Birthday Party, com aquele climão de rock de garagem anos 60 e um pé no gótico. Mais pose que qualquer coisa.

Mas simpatizei com os caras, especialmente depois de descobrir que o baterista se chamava “Coffin Joe”, em homenagem ao nosso Zé do Caixão.

Em 2009, o Horrors lançou seu segundo disco, “Primary Colours” e minha impressão sobre a banda mudou totalmente. Isso porque o som da banda também mudou, passando a incorporar elementos de krautrock e pós-punk. Parecia um Cure mais pesado, mas não soava como uma simples cópia de ninguém.

Com “Skying”, o terceiro disco, lançado em 2011, o Horrors provou ser uma banda especial. Foi um dos meus discos prediletos do ano passado e está em alta rotação aqui em casa desde então.

O líder do Horrors, Faris Badwan, comanda também o projeto Cat’s Eyes, que faz uma inusitada mistura de trilhas sonoras de cinema de horror com som de “girl groups” dos anos 60. É fantástico.

Estou bem empolgado para esse show. Nunca vi o Horrors ao vivo.

Quanto ao Franz Ferdinand, sinceramente, não dá. Até simpatizo com o Kapranos, mas eles estão para o indie rock assim como o Foo Fighters está para o grunge: uma banda competente, cheia de boas idéias e que sabe o que faz, mas incapaz de dar um passo que não seja pensado cinco mil vezes antes.

E banda que não arrisca, como dizia o mestre Chacrinha, se trumbica.

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Você sofre de Síndrome de IPhone?

Por Andre Barcinski
24/05/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

Já teve a sensação de que o Iphone estava vibrando em seu bolso, só para perceber que o bolso estava vazio?

Já passou da euforia à depressão por causa de um papo no Facebook?

Então você não está só.

O primeiro sintoma tem nome e se chama “Síndrome da Vibração-Fantasma”.

O segundo já é popular entre adolescentes. Pesquisadores norte-americanos o batizaram de “Facebook Depression” (“Depressão do Facebook”).

O mal que os brinquedinhos portáteis e as redes sociais estão fazendo à nossa saúde é o tema de “IDisorder”, um livro recém-lançado nos Estados Unidos (leia aqui uma matéria do “The New York Times” sobre o assunto). Já comecei a ler e é fascinante.

Escrito pelo psicologista Larry D. Rosen, o livro tem o subtítulo auto-explicativo de “Understanding Our Obsession with Technology and Overcoming Its Hold on Us” (“Entendendo Nossa Obsessão Com a Tecnologia e Superando seu Domínio Sobre Nós”).

É exatamente isso o que pretende Rosen: mostrar os perigos da exposição excessiva à tecnologia.

Estou bem no início do livro, mas as críticas que li são unânimes em dizer que Rosen não é um desses xiitas que condena a tecnologia.

Ele afirma que é impossível, hoje, abdicar dela. O segredo, segundo ele, é como evitar que ela nos domine.

O autor mostra como o hábito de checar mensagens a toda hora pode levar a transtornos obsessivos-compulsivos e estimular o déficit de atenção.

Tudo que a gente sempre soube, mas que nunca tinha lido de forma tão clara e embasada por tantos dados e pesquisas.

Espero terminar logo o livro. Se o Twitter deixar, claro.

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Outro filmão que os cinemas ignoraram

Por Andre Barcinski
23/05/12 07:12


O lançamento de filmes estrangeiros no Brasil é esquizofrênico. Ótimos filmes não chegam ao país, enquanto abacaxis aportam por aqui aos montes.

Ainda não vimos, por exemplo, “Rampart”, o excelente policial de Oren Moverman com Woody Harrelson (leia meu texto sobre esse filme aqui).

Dia desses, li que “O Abrigo” (“Take Shelter”), de Jeff Nichols, será lançado em junho, direto em DVD.

O filme conta a história de Curtis (Michael Shannon), funcionário de uma empresa de perfuração de solo. Curtis é casado com Samantha (Jessica Chastain), com quem tem uma filha pequena e deficiente auditiva.

Curtis começa a sofrer pesadelos terríveis: vê uma chuva viscosa que deixa a cidade toda enlameada; vê revoadas de pássaros desesperados, fugindo de algum perigo misterioso.

Ele põe na cabeça que precisa construir um abrigo subterrâneo para salvar a família de uma tragédia iminente.

O filme acompanha a deterioração psicológica de Curtis e os efeitos de sua crescente paranóia na vida da família.

Pode ser visto como uma metáfora poderosa dos Estados Unidos pós-11 de setembro, um país que ainda não descobriu contra o quê, exatamente, está lutando.

A atuação de Michael Shannon é espetacular. Lembra dele? Fez o papel de Kim Fowley em “Runaways” e foi o bandido que vai cobrar a dívida de Ethan Hawke no sensacional “Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto”, de Sidney Lumet. Trabalhou também na série “Boardwalk Empire”.

Se você ainda não viu “O Abrigo” no Cine Torrent, aguarde até junho, quando sai em DVD. E fique imaginando como o filme seria na tela grande…

P.S.: Estarei fora boa parte do dia, por isso alguns comentários podem demorar um pouco a ser publicados, ok? 

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Livro prova: o diabo é o pai do rock

Por Andre Barcinski
22/05/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

O que Sammy Davis Junior e Jayne Mansfield têm em comum? Acredite: o talentosíssimo ator-cantor-dançarino e a “sex symbol” eram satanistas.

Isso está em “Lucifer Rising – Sin, Devil Worship and Rock’n’Roll” (em tradução livre: “Pecado, Adoração ao Diabo e Rock’n’Roll”), livro do inglês Gavin Baddeley que acabei de ler. Não saiu no Brasil, mas é escrito num inglês descomplicado e bem acessível.

O livro conta a história do satanismo e sua influência na cultura pop. Não tenta converter ninguém, apenas relata como a figura do “Diabo” surgiu e se popularizou por meio da música e do cinema.

Baddeley faz um breve histórico do satanismo desde o Velho Testamento, traça perfis de figuras importantes do movimento, como o ocultista Aleister Crowley e o famoso Anton La Vey, líder da Igreja de Satã, e relata como o rock se apropriou da figura do “coisa ruim”.

A maior parte do livro é dedicada a explicar como o Diabo e o rock se tornaram unha e carne.

O autor fala de antigos “bluesmen” como Robert Johnson, que supostamente vendeu sua alma ao tinhoso numa encruzilhada (e relatou a história na clássica “Crossroads”), conta o fascínio que bandas dos anos 60 como Black Sabbath, Led Zeppelin e Stones tinham pelo ocultismo e chega aos grupos de black metal noruegueses que queimavam igrejas nos anos 90.

Muita coisa no livro foi novidade para mim. Não conhecia bandas como Coven e Black Widow, que faziam rock satanista nos anos 60 e 70 e nunca tinha ouvido falar do Black Arts Festival, considerado o “Woodstock de Satã”, um festival de rock que deveria ter acontecido em 1969, nos Estados Unidos, mas que acabou proibido pela polícia.

Baddeley incluiu entrevistas que fez com figuras como o próprio La Vey, o cineasta Kenneth Anger e músicos como Glenn Danzig, Glen Benton (Deicide), Genesis P-Orridge (Psychic TV) e Count Grishnackh (Varg Vikernes), da banda norueguesa Mayhem, um satanista fanático que assassinou o colega Euronymous.

É um livro fascinante sobre um assunto idem. Recomendo demais.

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Um Top 10 dos maiores discos ao vivo

Por Andre Barcinski
21/05/12 07:05

Confesso: não sou grande fã de disco ao vivo.

Acho que um disco ao vivo, para ser realmente bom, não pode só mostrar o artista reproduzindo num palco o que fez no estúdio. É preciso algo mais.

Discos ao vivo são bons quando contam uma história, quando mostram o artista em uma situação interessante e revelam sua capacidade de prender a atenção do público.

Fatores como carisma, interação com a platéia, capacidade de improvisação e bom humor, todos pesam na hora de fazer um grande disco ao vivo.

Fiz uma lista dos meus dez discos ao vivo prediletos do rock/blues/soul. É a lista dessa semana. Semana que vem pode mudar, claro.

Aí vão, em ordem de preferência, meus prediletos. Faça sua lista e compare…

 

10 – Elvis Presley – Elvis: Aloha from Hawaii (1973)

Só há uma coisa melhor que este disco, que traz o megaconcerto de Elvis em Honolulu: o DVD. Assistir ao Rei em toda sua megalomania, vestido com aquele terno futurista de lantejoulas e colares de flores no pescoço, traz alegria ao coração do ser mais sorumbático.


 

9 – Wilco – Kicking Television – Live in Chicago (2005)

O Wilco sempre foi uma grande banda ao vivo, mas em 2005 ganhou os reforços do extraordinário guitarrista Nels Cline e do guitarrista/tecladista Pat Sansone e gravou esse discaço ao vivo, diante do público de sua cidade, Chicago. O repertório é uma coletânea dos cinco discos de estúdio do Wilco até então, todos fantásticos.

 

8 – The Who – Live at Leeds (1970)

Se você quiser ter uma idéia da brutalidade do Who ao vivo, não precisa procurar mais: vá de “Live at Leeds”. O disco mostra a banda no auge e levanta uma questão crucial: Keith Moon ou John Bonham?


 

7 – Neil Young and Crazy Horse – Live Rust (1979)

Uma bestialidade de um álbum, gravado em vários shows nos EUA em 1978. Quatro caipiras enfezados tocando a mil decibéis. Se puder ouça em vinil, já que a gravadora foi obrigada a cortar o solo de “Cortez the Killer” para caber no CD.

 

6 – Ramones – It’s Alive (1979)

OK, os Ramones nunca gostaram de bater papo com a platéia e não mudavam nada de suas músicas quando tocavam ao vivo (só aceleravam um pouco). Esqueça o que eu disse acima sobre isso. Mas esse disco, gravado no Réveillon de 1978 em Londres, é um retrato perfeito de uma banda prestes a conquistar o mundo. O repertório é impecável, centrado nos três primeiros discos, e a sequência massacrante de pauladas – 28 músicas em 53 minutos – não dá tempo nem de respirar.


 

5 – The Cramps – Smell of Female (1983)

Gravado com a melhor formação do Cramps – Lux Interior (vocal), Poison Ivy e Kid Congo Powers (guitarras) e Nick Knox (bateria) – no minúsculo Peppermint Lounge, em Nova York, captura a banda em toda a sua glória “trash-psychobilly”. Já existiu uma música tão linda e demente quanto “You Got Good Taste”?


 

4 – MC5 – Kick Out the Jams (1969)

Esse arrepia. Da abertura, com o “conselheiro espiritual” do MC5, “Brother” J.C. Crawford, exaltando a massa e a banda emendando “Ramblin’ Rose”, passando por Rob Tyner gritando “Kick out the jams, motherfuckers!” e chegando ao lado 2, com suas jams longas, distorcidas e psicodélicas, o disco é um documento perfeito do caos do fim dos anos 60, cortesia de uma das bandas mais assustadoras que já existiu.

 

3 – Johnny Cash at Folsom Prison (1968)

Em 1955, Cash gravou “Folsom Prison Blues”. Treze anos depois ele finalmente visitou Folsom, para dois shows que viraram esse disco arrepiante. Ouça numa dobradinha com “B.B. King Live At Cook County Jail” (1971), outra obra-prima gravada diante de fãs que não tinham nada melhor para fazer naquele dia.


 

2 – Metallic K.O. – Iggy and the Stooges (1974)

Como documento de uma banda confrontando seu público, é imbatível. Dá para ouvir o barulho de garrafas e objetos diversos atingindo a banda e explodindo no palco. Iggy passa o show todo xingando um grupo de motoqueiros barra pesada. Não é de estranhar que os Stooges só voltariam a se reunir 29 anos depois desse show.

 

1 – Jerry Lee Lewis – Live at the Star Club – Hamburg (1964)

Cercado por alemães bêbados gritando “Zerry! Zerry!” e ajudado por uma banda de primeira, Jerry Lee gravou o disco mais casca grossa que já ouvi. Rockabilly do inferno tocado a 200 km por hora. Ouça a versão de “Money” e compare com a que os Beatles gravaram um ano antes. Dá pena dos quatro de Liverpool. Seria Jerry Lee o inventor do heavy metal?

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Cinema nacional não é só favela e sertão; tem Costinha de Tarzan e Zezé Macedo de E.T.

Por Andre Barcinski
18/05/12 07:05


 

Para quem mora em São Paulo e acha que o terror no cinema nacional se limita aos filmes de Zé do Caixão, recomendo dar um pulo hoje na Cinemateca Brasileira (Lgo. Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana). À meia-noite, rola uma sessão tripla da série “Horror no Cinema Brasileiro”.

Serão exibidos “Enigma para Demônios” (1974), de Carlos Hugo Christensen, “As Noites de Iemanjá” (1971), de Maurice Capovilla e “Exorcismo Negro” (1974), de José Mojica Marins.

Parece que o tal ciclo acontece uma vez por mês, sempre com sessões triplas, começando à meia-noite. E os filmes de Christensen e Capovilla serão exibidos em cópias novas, feitas especialmente para o evento. Programão.

O cinema brasileiro tem uma longa tradição de filmes “estranhos” e diferentes do que o público se acostumou a ver nas telas.

Já fizemos filmes de terror, ficção-científica e policiais bizarros. Pena que assisti-los é uma dificuldade. Só em eventos esporádicos ou no Canal Brasil.

Fiz uma pequena lista de alguns dos meus prediletos, entre filmes brasileiros bizarros. Quem lembrar de outros, por favor, mande suas sugestões…

 

Costinha, o Rei da Selva (Alcino Diniz, 1976)

Adaptação da história de Tarzan, com Costinha – juro – no papel da criança que se perde na selva e é adotada por macacos. Faria uma sessão dupla perfeita com…

 

Costinha e o King Mong (Alcino Diniz, 1977)

Costinha e seu fiel escudeiro, Ferrugem, vivem tranqüilos na selva, até que precisam enfrentar uma tribo de homens-leopardos, cuja rainha é ninguém menos que Wilza Carla. Metade do tempo, só aparece a mão do King Mong. É sensacional.

 

A Rota do Brilho (Deni Cavalcanti, 1990)

Nessa versão brazuca de “Máquina Mortífera”, uma dupla de policiais casca grossa, interpretados por Alexandre Frota e Marcos Manzano (ele mesmo, do “Clube das Mulheres”) investiga a morte de várias prostitutas e o tráfico de cocaína. O filme tem Gretchen pelada e a participação de Lilian Ramos, que depois ficaria famosa naquele episódio em que apareceu sem calcinha ao lado do presidente Itamar Franco. É ver para crer.

 

Sexo e Sangue na Trilha do Tesouro (José Mojica Marins, 1972)

Uma bizarra mistura de faroeste e filme de aventura, filmado na Billings, mas fingindo ser a Amazônia. Sem grana pra filmar na selva, Mojica usou um monte de cenas de velhos documentários sobre animais. Ficou estranhíssimo: os bichos e os humanos nunca estão na cena ao mesmo tempo. Tem uma cena de um pessoal dentro do cockpit de um avião que parece ter sido filmada dentro de um Fusca. Fora que um dos “exploradores” anda pela “floresta Amazônica” de havaianas e carregando uma pasta 007.

 

Abrigo Nuclear (Roberto Pires, 1981)

Este eu daria um braço para ver de novo. Assisti no Cine Vitória, na Cinelândia. Lembro que tinha Norma Bengell no elenco e contava a história de pessoas presas dentro de um abrigo, depois de um desastre nuclear. Tentei convencer meus colegas de turma a assistir de novo, mas ninguém quis. Até hoje me pergunto a razão.

 

Etéia – A Extraterrestre em Sua Aventura no Rio (Roberto Mauro 1984)

Zezé Macedo faz “Etéia”, a namorada do E.T., que chega à Cidade Maravilhosa em busca de seu amado. Outro filme que eu pagaria qualquer coisa para rever. Me salva, Canal Brasil!

Para finalizar, mais uma ela cena de “A Rota do Brilho”, mostrando o duelo entre Marcos Manzano e Satã, ator e guarda-costas de Zé do Caixão:

 


 

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Um Maracanã vale 1,3 mil escolas?

Por Andre Barcinski
17/05/12 07:20

 

 

 

 

 

 

 

 

Há uns 15 anos, cometi uma gafe: numa matéria sobre uma banda de rock, escrevi que um disco da tal banda tinha vendido um bilhão de cópias.

Era um absurdo. Faria da banda a maior vendedora de discos da história.

Para minha surpresa, ninguém percebeu. Nenhum leitor escreveu reclamando.

Isso chamou minha atenção para um fato: muita gente tem dificuldade com números.

Todo dia, somos bombardeados com tantos números e estatísticas, que é cada vez mais difícil pôr em perspectiva o que esses números realmente significam.

Por exemplo: os custos da Copa do Mundo.

Todo mundo sabe que os custos anunciados são altos. Mas você já parou para olhar os valores com cuidado?

Resolvi fazer uma comparação entre os custos previstos para a Copa e outros gastos, só para dar a dimensão real da coisa. Todos os dados foram tirados de reportagens recentes na imprensa. Veja só:

 

O “novo” Maracanã vale 1289 escolas

A reforma do Maracanã custará R$ 931 milhões. Há poucos dias, o governo de Santa Catarina anunciou a construção de nove escolas, a um custo total de R$ 6,5 milhões. Cada escola atenderá a 520 alunos. Ou seja: o que o governo está gastando com a reforma do estádio no Rio seria suficiente para colocar 670 mil alunos na escola.

Outro dado curioso: o orçamento anual da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro em 2011 foi de R$ 120 milhões. A reforma do Maracanã, portanto, consumirá o equivalente a 7,7 anos do dinheiro gasto com a educação no Estado.

 

Um Itaquerão vale 38 hospitais

O estádio do Corinthians custará R$ 890 milhões. Enquanto isso, a Universidade Federal do Tocantins anunciou a construção de um hospital universitário, ao custo de R$ 23 milhões.

 

A reforma de um estádio de treino em Roraima vale a reconstrução da Região Serrana do Rio

Os governos federal e de Roraima estão investindo R$ 100 milhões para reformar o Estádio Canarinho, em Boa Vista, apenas para que a cidade possa tentar ser escolhida como sede de treino – isso mesmo, sede de treino – por uma das 31 seleções que virão para a Copa do Mundo. Para isso, Boa Vista vai disputar com outros 158 municípios no país, que também querem receber treinos das equipes.

O valor é o mesmo que a presidenta Dilma liberou para ajudar a reconstruir oito cidades – incluindo Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis – atingidas pelas enchentes de 2011, que mataram cerca de mil pessoas.

 

Gastos públicos com a Copa acabariam com 80% da miséria no país

Essa semana, a presidenta Dilma Rousseff lançou o plano “Brasil Carinhoso”, com um investimento de R$ 10 bilhões até 2014. Segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, o programa terá “impacto imediato de 40% na redução da miséria (considerando os valores repassados a todas as faixas etárias)” e de “62% entre as crianças de zero a seis anos”.

Os gastos totais com a Copa, segundo o Portal da Copa, chegam a R$ 25 bilhões (tem gente que calcula mais de 30, mas deixa pra lá), sendo que pelo menos 80% desse total (R$ 20 bilhões) vêm dos cofres públicos. Façam os cálculos.

É ou não é para ficar empolgado com a Copa?

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Libertadores e Copa do Brasil: é dia de mandinga

Por Andre Barcinski
16/05/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

Hoje começam as quartas-de-final da Libertadores. Quatro times brasileiros estão no páreo: Corinthians, Vasco, Santos e Fluminense.

Hoje também começam as quartas da Copa do Brasil.

Sempre fui defensor do campeonato de pontos corridos. Acho a fórmula atual do Brasileirão perfeita.

Mas é emocionante demais jogar uma Copa como a Libertadores, com jogos de ida e volta, formato de mata-mata e gols fora de casa como critério de desempate.

Acho que a tendência natural do torcedor é ficar mais nervoso assistindo a jogos de seu time na Libertadores ou na Copa do Brasil do que no Brasileirão.

Eu, pelo menos, fico.

Sempre me considerei uma pessoa racional. Não sou religioso e não tenho nenhum tipo de superstição: passo numa boa embaixo de escadas, não ligo para gatos pretos, etc.

Mas quando o assunto é futebol, isso muda.

Meu time, o Flu, joga amanhã contra o Boca Juniors. E as preparações já começaram aqui em casa.

A partir de hoje, nada de usar roupa com a cor do rival. E isso vale para toda a família.

Escova de dente com a cor do Boca? Pro lixo.

Cachorro come numa tigela azul? Então hoje o totó vai comer da mão de alguém.

Falar com torcedor do mesmo time antes do jogo? Dá azar.

Se o resultado estiver bom no fim do primeiro tempo, nada de mudar de posição no sofá, que é receita de desastre. Ir ao banheiro? Nem pensar.

Outra coisa: aqui em casa é proibido assistir a jogo em HD. Maldito dia em que instalamos essa maldita alta definição e nosso time tomou um gol no último minuto…

Minha mulher, corintiana, acha que estou ficando maluco. Mas ela devia agradecer. Sei de casos bem piores.

Conheci um botafoguense que obrigava a mulher – flamenguista – a sair de casa quando ele estivesse vendo jogo do Fogão. “Ela dá um azar danado”, dizia.

Tenho amigos que cismam com determinados comentaristas a ponto de preferir ver a partida sem som.

Há alguns anos, eu morava em um prédio e tinha um vizinho santista. Era um desses coroas distintos, que só andam de terno e falam “por obséquio”.

Em dia de jogo do Santos, o bicho se transformava: urrava palavrões na janela, xingava outro vizinho corintiano, era um escândalo. Jekyll & Hyde total.

Segunda de manhã, lá estava ele de terno, saindo do elevador, cumprimentando o porteiro na maior educação.

Futebol é isso.

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Tributo a um gênio das quatro cordas

Por Andre Barcinski
15/05/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos teclados, Booker T.; na bateria, Al Jackson; na guitarra, Steve Cropper e no baixo, Donald “Duck” Dunn.

Já existiu, no pop, alguma banda melhor que Booker T. and the MG’s? Difícil.

Formando em Memphis, em 1962 (Dunn entrou em 1964), o grupo ficou conhecido por uma série de hits instrumentais e pelo clássico “Green Onions”.

A música de Booker T. and the MG’s era uma empolgante mistura de rhythm’n’blues e soul e a formação da banda – dois negros e dois brancos – chamava a atenção, numa época em que a questão da integração racial estava muito em voga nos Estados Unidos.

Eles foram a banda de estúdio da Stax, a mitológica gravadora de Memphis que lançou alguns dos maiores discos da história do soul, do blues e do jazz.

Pela Stax, participaram de gravações como Otis Redding, Wilson Pickett, Sam & Dave, Albert King, The Staple Singers e muitos outros.

Lennon e McCartney eram tão fãs do grupo que vibraram quando The MG’s lançou “McLemore Avenue” (1970), em que recriava, à sua maneira, o disco “Abbey Road”.

Nesse fim de semana, depois de fazer shows no Japão, Donald “Duck” Dunn morrreu enquanto dormia. Tinha 70 anos.

Além do trabalho com Booker T. and the MG’s, Dunn tocou “só” com Muddy Waters, Neil Young, Bruce Springsteen, Jerry Lee Lewis, Eric Clapton, Bob Dylan, Levon Helm, Creedence Clearwater Revival e muitos outros, além de ter participado do filme “Os Irmãos Cara-de-Pau”.

Separei quatro  vídeos sensacionais, em tributo a Donald “Duck” Dunn. Aproveitem…

 


Booker T. and the MG’s em 1968, tocando “Booker-Loo”. Se a TV ainda passasse coisas dessas, eu não desligaria um minuto. Gatas de suéteres apertados dançando em frente à banda mais funky da história do rock. Coisa linda.

 


Clássico dos clássicos: “Green Onions”, ao vivo na Noruega, em 1967

 


Neil Young tocando “Motorcycle Mama” em Red Rocks, Colorado, em 2000. Atrás dele, Donald “Duck” Dunn.

 


Steve Cropper e Donald “Duck” Dunn tocando “Time is Tight” em sua última apresentação nos EUA, há duas semanas.

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