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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

O jornalista que Axl Rose chamou para briga

Por Andre Barcinski
29/03/12 07:08

 

 

 

 

 

 

 

 

Qualquer um que acompanhou heavy metal nos anos 80 sabe quem é Mick Wall.

Suas matérias na revista “Kerrang!” ajudaram a popularizar bandas como Metallica, Guns, Maiden, Slayer, e muitas outras.

Wall também é autor de vários ótimos livros sobre os bastidores do rock, incluindo biografias barra-pesada de Ozzy Osbourne, Led Zeppelin e Guns’n’Roses.

Este livro, aliás, irritou tanto Axl Rose que ele literalmente chamou Wall para a briga, na letra de “Get in the Ring”, do disco “Use Your Illusion 2”.

Wall acaba de lançar “Metallica – A Biografia”, sobre a história da banda californiana que saiu do gueto thrash metal para se tornar uma das potências do rock.

Conversei por telefone com Wall sobre sua carreira, suas brigas, e seu novo livro. Aí vai a íntegra do papo:

 

– Os integrantes do Metallica leram o livro?

-Antes de começar a escrever o livro, eu os procurei e perguntei se eles queriam estar envolvidos. Minha única condição é de que eu não daria a eles nenhum controle sobre o texto final. Como sempre, as reações foram muito diferentes. Lars concordou, mas James, não. Depois que o livro saiu, Lars me ligou e disse que tinha comprado o livro e gostado. Já James, com quem eu tinha uma entrevista marcada para uma revista, pediu para ser entrevistado por outro jornalista.

 

– Essas diferenças de personalidade entre Lars e James são muito marcantes, não?

– Sem dúvida. São pessoas completamente diferentes, preto e branco, yin e yang. Mas, de uma forma miraculosa, eles se encaixam. James é alto, um típico americano, sem uma escolaridade muito boa, e vem de uma família problemática. Já Lars é baixinho, vem de uma família européia, culta, filho de um homem jogador de tênis, jazzista e cineasta.  James tem uma obsessão em controlar tudo. Lars é mais aberto.

 

– Foi Lars que sugeriu à banda dar uma guinada mais comercial em seu som, contratando um produtor acostumado a discos pop, como Bob Rock, para o “Black Album”?

– Foi. Mas James concordou com tudo. Sabe, James adora que achem que ele é rebelde e alternativo, mas ninguém o forçou a cortar o cabelo e mudar o visual da banda, e ninguém o forçou a gravar música mais comercial para fugir do gueto do heavy metal. Uma coisa que as pessoas precisam entender é que o Metallica sempre quis o sucesso, eles sempre sonharam em andar de limusine. Dá para perceber isso já no segundo disco, quando gravaram “Fade to Black”, uma balada acústica.

 

– É impressionante como o Metallica, uma banda que surgiu como uma força radical e alternativa, conseguiu atrair fãs que não eram fãs de metal.

– Também acho. Mas isso acontece com muitos artistas. Vá no Youtube e veja um clipe dos primórdios de Alice Cooper, por exemplo: era a coisa mais estranha e alucinada que existia. Dez anos depois, Alice estava nos “Muppets” e jantando com Groucho Marx. O Metallica sempre soube que não queria ser um Iron Maiden, tocando para um só tipo de público.

 

– Não é estranho para uma banda tão controladora ter permitido um filme revelador como “Some Kind of Monster”, que revela brigas e loucuras por trás da banda?

– Não, porque eles tiveram total controle sobre aquele filme. E você precisa lembrar que, na época, “The Osbornes” estava fazendo grande sucesso, então foi um passo lógico para o Metallica também entrar na onda da “reality TV”. Lars e James são muito espertos, não fazem nada sem pesar as conseqüências.  O pior daquele filme foi dar a impressão de que todo mundo gostou do disco “St. Anger”, quando, na verdade, a única pessoa que falou bem dele fui eu. Todo mundo odiou.

 

– Você começou trabalhando em revistas de música alternativa, depois trabalhou em gravadoras, com bandas grandes, e posteriormente voltou ao jornalismo. Essa experiência de trabalhar “do outro lado”, com selos e bandas, mudou sua perspectiva sobre o mercado da música?

– Mudou completamente. Trabalhei com bandas grandes, como Thin Lizzy, Dire Straits e Black Sabbath, e isso me abriu os olhos para um fato que a maioria dos fãs não percebe: artistas são os maiores filhos da puta que existem. Eles cometem tantos – às vezes mais – erros que qualquer um de nós.  São pessoas inseguras, que têm poucas chances de se dar bem na vida, e tentam agarrá-las de qualquer maneira.

 

– E isso mudou sua perspectiva sobre o jornalismo musical também?

– Sem dúvida. Descobri uma coisa: as pessoas que levam mais a sério o que os críticos escrevem são os próprios artistas. Cansei de ver astros do rock reclamando, como meninas adolescentes: “Mas você escreveu que era terça-feira, e ERA QUARTA! VOCÊ TEM DE CORRIGIR ISSO!” Nos anos 80, eu não podia escrever que artistas tomavam drogas ou que fodiam “groupies”, ou eles nunca mais falariam comigo. Lembre-se, era uma época em que gravadoras tinham dinheiro, repórteres viajavam semanas com bandas, havia um relacionamento muito próximo. Então, eu dava indiretas, escrevia sobre bebedeiras, e eles não pareciam se importar tanto.

 

– Mas depois você fez livros muito reveladores sobre Led Zeppelin, Axl Rose e Metallica…

– Sim. Chegou uma hora em que eu disse “foda-se”, já não me importava mais se os artistas iriam gostar ou não do que escrevi. Em meus livros eu conto tudo, porque não corro mais o risco de ser boicotado, como na época em que escrevia para revistas.

 

– E a reação dos artistas?

– Não gostam, claro. Mas não estou nem aí. Acho ridículo que esses caras queiram aparecem como pessoas perfeitas, sem defeito. Isso não existe no rock. Todo gênio do rock foi um filho da puta. John Lennon, Bob Dylan, Jagger, Richards: gênios absolutos, mas seres humanos cheios de problemas e conflitos. A vida é assim. Você já leu esse livro novo sobre o Dave Grohl? (“This is a Call”, de Paul Brannigan).

 

– Não. Por quê? É bom?

– É uma merda. O título tinha de ser: “Dave Grohl – Que Cara Bacana”. São páginas e páginas puxando o saco do cara, dizendo como ele é legal, como é simpático. Quem quer ler uma merda dessas?

 

– Você está trabalhando em uma biografia do AC/DC?

– Sim, vai se chamar “Hell Ain’t a Bad Place to Be”. Vou contar a vida desses três irmãos – Angus, Malcolm e George Young, três gênios em seus respectivos trabalhos, e também três dos seres mais durões, filhos da puta e obcecados que já existiram, e que transformaram o AC/DC, com sangue e suor, nesse monstro que é hoje.

 

– Nâo posso terminar sem te perguntar como é ser xingado por Axl Rose numa letra?

– (Rindo) Não foi a primeira vez que isso me aconteceu. Em 1979, Gary Numan lançou uma faixa “Replicas”. Eu tinha feito uma crítica ruim de um show dele, e ele fez uma letra assim: “E eu me virei para o público, e perguntei: ‘Vocês conhecem o Sr. Wall?’ E todos eles viraram as costas”. Mas ser xingado por Axl foi um dos grandes momentos da minha vida. Eu estava conversando com Sharon Osborne (mulher de Ozzy) outro dia, e ela me disse: “Como é estúpido o Axl! Ele te xingou num álbum que vendeu 20 milhões de cópias! Ele te transformou num astro!”

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Sem Millôr, o que nos resta?

Por Andre Barcinski
28/03/12 12:35

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Morreu Millôr Fernandes.

Jornais e sites vão publicar obituários bem completos e elogiosos ao homem. Não vou ficar aqui chovendo no molhado, dizendo como ele era brilhante, influente, etc.

Vejo a morte do Millôr como mais um passo do nosso processo de emburrecimento.

Só de saber que ele continuava ali, escondido na cobertura em Ipanema, mesmo que velhinho e frágil, dava uma sensação de conforto. Agora nem isso temos mais.

Quando Paulo Francis morreu, pelo menos tínhamos o Millôr como farol. E agora?

Cada vez mais esse país me deprime. Na época do Millôr também era deprimente, mas pelo menos havia ele e alguns outros para colocar as coisas em perspectiva.

Outro dia, participei de uma entrevista com Agildo Ribeiro. Sujeito culto, irônico, cheio de idéias e opiniões. E foi um comediante de sucesso na TV aberta.

Fiquei pensando como um sujeito talentoso daqueles deveria se sentir, vendo o nível do entretenimento popular que temos hoje.

Não sei de Millôr, mas imagino que ele devia se sentir assim também: isolado, falando para as paredes, até meio desorientado no meio de tanta burrice, de tanto analfabetismo funcional, de tanto radicalismo sectário, de tanta gente entorpecida por TV ruim e filosofia de redes sociais.

Ontem, o técnico da Seleção Brasileira, que não vê problema em fazer comercial de cerveja, foi pego na blitz da Lei Seca e se recusou a fazer o teste do bafômetro. O que diria Millôr sobre isso?

E que pena saber que ele não estará aqui para escrever sobre a Copa do Mundo e nosso ingresso no Primeiro Mundo.

O mirante de Ipanema está vazio. Estamos sozinhos. Agora é cada um por si.

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“With a Little Help From My Friends”: um papo com Joe Cocker

Por Andre Barcinski
28/03/12 07:10


Joe Cocker começou ontem, em Porto Alegre, sua terceira turnê no Brasil. Ele se apresenta ainda em São Paulo (29, no Via Funchal), Belo Horizonte (Chevrolet Hall, 31) e Rio de Janeiro (HSBC Arena, 1º de abril).

Há cinqüenta anos um dos “performers” mais intensos do pop/rock/blues, Cocker é conhecido por sua voz rouca e por uma entrega total no palco. Sua mitológica apresentação em Woodstock, em 1969, quando parecia possuído enquanto cantava “With a Little Help From My Friends”, dos Beatles, foi um dos marcos daquele festival.

Bati um papo rápido com Cocker pelo telefone, há duas semanas. Aqui vai a conversa.

 

– O que você lembra das turnês que fez no Brasil?

– Eu gostaria de dizer para você que as outras turnês no Brasil foram maravilhosas, mas a verdade é que não lembro direito. Sabe, eu tive alguns momentos da vida em que minha cabeça não estava 100% (Cocker sobreviveu a momentos difíceis, especialmente nos anos 70, com crises de álcool e drogas). Lembro que, no Rock in Rio (1991), eu mal consegui sair do hotel, de tanta gente que havia na porta.

 

– Como será o repertório dessa nova turnê? Vai tocar músicas novas?

– Só vou tocar umas três novas. Depois que você adquire uma certa experiência, sabe que o público vai te ver para ouvir as músicas que gostam, e eu nunca decepciono meu público. Tenho várias músicas em meu repertório que não podem ficar de fora. Claro que vou cantar “Up Where we Belong”, “You Are So Beautiful” e “With a Little Help From My Friends”.

 

-Você nasceu em 1944. Como foi crescer na Inglaterra do pós-guerra?

– Foi muito duro. Havia racionamento de comida, nossa vida era muito difícil. Foi o rock que me salvou. A música era uma das poucas coisas que me dava alegria.

 

– Sua família era muito musical?

– Meus pais ouviam muita música. Meu pai era fã do Mario Lanza (tenor italiano que fez muito sucesso no cinema nos anos 40, cantando canções românticas), então cresci ouvindo isso. Mas fiquei louco mesmo quando ouvi Little Richard, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis. Antes deles, tive um ídolo local, Lonnie Donegan (astro do skiffle, uma espécie de “pré-rock”). Quando eu era adolescente, tinha uma banda de skiffle, era muito primitiva, tocávamos com um baixo de uma corda e usávamos uma tábua de lavar roupa para fazer a percussão.

 

– Você foi um grande fã de Ray Charles, não?

– Sem dúvida. Aquilo foi um marco para mim. Fiquei obcecado por Ray, pelo blues e pela soul music. Ninguém me marcou tanto quanto Ray Charles.

 

– Você ficou marcado por um estilo intenso no palco. De onde vem isso?

– Sempre fui assim. Sou uma pessoa tímida, mas acho o palco um lugar sagrado e importante, é lá que me solto. Não admito um artista que não tenha respeito por seu público e que suba ao palco sem dar o seu máximo. Hoje, em determinados momentos de meu show, eu tenho visões de momentos importantes da minha vida, de grandes instantes que passei no palco. Às vezes, olho para o público e percebo que as canções também lembram as pessoas de suas vidas, é muito bonito isso.

 

– Para finalizar, preciso perguntar: há alguns dias, foi o 30º aniversário da morte de John Belushi (famoso cômico norte-americano), e ele fez uma imitação sua no programa “Saturday Night Live”, cantado “With a Little Help From My Friends”, que é antológica. Li em algum lugar que você adorou a imitação. É verdade?

– É sim. Isso é “showbusiness”, se alguém está te imitando, deve ser um bom sinal. Meus amigos ficaram putos, teve gente que disse que eu deveria tirar satisfação com Belushi, afinal, ele ficava jogando cerveja na própria cara como se fosse um louco. Mas eu não me importei. Até participei do “Saturday Night Live” depois, fazendo um dueto com ele.

 

– E como Belushi reagiu?

– Ele estava muito tímido, parecia até meio assustado. Deve ter achado que eu iria bater nele.


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As torcidas se matam, e os clubes se fingem de mortos

Por Andre Barcinski
27/03/12 07:10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E a Federação Paulista de Futebol resolveu proibir as torcidas Mancha Verde e Gaviões da Fiel de ir ao estádio.

Mais uma medida inócua, demagógica e que não vai dar em nada.

Enquanto isso, a polícia continua despreparada, os políticos fingem que o problema não é deles, e as leis não são cumpridas.

E os clubes? Onde entram nessa história?

Ora, os clubes não apóiam as organizadas? Não dão ingressos e até custeiam viagens? Não marcam “reuniões” entre os chefes de torcidas e o time?

Então os clubes também deveriam ser responsabilizados quando as torcidas brigam na rua e se matam.

Enquanto existirem torcedores profissionais, que trabalham como verdadeiros leões-de-chácara dos clubes, estes deveriam também ser punidos com multas altas, suspensões e perda de pontos no campeonato.

Fiquei estarrecido, por exemplo, ao saber que o Palmeiras pretende homenagear o torcedor morto (leia aqui). Mais uma prova da cumplicidade entre clube e organizadas.

Toda vez que acontece um incidente mais grave entre torcidas, voltamos à velha discussão: até quando o futebol brasileiro vai aceitar as organizadas?

Digo “mais grave”, porque alguns incidentes, embora revoltantes, já se tornaram tão corriqueiros que a gente nem se espanta mais.

Em São Paulo, não existe mais clássico de duas torcidas. E nós aceitamos isso passivamente. Virou regra. No último Brasileirão, o mesmo aconteceu em Minas Gerais.

Morei um bom tempo próximo ao Pacaembu e cansei de ver o comércio da rua fechar mais cedo em dia de jogos. Os comerciantes preferem perder faturamento a correr o risco de saques e depredações.

Depois, os dirigentes ficam se perguntando por que o público nos estádios está diminuindo.

Domingo, eu estava vendo o jogo do meu Flu na TV. Era contra o Bonsucesso, em Moça Bonita. Menos de duas mil pessoas na arquibancada, num estádio caindo aos pedaços e com um gramado que parecia uma trincheira da Primeira Guerra.

O jogo estava tão ruim que as câmeras passaram um bom tempo mostrando um grupo de torcedoras adolescentes se divertindo na arquibancada, dançando e rindo. Uma imagem muito bonita.

Pena que imagens assim só aconteçam em jogos vazios, quando ninguém está prestando atenção. Porque levar seu filho para assistir a um clássico, hoje, é uma irresponsabilidade. Estamos formando uma geração de torcedores que só sabem torcer pela TV.

 

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Um Top 10 do Maluco Beleza

Por Andre Barcinski
26/03/12 07:11


O post de sexta sobre Raul Seixas rendeu muitos comentários. Um leitor, que diz não conhecer nada de Raul, sugeriu um top 10 dele.

Aqui vão minhas dez músicas prediletas de Raul, em ordem cronológica. Faça sua lista e compare.

Ouro de Tolo (Krig-ha Bandolo, 1973)

Existem músicas tão sublimes que demandam atenção total. Não dá para ouvir três segundos de “God Only Knows” ou “My Funny Valentine”, por exemplo, sem parar tudo que se está fazendo. “Ouro de Tolo” é uma dessas.  Sobre uma balada melancólica e grandiosa à Phil Spector, Raul faz uma confissão vitriólica de seu próprio deslocamento, achincalhando as aspirações da classe média propagandeadas pelo milagre brasileiro dos anos 70. Uma obra-prima absoluta, que ninguém na Censura pareceu perceber. E com um dos versos mais incríveis da música brasileira: “Eu que não me sento no trono de um apartamento / com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

Metamorfose Ambulante (Krig-ha Bandolo!, 1973)

OK, você certamente já ouviu muitos cantores péssimos destruindo a coitada em barzinhos por aí. Mas pare e ouça “Metamorfose Ambulante” como se fosse a primeira vez. Repare no clima psicodélico, naquela guitarrinha preguiçosa que precede o coral e na letra sarcástica sobre as verdades absolutas. E então faça justiça a uma das maiores músicas de Raul.

As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor (Gita, 1974)

Um repente/baião com uma das letras mais raivosas e inspiradas de Raul: “Eu já passei por todas as religiões, filosofias, políticas e lutas / aos 11 anos de idade eu já desconfiava da verdade absoluta”.

S.O.S. (Gita, 1974)

“Hoje é domingo, missa e praia, céu de anil / Tem sangue no jornal, bandeiras na avenida zil…”. Ninguém começava uma letra como Raul. Essa aqui é uma crônica, tão fluida que parece prosa. Começa com a descrição de um lindo domingo no Rio de Janeiro, para depois virar um apelo melancólico de alguém que não se encaixa naquele sol e naquela felicidade toda. E quando Raul pede ao moço do disco voador para levá-lo, e canta “e das janelas desses quartos de pensão / Eu, como vetor, tranqüilo tento uma transmutação”, é difícil suportar tanta tristeza. Pra mim, a música mais bonita de Raul.

A Maçã (Novo Aeon, 1975)

Acho inacreditável que essa música raramente seja lembrada quando se fala nas melhores músicas de Raul. É uma balada dilacerante, com um teclado viajandão e uma das interpretações mais corajosas de Raul. Sua voz quase se despedaça, de tão frágil. Bonito demais.

Tu És o MDC da Minha Vida (Novo Aeon, 1975)

A melhor música que Odair José nunca gravou. Um bolerão brega com uma letra bizarra e engraçada, misturando Pink Floyd, Flavio Cavalcanti, Pepsi Cola, Shakespeare e as Casas da Banha.

Meu Amigo Pedro (Há Dez Mil Anos Atrás, 1976)

Sempre adorei essa música, mas ela ganhou outra dimensão depois que vi o documentário e descobri que Raul a tinha escrito em homenagem ao irmão, Plinio. A letra fala de duas pessoas muito diferentes – um doidão, outro careta – e da dificuldade de relacionamento dos dois. Mas no fim, conclui Raul, “tudo acaba onde começou”. Não me lembro de uma música tão bonita sobre dois irmãos.

Eu Também Vou Reclamar (Há Dez mil Anos Atrás, 1976)

Raul ironiza as percepções do público sobre sua obra e imagem, nesse country em que cita até sua conhecida obsessão por Bob Dylan. Essa faixa mostra uma das grandes virtudes de Raul como letrista – e que ele divide com Jorge Ben e Jackson do Pandeiro: uma capacidade quase sobrenatural de espremer palavras onde elas parecem não caber, sem prejuízo da fluidez ou da métrica. E o verso “Dois problemas se misturam / a verdade do universo e a prestação que vai vencer” é um momento de puro sarcasmo à Monty Python.

As Profecias (Mata Virgem, 1978)

Começa com um pianinho romântico à Richard Clayderman, para depois cair num xaxado malemolente sobre filósofos, sábios e visões do Apocalipse. Uma das melhores letras de Paulo Coelho.

Aluga-se (Abre-te Sésamo, 1980)

Faria uma dupla imbatível com “Inútil”, do Ultraje: duas letras irônicas e iradas sobre nosso complexo de inferioridade e síndrome de vira-latas. Veja o clipe, acima, gravado ao vivo, em que Raul erra quase toda a letra.

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Toca Raul! Veja "Raul"!

Por Andre Barcinski
23/03/12 07:05


Hoje estréia “Raul – O Início, O Fim e o Meio”, documentário de Walter Carvalho sobre a vida de Raul Seixas.

Poucas vezes me emocionei tanto com um filme sobre música. Talvez porque ele resgate uma figura que, para mim, carrega uma fama injusta.

Raul é um daqueles artistas obscurecidos pela idolatria de seus próprios fãs. O célebre “Toca Raul!”, que acompanha toda rodinha de violão desde os anos 70, fez um mal danado à apreciação de sua música.

Tente esquecer os cabeludos tocando Raul em barzinhos e os sósias dando abraços coletivos e cantando sobre a sociedade alternativa. Isso é engraçado, mas não faz justiça ao sujeito.

Se você conseguir enxergar por trás do folclore, vai perceber que até as canções mais batidas de Raul – “Metamorfose Ambulante”, “Maluco Beleza”, “Tente outra Vez”, são obras-primas.

Sempre adorei Raul Seixas. Acho o cara um gênio. “Ouro de Tolo” está em qualquer lista das músicas mais bonitas gravadas no Brasil. Ninguém escreveu uma letra como aquela.

“S.O.S”, em que Raul se diz “macaco, em domingos glaciais” (e apesar do encarte do disco dizer “glaciais”, aposto que ele canta “domingos classe As”), é um dos momentos mais lindos e melancólicos do rock, em qualquer língua.

Raul fez a fusão da música brasileira e do rock’n’roll como ninguém. Foi a ponte entre Luiz Gonzaga e Elvis, com pedágios em Bob Dylan e Jackson do Pandeiro. Mas nunca soou folclórico ou falso.

Raul fez música autenticamente brasileira, incorporando a guitarra elétrica de uma forma original e sofisticada. E sempre com a preocupação de ser popular.

Não consigo pensar em um artista brasileiro que tenha feitos discos tão variados. Pegue um LP qualquer de Raul – “Gita” (1974), por exemplo: tem rock (“Super-Heróis”), balada caipira (“Medo da Chuva”), repente (“As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor”), folk pastoral (“Água Viva”), um jazz-bossa-lounge (“Moleque Maravilhoso”) e um bolero (“Sessão das dez”).

E isso é só o lado A.

Adoro a fase mística de Raul. A sequência de “Krig-ha Bandolo!” (1973), “Gita” (1974), “Novo Aeon” (1975) e “Há 10 Mil Anos Atrás” (1976) é insuperável. Mas ele fez grandes músicas em quase todos seus discos.

O filme de Walter Carvalho merece ser visto. É um grande registro histórico, com muita música boa e ótimas imagens de arquivo.

A entrevista com Paulo Coelho é antológica. O mago fala de sua colaboração com Raul, da ligação de ambos com Aleister Crowley e o ocultismo (“um período negro na minha vida”) e confessa ter apresentado Raul às drogas.

O papo com Marcelo Nova sobre os últimos dias da vida de Raul também é revelador. Marcelo conta que chegou a pagar a feira do amigo e ídolo. Aliás, Marcelo fez um texto muito bonito sobre Raul para o UOL, que você pode ler aqui.

Outra qualidade do filme é sua independência. Não é um documentário “chapa branca”, desses que escondem os defeitos e conflitos do personagem.

O filme mostra as relações traumáticas de Raul com suas mulheres e filhas e seus problemas com álcool e drogas. Sylvio Passos, amigo e presidente do fã-clube de Raul, conta que o maluco beleza andava com um galão de cinco litros de éter debaixo do braço, cheirando constantemente.

Espero que o documentário ajude uma nova geração a descobrir a música de Raul Seixas, sem aquela velha opinião formada sobre tudo.

Ele merece.

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No hospital, vendo o “Fantástico”

Por Andre Barcinski
22/03/12 07:12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Domingo, o “Fantástico” exibiu a já célebre reportagem mostrando a corrupção na contratação de serviços para hospitais públicos do Rio de Janeiro.

Poucas horas depois, por motivos que não vêm ao caso, tive de acompanhar uma cirurgia num hospital público do Estado do Rio de Janeiro, que também atende SUS e convênios. Fiquei lá por quase 60 horas.

Foi bizarro assistir às reprises da reportagem na sala de espera, junto com pacientes e funcionários do hospital.

As reações variavam da revolta às gargalhadas. E tenho de confessar que também achei engraçados alguns trechos das gravações, que mais pareciam diálogos de um filme de quinta categoria (até agora não consigo escolher minha frase predileta, se “Aí é o diabo” ou “Essa é a ética do mercado”).

Durante o tempo que passamos no hospital, o serviço variou do trágico ao irretocável.

Foi curioso: tudo que dependia da burocracia não funcionou. E tudo que dependia dos profissionais funcionou perfeitamente.

A paciente levou seis horas para ser internada, porque o hospital estava lotado. Aliás, ele está sempre lotado, mas, nesse dia, os próprios funcionários estavam impressionados.

Um problema administrativo em outro hospital da região causou a transferência de todos os pacientes. A sala de espera parecia o saguão da rodoviária.

A cirurgia atrasou pacas, porque o seguro-saúde levou oito horas para aprovar um procedimento simples. E só aprovou depois que o próprio cirurgião, que esperava com a equipe na sala, pegou o telefone e disse que a demora estava pondo a paciente em risco.

Percebi uma coisa: depois que você supera a burocracia e a falta de estrutura, o trabalho dos médicos, das enfermeiras, dos anestesistas, das nutricionistas e do pessoal da limpeza funciona perfeitamente.

Não estou dizendo que isso é a regra, mas foi o que eu observei nesse caso específico. .

Mas o que mais me chamou a atenção: enquanto esperávamos pela cirurgia, fiquei batendo papo com o cirurgião. Comentei sobre a reportagem do “Fantástico”, e ele disse que não tinha visto.

E não tinha visto porque teve de sair de sua folga, domingo à tarde, para ajudar a tratar os pacientes que apareceram por causa do problema no outro hospital. Ele tinha trabalhado até a madrugada de segunda e, poucas horas depois, estava de volta ao hospital. Mal tinha dormido.

Fiquei pensando em como deve ser revoltante trabalhar num sistema de saúde que paga mal, que não tem estrutura, que superlota hospitais e que dá condições precárias para os profissionais, e ainda assistir a uma bandida falar em “ética do mercado”.

Ainda bem que ele não tinha visto a reportagem e pôde se concentrar na cirurgia.

P.S.: Ponho o ponto final nesse texto no exato instante em que um caminhão da Locanty passa em frente à minha casa. Será um sinal?

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Cada geração tem seu “Clube dos Cafajestes”

Por Andre Barcinski
21/03/12 07:00


Taí um filme para o adolescente idiota que existe em cada um de nós: “Projeto X – Uma Festa Fora de Controle” (veja aqui minha crítica na Folha).

Produzido por Todd Phillips, diretor de “Se Beber, Não Case”, o filme é um delírio teen cheio de hormônios e rebeldia juvenil. Se eu tivesse 15 anos, veria umas quatro sessões seguidas e compraria o DVD (ou melhor, baixaria da Internet).

O filme acompanha três amigos que resolvem fazer uma festa de aniversário para um deles, aproveitando a ausência dos pais.

Só que a festa foge do controle e vira um verdadeiro motim, com casas incendiadas, carros destruídos e caos no bairro todo. Além de meninas de calcinha se jogando na piscina e um anão preso no forno, que não podem faltar em nenhuma festa desse tipo.

O filme usa o manjado e eficiente recurso de falsas cenas “reais” (lembra “A Bruxa de Blair”?): os três amigos pedem a um conhecido que filme a festa, e são essas imagens que vemos na tela.

A sensação é de ver uma série de clipes proibidos do Youtube, o que dá ao filme um aspecto voyeurístico irresistível.

“Projeto X” é o “Clube dos Cafajestes” para a geração Youtube.

Sempre fui fascinado pelo sensacionalismo no cinema. Desde William Castle, que obrigava os espectadores a assinar um termo inocentando o filme caso morressem de medo, a John Waters, distribuindo cartelas de odor (“Odorama”) para arranhar e sentir o “cheiro” das cenas de “Polyester”, produtores vêm criando artifícios para levar a experiência do filme a outra dimensão.

Guardadas as devidas proporções, “Projeto X” tem o mesmo apelo. O nome mais parece um experimento científico. A divulgação foi feita com virais para a web, e os anúncios de TV lembram mesmo cenas proibidas da Internet.

Resta saber quantos adolescentes vão sair do cinema e tentar o mesmo em casa. Só peço uma coisa: não deixem de me chamar pra festa.

P.S.: Até quarta, estarei com acesso muito limitado à Internet. Deixei textos agendados, mas não sei se conseguirei moderar os comentários. Prometo responder a todos quando voltar.

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Jimmy Page solta os demônios

Por Andre Barcinski
20/03/12 07:22


Hoje, 20 de março, dia do Equinócio da Primavera no hemisfério norte, marca também o fim de um mistério de quatro décadas.

Jimmy Page finalmente mostrará aos fãs, por meio de seu website, a música que fez em 1972 para o filme “Lucifer Rising”, de Kenneth Anger.

Ao longo dos anos, várias versões piratas da trilha sonora circularam por aí. Mas essa é a primeira vez que Page aprova o lançamento.

“É um diário musical de composições de vanguarda e experimentações, que deveriam ter aparecido no filme ‘Lucifer Rising’”, escreveu Page em sua página do Facebook.

“Deveriam”, mas não apareceram.

Não apareceram porque Page e Anger brigaram feio durante o processo. A mulher de Page expulsou Anger de Boleskine House, a propriedade que pertencera ao ocultista Aleister Crowley e onde Page morava. Anger ameaçou jogar uma maldição em cima do guitarrista e transformá-lo num sapo.

Eram os anos 70. Essas coisas eram normais naquela época.

Eu já vi Kenneth Anger de perto. Foi nos anos 90, durante uma retrospectiva de seus filmes no Anthology Film Archives, em Nova York. É um velhinho simpático e falante. Ninguém diria que foi um dos personagens mais polêmicos e “darks” da cultura pop dos anos 60 e 70.

Anger ainda está vivo. Tem 85 anos. Existe uma boa biografia dele, “Anger”, escrita por Bill Landis em 1995. Recomendo demais. Anger renega o livro, diz que Landis o traiu. Mas Anger disse o mesmo de muitas outras pessoas: Jimmy Page, Mick Jagger, Keith Richards, Andy Warhol, Marianne Faithfull. Todos, em algum momento, “o traíram”.

Em 1947, Anger fez um curta-metragem experimental gay chamado “Fireworks”. O filme foi exibido na França e chamou a atenção de Jean Cocteau. Anger foi à França, onde conheceu Cocteau, Jean Genet e todos os malditos da época.

Em 1963, fez sua obra-prima, “Scorpio Rising”, uma colagem visual que misturava imagens documentais de um grupo de motociclistas, comerciais de TV e um filme sobre a vida de Jesus, tudo embalado numa estética sadomasô gay.

O filme influenciou de Fassbinder a Almodóvar, e certamente ajudou David Lynch a pensar em “Veludo Azul” (uma das músicas de “Scorpio Rising” é “Blue Velvet”, na versão de Bobby Vinton).

Anger foi um seguidor do ocultista inglês Aleister Crowley e de sua religião, a Thelema. Em 1966, Anger iniciou um filme inspirado por Crowley, “Invocation of My Demon Brother” (“Invocação do Meu Irmão Demônio”). Ele pediu a Bobby Beausoleil, um músico que tocava com o grupo Love, de Arthur Lee, para fazer a trilha sonora.

Mas Beausoleil, de acordo com Anger, pegou o dinheiro que deveria ser usado para as gravações, comprou um quilo de maconha e fugiu para a Califórnia, onde se juntou à gangue de sádicos de Charles Manson. Três anos depois, Beausoleil seria condenado à prisão perpétua pela tortura e assassinato de Gary Hinman. Lembre-se, eram os anos 70…

Anger resolveu fazer outro filme inspirado em Crowley, “Lucifer Rising”, e pediu a Page, também obcecado por Crowley, que compusesse a música.

Mas Page nunca entregou a trilha. Anger o acusou de estar viciado em heroína e acabou usando música feita por – acredite – Bobby Beausoleil, que gravou tudo da cadeia.

Kenneth Anger é uma figura única. Misto de gênio incompreendido, herói do cinema experimental e trambiqueiro profissional.

Escreveu três livros de uma série chamada “Hollywood Babylon”, relatos sórdidos dos bastidores de Hollywood, cheios de exageros e histórias inventadas (Marilyn Monroe era prostituta, James Dean, um gay masoquista); deu entrevistas dizendo ter sido molestado por Walt Disney (“Ele me sentou em seu colo e pude sentir sua ereção de oito polegadas” ).

Para quem quiser conhecer mais sobre Anger, achei uma boa entrevista dele (sem legendas, infelizmente).


E, aqui, um trecho da trilha feita por Jimmy Page, em versão pirata. Boa viagem.


P.S.: Até quarta, estarei com acesso muito limitado à Internet. Deixei textos agendados, mas não sei se conseguirei moderar os comentários. Prometo responder a todos quando voltar.

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Revista acusa família Marinho e Camargo Correa de construir mansões em áreas de preservação

Por Andre Barcinski
18/03/12 17:50

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reportagem da revista norte-americana “Bloomberg Markets”, em sua edição de abril, acusa a empreiteira Camargo Correa, a família Marinho e o cineasta Bruno Barreto, entre outros, de construir mansões ilegais em áreas de preservação ambiental na região de Paraty (RJ).

A reportagem, assinada por Adriana Brasileiro, diz também que Antonio Claudio Resende, um dos maiores acionistas da locadora de carros Localiza, construiu uma mansão ilegal de 1752 m2 numa ilha (veja foto acima).

“Resende está entre os muitos milionários que passam finais de semana e férias em casas construídas em violação a leis ambientais estaduais e federais”, diz a reportagem.

Segundo a “Bloomberg”, membros da família Marinho, dona das Organizações Globo, construíram uma casa de 1300 m2, com heliporto e piscina, em uma área que deveria ser preservada, próxima à praia de Santa Rita, em Paraty.

O projeto (veja aqui), de autoria do arquiteto Marcio Kogan, ganhou até um prêmio da revista “Wallpaper”.

“Os ricos usam advogados para ‘dobrar’ leis, mentem para autoridades em pedidos de alvará de obras, destroem ilegalmente áreas preservadas e rios e privatizam praias, contratando guardas armados para impedir visitantes”, diz a reportagem.

Outro acusado é o cineasta Bruno Barreto. Segundo a “Bloomberg”, ele destruiu área de preservação na Ilha do Pico, na Baía de Paraty.

“O cineasta Bruno Barreto prometeu a um tribunal, em janeiro de 2008, que iria demolir sua casa e devolver a área a seu estado original num prazo de dois anos. Quatro anos depois, Barreto continua na propriedade”, afirma o texto.

Quem quiser ler a íntegra da reportagem, acesse aqui.

P.S.: De segunda a quarta, estarei com acesso muito limitado à Internet. Deixei textos agendados para terça e quarta (este, publicado domingo à tarde, ficará no ar também segunda), mas não sei se conseguirei moderar os comentários. Prometo responder a todos quando voltar.

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