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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Pequena homenagem a um grande fotógrafo

Por Andre Barcinski
16/03/12 07:50


O filme dura sete minutos e, infelizmente, não tem legendas em português.

Mesmo que você não fale inglês, vale a pena assistir, só pela beleza das imagens.

É um pequeno documentário sobre o fotógrafo de cinema Gregg Toland (1904-1948) e seu trabalho com Orson Welles em “Cidadão Kane” (1941).

Toland desenhou as câmeras e lentes usadas em “Cidadão Kane”. Usando filme “rápido” (de alta sensibilidade) e inundando as cenas de luz, ele conseguiu deixar quase todas as imagens em foco ao mesmo tempo, criando um efeito surpreendente, que seria muito copiado depois.

O filme mostra também a obsessão de Welles e Toland com os ângulos de câmera. Qualquer um que tenha visto “Cidadão Kane” lembra que boa parte é filmada de baixo para cima, como se o personagem de Kane fosse um deus, um ser acima do bem e do mal.

Sugiro assistir a esse filminho e, depois, ver “Cidadão Kane”. É só alegria. Bom fim-de-semana.


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Livro explica por que não lemos mais livros

Por Andre Barcinski
15/03/12 07:22

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Terminei de ler “A Geração Superficial – O que a Internet Está Fazendo com Nossos Cérebros” (Ed. Agir), de Nicholas Carr.

Carr é um jornalista e autor (“The Guardian”, “The New York Times”, “Wall Street Journal”), especializado em cultura e tecnologia.

“A Geração Superficial”, finalista do prêmio Pulitzer na categoria “não-ficção”, fala sobre como a Internet está “moldando” nossos cérebros e criando uma geração de leitores com pouca capacidade de concentração e compreensão de texto.

Carr não é um homem das cavernas. Muito pelo contrário: é um autor “conectado”: tem site, tem blog, escreve sobre novas tecnologias. Seu livro não demoniza a Internet, apenas relata um processo claro e irreversível.

A tese de “A Geração Superficial” é simples: nosso cérebro se adapta às condições das tecnologias que usamos. E a Internet, por incentivar uma overdose de informações superficiais e cheias de “distrações” – links, hipertextos, janelas, etc. – está nos transformando.

Carr cita pesquisas que mostram a dificuldade de concentração demonstrada por usuários de computadores. Ler livros, diz ele, é uma tarefa cada vez mais difícil para um número cada vez maior de pessoas.

Acho que isso não é novidade para ninguém. Qualquer um de nós pode citar exemplos práticos: quantas vezes você não ficou sem acesso à Internet por algumas horas, só para perceber, depois, que esse tempo “desconectado” não lhe fez nenhuma falta?

O mérito do livro de Carr é explicar esse fenômeno por meio de estudos e pesquisas. É fascinante.

Assim, me pego numa posição paradoxal: indico um livro sobre como ninguém mais consegue ler um livro. Sinal dos tempos?

Quer outro “sinal dos tempos”? Carr é membro do conselho editorial da “Enciclopédia Britânica”. No mesmo dia que terminei de ler o livro, veio a notícia de que a “Britânica” vai acabar com sua versão impressa, depois de 244 anos.

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Tome a saideira, antes que o governo proíba

Por Andre Barcinski
14/03/12 07:55

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saiu hoje no Caderno “Comida”, da “Folha de S. Paulo”, uma coluna que fiz sobre o projeto de lei do deputado Campos Machado (PTB) que proíbe, em todo o Estado de São Paulo, a venda e consumo de álcool em ambientes públicos como calçadas, praias, festas e feiras (leia a coluna aqui).

O objetivo do projeto, segundo o próprio site do deputado (veja aqui), é reduzir acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados.

O delírio de Campos Machado é mais um exemplo de hipocrisia do poder público, que não consegue resolver questões básicas e pune todos os cidadãos por isso.

Beber não é proibido. Proibido é beber e dirigir, certo?

Então por que Campos Machado e seus apoiadores querem punir todo mundo que bebe?

Simples: porque é mais fácil inventar uma lei dessas e jogar todos os paulistas na ilegalidade do que fiscalizar motoristas bêbados e punir com rapidez qualquer um que seja pego bêbado ao volante.

O que mata, nas estradas brasileiras, é a impunidade, não o fato de os cidadãos tomarem cerveja na calçada ou dentro de suas casas.

Não adianta proibir álcool se a fiscalização continuar deficiente e a polícia, corrupta.

O site do deputado lista uma “relação provisória de apoiadores” do projeto, que inclui o vice-presidente da República, Michel Temer, os senadores Aloyisio Nunes Ferreira (PSDB), Álvaro Dias (PSDB), Fernando Collor (PTB) e Paulo Paim (PT), entre outros.

Até aí, nada de anormal. Já desisti de esperar bom senso de políticos.

O que me chocou mesmo foi ver o nome de Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo, entre os apoiadores do projeto.

Como pode a OAB apoiar uma lei que restringe direitos dos cidadãos?

Cada vez mais, São Paulo caminha para a militarização e o patrulhamento. Ambulantes de rua são expulsos, viciados são jogados para escanteio, etc.

Quero ver essa cidade, que já não tem praia, não tem parque, não tem verde e não tem socialização, sobreviver sem a cervejinha na calçada. Seria o fim dos tempos.

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Ricardo Teixeira sumiu. A questão é: por quê?

Por Andre Barcinski
13/03/12 08:35

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ricardo Teixeira escafedeu-se. Sumiu no meio da noite, sem se despedir.

Deixou uma carta e um sucessor – José Maria Marin – arenista, malufista, janista, collorido, amigo de Naji Nahas e da ditadura militar.

Teixeira sai, deixando o futebol brasileiro – não só a seleção, o futebol todo – arrasado e humilhado.

Ele conseguiu transformar a antes imaculada e adorada Seleção Brasileira numa piada, um timeco de aluguel que se presta a jogar contra a Bósnia numa quarta à tarde.

Teixeira conseguiu algo pior do que fazer o país torcer contra a Seleção: conseguiu com que a gente parasse de se importar com ela.

Antes de conjecturar o que vai acontecer com o futebol brasileiro na era José Maria Marin, acho importante tentar descobrir o que realmente motivou Teixeira a renunciar.

Li boa parte dos melhores jornais e blogs do país hoje de manhã. Li o Juca Kfouri, o Vitor Birner, e as excelentes coberturas da Folha e do Lance.

Mas o que ninguém parece saber, ao certo, é a exata razão da renúncia de Teixeira. E acho que nenhuma projeção para o futuro pode ser feita sem que isso fique totalmente esclarecido.

Porque políticos como ele estão sempre dois passos à nossa frente. Se ele renunciou, é porque foi uma decisão maquiavélica, pensada e repensada.

Não acredito na tese do “desgaste” e da “pressão popular”. Gente como RT paira acima disso. Ele simplesmente não se importa. Não foi ele que deixou bem claro que a Seleção – a Seleção Brasileira – era da CBF, e não do país?

Não consigo entender por que um sujeito que ficou 23 anos levando pedrada da imprensa, fugindo de CPIs e pairando acima do bem e do mal, resolve renunciar a dois anos de uma Copa do Mundo. Essa história está muito mal explicada.

Meu medo é que a renúncia seja apenas uma cortina de fumaça para que ele continue a comandar o futebol pelas mãos de aliados – a exemplo de José Dirceu, que na teoria saiu do governo, mas continua mandando pacas.

Antes de falar de mudanças de calendário, de discutir uma nova forma de eleger o presidente da CBF, de obrigar o Estado a respeitar o Estatuto do Torcedor, é preciso saber exatamente o que aconteceu com Ricardo Teixeira. Até para fazê-lo sumir de vez.

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É a geração Ipad, Charlie Brown!

Por Andre Barcinski
12/03/12 08:43

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Minha filha fez aniversário e ganhou um presente antiquado: um DVD duplo com alguns desenhos de Charlie Brown dos anos 70.

Estávamos curiosos para ver como seria a reação dela. Porque os desenhos são muito diferentes do que as crianças de hoje estão habituadas a ver.

Em primeiro lugar, os filmes de Charlie Brown são lentos, quase parados. Os cenários são estáticos. Os personagens andam devagar e falam pausadamente.

Os filmes também surpreendem pelo silêncio. A trilha sonora é, quase sempre, um jazzinho tranqüilo. Bem diferente da maioria dos desenhos por aí, que parecem videogames, de tão estimulantes.

Mas a principal diferença está nos enredos das histórias.

A programação infantil hoje, pelo menos a que temos visto por aí, é extremamente maniqueísta: o “bem” e o “mal” são claramente definidos e antagônicos.

O “bem” é, invariavelmente, representado por personagens bonitos, brancos, fortes, de dentes impecáveis. Já o “mal” é composto por personagens bizarros, de aparência estranha e uma propensão a cores escuras.

Nos desenhos de Snoopy e Charlie Brown, o mundo não é tão branco e preto. É um mundo bem mais complexo e interessante.

As história sempre tratam de algum evento: ou é a Páscoa, ou o Dia de Ação de Graças, ou o sumiço do ninho do pássaro Woodstock.

E esses eventos levam os personagens – Charlie Brown, Snoopy, Linus (ou Lino, em português), Lucy, Schroeder, Pig Pen (Chiqueirinho), Sally, Patty Pimentinha, e outros – a se unir para tentar resolver uma situação.

As histórias lidam, invariavelmente, com gente fazendo algo construtivo, se juntando para atingir um objetivo. Não há brigas ou disputas por nada.

Discussões, quando acontecem, são sempre encerradas de uma maneira bem humorada, muitas vezes com beijos (Snoopy sempre beija todas as meninas quando elas estão irritadas).

Outra coisa: nas histórias de Charlie Brown, o “desconhecido” nunca é tratado de forma amedrontadora. Quantas vezes vi, em desenhos novos, os personagens, quando estão diante de uma situação que não conhecem, ficarem com medo de continuar, como se precisassem de algum tipo de segurança ou garantia para prosseguir?

Nos desenhos de Snoopy, o desconhecido é um desafio bacana, não uma gincana perigosa.

Para nossa alegria, ela adorou os desenhos. Virou fã de Snoopy e, ainda mais, de Woodstock.

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At the Drive-In, Faith No More, e os popstars sinceros

Por Andre Barcinski
09/03/12 07:17

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Três vivas à sinceridade.

Em uma entrevista recente, o guitarrista Omar Rodriguez-López, do Mars Volta, disse que a turnê de reunião de sua primeira banda, o At The Drive-In, só teve uma motivação: grana.

“Não estamos ficando mais jovens, e rolaram ofertas de muito dinheiro. Só um louco ou político fingiria que isso não é a razão.”

Quando o repórter perguntou se o ATDI pensava em gravar de novo, Rodriguez-López mandou na lata:

“De jeito nenhum. At the Drive-In é uma coisa nostálgica. São músicas que compusemos quando tínhamos vinte e poucos anos. Essa reunião vai ser estranha. É como voltar a morar com sua ex-esposa. Só que, no caso, são quatro ex-esposas.”

Quem bom que existem artistas dispostos a falar a verdade.

Tô cansado do papinho “estava em casa, quando bateu aquela saudade dos meus ex-companheiros de banda, e tive um sonho em que voltávamos para fazer um grande disco.”

A cena de rock, hoje, é nostálgica. Pergunte a alguém que foi ao show do Morrissey se queria ouvir alguma música nova dele.

Pegue a lista de turnês na Europa e Estados Unidos. Boa parte dos shows é de bandas tocando discos antigos na íntegra, ou de bandas comemorando aniversário de 20, 30, 40 anos.

Tudo bem. Não vejo problema na nostalgia. Me irrita mais a falsidade de querer transformar isso em novidade.

Por isso, fiquei muito feliz quando o Faith no More voltou. Não porque estava louco para ver a turnê, mas pelo fato de Mike Patton admitir que estava fazendo as turnês para ganhar muito dinheiro e investir em seus projetos-solo e em sua fabulosa gravadora, a Ipecac.

E o tal do Rodriguez-López periga mesmo ser o popstar mais sincero do mundo. Quem leu “Everyone Loves You When You’re Dead”, livro de entrevistas de Neil Strauss, da “Rolling Stone”, não esquece do trecho em que López comenta, casualmente, que foi vítima de incesto.

“Eu viajei muito sozinho e participei de muitos acampamentos com outros jovens, para tentar lidar com o fato de ter sobrevivido a incesto (…) passei um tempo desorientado, largando a escola, viajando de carona por um ano inteiro, comendo coisas em latas de lixo, injetando qualquer merda em meu braço só pra ver o que rolava… Ah, e automutilação também!”

Quando foi escrever o artigo, Strauss foi avisado pela “Rolling Stone” que a entrevista de López poderia render um processo. Ele ligou para o músico para confirmar a história:

Strauss: Você mencionou na entrevista que havia sobrevivido a um incesto, e quero te avisar que isso vai estar na matéria.

López: Sim, eu disse isso mesmo.

Strauss: Você está confortável com o fato de que isso estará na entrevista?

López: Não sei. Mas confio no seu bom senso.

Strauss: A revista quer saber se há chance de um processo da pessoa acusada…

López: De jeito nenhum.

Strauss: Por quê?

López: Por causa da carreira dessa pessoa. Ela não gostaria de ver seu nome envolvido nisso.

Strauss: Mais pessoas sabem disso, que podem corroborar a história?

López: Meus amigos sabem.

Os dois se despedem. Cinco horas depois, López liga para Strauss:

“Obrigado por me avisar. Tive uma longa conversa com meus amigos, e estou pronto para divulgar isso.”

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TV a cabo: pague para entrar, reze para sair

Por Andre Barcinski
08/03/12 07:17

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pra começar, um aviso: os nomes de pessoas, empresas ou programas, assim como os números de telefone contidos nesse texto, são fictícios. Mas as transcrições dos diálogos e dos comerciais de programas são reais.

10h05 – Primeira ligação. Ocupado.

10h08 – Segunda ligação. Ocupado.

10h12 – Terceira ligação. Mensagem: “Este número de telefone não existe.”

10h13 – Achei, na Internet, um 0-800.

10h15 – Quarta ligação. Secretária eletrônica da operadora TRASTE. 8m32s de espera. Atendente: “Aqui é só para novas assinaturas na região de Curitiba. O senhor precisa ligar para nossa central de atendimento. O número é 66666.”

10h17 – Quinta ligação, dessa vez para 66666. “Central de atendimento TRASTE”. Digitei meu CPF. Recebi um número de protocolo. Mau sinal: começava por “171”. Mais 4m58s de espera.

A ligação cai.

10h32 – Sexta ligação para 66666. Digitei de novo o CPF e o número correspondente para cancelamentos.  Caí numa gravação:

“Valeu. Tenho um evento sinistro pra você. Sinistro mesmo! O brasileiro Carlos Maçaranduba vai enfrentar o neozelandês Long Dong Silver no UFC 897, direto de Assunção. Você não pode perder também a luta entre o americano Mister T. contra o japonês Mijanomuro Murokai . Se você é fã do UFC, aperte o botão tal. Para ver essa luta, custa só 44 reais e 90 centavos.”

Apertei o botão referente a “cancelamento”. Outra gravação:

“Cancelamento… Entendi. Agora, vou te encaminhar para um de nossos atendentes. Mas, primeiro, aqui vai o número de protocolo… (mais um protocolo começando por “171”). Agora, aguarde na linha, que vou te transferir para nossos atendentes…”

Mais 4m10s de gravações sobre o UFC. Atende uma moça, Cremilda.

Cremilda é simpática. Pergunta por que quero cancelar meu serviço. Respondo que consegui um preço melhor em outra operadora, a TRANQUEIRA. Cremilda oferece um desconto na assinatura da TRASTE. Eu agradeço e recuso.

A ligação cai.

10h43 – Sétima ligação. Passo pelo CPF, por todas as opções, pelo anúncio do UFC e, depois de 6m52s, chego à atendente. Ela diz que a ligação caiu no setor errado e vai me transferir para o setor responsável por cancelamentos.

Mais mensagens:

“Não perca, no Estrupício Kids, a série Muammar & Kadhafi. Muammar é um porquinho aventureiro, que sempre viaja em busca de novos desafios e experiências. Já Kadhafi prefere explorar seu quintal e, apesar de também adorar viagens, tem grande prazer em também se divertir perto de casa.”

“Dia 22 estréia a nova série Cretin House, no canal Bagaceira. A história é sobre uma epidemia na Inglaterra, que transforma quase toda a população em zumbis. Enquanto isso, participantes do Big Brother, imunes a essa epidemia, não fazem a menor idéia do que está acontecendo, mas logo descobrem que o mundo lá fora está bem diferente e, por isso, vão precisar superar suas desavenças para sobreviver e conviver com o fato de que não são mais celebridades.”

Repito: “Precisam superar suas desavenças para sobreviver e conviver com o fato de que não são mais celebridades”. Juro, tá gravado.

Mais 8m54s de comerciais. UFC, Muammar & Kadhafi, Cretin House…

Cai a ligação.

11h09 – Oitava ligação. Mais um protocolo iniciado por “171”. Mais UFC, mais zumbis e participantes do Big Brother.

11h17 – Consigo falar com a atendente, Sarinha

Por quase 10 minutos, Sarinha tenta me convencer a não trocar meu plano da TRASTE pelo da TRANQUEIRA. Resisto.

Sarinha se dá por vencida, e inicia os procedimentos de cancelamento do meu plano.

11h37 – Depois de 28m15s, Sarinha finaliza os procedimentos. Promete que não serei mais cobrado e que, num prazo de 30 a 60 dias, o técnica virá à minha casa retirar a antena da TRASTE.

Aguarde as cenas dos próximos capítulos…

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O melhor de John Belushi, para inspirar Rafinha Bastos

Por Andre Barcinski
07/03/12 07:17

Anteontem foi o 30º aniversário da morte de John Belushi.

Belushi, filho de albaneses, foi um dos humoristas mais adorados dos Estados Unidos. Morreu cedo e fez poucos filmes para cinema, mas seus anos no “Saturday Night Live” (1975-1979) foram muito influentes.

Belushi foi um rockstar: doidaço, cheirador, bêbado. Morreu aos 33, de overdose de cocaína, num bangalô do Chateau Marmont, hotel das estrelas de Hollywood, pouco depois de receber visitas dos amigos Robin Williams e Robert De Niro.

Teve muitos imitadores. O mais talentoso deles, Chris Farley, não só copiava o humor de Belushi, como, numa coincidência mórbida, também morreu aos 33, de overdose de cocaína.

Belushi era o tipo de ator que fazia qualquer coisa por uma risada. Seu forte era a comédia física, mas ele conseguia ser engraçado apenas levantando a sobrancelha (vejam o quadro do Beethoven, abaixo).

Agora, que o “Saturday Night Live” finalmente vai ganhar uma versão brasileira, comandada por Rafinha Bastos na Rede TV, quem sabe esses quadros de Belushi não inspiram o cômico brasileiro?

Belushi / Beethoven

Dois minutos de pura genialidade, nesse quadro quase sem diálogos. A atriz que dá um tapa em Beethoven é Gilda Radner (1946-1989), fantástica comediante americana, que foi casada com Gene Wilder.


 

Samurai Night Fever

Um dos personagens mais famosos de Belushi no “SNL” era o samurai Futaba, inspirado no guerreiro que Toshire Mifune interpretou no filme “Yojimbo”, de Akira Kurosawa. Futaba apareceu em vários episódios do programa, sempre numa situação diferente e ridícula – trabalhando numa delicatessen, num consultório psiquiátrico, etc. Aqui, ele encarna uma versão nipônica de Tony Manero, o personagem de John Travolta em “Os Embalos de Sábado à Noite”. O nível de talento nesse quadro é coisa louco: Bill Murray, Dan Aykroyd, Gilda Radner… E reparem em quem interpreta o irmão…


 

Joe Cocker

Não consigo ver cinco segundos disso sem passar mal de rir. Belushi imita a célebre apresentação de Joe Cocker em Woodstock, cantando “With a Little Help From My Friends”. Veja o original e, depois, o “tributo” de Belushi – que, por sinal, Joe Cocker adorou.



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“Funcionário é inimigo pago”

Por Andre Barcinski
06/03/12 07:13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A primeira vez que ouvi essa frase, achei que era um exagero.

Mas o autor tinha credenciais: era nosso advogado trabalhista, com quase duas décadas de experiência no ramo.

Por nove anos, fui sócio de uma empresa de eventos. Organizávamos shows e inauguramos duas casas noturnas.

Foi uma experiência fantástica: os negócios iam muito bem, e eu não podia querer sócios melhores. Todos eram muito amigos e muito profissionais.

Mas eu não agüentei. Não tinha mais estômago para lidar com funcionários.

Assim que saí da sociedade, fiz duas promessas, em nome de minha sanidade: a primeira era que eu nunca mais falaria a palavra “alvará”. A segunda é que nunca, jamais, em hipótese alguma, nem que a vaca tossisse, eu contrataria mais ninguém.

Veja bem: não estou defendendo patrões ou dizendo que todos os funcionários não prestam. Pelo contrário: a grande maioria de nossos funcionários eram pessoas maravilhosas e honestíssimas. Alguns se tornaram ótimos amigos.

Se eu tivesse de chutar, diria que 98% dos funcionários eram do bem. O problema é que os 2% restantes não só eram do mal, mas faziam disso uma profissão.

Alguns eram verdadeiros PhDs.

Tinha o barman especializado em atestados médicos falsos. Tinha o caixa que entrava, batia o cartão de ponto e depois sumia, voltando só na hora de bater o ponto da saída. Tinha o faxineiro que roubava ingressos usados na bilheteria e os revendia na fila.

Outros eram mais estabanados e amadores.

Como a senhora de 50 e tantos anos, flagrada pela câmera roubando o celular de sua companheira de trabalho. Ou o segurança que, depois de demitido pelo chefe da equipe, teve um surto psicótico, botou uma roupa de valet e levou o carro de um funcionário, retornando horas depois acompanhado de vários carros da polícia, que ele chamou com a desculpa de coibir um tiroteio na rua. Tudo inventado, claro.

Na enésima vez que tive de ir ao fórum trabalhista ouvir um funcionário mentir descaradamente na cara do juiz, decidi que aquilo não era para mim.

A gota d’água foi uma funcionária que disse à juíza que, em mais de três anos no emprego, nunca tinha tido um intervalo para a refeição. Até a juíza ficou constrangida: “Mas você nunca ficou com fome nesses três anos?”

Lidar com clientes era mole. Claro que me aborreci quando uma cliente nos processou depois de chegar atrasada à sua própria festa de aniversário e ser barrada porque o clube estava lotado. Ou quando um malandrão disse ter sido roubado na chapelaria, exigiu receber na hora o pagamento referente aos pertences e, três semanas depois, “lembrou” que lhe haviam subtraído também um óculos Prada e uma câmera de vídeo, no valor de 7 mil reais.

Ter problema com cliente é normal. Mas ter problema com quem você paga, com quem supostamente está trabalhando junto com você, é dose pra leão.

Agora, o caso mais escabroso, mais sherlockiano, foi o mistério das vodcas fantasmas.

Um dia, a marca de vodca vendida no clube resolveu mudar de garrafa. Tivemos de trocar todo o estoque por garrafas novas.

Certa manhã, o responsável pela limpeza perguntou se ainda estávamos vendendo a garrafa antiga. Eu disse que não. Ele disse que tinha visto duas garrafas antigas, vazias, no lixo. Era verdade. Pedi ao gerente do estoque que conferisse, mais uma vez, se todas as garrafas haviam sido trocadas.

No dia seguinte, mais duas garrafas antigas apareceram, vazias. Um mistério.

Reuni os gerentes para tentar decifrar o enigma. Um deles sugeriu fazer uma coisa que nunca havia passado pela minha cabeça: revistar os funcionários na entrada do trabalho.

Bingo.

Um barman, que trabalhava com a gente há quase dois anos, tinha duas garrafas de vodca escondidas na mochila. Descobrimos que ele já tinha clientes fiéis, que compravam garrafas diretamente com ele.

Era um plano genial em sua simplicidade: como as garrafas não faziam parte de nosso estoque, nenhuma contagem daria falta delas. E, como o dinheiro ia diretamente do bolso dos clientes para o bolso dele, não havia nenhuma diferença na contagem do faturamento, no fim da noite.

Se não fosse a perspicácia do rapaz da limpeza, o truque nunca seria descoberto.

Fiquei pensando: um cara que bola uma coisa dessas é um gênio. Se usasse a cabeça para coisas boas, com certeza seria um empreendedor de sucesso

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Dez grandes reportagens em dez grandes livros

Por Andre Barcinski
05/03/12 07:34

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um leitor pediu, e aí vai: uma lista de dez ótimos livros-reportagens.

Note bem, não são biografias, mas livros sobre um determinado acontecimento histórico.

Tentei evitar os mais óbvios. Seria moleza indicar “Dez Dias Que Abalaram o Mundo” (John Reed), “Todos os Homens do Presidente” (Bernstein & Woodward), “Hiroshima” (John Hersey), “A Sangue Frio” (Truman Capote) ou “A Selva” (Upton Sinclair). São todos clássicos absolutos e precisam ser lidos.

Optei por livros que saíram no Brasil. Alguns estão em catálogo, outros podem ser achados em sebos (procure no www.estantevirtual.com.br).

Aqui vão, em ordem cronológica, dez livros marcantes, sobre temas idem:

 

Operação Massacre – Rodolfo Walsh, 1957

Inédito no Brasil até o ano passado, o livro conta a história de um fracassado contragolpe de Estado peronista, em 1956. Os líderes são presos e fuzilados, assim como vários operários que não tinham nada a ver com a história.

“Operação Massacre” é um livro pioneiro do “new journalism”, estilo que misturava reportagem a textos mais autorais e livres.

Walsh era um homem de extremos: direitista na juventude, passou a apoiar a luta armada de esquerda nos anos 70, e acabou morto pela ditadura militar argentina.

 

O Segredo de Joe Gould – Joseph Mitchel, 1965

Eu disse que não incluiria biografias nessa lista, e esse livro, apesar de parecer, não é uma biografia comum, mas um relato sobre a vida do bairro boêmio de Greenwich Village dos anos 20 e 30, centrado em uma de suas figuras mais emblemáticas, Joe Gould, um maltrapilho que andava pelo bairro falando de seu projeto monumental, “A História Oral do Nosso Tempo”.

O livro marcou a consagração e, curiosamente, o fim da carreira de Mitchell, um dos escritores mais famosos do staff da “New Yorker” e que não conseguiu escrever mais nada até sua morte, em 1996.

 

Hell’s Angels – Hunter Thompson, 1966

Meu livro predileto de Thompson é “Medo e Delírio” (“Fear and Loathing in Las Vegas”), mas confesso que não sei se é reportagem ou ficção (talvez nem o próprio Hunter soubesse).

Fico então com “Hell’s Angels”, primeiro livro de Thompson, sobre a gangue de motociclistas que aterrorizava a Califórnia. Saiu por aqui pela Conrad.

Todo mundo adorou o livro. Menos os Hell’s Angels, que quase mataram Hunter de tanta pancada, depois que ele chamou a atenção de um deles por bater na mulher.

 

Honra Teu Pai / Os Honrados Mafiosos (Honor Thy Father) – Gay Talese, 1971

Pensei em escolher “O Poder e o Reino”, história do “The New York Times”, mas optei por “Os Honrados Mafiosos”, que foi relançado recentemente no Brasil.

O livro conta a história da família Bonanno e sua luta contra clãs rivais da Máfia italiana nos Estados Unidos. Foi um “best seller” e é, até hoje, um dos textos clássicos do “new journalism”.

 

Tempo Para Morrer (The Onion Field) – Joseph Wambaugh, 1973

Em 1963, na Califórnia, dois bandidos pés-de-chinelo são parados por um carro da polícia. Eles seqüestram os dois policiais e os levam para uma plantação de cebolas, com o objetivo de executá-los. Um dos policiais é morto, mas o outro consegue escapar.

Wambaugh traça um perfil dos quatro personagens da história – os dois bandidos e os dois policiais – e relata não só o crime, mas os muitos anos do processo jurídico kafkiano que se segue. Um livro muito triste e emocionante.

 

Manson (Helter Skelter) – Vincent Bugliosi e Curt Gentry, 1974

Bugliosi foi o promotor que ajudou a condenar Charles Manson e sua gangue pelos assassinatos de Sharon Tate, mulher do cineasta Roman Polanski, e de quatro outras pessoas, em 1969.

O livro conta em detalhes o crime e o julgamento de Manson e de seus seguidores fanáticos. É apavorante. Foi o livro-reportagem mais vendido da história.

 

A Luta – Norman Mailer, 1975

Nunca houve uma luta de boxe como a de Muhammad Ali e George Foreman, no Zaire, em 1974. Norman Mailer estava lá e conta tudo: o fanatismo da torcida local, a miséria do país e a brutalidade de seu ditador, Mobutu. Mas o melhor é mesmo a descrição da luta. Leia e depois assista a “Quando Éramos Reis”, documentário sensacional sobre o combate, em que o próprio Mailer aparece.

 

Aracelli, Meu Amor – José Louzeiro, 1976

O caso Aracelli marcou época. Em 1973, na cidade de Serra, próxima a Vitória, uma menina de 8 anos não voltou para casa depois da aula. Seu corpo foi encontrado num matagal, com sinais de tortura e abuso sexual.

Suspeitas recaíram sobre dois playboys, filhos de famílias ricas e influentes do Espírito Santo. Depois, surgiram indícios de que a própria mãe da menina, uma boliviana que faria parte do tráfico internacional de cocaína, teria usado a filha como “mula”.

José Louzeiro, autor de “Infância dos Mortos”, livro que inspirou o filme “Pixote”, lançou em 76 esse livro sombrio e revoltante sobre o caso Aracelli.

 

Barbarians at the Gate – Bryan Burrough & John Helyar, 1990

Não achei nenhuma informação sobre o lançamento desse livro em português. Se você lê em inglês, não perca. Se não lê, pode assistir ao ótimo filme que a HBO fez em 1993, “Selvagens em Wall Street”, inspirado no livro.

“Barbarians at the Gate”, considerado por alguns o melhor livro sobre negócios já escrito, conta a batalha – de egos e dinheiro – pela empresa RJR Nabisco, em 1988. O tema continua atualíssimo.

 

Gostaríamos de Informá-lo de que Amanhã Seremos Mortos Com Nossas Famílias – Phillip Gourevitch, 1998

Gourevitch, que escreve para a “New Yorker”, relata cem dias do genocídio da maioria hutu contra a minoria tutsi em Ruanda, em 1994, que matou mais de 800 mil pessoas, a maioria com machetes e facões. É um dos livros mais arrasadores que já li.

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