Fox, Sky e Net brigam; nós apanhamos
15/02/12 07:31A briga entre a rede Fox e as operadoras de TV a cabo por causa da chegada ao Brasil do canal Fox Sports já chegou ao ridículo.
Para quem não sabe, o Fox Sports, canal esportivo da Fox, estreou no Brasil dia 5 de fevereiro. Mas quase ninguém viu.
O problema é que as maiores operadoras de TV a cabo, como a Net e a Sky, que juntas detêm 70% do mercado, se recusam a pagar à Fox para ter a Fox Sports.
Nada disso aconteceria se a Fox, do magnata australiano Rupert Murdoch, não tivesse os direitos exclusivos de transmissão da Libertadores da América, que até o ano passado estavam com o Sportv, da Globo.
A Globo é dona de 30% da Net e 5% da Sky, segundo informações publicadas por Gabriel Bonis no site da “Carta Capital”.
Enquanto não chega a um acordo com as operadoras, a Fox Sports continua fora da grade.
Quem sofre com a briga, como sempre, é o consumidor, que paga um absurdo pela TV a cabo e ainda fica sem saber se verá ou não os jogos.
Na semana passada, eu já havia me preparado para ver a estréia do Flu na Libertadores por um canal ilegal na Internet. Até que, na última hora, a Fox decidiu transmitir o jogo pelo Speed, um de seus canais que já está nos pacotes das TVs a cabo.
Durante a transmissão, os locutores conclamavam os torcedores a ligar para as operadoras e exigir o Fox Sports.
O troco das operadoras não demorou: anteontem, a Sky divulgou uma nota oficial, criticando a Fox Sports:
“A programadora responsável pelo canal é também responsável pelo Speed e FX, que estão no seu pacote. Solicite a eles que transmitam os jogos da Libertadores nestes canais”.
Ou seja: ficam usando os clientes num humilhante jogo de empurra-empurra.
De quem é a culpa?
De todos. Da Fox Sports, que não se programou com antecedência para estrear com os problemas resolvidos; das operadoras, que não facilitam a negociação e não estão nem aí para os clientes, e da Conmebol, que organiza – ou melhor, desorganiza – a Libertadores, e que não está nem aí se a competição vai começar sem ninguém para transmitir.
Por fim, acho engraçado como todo comercial de telefonia ou TV a cabo sempre fala em “liberdade”: “a liberdade de ver o que você quer”, “a liberdade de escolher”, etc. Mas a tal da liberdade só aparece de verdade quando interessa a eles.