Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

Governo corta verba em 38% e vigilância ambiental agoniza no país

Por Andre Barcinski
09/09/13 07:05

Em 2011, quando conseguiu emprego no Parque Nacional de Boa Nova, no sudoeste da Bahia, o ambientalista baiano Osmar Barreto Borges estava realizando um sonho. Era um parque novo, criado em 2010, cujo forte é o turismo de observação de aves, umas de suas paixões.

Dois anos depois, tudo que Borges quer é ir embora. “Não agüento mais. Sofri até um colapso psicológico, estou desesperado para sair. A situação está desmoronando.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Parque Nacional de Boa Nova ocupa uma área montanhosa de 12 mil hectares, ou 120 km2. É o equivalente a 75 vezes a área do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ou a 15 vezes o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. E Borges cuida dessa área sozinho.

O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia para a qual Borges trabalha, não tem sede em Boa Nova. Borges trabalha em casa e paga telefone e Internet do próprio bolso. O único carro de serviço – um modelo velho, enviado de outro parque – quebrou em junho. Não há verba para consertá-lo. Desde então, Borges usa ônibus ou pede veículos emprestados a moradores. Sua verba para despesas mensais, tirando seu salário, é de cerca de 300 reais.

Borges é responsável por fiscalizar todo o parque, combater a caça, tráfico de animais e desmatamento, fazer trabalhos de aproximação com as comunidades, incentivar o turismo e a educação ambiental, além de lidar com a enorme burocracia estatal. “Existem muitos sistemas de controle para gestão, pesquisas e documentos. Todos os documentos relativos ao parque precisam ser escaneados, é um processo bem burocrático. Tenho de fazer o papel de secretária, polícia, animador social e agente de desenvolvimento local. E eu não dou conta.”

Vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o ICMBio gerencia e fiscaliza as Unidades de Conservação (UCs) do país, além de fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental. Atualmente, o ICM Bio tem pouco menos de 2 mil funcionários públicos em seu quadro fixo e é responsável por 341 unidades, incluindo 314 UCs e 11 centros de pesquisa, além de coordenações regionais e unidades administrativas. A área protegida pelo ICMBio é de 75 milhões de hectares (750 mil km2), ou 8,8% do território brasileiro.

Nos últimos anos, o orçamento do ICMBio tem sido constantemente cortado pelo Governo Federal. Em 2010, a verba anual foi de quase 626 milhões de reais. A projeção para 2014 é de pouco menos de 498 milhões. Considerando uma inflação média de 6% ao ano, a queda real no orçamento será de 38% em quatro anos.

Como o governo não pode diminuir salários de funcionários públicos, os cortes atingem, basicamente, as despesas discricionárias. No caso do ICMBio, representam gastos com vigilantes, funcionários terceirizados, apoio administrativo, locação de móveis e imóveis, material de trabalho, energia elétrica, diárias, passagens e suporte a tecnologia da informação. Os ambientalistas mantiveram seus empregos, mas trabalham em condições cada vez piores. A cada corte, a infra-estrutura do ICMBio deteriora.

Só em 2013, o Governo Federal fez dois cortes. O segundo, ocorrido em julho, ceifou 107 milhões de reais do orçamento do Ministério do Meio Ambiente. Segundo Anna Flávia de Senna Franco, diretora de Planejamento, Administração e Logística do ICMBio, o Ministério do Meio Ambiente está tentando, junto ao governo, rever esse corte. “Já fizemos estudos mostrando a dimensão do impacto que isso causaria. A Ministra (Izabella Teixeira, do Meio Ambiente) está empenhada. Já escrevemos ofícios mostrando possíveis impactos e prejuízos à fiscalização.” Procurado pela “Folha”, o Ministério do Meio Ambiente não quis se pronunciar.

Enquanto isso, ambientalistas sofrem com a falta de condições de trabalho. Rafael Rossato é analista ambiental do ICMBio na Unidade de Conservação (UC) da Floresta Nacional de Tefé, interior do Amazonas. A área tem mais de um milhão de hectares, ou 10 mil km2, quase sete vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Para fiscalizar toda essa área, a UC de Tefé conta com dois analistas ambientais e três técnicos. “É um número muito reduzido de servidores para uma demanda de trabalho muito grande”, diz o analista. “É necessário um concurso público urgente, tendo em vista que o último concurso foi em 2009 e quase todos analistas ambientais lotados na Amazônia já saíram da região, seja porque a sede tinha interesse em levá-los para Brasília, por licença médica -normalmente psicológica – ou porque pediram exoneração.”

A UC de Tefé tem a missão de fiscalizar vários rios, mas não possui barco. Quando saem para trabalhos em rios, os servidores precisam alugar barcos por um contrato de preços elevados e sofrem com a burocracia até para comprar gasolina. Rossato conta que o escritório abriga ainda funcionários de outras cinco UCs da região, num total de cerca de 20 profissionais. O escritório conta com dois carros, um telefone – o segundo foi cortado recentemente – e a Internet é precária. Rossato chega a levar quatro horas para cadastrar um documento em um sistema informatizado do ICMBio.

Um ambientalista com cargo de chefia no ICMBio, que pediu para não ser identificado, fez um resumo do caos por que passa a vigilância ambiental no país: “O sistema de unidades de conservação do Brasil é o mais lindo, diverso e de maior potencial do planeta. Porém, as condições dadas são verdadeiramente ridículas. Conheço parques em uma dúzia de países, mas nada chega perto do abandono por que passamos. A relação $/área protegida do Brasil é pior que da Bolívia e Zâmbia. (…) A relação servidor/área protegida é talvez a pior do mundo, beirando um gestor para cada 20 mil hectares (200 km2) protegidos. Se considerarmos só a Amazônia, temos um servidor para cada 200 mil hectares (2 mil km2). Nosso sistema é um dos únicos que não possui guarda-parques, monitores ou qualquer outro tipo de contratação local, política amplamente empregada mundo afora a fim de que a população se aproprie das UC e que os parques possam ter a melhor mão de obra: a que mais conhece a região.”

O isolamento de ambientalistas torna o trabalho perigoso, especialmente porque eles têm a missão de coibir e denunciar abusos ambientais. Há quatro meses, uma ambientalista federal pediu para ser transferida de Paraty (RJ) depois que uma bomba foi jogada em sua casa. Há um mês, o biólogo espanhol Gonzalo Hernandez foi encontrado morto a tiros em um parque em Rio Claro (RJ). Hernandez havia denunciado crimes ambientais, como extração ilegal de palmito, de areia e caça irregular, no Parque Estadual Cunhambebe.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Socorro, Mussum!

Por Andre Barcinski
06/09/13 07:05

Minha colega Keila Jimenez, colunista de TV da “Folha”, informou: “Vai Que Cola” tornou-se o programa mais assistido da história da TV a cabo no Brasil (leia aqui).

Cerca de 11 milhões de pessoas sintonizaram o Multishow para ver o humorístico. Desse total, 60% são da classe AB e 63% são mulheres.

Parabenizo a todos os envolvidos. Devem estar fazendo alguma coisa certa. Só não sei o que é.

Tentei assistir a alguns episódios do programa e confesso que não ri uma única vez.

Achei o texto fraco, as situações batidas e o elenco limitado. Mas deve ser culpa minha. Onze milhões de pessoas não podem estar erradas.

Ou podem?

Achei o programa cópia de outro que já não era grande novidade e não tinha muita graça, o “Sai de Baixo”. Mas este tinha Aracy Balabanian, Miguel Falabella, Luiz Gustavo, Tom Cavalcante, Marisa Orth, Ary Fontoura e Cláudia Jimenez. A diferença de qualidade para o elenco de “Vai Que Cola” é abissal.

Antes da TV a cabo, os humorísticos da TV aberta eram sempre criticados por sua baixa qualidade. Andei revendo alguns deles. Vi reprises de “Viva o Gordo” e comprei a caixa de DVDs de “Os Trapalhões”.

Em um quadro dos Trapalhões, Didi interpretava – de joelhos, claro – o pintor Toulouse-Lautrec . É inimaginável pensar que um humorístico, hoje, se arriscaria a citar um pintor francês do século 19. Mesmo na TV paga.

Seria curioso ver a reação de plateias atuais a esses programas. Eu acho que ninguém ia entender nada.

Em outro quadro, Mussum faz uma paródia de Clodovil. Responda: que TV teria coragem de exibir um quadro desses? Quanto tempo demoraria para a emissora ser processada por racismo e homofobia?

 


 

E que tal esse quadro do “Viva o Gordo”, com Jô Soares e Paulo Silvino? Dá para comparar o nível do texto e dos atores com a média do que vemos hoje na TV, tanto na paga quanto na aberta?

 


 

Podem me chamar de saudosista, de velho, do que for. Mas graça é graça. Uns têm, outros não.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Uma bomba no coração do Nazismo

Por Andre Barcinski
05/09/13 07:05

Lídice é uma pequena cidade no sudeste fluminense, a 170 km do Rio de Janeiro. Tem cerca de cinco mil habitantes e fica numa região muito bonita, cortada pela rodovia BR-155, que liga o sul de Minas Gerais a Angra dos Reis.

Já passei várias vezes por Lídice, mas nunca havia pensado na origem de seu nome até poucos dias atrás, quando terminei de ler “HHhH”, do francês Laurent Binet.

Lançado no Brasil pela Cia. das Letras, o livro conta um dos episódios mais conhecidos e espetaculares da Segunda Guerra: o atentado, em 27 de maio de 1942, contra o nazista Reinhard Heydrich, temido Chefe da Segurança do Reich, líder da Gestapo e um dos principais articuladores da “Solução Final”, nome pomposo para o extermínio de judeus em territórios ocupados pela Alemanha.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que uma bucólica cidadezinha no Rio de Janeiro tem a ver com “O Açougueiro de Praga”, “O Carrasco da Europa” e “A Besta Loura”, o sádico a quem o próprio Hitler apelidou de “O Homem com o Coração de Ferro”?

Um pouco de paciência, que chegamos lá…

O atentado contra Heydrich, batizado “Operação Antropóide”, foi arquitetado por militares britânicos com apoio do governo exilado da Tchecoslováquia liderado pelo presidente Edvard Benes.

Dois paraquedistas, o tcheco Jan Kubis e o eslovaco Josef Gabcik, saltaram de um avião inglês em território tcheco, à época sob controle da Alemanha nazista. A missão era interceptar e metralhar o carro que levava Heydrich de sua casa ao Castelo de Praga, transformado em quartel-general alemão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Spoiler: se você não sabe como terminou o atentado a Heydrich, sugiro parar de ler aqui.

Atacar Heydrich em Praga era uma missão suicida. Heydrich se julgava tão seguro em seu “quintal” que sequer usava seguranças.

O livro de Binet  traça o perfil de Heydrich e reconstitui, passo a passo, os preparativos de Kubis e Gabcik para o ataque. Binet fez um tipo diferente de romance histórico, intercalando a narrativa documental clássica com trechos em que conta a sua própria saga de pesquisas para o livro e questiona a forma como romances históricos “deturpam” a realidade para torná-la mais atraente ao leitor.

O estilo é interessante, mas achei que o autor forçou um pouco a mão. Me peguei torcendo para ele deixar as digressões pessoais de lado e voltar logo ao atentado, mesmo já sabendo como a história terminava.

Voltando a 27 de maio de 1942: naquela manhã, conforme planejado, Kubis e Gabcik interceptaram o Mercedes conversível que levava Heydrich. Gabcik chegou a poucos passos do nazista e abriu fogo com sua submetralhadora Sten. Quer dizer, tentou abrir fogo, porque a geringonça travou. Enquanto Heydrich e seu motorista abriam fogo contra Gabcik, Kubis lançou uma granada que explodiu embaixo do carro.

Heydrich sobreviveu ao ataque e foi levado a um hospital. Estava se recuperando bem. Sete dias depois do atentado, sofreu um ataque súbito e morreu de septicemia, provavelmente causada por fragmentos do estofamento do carro que penetraram em sua corrente sanguínea.

Assim que soube do ataque, Hitler ordenou a seus comandados que dez mil tchecos fossem reunidos em Praga e fuzilados. Mas o Führer acabou convencido, por assessores, de que isso poderia dar ao mundo a impressão de que havia um levante da população local contra a ocupação nazista.

A ordem então foi investigar o atentado e matar todos os envolvidos com a operação. Assim como suas famílias e amigos, claro.

Vinte dias depois do atentado, Kubis, Gabcik e outros companheiros foram traídos por um tcheco, Carol Kurda, e descobertos em um porão de uma igreja ortodoxa de Praga. Depois de oito horas de tiroteio, todos acabaram mortos.

Uma pista falsa levou os nazistas a concluir, erroneamente, que o ataque teria sido ajudado por habitantes de Lidice, uma vila de 500 habitantes perto de Praga. Tropas nazistas foram à cidade, prenderam os homens acima de 15 anos – 173 no total – e fuzilaram todos. Mulheres e crianças foram levadas aos campos de extermínio de Chelmno, na Polônia, e Ravensbruck, na Alemanha. Depois, tanques destruíram toda a cidade e escavadeiras literalmente eliminaram Lidice do mapa. No total, mais de 1300 pessoas foram assassinadas durante as investigações do atentado a Heydrich.

O massacre de Lidice comoveu o mundo. Em vários países, cidades foram batizadas com seu nome. Em 1944, a cidade de Santo Antônio do Capivari, a 40 km de Angra dos Reis, foi rebatizada de Lídice. Em sua praça foi erguida a estátua de uma fênix, símbolo do renascimento, e uma escola pública ganhou o nome de Edvard Benes, presidente em exílio da Tchecoslováquia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca mais vou passar em Lídice sem lembrar a história de Jan Kubis, Josef Gabcik e dos habitantes de Lidice que morreram nas mãos dos nazistas.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Quem diz ter saudades da geral é porque nunca esteve lá

Por Andre Barcinski
04/09/13 07:05

Quem acompanha o blog sabe que tenho criticado bastante a elitização do futebol brasileiro e a destruição de estádios antigos para a construção de arenas mauricinhas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acho péssimo que o torcedor com menor poder aquisitivo esteja sendo afastado dos estádios.

Mas tenho percebido também um fenômeno curioso nessa discussão: o da apologia da pobreza.

Todo dia ouço frases como “Quero meu Maracanã de volta” e “Que saudades da geral!”.

Quem diz ter saudades da geral é porque nunca viu um jogo lá. Eu vi e garanto: a geral do Maracanã era um lixo.

Para começar, a visibilidade era péssima: você via o jogo ao nível do campo, e as placas de publicidade atrapalhavam a visão. Os banheiros eram nojentos. Havia brigas a toda hora e assaltos não eram incomuns. O geraldino vivia tostado de sol ou ensopado de chuva.

Adorei quando a geral foi substituída pelas cadeiras azuis, que eram mais altas, tinham ingressos baratos, torcidas misturadas, áreas cobertas, e onde crianças não pagavam ingresso. Ali sim, era um espaço popular e com certo grau de conforto.

Reclamar da destruição do antigo Maracanã e de outros estádios é uma coisa, elogiar a geral é outra. Ninguém pode ser a favor de um local onde clientes eram tratados tão mal.

Acho perfeitamente possível defender a existência de ingressos baratos e lugares confortáveis e, ao mesmo tempo, lamentar a descaracterização de alguns de nossos estádios clássicos. Conforto não é antônimo de tradição.

P.S.: Juro que tentei assistir ontem ao Prêmio Multishow para escrever aqui no blog, mas fui vencido pela antipatia, grosseria e completa falta de graça do apresentador Paulo Gustavo. O rapaz encarna o estereótipo da tia barraqueira e acha que falar “merda”, “porra” e “cacete” no final de cada frase é a coisa mais hilariante do mundo. Perto dele o Costinha parece o David Niven, de tanta classe e elegância. Depois que apareceu o Sorriso Maroto tocando com orquestra e piano, fui dormir. Ninguém merece.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Desabamento em SP: quem fiscaliza a fiscalização?

Por Andre Barcinski
03/09/13 07:05

Uma pessoa está fazendo uma pequena reforma em seu estabelecimento comercial em São Paulo, quando um carro da prefeitura estaciona em frente ao local.

O fiscal da prefeitura pergunta ao dono do estabelecimento se ele tem alvará para aquela reforma. O comerciante explica que é apenas uma reforma cosmética e decorativa, não é uma reforma estrutural.

 

 

 

 

 

 

 

 

O fiscal diz que isso não importa: “Até para pintar a frente do prédio você tem de pedir alvará”.

O comerciante pergunta quanto tempo leva para obter um alvará de reforma. O fiscal responde: “Cento e vinte dias”. “Mas tenho um amigo que está esperando há mais de três anos por um alvará”, diz o comerciante. O fiscal abre os braços e dá uma risadinha sarcástica, como se dissesse: “Pois é…”

Ambos sabem que aquela situação tem duas saídas.

O comerciante escolhe a mais trabalhosa. Uma que envolve advogados, liminares, dias de trabalho perdidos, empregos em risco e milhares de reais gastos.

A história é verdadeira. Eu sei, porque aconteceu comigo.

Lembrei essa história ontem, quando li uma reportagem do UOL que dizia que 90% das obras realizadas na cidade de São Paulo não têm alvará (leia aqui).

Lembrei também outra reportagem, essa do “Jornal Nacional”, segundo a qual apenas 315 dos 17 mil bares e casas noturnas de São Paulo funcionam com alvará (leia aqui).

Alguém acredita que 90% dos engenheiros e 98% dos donos de bares e casas noturnas trabalham sem alvará porque querem? Ou será que o sistema foi criado assim para impedir a obtenção de alvarás e perpetuar a corrupção de órgãos fiscalizadores?

Ninguém está dizendo que todos os comerciantes e construtores são santos. Claro que há muita gente desonesta e irresponsável no meio. Mas o sistema de obtenção de alvarás, da forma como existe hoje, só estimula a desonestidade.

Será que a prefeitura vai agir para acabar de vez com sua burocracia impenetrável, ou teremos de voltar ao assunto depois que mais uma casa noturna pegar fogo e outra obra desmoronar, matando inocentes?

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Quinze vezes Charles Bronson

Por Andre Barcinski
02/09/13 07:05

Agradeço ao Blog do Chico pela lembrança: sexta-feira passada foi o 10º aniversário de morte de Charles Bronson.

Quem nunca matou aula para ver “Desejo de Matar 3” não viveu. Nunca vou esquecer o Cine Vitória explodindo em aplausos quando Charlão arremessou um punk vagabundo do quinto andar e foi beijado pelos velhinhos do prédio. Vejam só o trailer dessa belezinha…

 


 

Bronson era o cara. Fez filmes ótimos e outros péssimos, sempre com a mesma expressão facial gélida, que alguns malas teimavam em chamar de “bovina”.

Seu nome verdadeiro era Charles Buchinsky. Filho de lituanos, nasceu numa região carvoeira da Pensilvânia. Tinha 14 irmãos. A família era paupérrima. Aos dez anos, Charles já trabalhava nas profundezas das minas de carvão, onde ficou até a maioridade, quando se alistou na Força Aérea e foi lutar no Pacífico. Voltou da Segunda Guerra com uma medalha no peito.

Nos anos 50, em meio à onda anticomunista liderada pelo senador McCarthy, o ator mudou o nome para Charles Bronson. Buchinsky era “russo demais”.

Sua carreira no cinema durou de 1951 a 1999. Entre o fim dos 60 e o início dos 80, foi um dos astros mais populares do mundo e fez alguns de seus melhores filmes: “Era Uma Vez no Oeste”, “Desejo de Matar”, “Lutador de Rua”, “O Passageiro da Chuva” e “Telefone”.

 


 

Bronson trabalhou com diretores de primeira: George Cukor, Sergio Leone, John Sturges, Robert Aldrich, Roger Corman, André de Toth, Vincente Minelli, Samuel Fuller, Sydney Pollack, René Clément, Walter Hill, Terence Young, Richard Donner, Michael Winner e Don Siegel. Morreu aos 81 anos, em 30 de agosto de 2003.

Aqui vai, em ordem cronológica, meus 15 filmes prediletos estrelados por Charles Bronson. Tem alguns abacaxis no meio, que incluí por razões sentimentais e nostálgicas. Bronson fez parte da vida cinéfila de tanta gente, que muitos iam ao cinema só para vê-lo, sem se importar se o filme prestava. Eu era um deles.

Apache (Robert Aldrich, 1954) – Faroeste mediano, mas ver Burt Lancaster de índio não tem preço.

Machine Gun Kelly (Roger Corman, 1958) – Bronson faz o personagem-título, um gângster e ladrão de bancos que aterrorizou os Estados Unidos na época da Lei Seca, nesse excelente policial de Roger Corman.

Sete Homens e Um Destino (John Sturges, 1960) – Imagine uma defesa dessas: Charles Bronson, Yul Brinner, Steve McQueen e Robert Vaughn. Nem o Messi chegava perto. Faroeste clássico, adaptado de “Os Sete Samurais” de Akira Kurosawa.

Fugindo do Inferno (John Sturges, 1963) – Nazistas levam Steve McQueen, James Garner, James Coburn, Donald Pleasence, James Donald e Charles Bronson a um campo de prisioneiros barra pesada e os desafiam a escapar. Charlão e sua patota dão uma bela lição aos chucrutes.

This Property is Condemned (Sydney Pollack, 1966) – Filme raro, o segundo dirigido por Sydney Pollack. Francis Ford Coppola co-escreveu o roteiro, baseado numa peça de Tennessee Williams sobre um forasteiro (Robert Redford) que chega a uma pequena cidade do sul dos EUA e disputa a gata Natalie Wood com – adivinha? – Charles Bronson.

Os Doze Condenados (Robert Aldrich, 1967) – Esse filme faz “Mercenários” parecer “O Mágico de Oz”: um grupo de soldados e criminosos, incluindo Bronson, Lee Marvin, Ernest Borgnine, Jim Brown, Donald Sutherland, Robert Ryan, John Cassavetes (ele mesmo, o diretor), Telly Savallas e até o cantor Trini Lopez embarcam numa missão suicida: arrepiar um encontro de nazistas na França ocupada. Deve ter batido algum recorde mundial de testosterona num mesmo filme.

Era Uma Vez no Oeste (Sergio Leone, 1968) – Dizer o quê? Se você não viu Bronson tocando gaita e duelando com Henry Fonda, sua vida não está completa.

Passageiro da Chuva (René Clément, 1970) – Um thriller misterioso dirigido na França pelo grande Clément, de “O Sol por Testemunha”. Bronson faz um policial que investiga um estuprador e acaba envolvido com uma de suas vítimas, interpretada por Marlène Jobert. Um dos primeiros – de vários – filmes que Bronson fez com a então esposa, Jill Ireland.

Cittá Violenta (Sergio Solima, 1970) – Outro filmaço policial, dessa vez com Bronson no papel de um matador de aluguel que acaba caçado pelo patrão, o imortal e careca Telly Savallas.

O Segredo da Cosanostra / The Valachi Papers (Terence Young, 1972) – Vi esse filme numa madrugada na Band, há uns 25 anos, e nunca esqueci: Bronson faz um informante condenado à morte pela Máfia. Bom demais.

The Mechanic (Michael Winner, 1972) – Filme surpreendente, na linha do “cinema da paranóia” que marcou thrillers americanos da época, como “The Parallax View” e “Três Dias do Condor”. Bronson faz um matador de aluguel perseguido pela misteriosa corporação para a qual trabalha.

Desejo de Matar (Michael Winner, 1974) – Junto com o “Dirty Harry” de Clint Eastwood, a série “Desejo de Matar” – cinco filmes em 20 anos – foi um marco do cinema de direita e uma reação ao hippismo da época do Vietnã, com personagens isolados em um mundo violento e que decidem fazer justiça com as próprias mãos. O primeiro “Desejo de Matar” é muito bom. Pisque e você perderá um astro do cinema fazendo sua estréia – sem crédito – no filme e levando de presente um balaço do Charlão. Confira…

 


 

Lutador de Rua (Walter Hill, 1975) – Passa de vez em quando na TV e revejo TODAS as vezes. Bronson faz um desempregado que chega em New Orleans no meio da Grande Depressão e ganha a vida em lutas de rua. Seu agente é o sempre fantástico James Coburn. Estreia de Walter Hill na direção.

Telefone (Don Siegel, 1978) – Esse é outro daqueles filmes que é melhor nem começar a ver porque é impossível parar. Nos Estados Unidos, um homem misterioso telefona para algumas pessoas e declama um poema de Robert Frost. As pessoas imediatamente ficam hipnotizadas – na verdade, eram agentes da KGB inflitrados – e cometem atos de terrorismo. O homem que dá os telefonemas é Donald Pleasence. Bronson faz um militar russo que vai atrás do criminoso, é Charles Bronson. Para melhorar, Lee Remick faz uma sensual agente da CIA e a direção é de Don Siegel.

Caçada Mortal / Death Hunt (Peter H. Hunt, 1981) – Qualquer filme com Bronson, Lee Marvin, Carl Weathers (o Apollo Creed de “Rocky”) e a gostosura da Angie Dickinson já vale o ingresso. Mas esse é bom mesmo, um faroeste/policial sobre um fugitivo – Bronson, claro – perseguido pela Polícia Montada Canadense.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Finalmente: Monomen no Brasil!

Por Andre Barcinski
30/08/13 07:05

No início dos anos 90, Seattle era a capital americana do rock. A gravadora Sub Pop fica lá, e o grunge estava no auge.

Mas os shows mais divertidos da região não rolavam em Seattle, mas numa pequena cidade 145 quilômetros ao norte, chamada Bellingham. Em Bellingham ficava a sede da gravadora Estrus e a casa do grupo Monomen.

 


 

O líder do Monomen era Dave Crider, chefão da Estrus e figura mitológica da cena de rock de garagem do noroeste americano. Em meados dos anos 80, ele já tocava em grupos locais e fundou o Monomen em 1987.

O nome “Monomen” é uma homenagem a Jeff “Monoman” Connoly, líder de outra banda importante dessa onda de revival do pré-punk, The Lyres, de Boston (aliás, recomendo o livro “Vinyl Junkies”, de Brett Milano, sobre colecionadores obsessivos de vinil, que tem um capítulo inteiro sobre Jeff Connoly e seu amigo Pat McGrath, dono da gravadora/loja Looney Tunes).

A gravadora de Dave, a Estrus, lançou bandas como Mummies, Man or Astro-Man?, Phantom Surfers, Monkeywrench (projeto paralelo de membros do Mudhoney), Mooney Suzuki, Gas Huffer, Superchargers e uma penca de outras. Só coisa fina.

Amanhã, o Monomen começa uma pequena turnê no Brasil. O grupo toca sábado em Brasília (Porão do Rock) e domingo em Goiânia (infelizmente, o show de São Paulo, que deveria ser hoje, foi cancelado devido ao atraso na chegada dos vistos da banda ao Consulado do Brasil em Buenos Aires, onde o grupo se apresentava).

Dave Crider já esteve no Brasil com duas outras bandas, Watts e The DT’s. De sua casa em Bellingham, me disse, por telefone, que adora o público brasileiro e que sempre se surpreendeu com o gosto dos brasileiros pelo rock de garagem típico da Estrus.

Perguntei a Dave por que a molecada do noroeste americano gosta tanto de bandas de garagem de estilo pré-punk sessentista. “Você precisa lembrar que a banda pioneira do estilo, o Sonics, veio daqui”, disse, antes de citar também Wipers e U-Men como grupos influentes da região.

Difícil imaginar um programa melhor do que ver o Monomen. É uma chance raríssima, já que a banda fez poucos shows nos últimos anos.  “Quando achamos que uma turnê pode ser divertida, nos juntamos e tocamos”, diz Dave. Esse é o espírito.

E vejam só as mensagens desses fãs do Monomen no México…

 


Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Uma cena de rock sem beija-mão estatal

Por Andre Barcinski
29/08/13 07:05

O canal BIS exibe hoje, às 19h30, o documentário “Do Underground ao Emo”, dirigido por Daniel Ferro.

É um relato abrangente e muito bem feito sobre o surgimento da cena de rock que revelou bandas como CPM22, Dead Fish, Blind Pigs, Dance of Days, NX Zero, Fresno e tantas outras, e que depois se transformaria na invasão de grupos emo que assolou o país.

 


 

O filme mostra como essa cena se desenvolveu de forma independente, com bandas lançando fitas cassete, tocando em pulgueiros e criando um público fiel, até chegar ao sucesso comercial de Fresno, Strike, NX Zero e CPM 22.

Há dois momentos capitais nessa história. A primeira é a inauguração, em 1998, do Hangar 110, a casa paulistana que foi a meca de todas essas bandas.

O segundo é o lançamento do segundo LP do CPM 22, em 2001. O disco foi lançado pela Arsenal, gravadora de um produtor esperto, Rick Bonadio, que percebeu a fama da banda no underground e a ajudou a chegar às rádios e TVs. O CPM 22 foi o primeiro dessa turma a gravar em português e a buscar um som mais acessível.

Daí, o filme toma uma direção bem interessante e tenta explicar como alguns dos grupos pioneiros dessa cena, como CPM 22, Hateen e Dance of Days, inicialmente inspirados pelo emotional hardcore de grupos americanos como Jawbreaker, Samiam e Sunny Day Real Estate e pelo punk “limpinho” de Bad Religion e  Offspring, viram a cena emo brasileira se multiplicar em dúzias de clones de My Chemical Romance e Good Charlotte.

É divertido ver integrantes do Dead Fish e Dance of Days se referirem à cena emo que surgia como um fenômeno idiotizante e alienado. É a eterna briga do velho contra o novo.

Goste ou não dessas bandas, é inegável que formaram uma cena musical alternativa e independente de verdade. No filme, ninguém fala em editais, estatais ou em shows bancados pelo poder público. E nunca vi nenhum desses caras beijando mão de governo e puxando saco de políticos. Parabéns pra eles.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

É o preço do ingresso, estúpido!

Por Andre Barcinski
28/08/13 07:05

Quando o futebol brasileiro passa por um processo preocupante de elitização, com aumentos nos preços dos ingressos e o afastamento do torcedor com menor poder aquisitivo, um exemplo recente mostra que a solução pode ser o inverso: baixar o preço e faturar mais.

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma reportagem da “Folha” (leia aqui), publicada ontem, mostra como a arrecadação do São Paulo cresceu depois que o clube decidiu reduzir o preço dos ingressos para atrair de volta o torcedor ao Morumbi.

Claro que a decisão do clube foi de desespero: o time está na zona do rebaixamento e precisava, mais que nunca, do apoio do torcedor. Mas deu certo.

Todos os outros clubes do país deveriam seguir o exemplo. Seria uma paulada nessa onda de “vipização” e embranquecimento das arquibancadas.

E esse fenômeno não se dá apenas no futebol. Cinemas, teatros e shows também têm buscado, nos últimos anos, clientes de “maior qualidade” (uso o termo entre aspas, claro, porque não acredito nessa bobagem).

Lembro que, por volta de 2000, houve um show do grupo juvenil Hanson no Via Funchal, em São Paulo. Foi a primeira vez que ouvi falar em “Área Vip”. A casa separou um espaço em frente ao palco e cobrou ingressos absurdamente altos. Foi o primeiro setor a esgotar.

Desde então, quase todos os shows no Brasil têm áreas “exclusivas” e ingressos com mordomias. E o cliente adora.

Com a farra do dinheiro público e das concessões de estádios para a Copa do Mundo, essa “Onda Vip” está chegando ao futebol.

A justificativa que mais ouço por aí é uma que carrega um preconceito enorme: “Ah, os estádios estão novinhos, não é mais pra aquele torcedor mal educado…” Como se o povão não merecesse bons estádios e não soubesse se comportar neles.

Espero que os clubes aprendam que elitizar o futebol e cobrar ingressos altos pode ser bom para um ou dois jogos, mas vai matar os times a longo prazo. Esse público que só quer saber de mostrar cartaz pro Galvão e tirar fotos pro Instagram vai sumir assim que arranjar algo melhor para fazer.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Sheik é tão falso quanto jornalismo de Twitter

Por Andre Barcinski
27/08/13 07:05

Na semana em que a Síria matou mais de mil pessoas, provavelmente usando armas químicas, em que Dilma liberou 1,2 bilhão em verbas para deputados e senadores, enterrando a CPI da Copa do Mundo, em que o STF não explicou por que sumiu da pauta o julgamento do “Mensalão Tucano”, e em que a Câmara dos Deputados confirmou ter 1370 funcionários recebendo “supersalários”  irregulares de mais de 28 mil reais, o assunto que dominou o país foi o selinho de Emerson Sheik em um amigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quarta-feira, dia 21, uma foto da Associated Press mostrava pais em Damasco tentando reconhecer os cadáveres dos filhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquanto isso, as reportagens mais lidas em sites de informação aqui no Brasil foram a bronca que a ex-Panicat Nicole Bahls deu na funkeira Anitta (“Ela deveria botar os pezinhos no chão”) e a cobertura da Festa de Peão de Barretos. Além do beijinho do Sheik, claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O caso do selinho deveria ser estudado em cursos de jornalismo.

Um jogador de futebol, Emerson Sheik, dá uma bitoca num amigo e posta a imagem no Instagram. No dia seguinte, cinco – repito, cinco – integrantes de uma torcida organizada fazem um protesto homofóbico, e o selinho vira assunto nacional.

Num exemplo da volatilidade de acontecimentos gerados por mídias sociais, Sheik, assim que viu a repercussão negativa do beijinho, fez questão de pedir desculpas à maior torcida organizada de seu time: “Não sou são-paulino”. O ativista contra o preconceito virou preconceituoso, de um dia para o outro. É ou não fantástico o mundo do ativismo virtual?

Não tenho nada contra o jornalismo de celebridades. A vida dos famosos sempre interessou ao povão e vai continuar interessando.

O problema é quando esses assuntos passam a merecer um espaço desproporcional à sua real importância. Quando o Twitter das celebridades vira uma fonte de informação tão impactante, é porque alguma coisa está muito errada.

Não acho que o jornalismo esteja piorando, como dizem muitos, mas essa obsessão em se pautar pelos textos mais lidos da Internet está causando um desequilíbrio na noção do que é ou não notícia.

É um círculo vicioso: a maioria prefere ler futilidades, então essas futilidades lideram o ranking dos assuntos mais lidos, dominam o noticiário e empurram assuntos realmente sérios para cantos escuros, onde atraem apenas uma minoria de chatos (perceberam como os que se opuseram à destruição do Maracanã estão sendo tachados de “saudosistas”?) .

Isso cria uma falsa noção de democracia, em que a voz da maioria decide o que importa ou não.

Imagine um mundo onde chefs de cozinha passem a só fazer pizza porque é o que o povão prefere; em que escritores só lancem “50 Tons de Cinza” porque é o que o povão lê, e onde cineastas só dirijam comédias estúpidas que parecem rebutalho do “Zorra Total”, porque a maioria gosta disso.

Na verdade, não é preciso grande esforço de imaginação. Isso está acontecendo aqui e agora. Ao contrário do selinho do Sheik, isso é real. A mediocridade, ou a vitória do gosto médio, está tomando conta. Tá tudo dominado.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
Posts anteriores
Posts seguintes
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailandrebarcinski.folha@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts André Barcinski
  1. 1

    Até breve!

  2. 2

    Há meio século, um filme levou nossas almas

  3. 3

    O dia em que o Mudhoney trocou de nome

  4. 4

    Por que não implodir a rodoviária?

  5. 5

    O melhor filme do fim de semana

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 04/07/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).