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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

Meus dois centavos (em reais, não Cubo Cards) sobre o Fora do Eixo

Por Andre Barcinski
12/08/13 07:05

Vários leitores pediram um texto sobre as recentes polêmicas envolvendo o coletivo Fora do Eixo.

Nos últimos dias, pipocaram na web muitos depoimentos – a favor e contra – o Fora do Eixo. Selecionei trechos marcantes de dois deles.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O primeiro, de Rafael Vilela, é a favor (leia a íntegra aqui), e pinta uma imagem lúdica e elogiosa da vida dentro da Casa Fora do Eixo, em São Paulo:

Passei a fazer parte do famoso Caixa Coletivo. É tipo mudar de combustível – de um poluente pra um biodegradável. Você continua se alimentando, tomando banho, tendo os equipamentos que precisa, as roupas que gostaria de usar mas o que te move já não é mais o mesmo. A ânsia por ter cada vez mais e ser cada vez menos já não nos alcança. É trocar um modelo de salário, de acúmulo e de fetiche pelo pertencimento por uma vivencia comunitária, compartilhada em bens, serviços e afetos, onde o medidor máximo de sucesso é o FIB – a Felicidade Interna Bruta.

O segundo, de Laís Bellini (íntegra aqui), vai no caminho oposto: descreve uma série de problemas e situações desagradáveis que a autora diz ter vivido, na mesma Casa Fora do Eixo:

Você vive dentro da Casa Fora do Eixo São Paulo e isso é a sua vida. Se você quer visitar seus pais no interior… olha sinceramente, que você tenha um bom motivo… e que não venha “pedir” dois meses seguidos. Sim, porque ali o verbo era esse. “Posso ir visitar minha mãe essa semana?”, coisas do tipo. (…) Agora, ai de você perguntar por que o Pablo tá saindo. Por que a Lenissa vai passar 3 dias fora. Você não tem que perguntar. Ela vai sair, vai usar o dinheiro do caixa coletivo, não vai pedir a ninguém o quanto vai usar. Mas claro, veja bem, ela tem “mais lastro que você”. O Pablo resolveu dormir até mais tarde e perdeu o vôo. Não importa, ele nem se deu a obrigação de cancelar o vôo. “Você vai ligar lá Laís, vai dar um jeito de trocar a passagem.” “Mas já passou a hora do checkin” “não importa, troca, ou compra outra, tem que comprar outra, rápido Laís, já resolveu (o gtalk bombando!!!) vai Laís, vai logo, menina, tá lerda hoje, você é lerda mesmo né, parece retardada”.

Sobre a convivência dentro da Casa Fora do Eixo, acho que só quem esteve lá pode opinar. Se um maior de idade decide fazer parte de um culto onde as pessoas falam etrusco, vivem peladas e usam perucas de frutas da Carmen Miranda, ninguém tem nada com isso. A menos que as perucas tenham sido compradas com dinheiro público.

O que leva à pergunta que ainda não vi respondida de forma convincente: o Fora do Eixo é um coletivo “independente”, como apregoa, ou apenas usa esse discurso para captar verbas – públicas e privadas – sem dividi-las com os artistas?

A acusação mais freqüente que ouço contra o Fora do Eixo é de que ele coopta o trabalho de muitas pessoas, quase sempre sem pagar – ou “desmonetariza”, como diz o jargão do coletivo – só para inflar sua própria importância e, assim, captar mais verbas.

Não sou contra o uso de verbas públicas em cultura. É para isso que existem leis e editais. Sou contra usar verba pública em eventos com ingressos caros. Acho que grana estatal deveria ir para eventos gratuitos ou muito baratos. Também acho que iniciativas de preservação e recuperação de acervos e arquivos precisam de ajuda estatal. Mesmo os eventos gratuitos precisariam passar por uma peneira mais fina, para evitar casos como o da Virada Digital, um evento bancado por estatais e que prometia levar “tecnologia de ponta” à cidade de Paraty, mas que deixou um rombo gigantesco de contas não pagas na cidade e prejudicou muitos comerciantes locais (por coincidência, um dos palestrantes foi Pablo Capilé, do Fora do Eixo – leia mais aqui).

Há alguns anos, eu era sócio de uma casa noturna em São Paulo e fui convidado a participar de um evento em Recife, patrocinado pela Petrobras, chamado Feira Música Brasil (antes que perguntem, não recebi nada pela participação, apenas passagem e hospedagem).

Segundo o site da Petrobras, a Feira Música Brasil é “um evento voltado para o incentivo à indústria cultural, a partir de ações que movimentem a cadeia produtiva de economia da música, em todas as suas etapas e desdobramentos.” Achei o site do FMB de 2010, que aconteceu em Belo Horizonte, e que tem o logotipo do Fora do Eixo por todos os lados (veja aqui).

O que vi em Recife me impressionou, e não positivamente: durante três ou quatro dias, falei com dezenas de grupos e artistas, especialmente nordestinos, maioria no evento. E nenhum deles – não é exagero – vivia sem algum tipo de ajuda estatal.

Quase todos os CDs que recebi tinham o selo de alguma prefeitura ou governo estadual. Todos os shows que as bandas faziam eram pagos por alguma prefeitura.

Comecei a perguntar às bandas quantos shows elas tinham agendados em locais privados. Depois de horas, encontrei uma, que dizia ter um show marcado num bar em Porto Alegre. Mas as passagens estavam sendo custeadas pelo governo de Pernambuco.

Na casa noturna da qual fui sócio, fizemos dezenas de shows de bandas brasileiras. A média de pagantes era baixíssima, insuficiente até para pagar o staff da casa. Das muitas bandas alternativas brasileiras que tocaram lá, lembro apenas uma – o Matanza – que parecia ter público para se sustentar.

Talvez os artistas consigam se sustentar no mundo do Fora do Eixo, onde recebem em moeda própria e trocam sua arte por “serviços” ou coisa que o valha. Mas isso não vale no mundo real, onde ninguém sabe o que é o tal Cubo Card. O Fora do Eixo recebe em reais e paga em Cubo Cards. É o verdadeiro Milagre Econômico.

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O filme mais assustador que você já viu. E é tudo verdade...

Por Andre Barcinski
09/08/13 07:05

Como é bom ter leitores bem informados e antenados com as novidades. Foi um deles, Ricardo – não sei o sobrenome – que indicou um filme que eu, estupidamente, havia ignorado: “The Act of Killing” (“O Ato de Matar”), do americano Joshua Oppenheimer.

 


 

Chamar “The Act of Killing” de documentário é enganoso. Parece mais um filme-ensaio que parte de um tema real: o assassinato de cerca de um milhão de pessoas depois do golpe de Estado de 1965 na Indonésa, que pôs  na Presidência o sádico Suharto.

Os personagens principais são dois velhinhos simpáticos, Anwar Congo e Ady Zulkadry. Eles aparecem brincando com os netos, dançando e passeando por um shopping com a família. É só quando começam a contar suas trajetórias que percebemos que são dois assassinos em massa. Anwar diz ter matado mais de mil pessoas, a maioria por estrangulamento com uma forca de arame.

Os dois eram bandidinhos comuns e viviam de pequenos golpes, quando Suharto tomou o poder e começou a arregimentar grupos paramilitares para exterminar comunistas – na verdade, qualquer um que se opunha ao regime. Anwar e Ady viraram astros da nova máquina de matar do Estado indonésio, liderando ataques a aldeias, escolas, fazendas, universidades, enfim, a qualquer lugar sob “ameaça” comunista.

O diretor Joshua Oppenheimer convenceu alguns dos membros desses esquadrões da morte a reencenar, em forma de musical, faroeste e filme de aventura, algumas das atrocidades que cometeram. E o resultado é um filme que, sem mostrar nenhuma imagem de arquivo ou cena real de violência, é um dos estudos mais impressionantes que já vi sobre a banalidade do mal.

É inacreditável ouvir velhos amigos se reunindo para relembrar os bons tempos quando estupravam meninas de 14 anos ou degolavam famílias inteiras. Mais impressionante ainda é perceber como são tratados como heróis por grande parte da população e dos políticos. Anwar, em especial, é um popstar: dá autógrafo nas ruas, tira fotos com crianças e é entrevistado em programas de televisão.

Anwar se diz assombrado por fantasmas das pessoas que matou. Ady diz dormir tranqüilo e ri quando o diretor menciona a Convenção de Genebra: “Eu sigo a Convenção de Jacarta.”

Fanático por John Wayne e filmes de gângsteres, Anwar se mostra empolgado com a chance de, finalmente, estrelar seu próprio filme. Ele percorre bairros miseráveis da capital indonésia, recrutando figurantes. Durante as filmagens, orienta os atores: “Agora você grita: Não mate meu filho! Pelo amor de Deus, poupe minha família!”

“The Act of Killing” tem cenas tão absurdamente irreais que parecem um pesadelo de David Lynch com imagens de Fellini. Um dos assassinos, um obeso chamado Herman, gosta de interpretar mulheres sendo estupradas e se veste como uma drag queen, com vestidos de cores berrantes e maquiagem pesada. Ele encena alguns dos pesadelos de Anwar, interpretando uma vítima que volta do Além parase vingar.

Dois dos maiores cineastas em atividade no mundo, Errol Morris e Werner Herzog, viram alguns minutos do filme e viraram produtores-executivos. Aqui, eles falam sobre “The Act of Killing”…

 


 

O filme estreou em cinemas nos Estados Unidos. Torço para que algum distribuidor exiba por aqui, ou que chegue logo à TV a cabo. A “Folha” fez uma reveladora entrevista com o diretor, Joshua Oppenheimer (leia aqui).

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Pelvs celebra “21 anos de anonimato”

Por Andre Barcinski
08/08/13 07:05

Foram quatro álbuns em 21 anos de carreira. E o grupo carioca Pelvs resolveu disponibilizar toda sua produção – 68 músicas, incluindo os quatro discos, faixas inéditas e demos – de graça. É só acessar o site da banda (aqui) e baixar tudo.

Procurei meu amigo André Saddy, tecladista da Pelvs, para uma pequena entrevista sobre a iniciativa da banda. Mas Saddy, que é um “novato”– tem só sete anos com o grupo – passou a bola para um dos fundadores, Rafael Genu.

 


 

O que motivou vocês a disponibilizar toda a produção da banda?

Todas as tiragens dos nossos discos foram pequenas e esgotaram-se com o tempo. Em paralelo, tínhamos esse projeto antigo da Caixa, de reunir todo o material que gravamos ao longo da carreira e ficou de fora dos quatro álbuns. Aos poucos, fomos digitalizando as demos, garimpando registros de shows Brasil afora e gravando covers, coisas novas, para não ficar apenas o registro inicial da banda, e sim as transformações que ela sofreu em mais de 20 anos.  O momento agora foi perfeito, pois a Pelvs estava inativa há algum tempo. Eu mesmo passei dois anos morando no exterior e outros integrantes da banda também saíram do Rio ou estiveram envolvidos com outros projetos pessoais e profissionais. Quando voltei da França, no ano passado, decidimos finalmente fazer um site próprio e disponibilizar a única coisa que a Pelvs realmente tem a oferecer ao público: sua obra. Tudo foi feito em parceria com o nosso selo, midsummermadness.

A Pelvs lançou quatro discos de estúdio em 21 anos, alguns com até sete anos de intervalo. Por que tanto tempo entre um disco e outro?

A gente faz tudo muito devagar porque esse é o nosso ritmo. Tirando o Gustavo, que é músico mesmo, o resto da banda tem outras atividades que dificultam um comprometimento maior. No início, tínhamos uma regularidade de Copa do Mundo, como gosta de lembrar o Rodrigo Lariú (sócio do mm e manager da Pelvs). Lançamos “Peter Greenaway’s Surf” em 1993, “MembertoSunna” em 1997 e “Peninsula” em 2001. Depois, os intervalos ficaram maiores e se lançarmos um disco em 2014 já serão mais de sete anos desde “Anotherspot”. Por outro lado, temos alguns períodos produtivos, como agora. Gustavo está terminando de gravar seu disco solo – “Velha” – cantado em português, e na sequência vamos engatar o novo álbum da Pelvs. Metade do repertório já está praticamente definido e vamos gravar novamente em casa, no Pelv Home Studio.

Vocês vêem a Pelvs mais como um projeto entre amigos? Ou chegaram a pensar em fazer carreira com a banda?

Entendo o que você quer dizer com fazer carreira. Pensamos nisso numa época. Quando tinha uns 22 anos e o Dodô (baterista original) saiu da banda, logo após o lançamento do “MemberstoSunna”, cheguei a propor ao Gustavo largar tudo e nos mandar para Londres. A resposta dele foi que não se imaginava morando em outro lugar que não fosse o bairro do Flamengo. A realidade é que somos despretensiosos por natureza, e talvez um pouco preguiçosos. Amigos, com certeza. O que mantém a Pelvs unida é a amizade não só entre os membros da banda, mas também com o core do nosso público.

Vinte e um anos de estrada, para uma banda carioca de rock, e independente, é um feito e tanto. Como vocês sobreviveram no Rio, o túmulo do rock?

A gente sempre teve onde gravar e onde tocar. E um público, mesmo que segmentado, para ouvir. No Freezer, que foi o estúdio do Gustavo e do Dodô durante anos, gravamos três discos, e agora montamos esse estúdio em casa. Amigos muito próximos à banda comandam o Grupo Matriz, no Rio, e volta e meia nos convidam para tocar em suas casas noturnas. A Pelvs sobrevive no underground graças às relações que conseguiu construir ao longo do tempo – e à permanente atividade do Gustavo como músico e produtor. Por exemplo, ele gravou “Pessoas do Século Passado com o Dodô” em 2004 e produziu o último disco do Cigarettes, lançado em 2012. Fora isso, é ótimo ter um “patrão” que também é fã da banda, e o Lariú está sempre com o nome da Pelvs na ponta da língua, quando pinta alguma oportunidade.

Quais os planos da banda para o lançamento do disco? Show? Turnê?

Em 2013, nosso primeiro álbum completa 20 anos. É uma data especial. Até dezembro, vamos fazer pelo menos um show no Rio e um em São Paulo reproduzindo um pouco aquele clima do início dos anos 90. A ideia é dividir a apresentação em dois sets. No primeiro, tocaremos as 21 músicas de “Peter Greenaway’s Surf” na mesma ordem do disco. No segundo, algumas canções da época que entraram na Caixa (sim, porque ainda tem muita coisa que ficou de fora). A partir dessas duas apresentações, esperamos receber convites de outros estados e agendar shows para o início do ano que vem.

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Sinatra: o nascimento do mito

Por Andre Barcinski
07/08/13 07:05

Frank Sinatra é uma das personalidades mais dissecadas e analisadas da cultura pop. Impossível saber quantos livros, teses, ensaios, filmes e reportagens foram feitos sobre ele. E mesmo com um tema tão batido, ainda tem gente disposta a gastar anos de pesquisa e suor para tentar explicar o que fez de um filhinho de mamãe de Hoboken o maior cantor pop de todos os tempos.

 


 

Acaba de sair no Brasil, pela Cia. das Letras, “Frank – A Voz”, de James Kaplan, autor de textos para a revista “The New Yorker” e de biografias de Jerry Lewis e do tenista John McEnroe. Fiz um texto sobre o livro para a revista “São Paulo”, da “Folha” (leia aqui).

Se você já leu outros livros sobre Sinatra, não vai encontrar grandes novidades –  o que há de novo para contar que outros mil livros não contaram?  Mas se você quer uma análise interessante e profunda do fenômeno Sinatra, além de um relato biográfico minucioso, pode comprar sem medo.

O livro de Kaplan começa em 1915, quando o pequeno Francis nasce em um parto difícil e quase morre ao ser retirado a fórceps (ele chegou a ser dado como morto), e termina em 1953. Kaplan já anunciou um segundo volume, que vai contar a segunda metade da vida do cantor.

Segundo o autor, Francis era um “poseur”, um garoto mimado que fez de tudo para vender ao mundo uma imagem de durão (sua ligação com mafiosos, diferentemente do que Frank dizia, não foi tão próxima, pelo menos durante a adolescência). A mãe, Dolly, era parteira e também ganhava uns trocados fazendo abortos. Dolly era uma personagem importante e influente da vida social de Hoboken e mexeu os pauzinhos o quanto pôde para ajudar a carreira do filho.

Desde muito jovem, Sinatra sabia que era um cantor especial. Em seus delírios, se via destronando o todo-poderoso Bing Crosby do trono de maior cantor da América, o que não tardaria a acontecer.

Era uma ególatra talentoso, que não vacilava em pisar no pescoço de quem o havia ajudado para subir na vida e na carreira. Tanto que, pouco depois de conseguir o cobiçadíssimo posto de cantor da big band de Tommy Dorsey, seu grande ídolo musical e figura paterna, já começou a tramar para abandoná-lo. Sinatra era grande demais para ser coadjuvante de qualquer um, mesmo de Dorsey.

Uma figura importante do livro é George Evans, assessor de Sinatra. Evans não só cunhou a expressão “A Voz” para definir o cantor, mas contratava meninas para desmaiar e dar chiliques durantes seus shows. Foi ele que ajudou a criar o mito de Frank.

Kaplan escreve muito bem sobre Sinatra e sua época, um dos períodos mais fascinantes da cultura pop, quando as “big bands” foram dando lugar aos cantores na preferência do público e o rádio começou a dominar. Frank foi o primeiro popstar do mundo, um artista que surgiu durante a depressão da Segunda Guerra e soube aproveitar bem o nascimento do mercado adolescente a partir do fim dos anos 40. A transformação de Frank Sinatra, de ídolo “teen” das “bobby soxers” a maior cantor do mundo, é uma história é tanto.

 


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Feliciano não aprende

Por Andre Barcinski
06/08/13 07:05

Drauzio Varela, em sua coluna na “Folha”, com o ótimo e certeiro título de “Fascismo em Nome de Deus”, disse tudo (leia aqui) sobre as ameaças de religiosos à decisão da presidente Dilma em sancionar o Projeto de Lei que garante o atendimento imediato em hospitais de vítimas de violência sexual.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Um Estado laico tem direito de submeter a sociedade inteira a uma minoria de fanáticos decididos a impor suas idiossincrasias e intolerâncias em nome de Deus? Em que documento está registrada a palavra do Criador que os nomeia detentores exclusivos da verdade? Quanto sofrimento humano será necessário para aplacar-lhes a insensibilidade social e a sanha punitiva?”, escreveu Drauzio.

Já escrevi várias vezes aqui sobre o absurdo de permitir que políticos usem suas convicções religiosas para decidir a vida do país inteiro. Mas a reação do Pastor Marco Feliciano à decisão de Dilma mostra que alguns ainda insistem em confundir as coisas.

As palavras de Feliciano são asquerosas e absurdas. O deputado – e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados – diz que o projeto possibilitará que mulheres que engravidaram após uma relação sexual sem consentimento, “porque estava com dor de cabeça”, façam aborto.

“Esse projeto, além de ser para vítima de estupro, também fala de sexo sem consentimento, profilaxia da gravidez, como se gravidez fosse doença. Uma mulher grávida de dois meses dizendo ao médico que o marido fez sexo à força, ou ela não queria porque estava com dor de cabeça? Aborto feito. Não há como comprovar que o sexo foi sem consentimento.”

Repetindo: são palavras do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Não dá para aguentar mais o obscurantismo e intolerância de servidores públicos que não entendem a diferença entre defender suas convicções religiosas e achar que elas se aplicam a toda a sociedade.

P.S.: Estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia e só poderei moderar os comentários no início da noite. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência. 

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Privatização do Maracanã: o esculacho chegou ao limite

Por Andre Barcinski
03/08/13 23:53

Mesmo num país acostumado a escândalos, a saga da privatização do Maracanã se destaca como um dos maiores exemplos de desleixo, incompetência política, desrespeito ao patrimônio público e jogo de interesses da história recente do país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sexta-feira passada, dia 2, o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), anunciou que desistiu de demolir o Parque Aquático Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, que fazem parte do complexo do Maracanã (leia aqui a reportagem da “Folha”).

Isso abre brecha para que o consórcio que venceu a licitação de uso do estádio, formado por Odebrecht, IMX, do empresário Eike Batista, e a americana AEG, desista de assumir o estádio.

“Vou aguardar resposta do consórcio [Maracanã]. Se não for viável não tenho o que fazer. Não posso brigar”, afirmou o governador.

Ao justificar sua decisão, Cabral disse: “Recebemos manifestações da Justiça do Estado e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) solicitando a paralisação da demolição do Célio de Barros. Além disso, atletas, federações esportivas e a sociedade civil apelaram pela permanência do equipamento”.

Claro que seria um absurdo demolir o Julio Delamare e o Célio de Barros. O curioso é que o governador não pareceu tão preocupado quando membros do próprio Iphan, ano passado, consideraram “um crime” a demolição da marquise do Maracanã, que era tombada (leia aqui). Tampouco pareceu se importar com as manifestações contra a privatização do estádio e a destruição de sua arquitetura.

O que aconteceu nesse intervalo, que fez Cabral mudar de ideia tão radicalmente? Seria sua popularidade em queda livre? Ou o medo de ser lembrado como o governante que acabou com o maior estádio do mundo e deu carta branca para a arquibancada de 250 reais?

Se o consórcio vencedor sair da jogada, o resultado é que o Rio de Janeiro terá gasto 1,2 bilhão em verba pública para transformar um estádio mitológico em uma “arena” igual a tantas por aí. Com esse dinheiro, uma cidade mais séria construiria dois – ou até três – estádios novinhos em folha.

A mudança de planos de Sergio Cabral é mais um capítulo de uma saga marcada por desmandos e histórias mal explicadas nesse processo de privatização. Recomendo a leitura do excelente “Dossiê Maracanã”, de Gabriela Moreira e Lucio de Castro no site da ESPN, que mostra que o funcionário do Iphan que assinou a autorização da demolição, Carlos Fernando de Souza Leão Andrade, é funcionário do Estado do Rio de Janeiro e, após sua saída do instituto, foi abrigado no Governo com um cargo de R$ 10 mil. Um escândalo.

Também aguardamos, ansiosos, explicações claras e convincentes para o rapidíssimo – e, para alguns, conveniente – fechamento do Engenhão. Essa história está longe de acabar.


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“Mad Max” e a explosão do cinema australiano

Por Andre Barcinski
02/08/13 07:05

Acaba de sair em blu-ray uma caixa com os três filmes da série “Mad Max”, dirigidos pelo australiano George Miller.

“Mad Max” (1979) e “Mad Max 2” (1981) são ótimos; o terceiro, feito em 1985, nem tanto. Apesar de um orçamento maior e a presença de Tina Turner no elenco, é bem inferior aos dois primeiros.

 


 

A série ajudou a fazer a fama internacional não só de George Miller, mas de toda uma incrível geração de cineastas australianos que surgiu entre o inicio dos anos 70 e meados dos 80, chamada de “Nova Onda” (“New Wave”) do Cinema Australiano.

Fazem parte da turma gente como Peter Weir, Phillip Noyce, Bruce Beresford, Fred Schepisi, Gillian Armstrong, Russell Mulcahy, John Duigan, e até ingleses que filmaram na Austrália, como Ted Kotcheff e Nicolas Roeg.

Já escrevi aqui no blog sobre o cinema australiano (leia aqui) e, especialmente, sobre o melhor cineasta local, o talentosíssimo Peter Weir (leia aqui). O que esse sujeito fez de filmes bons é assombroso.

Aqui vai uma lista de meus filmes prediletos dessa geração. Em ordem cronológica:

Walkabout (Nicolas Roeg, 1971) – Dirigido pelo inglês Roeg (se puder, assista também a “Performance” e, especialmente, ao inacreditável terror psicológico “Don’t Look Now”/”Inverno de Sangue em Veneza”), é um dos meus filmes prediletos. Duas crianças são deixadas pelo pai no deserto australiano e são ajudadas por um menino aborígene, que os leva de volta à “civilização”. Um dos filmes mais inventivos e emocionantes que conheço, obra-prima do cinema de invenção.

Outback/Wake in Fright (Ted Kotcheff, 1971) – Outra produção australiana dirigida por um britânico, conta a história de um professor que aceita um emprego numa cidadezinha poeirenta do deserto australiano (chamada -juro – “Bundanyabba), onde entra em conflito com os sádicos e violentos moradores locais. Quão assustador é “Outback”? Basta dizer que assustou até Nick Cave, que o considera um dos filmes mais aterrorizantes já feitos. E vale só por Donald Pleasence e seu olhar assustador.

 


 

Piquenique na Montanha Misteriosa (Peter Weir, 1975) – Em 1900, um grupo de alunas de uma escola desaparece sem explicação durante uma visita à misteriosa Hanging Rock, uma formação rochosa no sudeste da Austrália. O filme tem um ar sexy e enigmático, e sempre me lembrou o trabalho do fotógrafo inglês David Hamilton, famoso por suas imagens de ninfetas.

The Last Wave (Peter Weir, 1977) – Gostou da cena da chuva de sapos de “Magnólia”? Aposto que Paul Thomas Anderson “se inspirou” nesse filme de Weir para criar a alegoria dos batráquios que caem do céu. “The Last Wave” é um terror psicológico absolutamente perturbador sobre um advogado metido em um caso de assassinato envolvendo um aborígene. Peter Weir é o cara. Não perca tamnbém “Gallipoli” (1981) e “O Ano em que Vivemos Perigosamente” (1982).

Breaker Morant (Bruce Beresford, 1980) – Revi esses dias no Telecine Cult, e continua fantástico: em 1902, três oficiais australianos são julgados por crimes supostamente cometidos na Guerra dos Bôeres, na África do Sul. O trio é usado de bode expiatório pelo governo britânico. Emocionante filme de tribunal.

Razorback (Russell Mulcahy, 1984) – Javalis gigantes aterrorizam o deserto australiano. Filme B de primeira, dirigido por Mulcahy, que depois faria fama dirigindo videoclipes cafonas para Elton John e Duran Duran. Lembro que ficou um tempão em exibição no saudoso Cine Marrocos, em São Paulo.

A Cry in the Dark (Fred Schepisi, 1988) – Meryl Streep e Sam Neill fazem um casal acusado pelo desaparecimento da própria filha, que tentam provar sua inocência. Baseado num caso real que mexeu com a Austrália. Revi há pouco tempo e a história é muito boa.

Navigator (Vincent Ward, 1988) – O neozelandês Ward fez esse filme lúdico e surrealista, sobre uma vila no norte da Inglaterra que, no século 14, ouve um menino contar a história da Peste Negra que quase dizimou a Europa. Por favor, não confunda com “Flight of the Navigator”, filme da Disney.

 


 

Dead Calm (Phillip Noyce, 1989) – Antes de ir para Hollywood e estourar com “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato”, estrelados por Harrison Ford e baseados em best-sellers de Tom Clancy, Noyce fez esse assustador exercício de terror, sobre um casal (Nicole Kidman e Sam Neill) que decidem fazer uma viagem de veleiro para se recuperar da morte do filho e acabam vítimas de um assassino (Billy Zane). Foi o primeiro sucesso de Nicole Kidman no cinema. O final é meio exagerado, mas, no todo, o filme funciona muito bem.

Além de Hollywood (Mark Hartley, 2008) – Excelente documentário sobre o cinema B australiano dos anos 70 e 80, passa de vez em quando na TV a cabo. Apesar de mais focado nos filmes de gênero – terror e suspense – o documentário conta a história da indústria de cinema da Austrália e traz cenas de muitos ótimos filmes.

P.S.: Estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência. Obrigado.

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“Secos e Molhados”: 40 anos de um marco do pop brasileiro

Por Andre Barcinski
01/08/13 07:05

Um disco marcante do pop-rock brasileiro está fazendo 40 anos: “Secos e Molhados”, o primeiro LP da banda que lançou Ney Matogrosso.

Foi em agosto de 1973 que o LP chegou às lojas, com uma capa mórbida, em que a cabeça de quatro hippies, pintados como personagens do kabuki, o antigo teatro japonês, repousavam numa mesa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na verdade, o sucesso dos Secos e Molhados se deve a uma conjunção de fatores. Em primeiro lugar, o disco era sensacional, com uma mistura rara de rock, psicodelia, MPB, música folclórica portuguesa e violões “folk”.

Mas o LP bem que poderia ter passado batido pelo público, não fosse a enorme sorte de ter atraído a atenção dos produtores do “Fantástico”, que estreava naquela mesma semana. O programa da Globo colocou uma imagem do Secos e Molhados em sua abertura, o que garantiu enorme visibilidade ao grupo.

A gravadora Continental não acreditava no disco e só topou lançá-lo porque o jornalista Moracy do Val, que havia visto um show do Secos e Molhados e ficara empolgado, insistiu muito.

Inicialmente, a Continental produziu apenas 1500 cópias do disco. No fim do ano, “Secos e Molhados” vendia tanto que a gravadora precisou derreter outros discos encalhados para suprir a demanda de vinil (a crise do petróleo dificultava a importação de matéria-prima).

O disco foi um choque, assim como as apresentações ao vivo, com a presença cênica libidinosa e desafiadora de Ney Matogrosso.

Nem os próprios integrantes do grupo acreditaram no sucesso que obtiveram. “Foi uma explosão totalmente imprevista, até para nós”, me disse Gerson Conrad. “Claro que o disco era muito bom, com uma forte carga poética, músicas muito boas e a voz incrível do Ney, mas ninguém poderia prever que venderia tanto.”

É uma pena que a carreira do Secos e Molhados – pelo menos da formação original, com Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad – tenha sido tão breve, encurtada por brigas pessoais. O grupo lançaria só mais um LP com os três músicos, em 1974.

 


 

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"Operação Invasão" é pancadaria das boas

Por Andre Barcinski
31/07/13 07:05

Há alguns meses, meu amigo Rodrigo Salem, que escreve sobre cinema na “Folha”, indicou “The Raid: Redemption”, um filme policial indonésio que estava fazendo sucesso entre fãs de “thrillers” de artes marciais. Assisti e me diverti demais.

 


 

O filme será exibido hoje, às 22h, no canal Maxprime, com o nome de “Operação Invasão”. Se você curte desligar o cérebro por 100 minutos e ver um festival de tiros, explosões e pancadaria, é um programa excelente. Só não espere bom senso ou comedimento.

A trama de “Operação Invasão” é genial em sua simplicidade: um grupo de 20 homens da polícia indonésia precisa invadir um prédio de 15 andares em um bairro miserável de Jacarta, tomado por uma gangue de traficantes, e prender o chefão, um sádico chamado Tama (os nomes são ótimos: o líder do time de policiais chama Jaka).

O prédio é uma espécie de quartel-general dos pilantras da cidade. Tama aluga vários andares para junkies e maníacos, que andam pelo local carregando peixeiras.

O filme tem um ritmo de videogame. O diretor, Gareth Evans, um galês que mora na Indonésia, não perde tempo com explicações psicológicas ou divagações sobre o passado dos personagens. Ele sabe o que a molecada quer: pancadaria.

O principal personagem é Rama (Iko Uwais), um novato na polícia, mostrado, ainda nos créditos iniciais, acariciando a barriga grávida da esposa (nada mais clichê que policial esperando um filho, certo?).

Ao longo da história, outras fórmulas batidas do gênero vão pintar, como irmãos em lados opostos da lei, homens da lei que se revelam bandidos, e corrupção no alto escalão da polícia.

Tudo é tão acelerado que, às vezes, é até difícil acompanhar o ritmo frenético da câmera e da montagem. Mas as cenas de luta – o filme traz combates de pencak silat, arte marcial indonésia – são fantásticas.

“Operação Invasão” também tem bom humor. O vilão mais assustador é um tampinha de um metro e meio, que parece uma versão assassina da Formiga Atômica.

E um detalhe, que pode atrair os fãs do Linkin Park: a música do filme é de Mike Shinoda, líder do grupo californiano.

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A família brasileira e o navio-fantasma

Por Andre Barcinski
30/07/13 07:05

Há alguns dias, fiz um texto sobre o documentário “Deep Water”, que contava a história da famosa regata de volta ao mundo solitária e ininterrupta, disputada em 1968 (leia aqui).

 

 

 

 

 

 

 

Fiquei impressionado com a quantidade de comentários e o interesse dos leitores por histórias sobre navegação. Muita gente recomendou outros livros e filmes.

Por coincidência, poucos dias depois de publicar o texto, recebi um e-mail de um amigo, Marco Mendonça, que é navegador.

Marco e a família – a esposa, Cris, e os filhos pequenos, Zelu, Luque e Marina – partiram do Brasil há mais de um ano em uma viagem de volta ao mundo em um catamarã de 44 pés, o Delphis.

A família passou alguns meses no Caribe e, recentemente, cruzou o Atlântico em direção a Portugal, onde estão hoje.

Marco me contou uma história curiosa, ocorrida quando o Delphis estava a cinco dias de chegar aos Açores. Ele detalhou a história no blog que mantém sobre a viagem da família. Sugiro ler, que vale muito a pena (leia aqui).

Qual a chance de achar um barco abandonado de um milhão de dólares no meio do Atlântico? Pra começo de conversa, você tem de passar próximo ao barco, de dia, e estar olhando na direção do barco ao passar por ele. E vale lembrar que o Atlântico ocupa quase 20% da área total da Terra.

O que prova que não é preciso ser nenhum Shackelton, Moitessier ou Amyr Klynk para viver uma aventura memorável no mar. Uma família brasileira com três filhos passou por uma experiência que, certamente, nenhum deles vai esquecer.

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