Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

Maracanã: a revolta dos descamisados

Por Andre Barcinski
15/07/13 07:05

Quem acompanha o blog sabe que tenho reclamado bastante do estupro arquitetônico que fizeram com o Maracanã. Vários leitores têm escrito para estender essas reclamações ao Mineirão, que também entrou, a fórceps, no “padrão Fifa”.

Não contentes em aniquilar qualquer traço de história e tradição nesses estádios, seus novos “donos” agora querem decidir como devemos nos comportar em seus domínios.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Semana passada, o consórcio que administra o Maracanã anunciou que vetará a entrada de bandeiras com bambus e de instrumentos musicais no estádio. E mais: disse que vai “conversar com os clubes” para iniciar uma “mudança de hábitos” para que torcedores deixem de assistir a jogos em pé e – pasme – sem camisa.

O autor dessa ideia certamente nunca foi a um estádio de futebol na vida. Deve estar confundindo o Maracanã com o Theatro Municipal, não é possível.

Talvez fosse bom alguém explicar ao sujeito como funciona: quando seu time está atacando, bem perto do gol adversário, você costuma levantar para ver a jogada e, quem sabe, comemorar. Assim que a jogada é concluída, você volta a sentar. Tem funcionado assim, no Maracanã, desde 1950.

Tem gente que deseja passar o tempo todo de pé? Claro que tem. Mas isso se resolve rapidamente, com algumas vaias do pessoal sentado atrás dele. Chama-se “bom senso”.

E tirar a camisa? Não pode também? Quer dizer que, em pleno verão, num jogo às 16h – lembre-se, tem de ser no horário em que a TV estipula, mesmo que os jogadores e torcedores corram o risco de morrer de desidratação – ninguém vai poder tirar a camisa porque o “consórcio” não deixa?

Taí um bom motivo para um protesto. Ideias cretinas assim demandam uma só reação: a completa e consciente desobediência civil.

Sugiro que torcedores de todos os times que joguem no Maracanã estipulem um horário durante a partida – digamos, aos 5 minutos do primeiro tempo – e, todos juntos, tirem as camisas e assim permaneçam pelo tempo que desejarem.

Seria ideal que o protesto se estendesse a jornalistas, locutores de rádio, ambulantes, flanelinhas, e a todos que acham um absurdo essa imposição supostamente “sofisticada”.

Dia 21, o Maracanã será reaberto aos clubes, no jogo Fluminense vs. Vasco. Estarei em São Paulo e, infelizmente, não poderei comparecer. Mas dia 31 estarei lá com a família para Flu vs. Cruzeiro, e já combinamos aqui em casa que, se essa imposição realmente for aprovada, todo mundo vai tirar a camisa contra o “padrão Fifa”.

Quero ver algum “steward” – sim, o consórcio chama fiscais de estádio de “stewards”, acredite – tirar a família toda.

P.S.: Ontem vi uns trechos de Vasco x Flamengo, realizado na nova “arena” Mané Garricha, em Brasília. O “gramado” parecia um campo de batalha da Primeira Guerra.  A desculpa para o péssimo estado do campo foi um show que rolou em homenagem ao Renato Russo. Mas pera lá: essas “arenas” não são multiuso? Não servirão também para shows? Então como justificar o estado do campo?

P.S. 2: Na tarde de segunda-feira, a assessoria de imprensa do consórcio responsável pelo Maracanã me enviou uma mensagem, dizendo que as notícias sobre a proibição de bandeiras e instrumentos musicais teriam sido causadas por um “mal entendido” e divulgando a seguinte nota à imprensa:

Nota de esclarecimento – Complexo Maracanã

O Complexo Maracanã Entretenimento S.A esclarece que em nenhum momento falou em proibição de bandeiras, instrumentos musicais e torcedores sem camisa durante os jogos de futebol.

O que a concessionária propõe é que os clubes dialoguem com seus respectivos torcedores para que, por meio de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), prevaleça no Maracanã o tripé conforto, segurança e acessibilidade em benefício de todos.

O Complexo Maracanã trabalha para que as famílias voltem a frequentar o estádio, com todas as condições de segurança.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Tirem as crianças da sala, chegou Al Jourgensen!

Por Andre Barcinski
12/07/13 07:05

Semana passada, escrevi aqui no blog que a biografia de Nile Rodgers, “Le Freak”, havia batido todos os recordes de histórias insanas de drogas, sexo e niilismo.

Esqueçam o que eu disse: chegou um livro que faz a história de Nile parecer a de um escoteiro: “Ministry: The Lost Gospels According to Al Jourgensen”, autobiografia de Al Jourgensen, líder dos grupos Ministry e Revolting Cocks.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Escrito em parceria com o jornalista Jan Wiederhorn, o volume de Jourgensen traz algumas das histórias mais escabrosas e absurdas que já li. É uma barbaridade atrás da outra.

Jourgensen nasceu em Cuba, em 1958. Seu nome verdadeiro é Alejandro Ramirez Casas. Sua mãe tinha 16 anos e o pai prontamente sumiu. Al veio com a família para Miami, fugindo de Fidel Castro, e acabou em Chicago.

Adolescente, começou a tomar gosto por música, drogas e confusão. Obcecado pelo classic rock de Led Zeppelin, ZZ Top e Pink Floyd, virou um vagabundo em tempo integral, matando aulas para fumar maconha e cheirar cola. Fugiu de casa inúmeras vezes e chegou a ser internado em um manicômio, onde recebeu eletrochoques e, segundo o próprio, se esbaldou ao visitar uma ala reservada a jovens ninfomaníacas e perturbadas.

O livro conta a trajetória musical de Jourgensen, desde as bandas amadoras de rock na universidade – onde sobreviveu vendendo cocaína e anfetamina para os colegas – ao início de sua paixão pela música eletrônica na gravadora Wax Trax, de Chicago.

O Ministry, banda que ele fundou no início dos anos 80, começou imitando New Order e Depeche Mode, fazendo um som dançante e acessível, depois deu uma guinada e começou a incorporar guitarras barulhentas às batidas eletrônicas. Foi Al que misturou o som industrial ao thrash metal, tornando o Ministry um sucesso em todo o mundo com álbuns extremos como “The Mind is a Terrible Thing to Taste” e “Psalm 69”, influenciando Nine Inch Nails, Tool, Slipknot, Linkin Park e tantos outros grupos.

Al Jourgensen deveria ter o corpo estudado pela ciência. Perto dele, Lemmy e Keith Richards são exemplos de comedimento. Já sofreu inúmeras overdoses, foi internado pelo menos uma dúzia de vezes, esteve envolvido em incontáveis desastres de carros e motos, e viu, segundo o livro, ao menos dez amigos próximos abraçarem o capeta.

É impressionante a capacidade que ele tem de estar perto da morte. Os companheiros Jeff Ward (Lard) e William Tucker (Ministry) cometeram suicídio; Mike Scaccia e Paul Raven, ambos do Ministry, morreram de ataques cardíacos antes de completaram 50 anos; o amigo e colaborador El Duce (Mentors) morreu atropelado por um trem enquanto fazia saudações nazistas para o condutor. Al estava no palco do Viper Club, em Los Angeles, enquanto River Phoenix morria de overdose na calçada, e fazia um show no clube ao lado de onde o amigo Dimebag Darrell, do Pantera, foi morto a tiros. Isso sem contar as inúmeras groupies que sofreram overdoses e a partida de amigos como Timothy Leary e William Burroughs.

Al teve o dedão do pé amputado depois de usar, por dias, uma bota onde havia deixado uma seringa cheia de heroína. Estava tão anestesiado que nem percebeu que a agulha necrosou seu dedo.

Uma da melhores histórias do livro é sobre Burroughs, com quem Al teve uma longa amizade. Uma vez, no aniversário do escritor beatnik, Al resolveu surpreendê-lo e marcou uma apresentação exclusiva do circo de freaks de Jim Rose, especializado em suspensões, pirecings genitais, e que contava com um “artista” que levantava pesos com os testículos.

Burroughs parecia entediado. “O que foi, Bill, não está gostando?”, perguntou Al. “Isso é coisa de criança”, respondeu Burroughs. “Uma vez, no Marrocos, vi um homem que engolia três serpentes de cores diferentes, daí você escolhia uma cor e ele regurgitava a serpente certa. Aquilo sim era um show!”

Al morou com Timothy Leary por dois anos e foi cobaia de experiências com drogas conduzidas pelo papa do LSD. Na época, Leary vivia confortavelmente na Califórnia, bancado por amigos milionários. “Você sabe que é um sucesso quando as pessoas te pagam apenas para você ser você mesmo”, disse Leary a Al.

O livro tem histórias hilariantes com Madonna (Al cismou que ela cheirava mal e torturou a cantora com insinuações sobre seu odor corporal), Courtney Love (Al e Mike Scaccia passaram uma turnê inteira roubando pacotes de heroína do quarto de Courtney, até que ela, assustada, aceitou fazer sexo com ele), Fred Durst, do Limp Bizkit (Al ganhou uma grana preta para mixar uma música do grupo e disse a Durst que, para cantar igual a ele, Durst precisaria usar seu chapéu de caubói e gravar pelado, o que Durst imediatamente fez) e Ice Cube, a quem Al perseguiu, pelado, no camarim do Lollapalloza.

Isso sem contar lendas medonhas envolvendo sanduíches de peru defumado e o grupo The Cult, a noite em que Al e amigos viraram o trailer do Slayer dentro de um rio congelado, o “rito de iniciação” de um jovem roadie chamado Trent Reznor, Al atirando com uma pistola 22 no chão e obrigando Jello Biafra a dançar para não ser atingido, sexo com uma groupie esquelética e purulenta que, anos depois, Al descobriu ser Marilyn Manson,  Gibby Haynes, do Butthole Surfers, fugindo da polícia e esquecendo de jogar fora o cachimbo de crack que segurava, El Duce tentando agarrar a sexagenária mãe de Al, uma festa de Natal da família Jourgensen onde Al e a filha de 7 anos passaram a noite vendo “Scarface” e sexo grupal envolvendo universitárias, Al, e o septuagenário Timothy Leary.

Sascha Konietzko, do grupo KMFDM, conta que ele e os roadies odiavam tanto Chris Connely, vocalista do Ministry, que se vingavam regravando os samples que Connely usava nas canções. “No último show da turnê, Chris tinha que disparar um sample com a frase ‘Kill, kill, kill! You will not kill!’ (na faixa “Thieves”); nós gravamos no lugar alguém dizendo ‘Por favor, quero um frango assado pra viagem!’, você tinha de ver a cara de Chris quando ele apertou o botão e o público todo ouviu o pedido da galinha. Al achou aquilo hilariante.”

Confesso que fiquei surpreso com as opiniões venais de Al sobre Paul Barker, seu companheiro no Ministry por 17 anos. Barker é descrito como um aproveitador sem talento, que não colaborou em quase nada com a banda. Al diz que ele é quem fazia todo o trabalho no estúdio e que Paul só colhia os louros.

Tive a sorte de ver algumas sessões de mixagem de “Psalm 69”, em 1991, e minha lembrança é bem diferente: os dois pareciam parceiros. Lembro que era Paul, inclusive, que estava na mesa de mixagem, testando efeitos e sugerindo mudanças.

O negócio agora é aguardar o livro de Paul Barker.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Trem ao aeroporto é a maior diversão!

Por Andre Barcinski
11/07/13 07:05

Enquanto políticos cruzam o Brasil em aviões da FAB para ver jogos no Maraca ou dar parabéns para noivos, o cidadão que precisa pegar um avião sofre até para chegar ao aeroporto.

Mas, como dizia o comercial das Organizações Tabajara, “seus problemas acabaram”. Pelo menos para quem precisa ir a Cumbica, esse templo da modernidade e eficiência aeroviárias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma reportagem esclarecedora, publicada pela “Folha” essa semana, mostra que, depois da construção do trem que ligará Cumbica ao trem da CPTM – que ficará pronto em 2015, ao custo de 900 milhões de reais – o viajante que quiser ir da Paulista a Cumbica precisará fazer cinco – isso mesmo, cinco – baldeações, entre metrôs e trens. Leia aqui.

Segundo a reportagem, o trajeto poderá ser feito em uma hora e meia, fora do horário do rush (durante o rush, com vagões superlotados e estações com gente transbordando, pode botar aí umas três horinhas).

Imagine você, saindo com a família para a Disney com três ou quatro malas, na hora do rush, fazendo cinco baldeações?

E a volta, com oito malas? Vai ser moleza?

Tenho uma sugestão: por que não chamar dois especialistas em conforto aeronáutico, os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, e do Senado, Renan Calheiros, para fazer um teste nesse sistema moderníssimo?

Da próxima vez que Alves levar a família para ver a seleção, ou que Calheiros quiser dar os parabéns a uma noiva, bem que poderiam escolher um joguinho ou uma igreja em São Paulo e testar o trem de cinco baldeações. Se eles aprovarem, prometo usar.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Hoje é dia de LCD Soundsystem e Basquiat

Por Andre Barcinski
10/07/13 07:05

Os canais HBO exibem hoje dois documentários sobre personagens interessantes da cultura alternativa.

Às 20h, o HBO Plus mostra “Shut Up and Play the Hits”, filme-concerto do derradeiro show do LCD Soundsystem, banda de James Murphy (veja horários alternativos aqui).

 


 

Logo depois, às 23h, o HBO Signature traz “Jean Michel Basquiat: Radiant Child”, documentário sobre o polêmico e cultuado artista plástico (veja horários alternativos aqui).

 


 

É uma boa chance de comparar os filmes e perceber como um deles – o de Basquiat – tem o cuidado de ser informativo e respeitar quem não conhece a obra do artista, enquanto o filme sobre o LCD é excludente e sofre do mal de achar que todo mundo precisa saber, de antemão, quem é James Murphy.

Já escrevi sobre “Shut Up and Play the Hits” no blog (leia aqui).

Sobre “The Radiant Child”, é um excelente trabalho sobre a vida e obra de Jean-Michel Basquiat (1960-1988). O filme conta com uma entrevista do pintor, feito pela diretora Tamra Davis em 1986, além de depoimentos de artistas como Julian Schnabel (que dirigiu um longa ficcional, “Basquiat”, em 1996), donos de galeria e críticos de arte, além de músicos como Thurston Moore.

Basquiat foi um dos maiores nomes da arte norte-americana do fim do século 20. Desprezado por muitos como um pintor menor, fez a cabeça de muita gente com suas obras cheias de cor e figuras expressionistas, que falavam de temas como racismo e a vida no submundo das metrópoles.

Nascido de pais de descendência haitiana e africana, Basquiat fugiu de casa cedo e foi morar na rua. A mãe acabou internada num manicômio, enquanto ele perambulava pelas esquinas de Nova York e ganhou fama como grafiteiro.  Sua arte foi admirada por Andy Warhol e virou “cult”.

Além de pintor, Basquiat fez parte de bandas de rock e foi personagem importante da cena “No Wave” de Nova York, que revelou nomes como Lydia Lunch, Sonic Youth, James Chance e Teenage Jesus and the Jerks. Sua morte por overdose de heroína, aos 27 anos, colaborou para o crescimento do culto em torno de sua arte.

O filme de Tamra Davis fala sobre tudo isso de forma clara e informativa. O que prova que mesmo um filme sobre arte de vanguarda não precisa ser de interesse restrito a uma minoria de privilegiados.

P.S.: Hoje estarei fora o dia todo e impossibilitado de moderar comentários até a manhã de quinta. Peço desculpas e prometo que todos os comentários enviados serão publicados quinta de manhã.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Do Nirvana aos campos de batalha no Afeganistão: a saga de Jason Everman

Por Andre Barcinski
09/07/13 07:05

Você gosta de Nirvana? E de Soundgarden?

O nome Jason Everman lhe diz alguma coisa?

Pois deveria: Everman foi o músico expulso das duas bandas no intervalo de dois anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1989, depois de ser creditado no álbum “Bleach”, em que não tocou (Kurt Cobain pôs seu nome no disco em agradecimento por Everman ter emprestado os 600 dólares para a gravação), ele foi despedido do Nirvana.

No ano seguinte, poucos meses antes de o Soundgarden estourar, ele também foi mandado embora.

Nos dois casos, Jason Everman foi despedido por não se “encaixar” direito na vida de viagens em vans apertadas e noites mal dormidas em pensões vagabundas. Seus companheiros de banda simplesmente se cansaram de vê-lo em silêncio por dias a fio.

Na cena do rock alternativo americano, Jason Everman era considerado uma espécie de “Pete Best”, o baterista que disse “não” aos Beatles. Só que o caso de Everman era pior: ele conseguira ser expulso não apenas de uma, mas de duas bandas de sucesso.

Depois de alguns anos duros, em que passou remoendo as humilhações e vendo seus ex-colegas virarem astros milionários – e um deles, um cadáver ilustre – Jason Everman finalmente achou um lugar onde parecia se encaixar: o exército americano.

Mas Jason não foi um soldado qualquer. Segundo uma reportagem sensacional do jornal “The New York Times”, o ex-grunge foi um verdadeiro herói de guerra, com atuações destacadas no Iraque e no Afeganistão. Leia a matéria completa aqui.

O texto é incrível. O autor, Clay Tarver, conhecia Jason da cena de rock alternativa – Tarver era do Bullet La Volta, uma ótima banda – e descreve não só o fracasso dele no Nirvana e Soundgarden, mas seu longo e doloroso processo de aceitação desse fracasso, além da verdadeira reinvenção pela qual Jason passou até se tornar um “rockstar” de outro tipo, admirado por sua atuação nos campos de batalha.

A história de Jason Everman é uma das mais surpreendentes que li em muito tempo. Daria um filme e tanto. Aliás, aposto que já foi comprada para o cinema.

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

William Waack: como mediar a polarização?

Por Andre Barcinski
08/07/13 07:05

A mesa mais quente da Flip foi “O povo e o poder no Brasil”, que reuniu o economista André Lara Resende e o filósofo Marcos Nobre, com mediação do jornalista da TV Globo, William Waack. Realizado na noite de sábado, foi marcado não só por um debate de alto nível e cheio de divergências – sempre construtivas – entre os participantes, mas por um clima de Fla x Flu do público, que ora vaiava, ora aplaudia (leia meu texto para a “Folha” aqui).

 


 

O alvo mais freqüente da plateia não foi nenhum dos debatedores, mas o mediador William Waack.

Não era preciso ser nenhum vidente para imaginar que a presença de Waack poderia provocar reações mais acaloradas. Na noite de quinta-feira, na mesa “Narrar a rua”, sobre as manifestações no Brasil, Pablo Capilé, coordenador do Fora do Eixo, grupo que reúne produtores culturais alternativos no Brasil, havia reclamado da presença do jornalista na Flip.

Aliás, uma das frases mais engraçadas da Flip foi do próprio Pablo Capilé: “Ficar em cima do muro hoje não é uma opção,” disse, sobre os recentes protestos no Brasil. Capilé só esqueceu mencionar que, enquanto o país pegava fogo nas manifestações, o Fora do Eixo não publicou uma palavra sequer sobre os protestos em seu Twitter oficial. Só foi citá-los em 22 de junho, mais de uma semana depois da eclosão dos protestos em todo o país. Equilíbrio em muro é isso aí.

Voltando à Flip: logo no início do debate, Waack fez um aparte durante a explanação de André Lara Resende e foi vaiado. Alguém gritou da platéia: “Olha o monopólio da informação!” Foi a primeira de várias manifestações contra o jornalista.

Conversando depois com amigos, alguns acharam que Waack interferiu demais na conversa e tentou imprimir um ritmo “televisivo” e acelerado à mesa, o que teria prejudicado a explanação dos debatedores. Eu achei o contrário: que o ritmo mais rápido tornou a conversa ainda mais envolvente. Mas é só minha opinião e respeito quem discorda.

Quase ao fim do debate, uma pequena confusão aconteceu ao lado do palco. Vi um rapaz caindo ao chão e sendo levado para fora da tenda por um segurança. Corri atrás do segurança – aliás, não vi nenhum tipo de violência ou truculência por parte dele, é bom que se diga – e consegui encontrar o manifestante e conversar rapidamente com ele. Chamava-se Gandhi, tinha 20 anos, morava em Paraty e se disse estudante.

– O que você gritou lá dentro?

– Eu gritei que o William Waack não representa a luta popular! Estou protestando porque ele é pago pela mídia corporativa, que ajuda a escravizar o povo!

– Você é ligado a algum movimento?

– Não sou ligado a nenhum movimento e nem partido. Sou apartidário, nem título de eleitor eu tenho!

– Você acha que a mídia quer escravizar o povo?

– Acho! A grande mídia, a Globo (o rapaz olha para meu crachá)… e a Folha também!

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Começou a maratona dos livros

Por Andre Barcinski
05/07/13 07:05

A Flip foi aberta, oficialmente, na quarta à noite, com a conferência de Milton Hatoum falando sobre Graciliano Ramos, o homenageado dessa edição, e um show de Gilberto Gil. Mas o evento começa para valer na quinta. Escrevo na manhã de quinta, antes, portanto, das mesas do dia. Na segunda-feira, farei um resumão do que vi de mais interessante na Flip.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quinta seria um dia puxado: além de participar de um debate sobre jornalismo gastronômico na Casa Folha, com minha colega Alexandra Forbes, tinha um debate e uma coletiva para cobrir.

A programação esse ano foi ampliada, com a inclusão de debates sobre as manifestações populares que tomaram conta do país. Achei uma ótima ideia da organização promover esses debates.

Hoje, sexta, participo de uma conversa com Lobão – “Rock, MPB e Cultura Popular – às 20h, na Casa da Cultura. Promete ser quente, até pelas recentes polêmicas envolvendo Lobão e seu livro, “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”.

Alguns leitores perguntaram se a Flip transmitiria o debate via web. Perguntei ao pessoal responsável pela transmissão de áudio, e eles me disseram que só as mesas principais, realizadas na Tenda dos Autores, são transmitidas, mas que eles poderiam transmitir o evento com Lobão, se houvesse demanda. Portanto, vale a pena ficar ligado no site da Flip para ver se rola transmissão. Se eu souber de algo, aviso aqui.

É impressionante como a Flip mexe com Paraty. Uma amiga, artista plástica e dona de um ateliê no Centro Histórico, disse que estava com “TPF” – Tensão Pré-Flip. Para ela, o evento representa boa parte das vendas do ano.

O secretário de turismo de Paraty, Wladimir Santander, estima que a Flip gere cerca de 800 empregos, sendo metade para a população local, e movimente algo em torno de 13 milhões de reais. Sem contar os empregos temporários oferecidos por restaurantes, agências de turismo e pousadas. Os hotéis e pousadas ficam tão cheios que muita gente se hospeda em cidades próximas, como Tarituba, a 32 km, e até em Ubatuba, a 71km.

Muita gente reclama, com razão, dos preços abusivos de hotéis e restaurantes na época da Flip. Acho que os donos de estabelecimentos comerciais precisariam se unir para estabelecer limites nos preços cobrados, já que a coisa está fugindo do controle.

Esse ano a situação está ainda mais difícil, já que dia 9, terça, é feriado em São Paulo e muita gente vai emendar. A cidade deve ficar mais cheia que de costume.

A Flip começa num período de otimismo para a cidade, com o anúncio de duas obras importantes que, há anos – ou melhor, décadas – estavam sendo postergadas: a primeira é a reforma da estrada Paraty-Cunha, iniciada há alguns dias.  A estrada, uma importante via de ligação turística e comercial com o Vale do Paraíba, está há anos em péssimo estado. As obras devem durar 18 meses. A outra obra é a do sistema de tratamento de água e esgoto de Paraty, cuja licitação será anunciada em 60 dias. Aleluia.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

O Cartier-Bresson do "Notícias Populares"

Por Andre Barcinski
04/07/13 07:05

Essa eu não perco de jeito nenhum: o grande José Luís da Conceição, fotógrafo do “Notícias Populares”, inaugurou uma exposição no Conjunto Nacional, na Paulista (veja reportagem aqui).

 

 

 

 

 

 

 

 

Conceição é uma figuraça. Além de excelente fotógrafo, foi um dos profissionais mais criativos – e caras de pau – que já conheci. Era capaz de tudo por uma boa imagem. Tudo mesmo.

Uma vez, chegou à redação do “NP” uma dupla sertaneja para divulgar um disco. Não lembro os nomes dos sujeitos, mas um tinha quase dois metros de altura e o outro era um tampinha. Não sei como, mas Conceição convenceu o menor a ficar de cueca e fez uma foto em que o grandão segurava o baixote como se fosse uma guitarra.

Quando a atriz pornô Márcia Ferro foi divulgar um filme, Conceição – não pergunte como – descolou um ultraleve e convenceu a atriz a ficar pelada e voar sobre São Paulo. As fotos saíram em página inteira: “Gata do sexo explícito voa nua”.

Outra imagem marcante é a de Rita Cadillac amarrada no trilho de um trem, feita em Paranapiacaba. Vejam só que beleza…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pedi ajuda a dois ex-companheiros do “NP”, Paulo César Martin e Marcelo Orozco, para lembrar outros casos de Conceição. Paulo contou um sensacional:

“Num GP de F-1 em Interlagos, no comecinho dos anos 90, os pilotos receberam carros da Chevrolet (Opalas, se não me engano) para circular por São Paulo. O Nigel Mansell chegou num estacionamento com esse carro novinho e tinha uma vaga meio apertada para estacionar. O Conceição ‘ajudou’ o Mansell: ficou orientando, fazendo sinais para o inglês olhar no espelhinho. Foi falando, segundo relato do repórter que estava junto: ‘Come, mister Mansell, come mister Mansell’, até ele bater no carro de trás. E, claro, o Conceição fotografando tudo. A chamada do NP, claro, foi “BARBEIRO” ou “INGLÊS BARBEIRO”, algo assim.

Marcelo Orozco recorda outro caso fantástico envolvendo Conceição e automóveis: “Foi nos boxes de Interlagos, algum gringo de equipe ou fiscal chegou em cima dele com aquela gentileza costumeira, e o Conceição mandou ver, erguendo a credencial: ‘Mister! Mister! I am ênepí!’ (conceicês para “Eu sou NP”).”

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Começou o Brasileirão do Eike

Por Andre Barcinski
03/07/13 07:05

Depois de um mês de interrupção, finalmente voltamos ao que interessa: Libertadores e Brasileirão.

Aqui em casa, estávamos na maior expectativa pelo jogo de domingo entre Botafogo e Fluminense. Seria o primeiro jogo oficial no “new” Maraca – ou Parque dos Cururus, Coxinha Arena, Playba Palace – em três anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Seria”, porque o “clássico vovô”, mais antigo embate de times grandes do Rio de Janeiro, será disputado na Arena Pernambuco.

Com todo respeito aos pernambucanos, mas isso é uma aberração. Se você é torcedor do Sport, Náutico ou Santa Cruz, imagine que o estádio onde você se acostumou a acompanhar seu time – Ilha do Retiro, Aflitos ou Arruda – fique em obras por três anos e, quando pronto, o primeiro clássico é disputado a 2300 km de distância. Faz algum sentido?

Pensando bem, até que faz. Depois que o governo pagou 1,2 bi do nosso dinheiro pela reforma do Maracanã e deu a concessão para um bilionário em queda livre que está derrubando a Bolsa, qualquer coisa faz sentido.

Os clubes grandes do Rio ainda não chegaram a um acordo sobre o uso do Maracanã com o consórcio liderado por Eike Batista. Enquanto isso não acontece, os times jogam longe do Rio e de seus torcedores.

Aconteceu exatamente o que todos os “pessimistas” previam: o futebol brasileiro foi privatizado e está nas mãos de quem não gosta de futebol e não tem o menor respeito por sua história.

Não bastasse o estupro arquitetônico de estádios clássicos – Maracanã, Mineirão – e os elefantes brancos que serão o “legado” da Copa do dinheiro público, os clubes vão virar reféns. Aliás, já são: a maioria tem dívidas impagáveis com o erário – culpa de suas péssimas administrações –e aceitam tudo calados.

No meio disso tudo, precisou um estrangeiro – o lateral Arbeloa, da seleção espanhola – dizer a frase mais certeira e bonita sobre o “novo” Maracanã. Perguntado sobre suas impressões da “arena”, Arbeloa disse: “Tenho que dizer que quando estivemos no Maracanã não tive a sensação de jogar em um estádio com tanta história. Você chega e vê um estádio moderno, novo, cheio de cores, então não é capaz de te transmitir a história, dos jogadores que passaram aqui. Tem vestiários confortáveis, modernos e amplos. Não é como quando vamos a Anfield, La Bombonera, ao Monumental, que você sente o tempo, te transmite a história. Eu gostaria de ter jogado antes da reforma.”

Para o espanhol, as “cores” e a “modernidade” do Maracanã são menos importantes que sua história. Arbeloa mostrou respeito às tradições do futebol e foi na contramão desse oba-oba supostamente modernizante, mas que no fundo esconde uma obsessão em aniquilar o passado a qualquer preço. Uma frase de craque.

Na noite de terça-feira, quando esse texto já estava escrito e programado para publicação, o “consórcio” que administra o Maracanã  anunciou que o estádio receberá Vasco vs. Fluminense, dia 21, mesmo que nenhum clube ainda tenha assinado o acordo pela utilização do Maracanã. Que bonzinho ele. Leia aqui.

P.S.: Hoje começa a FLIP, em Paraty. Amanhã, às 16h30, na Casa Folha, participo do debate “Comida de rua vs. comida de chef”, com minha colega da “Folha”, Alexandra Forbes. Na sexta, às 20h, na Casa da Cultura, encontro Lobão para o debate “Rock, MPB e cultura popular”.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

O mistério de Bianca

Por Andre Barcinski
02/07/13 07:05

Há alguns dias, Internet e telefone pararam de funcionar aqui em casa. Normal: nossa fornecedora de Internet – vou chamá-la de “Fuleirox” – e de telefonia – a “Tchau” – são, sabidamente, duas calamidades.

A Internet “banda larga” oferecida pela Tchau/Fuleirox em Paraty é pré-histórica. O telefone para de funcionar assim que sopra um vento mais forte. Não é preciso nem chover.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ficamos o dia todo sem Internet e telefone. No fim da tarde, descobrimos o motivo: um gênio foi descarregar areia numa construção e achou que não haveria problema em dirigir pelas ruas do bairro com a caçamba do caminhão levantada. Resultado: vários fios cortados.

Até que o funcionário da Tchau não demorou muito a aparecer. Em cinco ou seis horas o telefone voltou a funcionar. Ficamos até surpresos com a rapidez no atendimento.

Naquela mesma noite, recebemos uma ligação. Um sujeito procurava uma tal de Bianca. Eu respondi que não conhecia nenhuma Bianca.

Meia hora depois, outra ligação. Novamente, alguém procurava pela Bianca.

Mais tarde, um amigo ligou em nosso celular. Disse que estava tentando conexão em nosso telefone fixo há horas, mas que ninguém atendia. Fui checar, e nosso aparelho parecia funcionar. Estranho.

Na manhã seguinte, minha sogra ligou no celular. Disse que havia tentado o fixo e foi atendida por uma moça chamada – adivinhe – Bianca.

Fiz o teste: liguei para o nosso número fixo. Bianca atendeu.

Matamos a charada: o técnico da Tchau havia trocado os cabos de nossa casa com os cabos da casa de Bianca, que fica a cerca de 100 metros. Sem saber, nós estávamos usando o telefone dela e ela, o nosso.

Minutos depois, mais um telefonema procurando pela Bianca. Tive de dar o nosso número para que o sujeito conseguisse achá-la. Surreal.

Faz 48 horas que rolou esse troca-troca involuntário. Espero que a Bianca não esteja usando nosso telefone para falar com parentes na Rússia ou curtindo telessexo.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
Posts anteriores
Posts seguintes
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailandrebarcinski.folha@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts André Barcinski
  1. 1

    Até breve!

  2. 2

    Há meio século, um filme levou nossas almas

  3. 3

    O dia em que o Mudhoney trocou de nome

  4. 4

    Por que não implodir a rodoviária?

  5. 5

    O melhor filme do fim de semana

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 04/07/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).