Então esta é a tal “liberdade de informação”?
22/04/13 07:05Semana passada indiquei aqui no blog o livro “The Soundtrack of My Life”, autobiografia de Clive Davis, um dos executivos mais influentes e polêmicos da música pop.
Um dos primeiros comentários que recebi, poucos minutos depois de o texto ser publicado, trazia um link para que todos pudessem baixar o livro sem pagar.
Esta ideia de que tudo é de graça já encheu a paciência. Será que as pessoas têm tanto desprezo por livros que se acham no direito divino de usufruir deles sem pagar?
Escrever sobre esse tema é mexer em vespeiro. Já sei os tipos de comentários que receberei. Boa parte será ao estilo “Robin Hood de laptop”, defendendo a “liberdade de informação” e tachando de “reacionário” qualquer um que tenha opinião diferente.
Outra parte usará o método de intimidação mais comum nas redes sociais, a desqualificação do debatedor: “Olha quem está falando, até parece que ele não baixa nada da Internet…”
Para início de conversa: baixo, sim, muita coisa de graça da Internet. Mas tento usar o bom senso: baixo filmes que não estão disponíveis no Brasil (especialmente documentários, cada vez mais raros por aqui) e discos de bandas novas que me interessam. E se gosto das bandas, geralmente compro o disco. Posso dizer que nunca comprei tantos discos, filmes e livros e assinei tantas revistas e jornais quanto nos últimos anos.
Já prevejo a réplica: “Quero ver se você liberaria um livro seu…”
Respondo: liberaria sim, dependendo das circunstâncias. Há alguns meses, um leitor escreveu dizendo que não estava encontrando meu livro “Barulho”, que publiquei em 1992. Outro leitor disse que tinha o livro em pdf e perguntou se poderia disponibilizá-lo na rede. Ora, o livro está fora de catálogo e a editora que o publicou nem existe mais. Por que diabos eu seria contra liberá-lo de graça, se isso não vai acarretar prejuízos para a editora que me contratou? Claro que liberei.
Espero receber também vários comentários furibundos me acusando de ser contra a “democratização” da Internet. A esses reclamantes, adianto: acho perfeitamente possível respeitar o direito autoral e defender o direito de todos a uma Internet acessível e de qualidade. Não são coisas excludentes.
Acho que o autor deve ser livre para decidir como sua obra, seja livro, disco, artigo ou filme, é veiculada. O Radiohead quer vender um CD no esquema “pague quanto acha que vale”? Ótimo. Uma banda quer disponibilizar todos seus discos de graça? Ótimo também.
Vale lembrar que na época em que existia indústria do disco, artistas faziam shows para vender discos, e hoje fazem discos para vender shows. O que explica, em parte, a inflação no preço de shows nos últimos 10 ou 15 anos.
O problema é que nos acostumamos à ideia de que ideias não valem nada. Pagar para ler qualquer coisa é considerado “injusto”. Mas na hora em que alguém explode duas bombas em Boston, onde buscamos informação? No blog de um desses Robin Hoods virtuais ou na CNN?
No documentário “Page One”, sobre o jornal “The New York Times”, há uma cena marcante: David Carr, colunista do jornal, participa de um debate sobre a crise no jornalismo. Um dos debatedores defende a tese de que jornais são “obsoletos” porque todas as informações podem ser encontradas em sites de busca. Para provar, exibe uma folha impressa com a página principal de um desses sites, que traz dezenas de notícias.
Carr pede um intervalo de alguns minutos para continuar o debate. Quando a conversa é reiniciada, ele mostra a mesma folha impressa com a “homepage” do site de notícias, inteiramente recortada e sem conteúdo algum. “Cortei todas as reportagens que foram tiradas de jornais ‘obsoletos’. Como se vê, não sobra muita coisa.”
Para resumir: “agregar” conteúdo é diferente de “produzir” conteúdo.
Em janeiro, o franco-norte-americano André Schiffrin foi ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Schiffrin é chefe da The New Press, uma editora sem fins lucrativos e mantida por fundações, que publica livros de qualidade que não encontram espaço num mercado que privilegia “best-sellers”.
Na entrevista, Schiffrin falou das propostas que existem para que sites de buscas, como o Google, comecem a pagar pelo uso de conteúdo. Na Alemanha, o governo aprovou uma lei que permite a editoras cobrarem de sites de buscas e outros “agregadores online” (leia mais aqui). O Google, claro, é contra, e começou uma campanha chamada “Defenda Sua Internet”, dizendo que a lei “vai dificultar o fluxo livre de informações”. Só para lembrar: o Google vale 250 bilhões de dólares. Não é uma ONG.
Enquanto legisladores e o Google não chegam a um acordo, os Robin Hoods continuam a roubar dos ricos para dar aos mais ricos ainda. No caso do Brasil, com um agravante: frequentemente usam dinheiro público para organizar debates e eventos para defender que tudo seja de graça. O que está errado nesta equação?
Olha ae André! Post bacana do Birner! http://blogdobirner.virgula.uol.com.br/2013/04/22/discurso-de-rogerio-ceni-antes-do-jogo-contra-o-galo-foi-sensacional-reacao-agressiva-aos-comentarios-de-quem-pensa-doutra-forma-e-de-se-lamentar/#.UXVyx2HReKo.facebook
Ótimo, é a opinião dele.
É o que falei no post dele no Facebook. Acompanho o trabalho de todos vocês. E não é por que não concordo com algumas opiniões que vou parar de ler. Cada um tem seu pensamento mas o respeito é pra todos! Abs!
Esse Rogério Ceni é um boçal! Porque será que ele nunca foi goleiro titular da seleção em nenhuma copa do mundo, já que ele é tão bom assim?
Ainda bem que a discussão aqui não é se ele é goleiro de seleção ou não, né Roberts?
Não foi titular da seleção pois não quis raspar o que ainda tinha de cabelo.
A discussão é boa, e também me irrito com o estilo “tudo é de graça”, principalmente se vem embasado em argumentos do tipo “as bandas tem que ganhar dinheiro com shows, não com cds”, como se fosse responsabilidade de quem consome o produto dizer o que o autor/artista deve ou não fazer.
Mas não dá para pensar nisso sem considerar o estilo desrespeitoso com que gravadoras, editoras e canais de tv tratam os consumidores, além da desigualdade regional.
Se o argumento “baixo no torrent o que não está disponível no Brasil” é válido (e eu acho que é), vale também “baixo o que não está disponível na minha cidade ou regiao”.
Acredito que o alvo da tua crítica é mais o estilo “não pago merrrrmo”, geralmente de classe média que poderia pagar, mas realmente não dá para ser “absoluto” quanto a isso.
PS: Já que muitos declararam sua profissão de fé no estilo “compro, nunca baixo” (se dependesse da média dos leitores daqui, a indústria da mídia estaria salva), eu já assumo que faço os dois: tenho muitos, mas muitos mesmo, livros, cds e dvds/bluray, mas tenho também muita coisa em mp3 ou no hd.
Quem falou em classe social aqui?
Eu falei. E ainda escrevi claramente “acho” que teu argumento foi esse. Pelo visto, não foi.
Também não disse que o problema é “de classe”, mas não vejo muita virtude em não diferenciar o sujeito que não tem acesso à cultura por morar em uma região em que isso não existe (tu és da área, e sabes quantas cidades brasileiras não possuem um único cinema, para não falar em uma locadora decente de dvd) e quem não paga por malandragem ou por achar que não é importante pagar por música ou cinema.
Acho complicado misturar coisas que são bem diferentes sob o rótulo de “pirataria” (ou do seu contrário, “liberdade de informação”) que englobam desde o sujeito que ganha muito dinheiro com isso ao abrir um site para armazenar arquivos até o sujeito que faz xerox de um livro para estudar.
Outro PS: Antes que perguntes “mas quem misturou?”, isso não diz respeito ao teu argumento especificamente, mas a discursos que surgem no estilo “baixar um mp3 é como assaltar a Amoeba e ainda matar o gerente”. Novamente, não consigo perceber virtudes na incapacidade de diferenciar o que é realmente diferente.
Sejamos realistas, não há como impedir a multiplicação e transmissão de arquivos pela internet, isso é guerra perdida e o usuario não esta muito a fim de ser um herói anônimo da honestidade. O mais sensato seria liberar tudo e pedir uma contribuição ao internauta no valor que ele preferir doar. O artista ganharia atraves da contribuição dos fãs e da publicidade, sem contar os shows, no caso da musica. Cedo ou tarde vão perceber que esse é o unico caminho.
Concordo, mas, sinceramente, as editoras deveriam se ajustar à nova realidade. Refiro-me somente aos livros, não às músicas, filmes, etc. Acho que no Brasil ninguém em sã consciência deveria achar que é possível ganhar dinheiro com livros. Com exceção de alguns poucos autores, em geral literatura ruim, tipo auto-ajuda com BABAQUICES como “o universo conspira em seu favor”, ninguém vive da venda de seus livros. Ao contrário, o escritor iniciante tem que pagar para escrever, literalmente. Eu, se escrevesse um livro, não disponibilizaria pela internet por causa dos problemas legais que poderia ter com a editora e por respeito à editora que, afinal, apostou em mim (mesmo sem correr riscos financeiros). Mas não pelo dinheiro que perderia, porque provavelmente perderia uma merreca de dinheiro. E quanto à música, geralmente “baixo” músicas dos anos 60 a 80, não de artistas novos (até porque só uma minoria dos novos presta). Posso ser xingado mas não tenho nenhum pudor em, por exemplo, baixar uma música dos Beatles ou dos Rolling Stones (acho que os caras já ganharam, por merecimento, bastante dinheiro), algo completamente diferente de um artista na ativa e com carreira ainda em construção. Abraços.
André, voce, como autor, ao escrever um livro, pensa fundamentalmente em que na hora de publica-lo?
Na verdade, quem escreve livro no Brasil é maluco. Se vc parar pra pensar não vale a pena, financeiramente falando. Estou há 18 meses trabalhando num livro. Se eu tiver MUITA sorte, ganharei com ele o que ganho em um mês fazendo frila. Faço livros porque gosto, acho legal deixar um trabalho. Mas viver disso é inviável.
Matéria paga…
É sim, Wellington, ganhei 2 milhões de reais. E quanto vc está ganhando para dizer o contrário?
Não é só uma questão do filme ter sido lançado aqui. E o modo como ele foi lançado (salas de cinema disponíveis em todo o Brasil), qualidade do dvd (fullscreen, legendas de quinta categoria, imagem meia-boca, áudio porco), tudo isso não conta? Eu baixo mesmo!
Sobre filmes acho nenhum problema “baixar”, vejo muitos filmes por aí batento recordes de bilheteria nos dias de hoje, o ET só foi batido pelo Jurassic Park depois de anos. Temos o exemplo do Tropa de Elite, muita polêmica dos DVDs pirados antes de sair no cinema mas mesmo assim bateu recorde de bilheteria, muito mais legal ver no cinema do que na telinha. Ao meu ver pelo menos nos filmes a internet não deu problemas. Agora, sobre músicas e literatura (vale para jornal e revista tambem) a casa caiu.
A sala de cinema pagou pra exibir, mas ganha mesmo é na pipoca…. agora tem até propaganda no cinema!!!!Pode maior tirania que essa?! A Globo filmes capta o MEU dinheiro pra lançar filmes!!! Pra fazer COQUETELLL de lançamento pras CELEBSSS. Tem propaganda na TV PAGA, tem de pagar certos filmes na TV PAGA, a TV “aberta” é concessão do estado, livre pra nós… nós também deveríamos receber pra VER tanta propaganda TAAAANTA PROPAGANDA…. então eu BAIXO MESMO BAIXO MESMO BAIXO MESMO!!!!!!!!!!! PRa fugir da PROOOOPAAAAAGAAAAANDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA (que também está nas laterais em sites que baixo). Não, realmente não têm informaçao de graça, a gente tem de pagar com nossos neurônios a COTA DA PROPAGANDA!!!!!
Se ainda fossem propagandas boas, mas é cada idéia idiota e sem graça e repetitiva.
O James Cameron ‘denunciando’ os 3D picaretas numa entrevista ali (chamou de 2D e 1/2) e aqui lança Titanic em 3D (2D 1/2 também). Hipocrisia pouca e bobagem…
Hipocrisia do Cameron, bem entendido…
concordo com ESTE texto, não com os textos em que você indica o “cine torrent”. Você abre a porteira e depois quer cagar regra de bom cidadão. Coerência, meu chapa!
Julia, deixa de ser chata, numa boa. Vc já me viu sugerindo para alguém baixar um filme que exista no Brasil? Se vc conhece outra maneira de assistir a um filme que não está disponível – telepatia, talvez? – gostaria de saber.
Ok, você não indica filmes brasileiros, mas digo que, quando você abre a porteira pra indicar sites como o torrent, os leitores verão nisso uma brecha e vão trocar links pra baixar outros filmes (e livros e discos) de graça. Acho chato esse tom professoral que você dá, dando “bronquinha” em leitor. Aqui todo mundo é adulto e eu achei o gancho pra este texto (o texto em si, muito bom), patético.
corrigindo: filmes brasileiros não, eu quis dizer filmes lançados no brasil.
Não posso ser responsável pelo que as pessoas fazem a partir de minhas dicas. Não escrevo para crianças de 3 anos de idade. Cada um é responsável pelo que faz. E não dou “bronquinha” em ninguém. Mas vc dá.
A maioria das indicações do André de filmes comercialmente disponíveis no país surge quando vai passar em algum canal de TV fechada. Pode procurar os posts.
Mas, peraí, André. Você disse que só baixa filmes que não foram lançados no Brasil. Então, pela sua tese geral, o correto não seria você importar o DVD, esperar ser lançado aqui ou simplesmente não baixar? Se você faz o download de um filme que não foi lançado no Brasil, em algum lugar ele foi. Baixando de graça, você deixa de pagar o valor do produto do mesmo jeito. E daí, como fica a idéia do autor, o dinheiro investido na produção, o direito autoral etc., etc.? Ou é só uma questão patriótica de defender a indústria nacional?
Eu importo, mas muitos desses filmes nem existem. Vai procurar um doc antigo pra ver, nem lá fora é fácil achar.
Ao adotar um critério útil a você, é aberta a porta para que qualquer outro crie os seus próprios argumentos a favor da “pirataria”. Talvez fosse mais coerente então não baixar de jeito nenhum, o que seria muito ruim, não? Para mim cada caso é um caso. Eu acho, por exemplo, que quem não tem condição financeira para comprar livros e discos deve baixar gratuitamente. Eu particularmente também só baixo para triagem ou quando não há disponível para venda. Baixar arquivos gratuitamente é uma realidade, não há como controlar, quem é prejudicado financeiramente por isso deve tentar se adaptar aos novos tempos.
E o que dizer da alma caridosa que upou vários filmes legendados do Bergman no Youtoba? Eu só tenhoa a agradecer! Senão teria de comprar nos camelôs-cult do ‘alto-Augusta’….
Barça, mas vc acha que cultura pode ser considerado propriedade? E mesmo que sim, será que é justo privar quem não pode pagar do acesso à informação e à cultura? Pode parecer argumento “robin hood”, mas com os preços praticados aqui é muito difícil pra quem não possui condições tão boas. Talvez a propriedade intelectual deva ter uma função social, que transcende o interesse individual?
Quem disse em “privar” alguém? Numa boa, quem quer cultura tem muitos caminhos possíveis. Quase todos os livros clássicos estão disponíveis de graça na web. Há bibliotecas que trazem últimos lançamentos. Dizer que alguém é privado de conhecimento, com as facilidades que existem hoje, me parece errado.
Inclusive nossa querida PresidentA, fez uma “bolsa cultura”, que se não me engano já fora aprovada, para quem tem menos condições possa desfrutar de cinemas, revistas e afins.
Odeio colocar partidos em argumentações, porém um infeliz abaixo citou algo neste sentido.
Partidos = politica… quis dizer.
Cara, e quem baixa livro, filmes ou discos geralmente tem bala na agulha, nada é mais caro que uma internet rápida, o coitado que tem internet discada ou a super banda larga de 128kps, se tentar baixar um livro tá lascado, não vai poder usar a internet por 20 dias.
Poxa… que triste!
http://g1.globo.com/musica/noticia/2013/04/chrissy-amphlett-cantora-de-i-touch-myself-morre-aos-53-anos.html
gata
Melô da siririca….clássico!
Barcinski,
Na linha do que você disse, seria possível liberar o livro “Sepultura – toda a história”???
até onde sei, está fora de catálogo…só acho para comprar em sebos, com um preço bem alto.
Não está fora de catálogo, inclusive será reeditado.
famosa “caridade com chapeu alheio”.
Concordo com você André e até temos um hábito em comum: baixar um disco de um artista que gosto para ouvir e logo em seguida comprar o físico. Faço isso com frequência. Uma coisa interessante a respeito de liberdade: quando eu era adolescente era bastante comum comprarmos fitas K-7 virgens e ir na casa dos amigos e gravar os discos que eles tinham através do 3 em 1. Os que eu gostava mais comprava o disco. E não se ouvia ninguém reclamando. Depois da internet as coisas meio que extrapolaram.
Apoiado, Barça.
Aliás, nada substitui as prazerosas horas em lojas de discos, livrarias, em que se compartilham experiências e conhecimentos sobre arte e tudo mais. Quando estou no exterior, me sinto extramente à vontade em lojas de discos. Quanto aos livros, devo dizer que ainda não me adaptei às sua versão eletrônica.
A promoção da diversidade cultural fomenta a difusão das expressões artísticas mas não anula os direitos decorrentes da propriedade intelectual. Penso que a aquisição de obras revela respeito e incentivo à produção criativa, sem prejuízo do fluxo de informações gratuitas a serem disponibilizadas pela internet.
André, oi. Faz teeempo que procuro o “Barulho” em sites, sebos, etc. Realmente não existe. Se vc quiser\puder dividir o link, certamente será lido ainda nesta semana…hehehe. Abração. Sergio Sp\Sp
Não tenho aqui, não fui eu que postei, mas quem tiver, fique livre para postá-lo aqui mesmo.
dei um google e achei esse link, não verificado
http://www.4shared.com/office/ugjtgu7r/Livro_Barulho_-_Andr_Barcinski.html
Paulo, tb já havia achado este. Já to lendo…..valeu abs!
Olha o link:
http://www.4shared.com/office/ugjtgu7r/Livro_Barulho_-_Andr_Barcinski.html
Os sites de streaming com assinatura paga são um modelo bem interessante e que tem funcionado bastante fora do Brasil. Por aqui a coisa ainda tá devagar, com o Netflix, por exemplo, com um catálogo bem fraco.
Concordo totalmente.
Baixo coisas ilegais tambem, mas se eu gosto do que baiai eu tambem gosto de comprar pra ter fisicamente.
Gosto de baixar de graca discos de bandas novas, afinal nao sou rico e gosto de saber se o dinheiro que vou gastar no disco vale a pena. Infelizmente uma boa parte (provavelmente a maioria) acha que eh soh baixar e baixar e nao ve motivo nenhum em compensar um artista que tabalhou duro pra gravar um disco, fazer um filme ou escreveu um livro. Eh uma mentalidade pequena que acaba afetando nao soh o mercado mas tambem qualquer um que queira fazer algo nao direcionado as massas…
Não me peça para dar de graça a única coisa que tenho para vender.
Cacilda Becker
a coisa é muito simples André, se cresce uma geração achando q tudo que vem da internet tem q ser de graça , pagar é otário.
Velha máxima da nossa cultura de levar vantagem sobre tudo e todos.
isso é cultural, um povo que não evoluí, pelo contrário, temos ficado cada vez mais desonestos , sem valores éticos , morais . os exemplos estão por tida parte e não vem só da classe politica e sim de toda uma sociedade sem caráter , que fica mais fácil limpar sua própria culpa , culpando , condenado e apontando para os outros.
Livros , filmes , musica, artigos e textos são roubados virtualmente a milhões por dia.
eles são frutos do trabalho e ganha pao de muitos .Como se tirassem parte dos nossos salários.
André não vejo diferença entre baixar um livro sem pagar do que roubado fisicamente numa livraria .
Respeitar uns aos outros são princípios humanos e isso parece q já era.
Deixe-me falar primeiro do que eu concordo: a questão do que é colocado como “agregadores de conteúdo”. Concordo com seu pensamento de que sites como o Google e o Facebook o fazem não por altruísmo e para fazer uma “internet livre”, eles também estão pensando primeiramente no seu faturamento e audiência. E é muito importante questionar a importância que damos a sites como estes pois se dermos mais poder a eles certamente eles irão tomar mais e mais de nós.
Agora, não concordo com a maneira como fala a respeito de “pagar por conteúdo”. Se voce diz que nunca comprou tantos itens culturais como hoje em dia, como espera que nós possamos tambem consumí-los? Por acaso, todos ganhamos o mesmo e apenas “escolhemos” não pagar? As pessoas realmente espertas dentro da gestão cultural já sacaram que não se pode restringir as coisas da maneira como esse cara pensa, pois a maior circulação cria novas demandas que, aí sim, podem ser convertidas em dinheiro. Não é pagando primeiro que a informação vai circular melhor, pelo contrario. O Creative Commons é um meio para se chegar a um outro fim, uma outra solução, não é a panaceia para a solução de todas as questões relativas aos direitos autorais.
Nesta equação, vejo que o erro vem de encontro com o descaso que são tratados os usuários online, que desenvolve um trabalho sério e com muita competência. Falta respeito e por muitos que não tem capacidade de comunicar-se adequadamente principalmente através da Internet.
Gasto uma quantia razoável do meu orçamento com livros e CD’s e compro tanto na internet como em lojas físicas. Ainda assim faço download de muita coisa, principalmente de livros técnicos. Não vou dizer que meu comportamento em relação aos downloads é correto ou coerente, mas em muitas casos é bom para conferir uma amostra. Alguns livros só comprei depois de ler um pedaço, assim como alguns álbuns. Sei que existem inúmeras resenhas na internet para balizar a escolha, mas por melhor que sejam, não se compara a conferir um pouco do material.
Quanto a livros com edição nacional, eu prefiro comprar, mesmo que usado, invés de tirar cópia. Baixo de graça livros importados por questão de custo, mas se for um livro muito útil, acabo comprando depois uma versão física.
Se eu tivesse lido esse post, digamos, cinco anos atrás, estaria vociferando contra o autor. Hoje eu concordo totalmente. Acho que se um sujeito quer ler um livro e não tem condições financeiras de comprar, deve baixá-lo. Porém, há uma diferença abissal entre não ter condições e querer economizar. Se um garoto da favela quer ler “Uma confraria de tolos”, mas aqueles 20 reais vão fazer falta para sua condução, que baixe . Agora, gente que gasta 50 reais numa porcaria de um temaki não tem o direito de se recusar a pagar por um livro.
Barça, eu fui um dos que participou dos comentários do seu post. Minha briga sobre o download de livros não foi sobre baixar de graça, mas sobre quanto pagar pelo livro. Eu citei minha discussão com a editora Nossa Cultura, por achar abusivo um “e-book” que custa a mesma coisa que um livro impresso, que por sinal você concordou comigo.
Concordo que qualquer conteúdo de propriedade intelectual precisa ter seu autor remunerado, mas também não vamos dizer “amém” e deixar as editoras abusarem dos preços em virtude disso. Como eu disse no post anterior, tenho condições de comprar, mas quero pagar o justo. Lá fora o livro custa U$ 11,00, aqui R$ 59,90.
Amigo respeito a sua opinião, mas devo discordar dela um pouco. Sou editor em editora média (pequena?) desde 1984. Já até publiquei algumas opiniões baseadas em experiência profissional aqui nos comentários do blog. Ora como um editor poderia cobrar mais barato? Os bons distribuidores cobram 45% do preço de capa de cada livro vendido, percentagem que “racham” com as livrarias, mas nem toda editora tem condições de contar com o apoio de um bom distribuidor. Bons distribuidores só trabalham com editoras que possuem um catálogo vasto de publicações e levam ao prelo ao menos 10 ou 15 títulos mensais. As editoras que não se enquadram, são obrigadas a pagar distribuição (muitas vezes serviço aquém do que se espera) e também a comissão das livrarias, algo que alcança 60 ou 65% do preço de capa por livro vendido. E ainda tem o problema de que livro lançado não é garantia de boas vendas. Há livrarias, as grandes redes, que cobram pela melhor exposição em seus estabelecimentos. Além da comissão, cobram cifras de milhares de reais por algumas horas de exposição nos melhores dias, de maior movimento, nos melhores lugares. Cobram por hora!!! Considerando os 10 ou 15% de direitos do autor sobre o preço de capa, mais 15% de despesas com gráfica, revisores, marketing etc., o lucro de uma editora pode não exceder os 5% sobre cada livro vendido!!! Quando muito, 15 ou 20%. Faça as contas! Um livro de 50 reais, por exemplo, dará à editora quando muito 10 reais de lucro, o que é raro, geralmente é de 5 reais. Considere agora que no Brasil raramente uma edição muito, mas muito bem sucedida, vende 5000 exemplares. Inclua os abatimentos com os impostos, gastos com pessoal, instalações etc. Você chegará à conclusão de que os editores que não pertencem às grandes redes, que só publicam best-sellers ou livros de famosos, com raras exceções, só seguem no ramo por “amor à arte”. Eu mesmo vivo na esperança de que o “mercado” dê uma reviravolta, os políticos percebam que um país sem cultura não poderá ter futuro muito promissor, e reduzam impostos (é uma grande mentira dizer que não há tributação na publicação de livros, visto que há desoneração para editoras, mas não livrarias, distribuidoras, gráficas), mas sinceramente, quando acaba o ano, sempre penso seriamente em fechar as portas.
Moacir, meu questionamento é relacionado a “e-books”, é inaceitável uma versão eletrônica custar a mesma coisa que a versão impressa. Além disso, hoje é muito mais viável importar produtos, eu mesmo tenho diversos e-books gringos. Sobre o mercado, sinto-lhe informar, mas eu acredito que as editoras tomarão o mesmo fim que as gravadoras, a tecnologia passará por cima. Porque vocês não lançam o livro fora do Brasil? (revistas/quadrinhos para mobile já fazem isso a anos).
Ah sim lançamos fora do Brasil com editoras parceiras em Portugal, Argentina, Espanha, entre outros países. Os custos na Argentina, por exemplo, são pelo menos 40% mais baratos no caso de livros impressos. O problema são os encargos que incidem nestas parcerias.
Quanto ao e-book, em teoria, realmente devem ser mais baratos do que exemplares impressos. Na minha editora o a diferença pode ser de até 60% entre impresso e digital. Das duas uma: ou a editora pagou muito caro pelos direitos de publicação em e-book no Brasil, ou tenta compensar as baixas vendas de exemplares impressos, através da equiparação de preço entre impresso e digital.
Mas os custos não são tão diferentes. Apenas um pouco menores. O e-book você paga pelos programas que convertem nos mais diferentes formatos, além de necessitar de campanha de divulgação mais ampla. O desconto de até 60% se dá (ou deveria) unicamente por causa da ausência de gastos com gráfica.
Ah, esqueci de dizer: também creio que as editoras tendem a passar pelo mesmo processo das gravadoras. Mas não por causa do surgimentos dos e-books e etc. As grandes editoras, digo: grupos internacionais, tendem a engolir as médias e pequenas. A consequência mais grave creio ser a baixa qualidade das publicações. Assim como ocorreu com o cinema, cujos grandes estúdios perceberam a vantagem de se filmar maiormente para adolescentes, as editoras internacionais também estão neste caminho. Dificilmente se aposta em novos autores.
Moacir, muito bacana essa explanação e é impossível não ser solidário aos médios e pequenos nessa questão, porém o problema apontado pelo Marcel, com o qual concordo, é quanto ao fato de que o e-book custa o mesmo – em alguns casos até mais – do que o livro em papel. Você poderia nos dizer qual a razão disso jaá que, ao que me parece, os custos envolvidos nas duas plataformas são muito diferentes?
Apenas curiosidade : vc tomou alguma medida com relação a essa usurpação ? Que personagem e em que momento do filme declama a poesia ?
Esses dias sugeri utilizar a licença Creative Commons pra um grupo de “ações sustentáveis” registrarem uma foto/ logo. Quase apanhei!!! Conto isso pois é o mesmo povinho que prega esse tipo de atitude “contestadora” contra o “imperialismo/capitalismo/carnivoros/motoristas/etc…”. Vai entender né…
Esse comportamento é típico dos esquerdista s que adoram sacudir as árvores para pegas as frutas, mas normalmente não gostam de plantar árvores.
É como dizem, pimenta no orifício anal dos outros é refresco…
Sou da época das fitas cassete. Nessa época, quando a gente não dispunha de dinheiro pra comprar um disco ou do disco em si, usava a fita cassete para gravá-lo de alguém que o tinha. O mesmo se dava com livros: caros demais ou indisponíveis no mercado, era comum o recurso à xerocópia para ter o material desejado. Para mim, a disponibilização via internet é uma atualização desse quadro. E não acho que o problema esteja no ato em si – se é que há um problema. Ninguém nega que isso mudou totalmente as regras do mercado mas não significa necessariamente sua falência – o mercado pornô passou por uma completa reformulação nos últimos dez anos para se adaptar a isso, mas continua produzindo e gerando lucros estratosféricos. O mesmo deve ocorrer com o mercado editorial e não acho isso ruim. Mas dá para entender a dificuldade de quem está acostumado a trabalhar num determinado formato e vê esse formato ruir.
Já baixei muita música e software na internet. Por 2 motivos, facilidade e falta de grana. Claro que isso não justifica nada. Apenas comentando os meus motivos egoístas.
Mas depois do itunes, do ipad e dos softwares de código aberto, larguei essa vida. As músicas custam 1 dólar, os app no ipad 2, dólares na sua maioria. O mais caro que precisei, 10. E os softwares de código aberto quando não superam os pagos, chegam perto. Eu teria que ser muito calhorda para continuar nessa vida.
Em tempo, filmes e livros eu prefiro os originais. Ainda gosto de ir à locadora/cinema e livraria.
Cara aberto ao debate é isso, o texto já vem com perguntas e respostas, é praticamente um MMA verbal de uma pessoa só. Será que você tem tanto desprezo por bandas novas? E daí que os filmes não estão disponíveis no Brasil? A sua “tentativa de usar o bom senso” só serve para você, é isto que você não percebe, sua medida não serve para os outros. Não existe “meia-moral”, ou você baixa de graça ou não. E assistir ou ouvir em streamin’, pode? Youtube pode, professor? E guardar na memória pra ver de novo, pode tio? É óbvio que isto fica a critério estritamente individual. Que você incentive, recomende a compra do produto original, tudo bem, mas daí a querer fazer do seu comportamento uma regra, negativo. “Baixo pra conhecer”, essa é boa, certamente no pagamento dos direitos autorais aparecerá lá “esse é consciente, baixou só para conhecer”.
Tanto o debate é aberto que vc está aí escrevendo e eu, respondendo. Mas esqueci de incluir o seu tipo de comentário: o da lógica absolutista. E daí que “minha medida não serve para os outros”? E eu lá disse que alguém é OBRIGADO a concordar comigo? Disse que isso é uma “regra”? O que está escrito aqui é minha opinião, não é um manual de conduta.
Eu sou um “conservador” no sentido de ainda comprar CDs, vinis, jornais, livros e congêneres. Com a falta de espaço em casa (e óbvio pela facilidade tentadora que a internet proporciona), passei a baixar essas coisas “de graça” pela rede.
Porém, de um ou dois anos pra cá, voltei a consumir as coisas físicas novamente e, inclusive, só baixo arquivos de música de sites pagos. Confesso que estou bem mais feliz assim, e recomendo a experiência.