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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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“Sugarman”: hora de separar fato e ficção

Por Andre Barcinski
27/09/13 07:05

O canal MAX exibe hoje, às 19h25, “Searching for Sugarman”, de Malik Bendjelloul, vencedor do Oscar de melhor documentário de 2012.

O filme conta a história de Sixto Rodriguez, um cantor norte-americano que lançou alguns discos muito bons nos anos 60 – chegou a ser chamado de “Dylan urbano” – mas que desapareceu depois que os LPs fracassaram.

 


 

Anos depois, um disco do cantor começa a tocar na África do Sul, país então sob o regime do apartheid, e dois fãs iniciam uma investigação para tentar descobrir o paradeiro de Rodriguez.

Em janeiro, escrevi um texto aqui no blog elogiando muito o filme (leia aqui), mas depois li algumas novas informações que me fizeram gostar um pouco menos dele.

Se você não quer saber como o filme termina, sugiro parar de ler por aqui.

O diretor Bendjelloul dá a entender que Rodriguez passara os últimos 40 anos totalmente fora da cena musical, o que não é verdade. Descobriu-se que ele havia excursionado à Austrália nos anos 80, inclusive abrindo shows para a famosa banda Midnight Oil.

Além disso, os discos de Rodriguez haviam sido relançados nos anos 80 e 90 em alguns países da Europa.

A história sobre os esforços dos fãs sul-africanos para descobrir mais sobre o cantor também parece exagerada. No filme, um deles diz que não tinha informação sobre a origem de Rodriguez. Mas sul-africanos vieram a público dizer que isso não era verdade. Aparentemente, a versão do primeiro LP de Rodriguez lançada por lá tinha até o endereço do estúdio onde o disco fora gravado.

Se você lê em inglês e quer saber mais sobre as discrepâncias entre o filme e a história real de Rodriguez, uma boa leitura é o artigo “História Verdadeira ou a Criação de um Mito”, no site “Rope of Silicon” (leia aqui).

De qualquer forma, vale a pena ver o filme. A história – romanceada ou não – é muito boa, e a música de Rodriguez merece ser mais conhecida.

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A volta do terror “old school”

Por Andre Barcinski
26/09/13 07:05

Confesso que estava sem paciência para filme de terror “mainstream” nos últimos tempos.

Não agüento filmes em 3D, e acho o “torture porn” – títulos como “O Albergue” e “jogos Mortais”, exercícios de sadismo que lembram videogames – uma chatice sem tamanho.

O último filme do gênero de que gostei, entre os feitos por estúdios de Hollywood, foi “Deixe-me Entrar” (2010), refilmagem da excelente produção sueca “Deixa Ela Entrar” (2008). Caso raríssimo de refilmagem que não fica a dever ao original.

Mas dois filmes recentes me surpreenderam. Em agosto, estreou por aqui “Os Escolhidos” (leia minha crítica na “Folha” aqui) e, há duas semanas, “Invocação do Mal” (leia aqui).

 


 

Os filmes não vão mudar a vida de ninguém e não são obras-primas, mas pelo menos mostram uma tendência de volta a um estilo “old school” do cinema de horror, em que a história e ambientação valem mais que efeitos especiais e pirotecnia.

O que mais me incomoda no cinema fantástico recente é a overdose de “sustos”. Os roteiristas parecem achar que basta empilhar cenas assustadoras uma em cima da outra, sem nada no meio.

Mas os grandes clássicos do gênero têm um equilíbrio entre cenas de preparação e o clímax.

Há alguns dias, o Telecine Cult reprisou “O Bebê de Rosemary”. É impressionante como Roman Polanski passa o filme inteiro só preparando o espectador para a sequência do parto. Antes disso, não há sangue ou violência, só mistério. E mesmo as cenas pós-parto não são explícitas e chocam muito mais pelo que não mostram.

Claro que hoje ninguém vai ao cinema esperando ver um novo “Bebê de Rosemary”. Mas esses filmes recentes não envergonham ninguém. E o final de “Invocação do Mal” é bem assustador. Recomendo.

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Quando fãs se revoltam

Por Andre Barcinski
25/09/13 07:05

Ainda o Rock in Rio: depois que escrevi uma crítica negativa ao show do Avenged Sevenfold (leia aqui), minha caixa postal foi tomada por mensagens revoltadas dos fãs da banda.

Normal. Fã é fã. Se alguém tivesse criticado minha banda predileta, eu também escreveria reclamando.

 


 

Que bom que ainda existem pessoas que gostam tanto de música que se dão ao trabalho de escrever para um jornalista reclamando. Mostra que música ainda importa e é capaz de mexer com os sentimentos.

Fiquei impressionado com o alto nível das reclamações. Claro que pintaram alguns xingamentos e ameaças de morte, mas a maioria dos e-mails trouxe questionamentos relevantes.

Para começar, TODAS as mensagens fizeram questão de mencionar que errei a abreviação do nome da banda. Escrevi “AX7” quando o correto seria “A7X”. Peço desculpas pelo equívoco.

Selecionei alguns trechos das mensagens mais interessantes e engraçadas.

A primeira linha do e-mail assinado por “The Girls of A7X” é espetacular:

“Devo lhe dizer que o senhor com todo o respeito é o maior retardado mental que já conheci em toda a minha curta vida!”

“The Girls of A7X” reclama que falei mal da música “Fiction”, composta pelo baterista James Sullivan, morto em 2009:

“Criticas são aceitáveis, desrespeito ainda mais com quem não está mais entre nós NÃO! (…) já que o senhor ama tanto desrespeitar homenagens feitas para pessoas que não estão mais aqui não irá se incomodar de dançar Bonde do Tigrão se esfregando na sepultura da sua mãe.”

A fã Maria Izabel fez um comentário de extrema percepção ao rebater minha afirmação de que o cantor da banda havia interpretado a balada “Fiction” de olhos fechados:

”HAHAHAHAHAHAHA. Como você poderia saber que ele estava de olhos fechados se ele estava de óculos escuros? (…) eu, com meus 13 anos de idade, consigo fazer criticas melhores que as suas.”

Já o fã “Nikão Outside” criticou o processo de seleção de profissionais da “Folha”:

“Vou mandar um curriculum meu pra aí porque ta fácil, qualquer lixo trabalha aí.”

E Leonardo, outro admirador do A7X, enxergou na crítica uma conspiração para desestabilizar o rock:

“Cara, já existe a famosa rixa com os funkeiros, aí vc pega e cria outra  rixa dentro do mundo do rock? Pra que isso?”

O leitor Fabricio fez um desafio:

“Me fale alguma outra banda cujos fãs fizeram um coro junto ao cantor???”

Enquanto o fã William resumiu tudo:

“Você não entende nada de rock ‘n’ roll. Fim.”

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Sugestões para o Rock in Rio 2015

Por Andre Barcinski
24/09/13 07:05

Foram sete dias de diversão.

Agora que o Rock in Rio acabou, todo mundo está se perguntando: e em 2015? Que surpresas podemos esperar do evento que trouxe Zélia Duncan cantando Raul Seixas, inventou Kiara Rocks e juntou Gogol Bordello e Lenine?

Aqui vão algumas sugestões para o Rock in Rio 2015.

E você? Que show gostaria de ver na cidade do Rock? Mande sua sugestão…

 

New Kids on the Black Block

 

 

 

 

 

 

 

 

Banda gangsta rap do Baixo Leblon, faz versões furiosas de clássicos da música de protesto como “Todos Juntos Somos Fortes” (Saltimbancos), “Eu Sou Rebelde” (Lilian) e “Tô Pê da Vida” (Dominó).

 

Meu Amigo Charlie Brown Jr.

 

 

 

 

 

 

 

Benito di Paula interpreta hits do saudoso conjunto, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Santos.

 

Bell Sings Cole Porter

 

 

 

 

 

 

 

Em seu primeiro show depois da conturbada saída do Chiclete com Banana, o crooner surpreende com versões sacolejantes de “I Get a Kick Out of You” (“Chuta Que Eu Gamo”), “Ace in the Hole” (“Buraco Gostoso”) e “It’s De-Lovely” (“Eita De-Lícia”).

 

Party Rice All-Stars

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paul McCartney (baixo), Ian Paice (bateria), Dave Murray (guitarra) e Billy Paul (vocal) montaram essa superbanda e tocarão na Rock Street, dentro do stand de uma famosa marca de arroz instantâneo.

 

O Capeta Está Vivo: Um Tributo a Jeff Hanneman

 

 

 

 

 

 

Maria Gadu, Bebel Gilberto, Rogério Flausino e Ney Matogrosso se reúnem para uma homenagem ao fundador do Slayer, interpretando “Die by the Sword”, “Raining Blood” e “God Hates Us All”. O público delira quando Flausino anuncia “Mandatory Suicide”. “Há há há, não se animem”, diz o cantor, “É só o nome da música!”

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Shop in Rio: alguém vai lembrar esse festival pela música?

Por Andre Barcinski
23/09/13 07:05

Se a vida começasse agora e o Rock in Rio 2013 fosse meu primeiro show, eu não iria mais querer saber de música pelo resto da vida.

Poucas vezes tive tanta vontade de ir embora tão rápido de um lugar. Música ruim, line-up parado no tempo e um público mais interessado em ganhar brindes e pular de tirolesa. Já viu aquele filme “Westworld – Onde Ninguém Tem Alma”? Lembra muito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Rock in Rio não é um festival de música, é um shopping center com um show no meio. O Shop in Rio. Não há um metro quadrado sem um anúncio ou uma promotora de sorriso falso distribuindo brindes de patrocinadores. Nunca vi um blitzkrieg corporativo desses.

Segundo a organização, o custo do evento foi de 135 milhões de reais. Desses, 8,8 milhões são verba pública, captada via Lei Rouanet. Os organizadores dizem que têm todo o direito de arrecadar pela Lei, e têm razão. Mas nem tudo que é legal é ético, e não dá nem para começar a discutir como é indecente dar dinheiro público para um evento desse tamanho.

E o público, que pagou um preço alto pelo ingresso, acha super legal tirar foto na frente de um anúncio de chiclete. Na sexta, o tempo de espera para pular de tirolesa chegou a SEIS HORAS. Vi gente implorando por um balão com logotipo de um carro. Havia um stand de uma marca de cosméticos onde você podia ganhar um novo penteado – desde que aceitasse um dos “estilos” impostos pela empresa.

O parque de diversões da Cidade do Rock tinha uma parede de escalada patrocinada por uma estatal, uma tirolesa paga por uma marca de cerveja e uma roda gigante com logotipo de um banco. E não dá para esquecer a “Rock Street”, uma cidade cenográfica típica de parques de diversão de Orlando, com casas de fachada falsa, cada uma de um patrocinador. Parecia um Hard Rock Café gigante.

Ninguém está pedindo para o Rock in Rio virar um festival alternativo. Claro que Roberto Medina não vai trazer o Godspeed You! Black Emperor ou montar um palco de bandas indies da Islândia.

Mas com headliners que já garantem 85 mil pessoas por noite, não seria possível ousar um pouco, pelo menos nos palcos secundários? É só comparar o line-up do RiR com outros festivais gigantes, como Coachella e Roskilde, para sentir a diferença de qualidade, especialmente nos palcos menores.

O Coachella, realizado durante três dias de abril, também vendeu 85 mil ingressos por dia, mas com um line-up muito mais ousado. As atrações principais foram Stone Roses, Blur, Phoenix e Red Hot Chili Peppers, além de nomes como New Order, Nick Cave, The XX, Sigur Rós, Jurassic 5, Dead Can Dance e Hot Chip.

Leia aqui minha crítica do Nickelback; aqui sobre o show de Bruce Springsteen, e aqui, um texto sobre a overdose de homenagens a artistas mortos nesse Rock in Rio.

Será que o Rock in Rio deixaria de vender um mísero ingresso se Sebastian Bach fosse substituído por Nick Cave? Ou se o Wilco tocasse no lugar de Phillip Philips? Claro que não. Os ingressos esgotaram antes do anúncio do line-up completo.

Também é óbvio que boa parte do público gostou do festival. Fã é fã. Vai dizer para um adorador do Metallica ou da Beyoncé que os shows foram iguais aos de dois anos atrás?

Falando em Metallica, vi uma cena que valeu o festival: pai e filha pequena, lado a lado, tocando “air guitar” e cantando todas as músicas. Bonito demais. Só espero que a menina tenha oportunidade de ver outros festivais menos caretas e previsíveis. Crescer com o Rock in Rio 2013 de modelo não dá.

OS SHOWS

Estive no Rock in Rio nos quatro últimos dias. Aqui vão, resumidamente, as impressões sobre os shows que vi.

Rob Zombie – Sangue, trash e terror. Divertido demais. E com John 5 na guitarra!

Metallica – De banda inovadora ao Nickelback do thrash. Sad but true.

Ben Harper e Charlie Musselwhite – Emocionante ver o lendário gaitista tocando tão bem.

Matchbox Twenty – Me lembrei do festival de bandas do colégio Bennett, em 1983.

Nickelback – Tudo culpa do Aerosmith.

Bon Jovi – Vi do melhor lugar possível: de dentro do táxi.

Ivo Meirelles – Protestou contra o país. E o país protestou contra Ivo Meirelles.

Pepeu Gomes e Moraes Moreira – Pepeu tocando com os irmãos foi um absurdo. Pena que a voz de Moraes não deu as caras.

Skank – Pop de FM de qualidade. Se não acredita, compare com o Jota Quest.

Phillip Phillips – De novo, lembrei o festival de bandas do colégio Bennett, em 1983.

John Mayer – Cada geração tem o James Taylor que merece.

Bruce Springsteen – Olê, olê, olê, olê… Brucê… Brucê…

Helloween – Melhor interação de cantor com platéia: “Esse lado canta o refrão. E vocês – apontando pro outro lado – calem a porra de suas bocas!” Metal rules.

Kiara Rocks – Não sei quem agencia essa coisa, mas deixo meus parabéns. Botou uma banda de sarau de colégio no palco principal do “maior festival do mundo”.

Slayer – Gary Holt mandou bem, mas Slayer sem Dave Lombardo não é Slayer.

Avenged Sevenfold – Misfits na Broadway.

Iron Maiden – “Scream for me, Brazil! Again! And again! Annd again…” A melhor definição foi de meu amigo Bernardo Araújo, do “Globo”: Eddie é uma espécie de boneco de Olinda em versão Belzebu”.

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Bruce toca Raul e a gente chora

Por Andre Barcinski
20/09/13 15:40

Sei que havia prometido voltar ao blog depois de terminar o Rock in Rio, mas a ocasião é especial.

Bruce Springsteen postou em seu site oficial um vídeo tocando “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas e Paulo Coelho, no show de quarta-feira em São Paulo.

É o vídeo mais bonito que vi em muito tempo. Assisti umas 30 vezes e até chorei de emoção algumas vezes. Confira:

 


 

Que versão matadora: a percussão meio “Sympathy of the Devil” no início, o naipe de metais levantando o refrão, um clima ritualístico e celebratório que faria Raul orgulhoso.

Ainda bem que eu não fui ao show. Se estou na plateia e o cara abre o show com uma surpresa dessas, tenho um enfarte na hora.

Temos de parar com essa mania de homenagear Raul com sósias e nego usando capa dele no palco. Raul foi a maior figura da história do rock brasileiro. Com Paulo Coelho, gravou quatro álbuns em sequência – “Krig-Ha, Bandolo!” (1973), “Gita” (1974), “Novo Aeon” (1975) e “Há Dez Mil Anos Atrás” (1976) – até hoje inigualados em termos de criatividade, rebeldia, inovação e mistura sonora.

Chega de rodinha de violão tocando “Maluco Beleza”.

Agora deixa eu ir pro Bon Jovi. Até segunda!

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Uma casa para meu amigo Charlie Brown

Por Andre Barcinski
13/09/13 07:05

A abertura de uma nova estação de metrô no Morumbi, em São Paulo, vai privar o bairro de um de seus moradores mais ilustres: a casa onde mora o cantor Benito di Paula, 71, será desapropriada para construção na nova estação Américo Maurano.

 


 

Meu colega da “Folha”, Ricardo Gallo, fez uma ótima reportagem sobre o assunto, que traz fotos sensacionais de Eduardo Knapp mostrando Benito no conforto de sua casa (veja aqui).

Acho muito triste sempre que alguém é prejudicado pelo progresso.

Benito mora no local há 34 anos. Aquele lugar certamente tem um valor afetivo enorme para ele, e não deve ser fácil ter um burocrata da prefeitura decidindo quanto vale sua casa e suas memórias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O caso atraiu atenção por se tratar de um artista famoso, mas são cada vez mais comuns os exemplos de pessoas expulsas de suas residências e ressarcidas com valores injustos. Até a ONU reclamou das desapropriações para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Tomara que Benito consiga uma indenização justa por sua casa.

Além de pagar um valor de mercado, bem que o Metrô poderia homenageá-lo, não?

Com todo respeito ao grande médico brasileiro Flávio Américo Maurano (1904-1961), mas o doutor já tem uma bela rua com seu nome no Morumbi, enquanto nosso astro da canção popular ainda não recebeu o tributo que merece.

Imagine só que beleza seria descer na estação Meu Amigo Charlie Brown ou, melhor ainda, na estação Retalhos de Cetim?

P.S.: Semana que vem estarei na Cidade Maravilhosa pela “Folha” para a cobertura do Rock in Rio. O blog volta na segunda, 23 de setembro, com um balanço do festival. Até lá.

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Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...

Por Andre Barcinski
12/09/13 07:05

Três anos atrás, fiz aqui no blog um manual para o construtor de primeira viagem (leia aqui). Havíamos acabado de construir nossa casa e achei que seria uma boa dividir a experiência com outros infelizes que estivessem passando pelo mesmo martírio.

Depois de um ano aturando operários que sumiam, fornecedores que só entregavam material errado e um mestre de obras que nos sugeriu uma banheira de “vidromassagem”, jurei nunca mais fazer uma obra na vida.

Mas promessa existe para ser quebrada, certo?

Hoje, por um misto de loucura e masoquismo, começamos mais uma obra. E essa será bem mais difícil: se na primeira vez botamos a casa em pé do zero, agora decidimos reformar uma casa velha.

Não é uma casa qualquer: ela foi projetada e construída por um gênio da arquitetura, um revolucionário da prancheta, infelizmente ainda desconhecido do público e pouco estudado na FAU. Vou chamá-lo de Senhor Esquadro. Se Gaudí se inspirou na natureza para criar sua arquitetura orgânica, seu equivalente brasileiro, Senhor Esquadro, se inspirou no caos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A casa não tem um ângulo reto. Também não tem duas paredes paralelas. O teto varia de altura de acordo com o cômodo, assim como o chão varia de profundidade. Há um quarto cujo piso lembra um half pipe de skate. A sala de estar parece o gabinete do Doutor Caligari.

Senhor Esquadro desenhou uma suíte com banheiro inovador: quem deseja sair dele precisa entrar no chuveiro para abrir a porta. E se a esposa estiver escovando os dentes no momento em que o marido entrar no WC, a coitada será esmagada na pia.

A casa tem vários segredos divertidos: há a janela do banheiro de hóspedes que dá no escritório da septuagenária esposa de Senhor Esquadro, a Senhora Compasso; há a janela da lavanderia que, aberta, atinge a cabeça de quem estiver usando o fogão a lenha.

Senhor Esquadro é autodidata. Diz que contratar arquiteto é “coisa de fresco”. Orgulhoso, mostrou algumas fotos da cozinha em “L” que projetou para a Senhora Compasso na casa de campo da família. Quem pilota o fogão não consegue ver a geladeira. A cozinha é do tamanho da sala de comando da Enterprise e tem não uma, mas duas televisões, permanentemente ligadas no mesmo programa.

Outro projeto surpreendente de Senhor Esquadro é a fossa séptica, que em 30 anos de uso nunca precisou ser limpa. O arquiteto credita o sumiço dos dejetos ao miraculoso “poder de absorção” do solo e não admite a hipótese de vazamento, mesmo que as árvores próximas à fossa tenham crescido a tamanhos improváveis (há uma goiabeira que parece um jequitibá).

Mas as surpresas não terminam por aí. Senhor Esquadro projetou a saída de automóveis em uma ladeira, a um ângulo que faz com os que os carros não saiam da propriedade, mas sejam catapultados. Há também uma inesquecível escada com degraus que variam de 10 a 45 centímetros de altura.

Devido à ausência de qualquer paralelismo em vigas e paredes, os operários que trabalham na obra acham que estão sempre bêbados. E isso é bom, porque assim eles não pensam em beber e o trabalho rende muito mais.

Para encerrar, deixo vocês com uma frase clássica de Senhor Esquadro, que norteia toda sua arquitetura: “Pau que nasce torto, eu pego e uso na obra”.

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Alguém mais gostou de “Bling Ring”?

Por Andre Barcinski
11/09/13 07:05

Goste ou não de Sofia Coppola – eu gosto muito de “Encontros e Desencontros” e “Virgens Suicidas” e nada de “Maria Antonieta” – não dá para negar que ela é uma diretora talentosa e dona de um estilo próprio, um minimalismo chique.

Achei “Bling Ring”, mais recente filme de Coppola, um de seus melhores. Há muito tempo não via uma representação tão certeira e melancólica do mundo das celebridades.

 


 

Inspirado num artigo da revista “Vanity Fair”, “The Bling Ring” conta a história de um grupo de adolescentes – uns ricos, outros de classe média – que se reúnem para invadir e roubar casas de celebridades em Los Angeles.

A trupe entra nas mansões de Paris Hilton, Orlando Bloom e Lindsay Lohan, mas não leva quadros valiosos ou antiguidades, até porque essas celebridades não saberiam distinguir um Picasso de um Romero Britto. Eles levam só roupas, relógios Rolex, jóias e bolsas.

Os jovens não roubam para lucrar, mas para estar mais perto do lifestyle desses famosos. São ladrões amadores, que não se preocupam com câmeras de segurança, contam seus crimes para os colegas da escola e posam para fotos no Instagram vestindo as peças que roubaram, como se quisessem ser descobertos e virar, eles próprios, celebridades.

Uma história dessas só poderia acontecer em Los Angeles, onde a distância que separa mortais dos famosos é mínima. Todo mundo sabe onde os astros vivem, como são suas mansões, as boates que freqüentam e as lojas onde gastam suas fortunas. Discrição e privacidade são palavrões.

Sempre foi assim em Los Angeles e região. As mansões dos famosos sempre estiveram abertas. Nos anos 60, não foram poucas as vezes em que Frank Zappa acordou e encontrou fãs dormindo em seu sofá (ele só passou a trancar a casa depois que Charlie Manson e sua gangue mataram Sharon Tate).

Em “Bling Ring”, a recriação do interior da mansão de Paris Hilton é hilariante. Há fotos dela em todos os cantos da casa. Até o sofá é decorado com travesseiros ilustrados com seu rosto. O quarto de Lindsay Lohan tem um néon com seu nome. A atriz Megan Fox tem uma arma escondida embaixo da cama.

Ao mostrar esses detalhes sobre os cantos privados dos famosos, Sofia Coppola dá ao filme um tom voyeurístico e parece dizer que ninguém é imune à curiosidade sobre a vida dos outros.

Mas a diretora é esperta demais para fazer julgamentos morais. Não há lições ou redenções. Os jovens são mostrados como são – seres completamente vazios, apolíticos, desinteressantes, totalmente isolados do mundo real e quase sempre criados por pais ricos, ausentes e desinteressados.

Quando uma menina é presa e o policial lhe avisa que conversou com uma de suas vítimas, a atriz Lindsay Lohan, a primeira reação da menina é perguntar o que Lindsay disse sobre ela. É uma tentativa triste de “pertencer” ao mesmo mundo da celebridade, mesmo que por caminhos tortos. Sad but true.

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Larguem o Twitter!

Por Andre Barcinski
10/09/13 07:05

Cada vez que vejo outra polêmica sobre declarações no Twitter me sinto aliviado por ter largado essa porcaria.

O último arranca-rabo envolveu o jornalista – e meu amigo – Flávio Gomes, que discutiu, em sua conta pessoal no Twitter, com torcedores gremistas depois de o time gaúcho ter vencido a Portuguesa, time de Gomes, com um pênalti polêmico (leia mais aqui).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O tom das frases postadas por Gomes não agradou à direção da ESPN Brasil e a emissora demitiu o jornalista.

Não consigo tirar uma coisa da cabeça: se tudo que eu disser em casa durante a transmissão de um jogo do meu time parar nas redes sociais, eu seria não apenas despedido, mas processado e, provavelmente, preso.

Por sorte, não tenho mais Twitter e não corro risco de dizer algo de que vou me arrepender depois.

Quantas vezes você não publicou uma frase no Twitter e depois se arrependeu? Aconteceu recentemente com Luana Piovani e Alexandre Herchcovitch.

Quem nunca “tuitou” algo que não devia que atire o primeiro Iphone.

Não estou dizendo que as pessoas não devam ser responsabilizadas pelo que dizem. No fim das contas, cada um escreve o que quer, e aqueles que se sentirem ofendidos têm todo o direito de protestar.

Mas o imediatismo do Twitter é um convite à insensatez. E os ridículos 140 caracteres eliminam a ponderação e transformam qualquer discussão numa briga de foice.

Num mundo sem Twitter, Gomes teria xingado o juiz e o adversário, desabafado sua frustração, e seria o fim da história. Mas quando as palavras aparecem numa tela e se propagam por incontáveis seguidores, não dá para conter o tsunami de julgamentos e opiniões. Uma vez no domínio público, aquela frase, muitas vezes impensada, raivosa e inadequada, cola na pessoa como uma mancha que não sai.

Alguns leitores escreveram perguntando o que achei da atitude da ESPN Brasil.

Nunca trabalhei na emissora e não conheço sua hierarquia e diretrizes, então acho que seria leviano opinar sobre isso. Mas sou telespectador assíduo do canal, gosto muito da programação, e quero acreditar que um pedido de desculpas seria suficiente para acalmar os ânimos dos ofendidos.  Afinal, estamos falando de futebol.

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